F.A.L.E
Era cedo, Hermione abriu um dos olhos, ouvira um barulho vindo da janela, mas a única coisa que viu foi um dos primeiros raios de sol transpassando o vidro e entrando em seu quarto, voltou a fechar o olho e se ajeitou em baixo dos cobertores, antes de conseguir tornar a dormir, ouviu novas batidinhas na janela, não poderia ser apenas uma impressão passageira, levantou-se e foi até lá, mal conseguira abrir o vidro e uma coruja desajeitada voou desesperada para dentro, colidiu com um abajur e caiu. A garota já sabia do que se tratava antes mesmo de ler o pergaminho que vinha atado a uma das patas da coruja, era carta de Rony, talvez nunca tenha existido uma coruja tão atrapalhada quanto a dos Weasley, Errol. Ela caminhou até o animal, acariciou suas penas e retirou o pergaminho de sua pata, não se enganara, reconheceu a letra do namorado e percebeu também que ele tentara caprichar. N/A 'Como vocês não estão acostumados com a letra do Rony, assim como a Hermione, aqui está o que diz a carta' [Mione, não tenho muitas novidades desde ontem, mas não poderia deixar de escrever, você está longe há quase duas semanas e já parece um ano. Harry decidiu, vai passar as férias de Gina aqui em casa e quando ela for pra Hogwarts ele se muda para casa de Sirius, ou melhor, casa dele, né? Mamãe, que já estava eufórica pelo namoro de Gina e Harry, descobriu ontem, no jantar, do NOSSO namoro, ela ouviu uma das minhas conversas com Harry e pirou, a cada minuto me pergunta quando você vem a’Toca, onde vai morar, o que vai fazer, bem, você conhece a mamãe, e ela está te convidando pra ficar uns dias aqui conosco, até decidir tudo. Papai me disse que o Kingsley, aliás, o ministro da magia, esteve procurando por você, não sei de nada, mas logo que souber te escrevo, ou você pode saber pessoalmente, o que seria muito bom. Volta logo, eu estou com saudades, ainda precisamos curtir nosso namoro. Amor, Rony Weasley.] Hermione releu a carta quatro vezes, Rony não era muito de escrever, mas nesses doze dias ela recebeu quatorze cartas dele, já ia responder quando ouviu uma voz bonita e conhecida vinda do lado de fora da porta de seu quarto. - Mione, você já acordou? – Sua mãe expressava preocupação na voz, o que indicava que também ouvira o barulho que Errol fazia voando por todo quarto, procurando algo que não sabia realmente o que era. - Já mãe, mas vou demorar um pouco para descer – Respondeu, sem saber na verdade que horas eram, mas isso não importava agora, queria somente responder a carta de seu namorado e dizer o quanto estava com saudades dele e de todos, será que saberia colocar a imensidão de seus sentimentos no papel? Era verdade que não tinha nenhuma novidade tal qual Rony, mas sentia uma necessidade imensa de escrever... Ou já passara a hora de voltar? A segunda opção pareceu mais cabível à sua vontade, olhou a coruja enquanto esta, talvez cansada de procurar, pousou em cima de seu guarda-roupa, teve uma idéia, colocou a ave em uma velha gaiola e começou a arrumar suas coisas, estava mesmo na hora de ir embora. Ao descer pra tomar café da manhã, levava sua velha bolsinha de contas em uma das mãos e na outra a gaiola com a coruja. - Vai a algum lugar querida? De onde surgiu essa coruja? - É do Rony, veio me trazer uma carta dele. Precisamos conversar, onde está papai? - Seu pai está tomando banho pra ir ao trabalho, ele já desce. Eu não consigo me acostumar com esse correio de vocês – disse olhando feio pra coruja, que pareceu ter entendido o ato da sra. Granger. - Elas são realmente muito inteligentes, bom dia Papai – O sr. Granger descia as escadas trajando seu tão costumeiro traje branco com seu nome bordado “dr. Granger”, e com um grande sorriso no rosto – Preciso falar com vocês. - Ah, bom dia queridas, parece séria Hermione. – Ele tomou um assento. - Bom, eu já tenho dezessete anos e sabem que sou maior de idade no mundo bruxo... – E cuidadosamente foi contando aos pais de sua partida, observando suas feições irem mudando lentamente, mas não tinha remédio, ela partiria, já estava decidido! Na altura em que saíra de casa o sol já nascera por completo, seus pais