A Sala do Ministro



capítulo 7

Duas horas já haviam se passado desde quando voltaram para o ministério, e Hermione continuava com o livro nas mãos, observava cada detalhe, cada símbolo e imagem que por hora não faziam sentido algum. Draco Malfoy fazia relatórios do que se passara na entrevista com Monstro, no começo se atrapalhava com o gravador, mas agora parecia já ter se acostumado, porém a garota não se prendia a isto, agora o mais importante era decifrar o Livro Élfico, com a única pista que tinham: “Elfos são criaturas muito fiéis”... As palavras de Monstro não paravam de repetir em sua mente, mas não fazia sentido, como isto a ajudaria em um símbolo?
- Os relatórios estão prontos Granger, já passou do nosso horário – Draco não estava impaciente ou irritado por ter passado um pouco do horário de sair.
- Guarde-os na segunda gaveta, dentro desta pasta amarela, coloque título... E pode ir – A garota nem ao menos o olhou ao responder, não conseguia tirar os olhos da primeira página do livro e da única pista que tinha.
- E você, não vai embora? – Havia um certo interesse na voz do garoto, mas ela nem notou.
- Ficarei mais um pouco.
- Por que não leva o livro pra casa? Não precisa lê-lo aqui exatamente.
- É frustrante, por vezes parece que está escrito em Runas Antigas, os símbolos são parecidos, é como se fosse Runas de um modo distorcido. Não quero me desconcentrar agora. – Houve um pouco de silêncio em que Draco buscava olhar para os olhos dela, porém estes não saíam do livro.
- Tudo bem, mas seria bom você esfriar a cabeça um pouco. Já olhou demais pra este livro.
- Você está decidido a não me deixar em paz Malfoy? – Ela usou um tom de chefe de sessão, mas não estava aborrecida, estava até achando graça nesse tipo de pessoa que Draco estava tentando ser, apesar de ela achar que tinha algo por trás disso. Respondeu antes que ele pudesse dizer algo – Talvez você tenha razão, é melhor descansar-nos.
- Eu sabia que uma hora você me daria razão Granger. Como sempre faz –Agora que ela finalmente o olhara, Draco esboçou um sorriso descarado. “Ele consegue ser tão cheio de si mesmo, que chega a me subir o sangue”
- Ora Malfoy, faça me o favor, você... – Ela nem conseguiu terminar e ele já continuou.
- Só precisa admitir, srta Granger. – E o sorriso permanecia lá.
- Como consegue ser tão irritante? Você sente prazer em me provocar sr. Malfoy?
- Talvez, o que a srta acha? – Voltou a ser indecifrável, e o “maldito” sorriso continuava lá.
- Eu acho que devemos ir embora – Deu as costas para ele e dirigiu-se à saída, quando a resposta chegou “sabia que ele não ficaria quieto...”.
- Granger!? – A garota apenas se virou esperando qualquer provocação, e ele estava lá com o Livro Élfico nas mãos, foleando as páginas lentamente, desta vez não a olhou – Vai deixar o livro aqui? – “Pelas calças de Merlin! Como ele consegue essas situações perfeitas pra me irritar?”
- Me dá isto Malfoy! – Por momentos sentiu-se muito irritada, mas não sabia ao certo o porquê.
- Tudo bem... Vou deixar o seu precioso livro aqui em cima da mesa, onde a srta o esqueceu – Aquele leve tom de ironia irritou-a mais. – Sabe do que mais? Vai ser quase impossível nós desvendarmos isto aqui, eu nunca prestei atenção nos elfos, e você nunca teve um pra prestar atenção.
