O Dia Perfeito



capítulo 3

Hermione não podia acreditar, á uma semana atrás estava entrando em desespero por não saber o que seria de sua vida, e agora estava sentada em uma cadeira, atrás de uma mesinha, que era sua... A sala que o ministro reservara para ela não era pequena, muito menos grande, era o tamanho ideal, havia duas mesas, uma bem á frente da porta e outra no canto esquerdo da sala, ela ocupou a maior, na qual continha uma plaqueta prateada e discreta com alguns dizeres gravados em letras douradas: " Hermione Granger Chefe da Sessão do Fundo de Apoio a Liberação dos Elfos Domésticos" E ficou imaginando o que faria da outra mesa, mas pensaria nisso outra hora, estava tão feliz por estar trabalhando no renovado ministério da Magia que virara a noite escrevendo projetos, planos e idéias para mostrar a Kingsley, por isso chegou antes da hora marcada por ele na sua sala... Sua sala... Como era bonita. Andou até as janelas, mas não viu nada mais do que a paisagem ensolarada que estava magicamente gravada lá, abaixo delas havia dois arquivos, que até o momento estavam vazios, mas Hermione não agüentou a ansiedade e quis estreá-los com um de seus novos projetos, colocando-o na primeira gaveta do arquivo maior, olhou em volta, a sala era totalmente aconchegante, parecia ter sido projetada especialmente para recebe-la, foi sentar em um dos sofás, mas antes que pudesse ouviu batidas na porta, pôs-se de pé ao lado de SUA mesa, quis parecer o mais adulta possível, era seu primeiro dia como funcionária do ministério, apavorou-se por um momento, respirou fundo. - Ent... Entre – Apontou a varinha para a porta e esta se abriu. - Com licença – Kingsley não estava sozinho, atrás dele havia, um garoto alto, pálido e loiro que estava bem arrumado e de cabeça baixa, parecendo não ter vontade de levanta-la, mas mesmo assim ela o reconheceu, o que ele fazia ali? - Antes de mais nada, gostaria de fazer um comunicado, Srta Granger, você terá um assistente. - Malfoy?! – Estava incrédula, e como que despertado pelo nome “Granger” e pela voz de Hermione, Draco Malfoy levantou a cabeça, parecia tão surpreso quanto a garota. - Não me diga que eu vou ter que trabalhar com essa sangue ru... - Trabalhar não sr. Malfoy, o senhor seguirá ordens da SRTA GRANGER, algum problema? – O garoto ficou escarlate e não respondeu – Ótimo! Sentem os dois, por favor, precisamos conversar. Mesmo sem entender Hermione se sentou, não acreditava que teria de passar metade do dia com Malfoy, bem sabia que tudo estava perfeito demais, a notícia fez com que as coisas se tornassem mais reais. O ministro explicou-lhe tudo sobre a estadia de Draco Malfoy em seu trabalho, a cada palavra ela não parava de pensar na sua “sorte”, com tantos departamentos e sessões ele tinha que trabalhar no mesmo que ela? Pela cara dele, estava pensando a mesma coisa, mas nesse momento não lhe interessava o que ele achava. Depois de lhes explicar os afazeres, Kingsley se retirou, agora que era ministro tinha muitas coisas com o que se preocupar, deixou Hermione e Draco sozinhos, se encarando, já imaginara o que ele estava pensando, e antes que pudesse lhe dizer algum desaforo já o advertiu: - Você ouviu o ministro, terá de seguir direitinho as minhas ordens, precisa me respeitar, certo Malfoy? - As pessoas não podem mudar o que realmente são, pra mim você continua sendo uma sangue ruim. E jamais me dirá o que fazer! – Ele havia se levantado, ela fez o mesmo. - Ótimo, demita-se então. E aproveite bem a companhia dos sangue puros de Azkaban – Ela se alterara agora, suas pernas tremiam de raiva, mas conseguiu com que ele se calasse e ainda encarando-a se sentou – Não vai fazer nada com relação a isso? Bom... Então podemos começar a trabalhar, temos coisas muito importantes a fazer. - Grande importância ficar pesquisando essas criaturas inferiores – Ele riu com desdém, agora ele fora longe demais. Atravessou a mesinha para ficar cara a cara com Malfoy que se levantou, percebeu que ele era muito mais alto do que ela. - Muito cuidado ao insulta-los perto de mim Malfoy, eu devo minha vida a um deles, e essas criaturas que você julga inferiores têm mais coragem do que você e toda sua família junta, eles foram capazes de enfrentar Voldemort – Ele tremeu ao ouvir o nome – Coisa que vocês, por medo ou estupidez, não fizeram. – Os olhos acinzentados de Draco encaravam os de Hermione como nunca, ela esperava que fosse com ódio, mas em vez disso notou algo triste e sombrio vindo daqueles olhos, ainda tremia, e por fim voltou ao seu estado normal e sentou-se, mas antes que ela pudesse fazer o mesmo ele falou quase como um desabafo. - Você não deveria falar do que não sabe! – ele parecia extremante