não pararam de dizer que mesmo ela sendo maior de idade no mundo bruxo, no mundo “normal” ela ainda não era, mas por fim concordaram, pois lhes convenceu que precisava buscar seu espaço e independência no mundo bruxo, e os visitaria constantemente agora que não os colocaria mais em perigo. Ao chegar ao fim da rua, quando teve certeza que não tinha ninguém na esquina girou os pés e já sumira do lugar de onde estivera, com sua antiga casa em mente, sentiria saudades daquele lugar. Bateu os pés em uma grama alta e molhada que indicava que chegara em seu destino, a’Toca não mudara nada em quase todo ano em que passou sem ir lá, continuava com sua aparência aconchegante e Hermione não tardou a ver de longe, pela janela, os irmãos Weasley’s reunidos na sala com Harry, e a sra. Weasley lhes passava alguma bronca. A menina se aproximou com cautela, para que ninguém a visse, quando chegou próxima a janela soltou Errol que voou desajeitadamente pra cima de Rony, fazendo-o dar um salto, ela correu pra porta e enquanto fazia esse percurso ouvia ele resmungar: - Onde está? Você perdeu, coruja desajeitada, imbecil! Hermione não deixaria de me responder, não! – Agora Rony encarava a coruja que ficava pequena e encolhida em suas mãos - Ela não me escreveu? - Não Rony! Eu não escrevi – Hermione estava parada à porta com um grande sorriso no rosto, e os olhos castanhos brilhando exageradamente, o que demonstrava a felicidade imensa que sentia por estar ali naquele momento. Rony correu para o que seria um abraço inesquecível seguido de um beijo, porém a sra. Weasley alcançou-a primeiro, dando-lhe um abraço de partir costelas. - Bem vinda à família querida, Arthur e eu ficamos muito contentes ao saber de você e nosso Roniquinho, bem... Fique a vontade, pode abraça-la agora Ronald – Apesar de parecer contente com sua presença, Hermione notou que a sra. Weasley não parecia a mesma, agora tinha um semblante triste e olheiras que demonstravam o quanto sofrera pela perda de um dos filhos, Fred realmente faria falta, principalmente para Jorge, que agora estava largado em uma poltrona, Rony foi abraça-la quando olhou pra mãe. - A senhora vai ficar nos olhando? – ela não respondeu, apenas olhou para o outro lado, mas mesmo assim Rony deve ter achado melhor não beijar a namorada, o que ela achou muito sensato, simplesmente abraçou-a – Senti saudades Mione – Ela ouviu-o pronunciar pausadamente, e apenas correspondeu com um extenso sorriso. Quando eles se soltaram havia uma fila para abraça-la também, onde o primeiro era Harry. Os três estavam juntos novamente, e apesar de ter recebido as cartas de Rony, Hermione desejava saber das notícias calmamente e pelos amigos, gostaria de saber de cada detalhe, então foi para o quarto de Rony, juntamente com Harry e Gina. - Não demorou pra que vocês reatassem o namoro não é mesmo? - Pra mim, Mione, demorou tempo suficiente pra ficar impaciente, Gina não queria me perdoar, ainda ficou dois dias sem falar comigo. – Harry parecia indignado. - E ainda não deveria ter perdoado sr. Potter, você estava parecendo os meus pais querendo evitar que eu lutasse, me tratando como se ainda tivesse onze anos. Olha que você era o menos indicado pra tentar me impedir, quando tinha onze anos foi lá querer salvar a pedra filosofal. - Ora, são situações diferentes Gina... Será que você não entende que eu não agüentaria te perder? - Eu sei... Você até terminou comigo. Vocês têm mania de querer me proteger do que eu não quero ser protegida, eu sei o que é melhor pra mim! – Harry e Gina se encaravam, olhando um nos olhos do outro, como se quisessem provar quem era o mais “cabeça dura” e genioso. - Mas... Ainda bem que vocês se resolveram, não é mesmo? – Hermione queria quebrar aquele clima, com medo de que virasse uma discussão, e o casal que antes parecera estar brigando, agora se concentravam em um beijo tão profundo que pareciam não se ver a muito tempo. - Eles têm feito isso constantemente, aparentemente discutem e depois ficam aí se agarrando – Lamentou Rony no ouvido da namorada e depois pigarreou e aumentou o tom de voz – Vocês precisam mesmo fazer isso na minha