Ele estava certo, e isso era ainda mais desesperador, seria quase impossível decifrar o livro sem lembranças de convivência com elfos, o trabalho seria ainda mais árduo, entrevistar elfo por elfo, gravar as entrevistas, antes já faria isto, mas a idéia de ter um livro com todas as informações a fez animar-se com a possibilidade de adiantar o trabalho. Parece que teriam que voltar ao plano inicial. Bem que ele poderia ter tido um bom relacionamento com o elfo da família, e ter boas lembranças que os ajudasse agora. “Mas ele teve? Não! Nem ao menos prestava atenção no que o Dobby fazia, como se lembraria de algo importante?”. Neste instante as coisas começaram a se clarear em sua cabeça, e a solução, ou pelo menos uma tentativa de solução apareceu: Draco Malfoy tinha lembranças com Dobby, mesmo que não prestasse atenção nele, ele estava lá. Se ele revivesse a lembrança agora, poderia prestar atenção.
- É isso Draco! Ótima idéia – O rosto dela se iluminou, mas ele permaneceu olhando-a sem entender, a dúvida era clara, nem precisou perguntar e ela já estava respondendo – Penseira! Como não pensei nisto antes? Você não prestou atenção no seu elfo-doméstico quando conviveu com ele, mas isto não quer dizer que ele não estivesse lá, você pode não se lembrar dele com detalhes, porém pode presenciar esta lembrança novamente... Uma penseira...
- Você quer falar mais devagar? – Hermione estava falando tão rápido que o estava deixando tonto com as palavras, mas havia entendido, era evidente – Você está sugerindo usar minhas lembranças de criança junto com o Dobby? Não sei se é uma boa idéia. Eu nunca usei uma penseira antes, e nem temos uma!
- Sei que não temos... Mas o ministro tem, na sala dele que fica neste mesmo prédio.
- Então vamos embora e amanhã pedimos pra usar a pensei da sala dele. Certo? Agora vamos – Saiu puxando-a pelo braço.
- Me largue. Não dá pra deixar pra amanhã. Vamos agora à sala do ministro.
- Pelas barbas de Merlin, você está maluca? Está querendo entrar na sala do ministro sem a presença e permissão dele? Você tem noção de que provavelmente somos os últimos aqui no ministério, passamos do horário Granger! Todos já se foram. – Draco começou a gargalhar e a menina percebeu que ele estava nervoso, o riso era de incredibilidade.
- Será rápido, e não pegaremos nada, só usaremos a penseira e pronto, o ministro nem precisa saber que estivemos lá – Ele a olhou tão profundamente que ela podia ler “isso não vai dar certo” em seu olhar – Ah, qual é Malfoy? Não me diga que você está com medo... Além do mais, já fez coisas mais perigosas do que isto, só entraremos na sala do ministro e usaremos a penseira. – Ficaram se encarando por pelo menos cinco minutos.
- A srta dá as ordens, não é mesmo? Que assim seja! – Não a olhou ao dizer isto, parecia ter se lembrado de quem era e de seu orgulho.
Logo se viu cautelosamente andando pelos corredores do ministério ao lado do rapaz loiro e magro, com o olhar baixo, ambos sem pronunciar uma só palavra. Os corredores estavam escuros e silenciosos, como já previam, de modo que precisariam ser muito cuidadosos pois se ainda houvesse alguém nas salas do ministério poderia ouvi-los, então não ousaram falar, ela por cautela e ele por má vontade na tarefa.
O nível de tensão estava pesado, e após minutos que pareceram longas horas, por fim chegaram ao elevador. Só precisavam entrar, as portas abriram e então o fizeram, assim que a porta fechou puderam respirar melhor. Hermione deu um risinho de alívio “pelo menos já estamos no elevador, só precisavam subir ao nível 1” e Draco acordou de um transe, também estava aliviado, apesar de o elevador fazer um barulho enorme, este já era normal no ministério, diferentemente de vozes quando tudo está silenciado. O nível quatro (departamento para regulamentação e controle das Criaturas Mágicas) nunca pareceu tão distante do nível 1 como agora. Até que já conhecida voz tranqüila de uma mulher anunciou:

“Nível 1 – ministro da magia e serviços auxiliares”

As portas abriram-se, e ambos saíram do elevador. Por um momento Draco a olhou como se estivesse pedindo para voltar, mas isto foi só um segundo de impressão de Hermione, nos demais lhe pareceu muito confiante e sua palidez, realçada pelo escuro do corredor, ajudava para que também parecesse sombrio, a visão era a de um comensal da morte em uma importante tarefa ordenada pelo ainda temido Lord das Trevas. Estava nítido que ele não queria estar onde estavam, surgindo a dúvida de que se o plano daria certo, será que ele daria mesmo as lembranças, estava de tanta má vontade que seria capaz de nega-las dentro da sala, colocando sua grande idéia a perder. Chegaram à porta da sala do Ministro. Antes de abrir a porta respirou fundo.

- Está certo Malfoy – falou num tom em que só ele ouvisse, quase num sussurro – Se quiser desistir, se não estiver passando bem, podemos ir embora agora! – Mostrou o olhar mais decidido que conseguira para a ocasião. Draco Malfoy, levantou costumeiramente sua sobrancelha, e encarou- a.
- Está com medo agora Granger? Esta idéia foi sua. Alorromora – Usou o mesmo tom surrado de Hermione Granger.

A porta destrancara e abriu-se, Draco Malfoy entrou, mas a garota ficou parada, imaginando que ele poderia ser previsível de vez em quando, só pra variar as situações, e concluindo que talvez ele fosse tão imprevisível pra ela, por ela... Apenas com o intuito de irritá-la, de fazer coisas contrárias ao que imagina. Isto não importava agora, pois lá estava: “A sala do Ministro”...
O ambiente era agradável, apesar de exótico como o novo ministro; a mesa central era comprida, com várias gavetas magicamente ampliadas; estava iluminada por luminárias espalhadas, cada uma de uma cor que variava entre as cores primárias e secundárias, portanto cada cantinho tinha um tom diferente; na parede esquerda havia um painel de fotos coladas sem sincronia ou organização; Era tanta coisa pra olhar ao mesmo tempo que a confundia, estava maravilhada com tudo, porém o que mais lhe chamou atenção foi a estante de livros, pois esta parecia ter várias camadas, e estava enfeitiçada de modo que os livros ficavam alternando de posição, os das camadas da frente trocavam de lugar com os das camadas de trás e vice-versa, pareciam estar dançando.
- A senhorita lembra o que viemos fazer aqui? – Draco tinha chegado bem perto pra falar discretamente, e Hermione voltou à realidade, pois por instantes perdeu seus sentidos em toda aquela maravilha.
- A penseira... Você a viu? – O interesse pela missão havia voltado.
- Não, precisamos procurar, não há sinal visível de uma penseira aqui, tem certeza de que o ministro realmente tem uma penseira?
- Tenho! Agora procure, ande. E tente não derrubar nada.
- Não sou eu que tenho o hobby de entrar nos lugares, sem permissão, explodindo, atacando, e quebrando objetos pessoais.
- Muito engraçado Malfoy. Agora que acabou a piadinha, procure, não viemos aqui pra dar risada. – Continuavam aos sussurros.
Entre provocações, ironias, olhares, risos, sobrancelhas, prosseguiram procurando, mas após 46 minutos já estavam impacientes e descrentes de que encontrariam. Incrédulo de que a penseira estivesse naquela sala, Draco se sentou na poltrona mais próxima da mesa.
- Não pare de procurar Malfoy, vamos encontra-la, eu sei.
- Não sabe não! Será que não vê que esta busca é insana? É preferível que voltemos amanhã e peçamos a penseira ao Ministro. Não temos tanta urgência assim em ver minhas lembranças, e pela hora que deve ser, não fará diferença de tempo ver agora, ou amanhã cedo.
- Mas não podemos parar agora. Este é o nosso trabalho.
- Sim, mas aprende uma coisa, os horários existem e isto não é por acaso, não dá pra fazer as coisas todas de uma vez. Vamos.
- Está bem, se você está com tanto medo vamos agora – Encararam-se e ele foi à frente. ‘Alorromora’ ela o ouviu dizer, mas quando se virou a porta não estava aberta.- Me dá licença Malfoy! – Mentalizou o feitiço para abrir, apontou a varia, uma pequena faísca saiu da ponta da varinha em direção à fechadura, e nada aconteceu. Era a primeira vez que errara um feitiço não-verbal. Apontou a varinha novamente – Alorromora – E novamente e porta não se abriu. Os dois se olharam, o pânico era evidente no olhar de ambos, e um praticamente lia na mente do outro a pergunta “o que fazer agora?”.

NOTA DAS AUTORAS:

"Queridos leitores (uahauahaha), suas opiniões, sugestões e críticas são muito importante para nós. Não deixe de mostrá-las. Atenciosamente, Irmãs Fasi".

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