pensativo agora, mas nem tanto quanto ela que neste momento lembrou de rumores de que os Malfoy haviam sido torturados como castigo por ela juntamente com os outros prisioneiros terem conseguido fugir. Achou melhor não falar mais em Voldemort. Os dois ficaram em silêncio por mais de trinta minutos, a garota não parava de pensar o quanto seria difícil trabalhar com Draco. Foi até o arquivo maior, abriu a primeira gaveta e pegou o projeto que colocara lá mais cedo. Não sabia como retomar uma conversa com ele, ficou sentada com alguns papéis nas mãos aparentemente analisando-os... “Tudo bem Hermione, você é a chefe aqui, só precisa... Falar... Vamos lá, o que pode acontecer de tão grave? Além de ele olhar com aquela cara de desdém costumeira, a gente começar a discutir, sacarmos nossas varinhas e ele me torturar com algum dos muitos feitiços que aprendeu com os comensais da morte, Kingsley chegar... Ele vai pra Azkaban e eu... eu serei demitida... Não, ele não vai sacar a varinha, não faria isso, faria? Talvez se eu fosse o Harry ele faria... Relaxa Hermione, você não é o Harry...”. - Malfoy... – Tentou mostrar segurança na voz, e como resposta ele levemente levantou a cabeça e olhou-a com uma das sobrancelhas erguida, isso não a ajudou muito “vamos lá, agora só precisa continuar... Falando... Por que é tão difícil falar com ele?”. - Nós não vamos trabalhar Granger? Quanto mais rápido acabarmos o que o ministro deixou pra fazer, mais rápido saio de perto de você... Não vai começar a dar ordens? – Seu tom irônico fez com que Hermione lembrasse quem era Draco Malfoy, e porque não deveria sentir compaixão por ele. - Pega pena, tinta e pergaminho e comece a anotar tudo que eu disser... Ah, não use magia pra isso. - Eu sei escrever Granger, não preciso usar magia. - Ótimo! – Hermione começou a ditar tudo que escrevera no projeto, cada vez mais rápido e sem pausas, praticamente não estava lendo, já tinha tudo na mente e não parava de falar, aquele trabalho realmente não precisava ser feito, mas ela gostaria de ver Malfoy não conseguindo cumprir uma ordem sua, o que realmente aconteceu. - Eu não consigo anotar! – Draco parecia demasiadamente irritado, o que Hermione achou muito engraçado, mas manteve a pose. - Pensei que você soubesse escrever – Se encaravam como já tinham feito inúmeras vezes naquele dia e pela primeira vez ela se sentia vitoriosa. - Por que você está me fazendo anotar uma coisa que já está escrita? - Eu achei que o projeto precisava de algumas mudanças e fui acrescentando a medida em que ditava... O que achou? - De quê? - Do projeto. Quero a sua opinião, ou você não prestou atenção? - Não estou aqui pra dar opiniões, mas se realmente quer a minha achei muito ruim, uma perda de tempo e de espaço nesse seu grande arquivo, os elfos devem continuar como estão. Mas você é quem dá as ordens, só estou aqui pra obedecer – Novamente usou o tom irônico que Hermione odiava e que o fazia parecer tão vitorioso, principalmente por aquele meio riso de desdém e sua sobrancelha erguida... “Ele realmente sabe como me irritar”. - Pois bem, preciso das suas anotações. - Que anotações? – Ele agora trazia uma expressão descarada muito mais insuportável. A garota foi até ele e puxou o pergaminho de sua mão, não podia acreditar no que estava vendo, ele anotara absolutamente nada, estava fingindo e no pergaminho estava gravado um desenho magicamente animado em seqüência de uma Hermione completamente estranha olhando-se no espelho e se assustando, a imagem continuamente repetia, o que fazia a raiva dela aumentar, “ele fingiu que estava escrevendo e depois fez essa ceninha de não conseguir anotar porque já tinha terminado esse desenho ridículo, com o intuito de que eu o visse... Malfoy é mais esperto do que eu pensava, premeditou tudo, mas não vai me tirar do sério, pelo menos não vai saber que estou fora do sério”. - Você é um grande artista Malfoy, poderia desenhar alguns elfos pra que eu coloque na parede e exponha o seu grande talento? - Você não sabe ser sarcástica. - Que bom que você acha isso, porque eu não estou sendo. Isso foi uma ordem. - Não seja ridícula, não vim ao ministério pra fazer desenhinhos – A fúria agora transparecia em todo seu rosto pálido. – Vamos logo cumprir as ordens do ministro. - Eu dou as ordens aqui, mas sim, todo o trabalho dessa sessão será voltada a libertação e criação de leis para os elfos, tendo em vista que depois que isto estiver feito precisamos fazer com que essas leis se cumpram. Antes disso, precisamos estudar o tipo de magia que os elfos usam e suas linhagens, pra poder criar leis justas que os protejam, depois que toda a legislação estiver pronta, vamos investigar as família que possuem