frente? Harry, ela é minha irmã. - Você precisa se acostumar Ronald – e ao dizer isso Gina tentava parecer o mais séria possível, Hermione não segurou o riso e todos acompanharam-na achando graça da cena, era bom estar com eles novamente. - E a Luna e o Neville, eles deram notícias? - Luna está com o pai e quando começarem as aulas ela volta pra Hogwarts enquanto o Neville está com a avó que não se agüenta de tanto orgulho, mas não sabemos o que ele pensa em fazer. - E você Harry? Vai mesmo pra casa que era do Sirius? - Vou, ele deixou tudo pra mim, não vejo motivos pra não ir pra lá. Mas essas férias da Gina eu passo aqui. A minha dúvida é o quê vou fazer na vida... - Acho que não só a sua Harry, eu também tenho me perguntado o quê vou fazer agora que deixei Hogwarts por completo e não tem mais o Lorde das Trevas pra combater – Hermione vinha pensando nesse assunto há muito tempo e gostou de Harry ter tocado nesse ponto. - Cara, precisamos de empregos. - É obviou né Rony! - Gina não pode conter as palavras. - Fica quieta Gina, você é muito nova pra entender isso – Hermione percebeu que Rony só respondeu desse jeito porque tinha conhecimento prévio de que Gina se irritaria, esta emburrou, empinou o nariz e virou pra janela, Harry a abraçou ainda olhando pra Rony e se concentrando ao máximo pra não rir, pois tinha que dar apoio à sua namorada. - Eu vou procurar uma função bruxa e vou passar um tempo no caldeirão furado, até poder morar em um lugar fixo... - Não Mione, você vai ficar aqui em casa, você não pode ficar morando no caldeirão furado. - Ou também pode morar comigo lá na casa que foi do Sirius, eu não verei problemas já que estarei sozinho. – Rony fez cara de que não gostou muito, já ia contestar. - Obrigada aos dois, mas eu não posso aceitar. Preciso do meu próprio espaço e vocês também. - Eu concordo com você Hermione, não podemos viver da caridade de ninguém, temos que mostrar que somos capazes de sobreviver muito bem sozinhas – Gina demonstrava cada vez mais a sua vocação feminista. Os amigos riam e dessa forma as férias se passavam. Á medida que setembro ia se aproximando os preparativos e ansiedade para a nova vida de adultos aumentava entre os jovens que se encontravam na casa dos Weasley, Gina já recebera a carta de Hogwarts, nela havia mais do que um informe dos materiais e livros a serem utilizados no ano letivo, se encontrava lá também notícias do bom estado em que a escola se encontrava, já havia sido magicamente reconstituída e estava em condições perfeitas e normais para receber os alunos, isso, pensou Hermione, era para tranqüilizar os pais que não sabiam o que seria dos alunos após a batalha na escola. Hermione, Rony e Harry acompanharam Gina ao beco diagonal para a compra dos materiais, Harry era o responsável pelo dinheiro que a senhora Weasley dera a sua filha para a compra, claro que sem o conhecimento desta, pois ela não aceitaria. Eles aproveitaram para visitar Jorge na Loja de Logros, ele não era o mesmo sem a presença do gêmeo, mas parecia estar bem, seu senso de humor retornara, e Hermione concluiu que a assistente, Vera, tinha grande parcela de culpa nisso, ao notar olhares entre os dois, mas achou melhor não comentar com os outros apenas ficou contente, e logo entristeceu ao ver Gina entrar na Floreios & Borrões para comprar seus livros do sétimo ano, experiência pela não passou, e só pra matar a saudade comprou o “Padrões de Feitiços - sétima série” que estava presente na lista dos livros de Gina, seria bom continuar com suas leituras. Ao saírem do Beco Diagonal passaram pelo Caldeirão Furado e a menina aproveitou para fazer uma reserva, o único quarto disponível no momento era o de número 4, Rony não ficou muito contente, mas ela o convencera de que era preciso, pois só faltava uma semana para o fim das férias. Era noite, Todos estavam reunidos na mesa de jantar à espera do sr. Weasley, esta seria a última noite de férias e a sra. Weasley fez questão de que todos jantassem juntos, inclusive Jorge que não saía mais da loja. Harry contava as gracinhas de seu afilhado, Ted Lupin, ele fora o visitar a tarde desse mesmo dia, contava o quanto estava grande e a capacidade incrível que tinha de desordenadamente mudar de forma, desde a cor dos cabelos até o formato do nariz. Hermione ouviu um barulho vindo do lado de fora da casa, devia ser o sr. Weasley desaparatando no gramado, não se enganara, ele abriu a porta da cozinha e entrou com um inesperado convidado, um homem alto, negro, careca e com um brinco de ouro na orelha, Kingsley, o ministro da magia, estava com a aparência ótima. - Boa noite Weasley’s – Disse o Sr. Weasley que parecia radiante esta noite por trazer o ministro consigo, este cumprimentou a todos com um aceno de cabeça, tirou a capa, e a Sra. Weasley, com um aceno de varinha, conjurou-lhe um assento. - Obrigado Molly, mas não ficarei para o jantar, assim como já disse a Arthur. Minha visita hoje é breve e específica, se incomoda se eu retirasse três desses jovens da mesa pra ter uma conversa comigo em particular? – Ele apontou Harry, Rony e Hermione com serenidade, e depois do consentimento da Sra. Weasley, que apenas abaixou cabeça levemente como permissão, os três levantaram-se e dirigiram-se à sala – Eu preciso ser breve. Primeiramente sr. Potter e sr. Weasley, chegou aos meus ouvidos, pela profª McGonagall, que queriam ser aurores certo? – Rony e Harry se entreolharam e assentiram juntos com a cabeça – Durante estes dois meses estivemos investigando os comensais da morte, tomando depoimentos, reconstruindo e reorganizando o ministério, as coisas ainda não estão certas por completo e realmente estamos precisando de ajuda. O que estou querendo dizer é que vocês passaram um ano ajudando-nos em segredo, lutando para que o Lord das Trevas não tomasse o poder completo, e foi graças a vocês que ele realmente não conseguiu... Geralmente precisa-se estudar três anos de curso intensivo pra chegar a fazer o teste final pra ser um auror, mas se tratando de vocês o ministério pode dar uma ajudinha, afinal, enfrentar comensais da morte em combate por um ano vale mais do que qualquer curso. – As feições dos garotos mudaram, pareciam incrédulos – Os testes do ministério são divididos em três partes: primeiro, e de menos importância, a prova escrita; segundo, um pequeno “duelo” simulado por outros aurores; e por ultimo, e de suma importância, a audiência com os membros do conselho; Tomei a liberdade de inscreve-los, seus testes serão daqui a seis dias, ás 8:00 da manhã no nível dois, Departamento de Execução das Leis da Magia, não se atrasem. Mais uma coisa garotos, venho recomendando-os satisfatoriamente por muito tempo... Portanto, não me decepcionem. - Pode deixar, ministro, nós não o decepcionaremos – O tom de Harry era sério e orgulhoso, enquanto Rony ainda estava boquiaberto, Hermione sentiu-se imensamente feliz pelos garotos, que a este momento não cabiam em si, mas não podia imaginar porque motivo Quim pediu que ela estivesse presente. - Agora srta Granger, também tenho boas notícias direcionadas a srta. Os Elfos domésticos são realmente criaturas mágicas incríveis, não é mesmo? - Particularmente eu acho que são muito, Qu... Ministro – Respondeu sem saber ao certo aonde o Quim queria chegar. - Eles ajudaram na batalha contra Voldemort, demonstrando bons usos de uma magia até agora desconhecida pelos bruxos, portanto os bruxos não podem mais esquece-los e desconsidera-los. Tomei conhecimento de uma organização chamada F.A.L.E. criada por você e apoiada por Dumbledore, na qual tem por objetivo apoiar a liberação dos elfos domésticos, o ministério quer leva-la muito mais além. Queremos aos poucos libertar os elfos, e estudar a fundo seus poderes e suas linhagens, pra que eles tenham direitos tal qual os bruxos. Criei uma sessão no Departamento para Regulamentação e controle das Criaturas Mágicas, chamada F.A.L.E. pra tratar desse assunto, e precisamos de um coordenador qualificado pra chefiar ela – A Garota não podia acreditar no que estava ouvindo, finalmente entendera onde o ministro queria chegar – Hogwarts me deu as melhores referências da sua pessoa... Parece que você já tem um emprego, não acha srta Granger?
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