elfos e mandar intimações pra que eles sejam libertos. - Ta, mas o que vamos fazer agora? – Ele já parecia impaciente. - Traçar todos os planejamentos de como pretendemos cumprir com o que já disse, e não sairemos daqui hoje, até termos todos os projetos prontos, quero entrega-los a Quim... Ministro, ao ministro hoje mesmo. – Começaram a discutir por onde começar as pesquisas, o que pesquisar e como o fariam, Hermione ia ditando coisas pra que Draco anotasse, e muitas vezes ia conferir se ele estava anotando mesmo, ele não deixara de ser insuportável nem por um segundo, nem ao menos quando estava calado, e ela retribuíra todas às vezes. E assim o tempo foi passando, até o horário reservado pra que almoçassem, ele saiu primeiro, e ela ficou organizando alguns papéis e saiu logo em seguida, lembrou-se de que Rony e Harry estavam no ministério, pois vieram fazer os testes pra aurores, foi procura-los, pois os testes também tinham uma pausa. - O Malfoy?! – Rony e Harry fizeram coro, ambos demonstravam a mesma expressão de surpresa e a incredulidade na voz. - Mas Mione, como isso foi acontecer? – Harry achava que tudo isso não fazia sentido - Draco Malfoy é um comensal da morte! - Não Harry... Ele achava que era... Mas na verdade era manipulado o tempo todo pelo pai e por Voldemort. - Então ele é um semi... Semi-comensal da morte! Está vendo Mione? As palavras “comensal da morte” ainda aparecem! Ele tem que ficar em Azkaban junto com os pais – Rony parecia mais indignado do que Harry. - Tudo bem Rony, mas eu não pude fazer nada, não pude recusar, aliás, isso nem esteve em discussão, foi uma imposição não um pedido. O que acontece é que Quim e toda a Suprema corte dos bruxos acharam que Malfoy era muito jovem e estava sendo manipulado, quase obrigado a seguir Voldemort... - Ele gostava! – Harry não pode conter a fúria. - O fato é que todos os filhos de comensais da morte vieram ser “assistentes” no ministério, Goyle está no nível 7, a idéia é que eles se regenerem, como trabalho forçado ou alguma coisa desse tipo, os pais estão presos eles poderiam se revoltar, portanto o ministério quer te-los por perto... O Ministro não podia virar as costas pra eles, ta certo que foi azar que Malfoy ficasse exatamente junto comigo, mas eu não posso fazer nada! - Goyle e os outros filhos de comensais da morte não eram comensais exatamente... - Eram semi... O que quer dizer que eram quase, e quase já é... Nem que seja um pouco – Rony interrompeu Harry - Mas o Malfoy... Ele era comensal completo, declarado... - Com Marca Negra! – Rony tornou a interromper Harry, ambos estavam muito nervosos o que fazia Hermione ficar tonta, sabia de tudo o que eles estavam dizendo, já passara por volta de quatro horas com Malfoy e não o suportava mais, os amigos não paravam de falar, e como falavam, as vozes deles ficaram ecoando em seus ouvidos, já não entendia, já não raciocinava direito, olhou em volta, estava em uma lanchonete trouxa, de onde dava pra ver a entrada de visitantes, em forma de cabine telefônica, para o ministério, aquela rua de Londres estava muito movimentada, as pessoas os olhavam de maneira estranha, talvez as vestes de bruxos ajudassem pra que chamassem atenção e causassem estranheza, mas nada era tão estranho quanto as coisas que Rony e Harry estavam gritando “Comensal da Morte!”... “Voldemort”... “Marca Negra”... “Ele é comensal! Ele é comensal! Ele é comensal... Ele é comensal”. - Já chega! – Não suportava mais! Teve que gritar – Não está sendo fácil pra mim, vocês conhecem o Malfoy e ele não mudou, então azar o meu, vocês não precisam me enlouquecer por isso, esse trabalho agora é do Malfoy e ele já cumpre muito bem. - Você exagerou Harry – Rony agora a abraçou e ficou olhando Harry como se a bronca fosse apenas pra ele. - Tudo bem... E os testes, como estão? - Fizemos a parte escrita na mesma sala, quanta falta você faz Mione! O Harry já fez o duelo, após o horário de almoço eu o farei também, e depois terá a audiência individual com os membros do conselho. – Hermione o beijou como se quisesse desejar boa sorte. - Ah Mione, o duelo foi perto da sala que me julgaram no quinto ano por causa do patrono – Harry os interrompeu. - Vai ter volta! Não esqueça que você namora a MINHA irmã. – Rony não tardou a dizer, Harry fez cara de desentendido o que fez com que Hermione risse muito, mas logo se lembrou que precisavam voltar. Olhou o relógio e viu que estavam atrasados. - Estamos atrasados...Vamos! - Como pudera o tempo ter passado tão rápido e estar tão distraída pra não vê-lo passar? Em um intervalo de tempo menor do que o que existe entre um pensamento e outro, ela pagou a conta de qualquer jeito e arrastou Rony e Harry pra cabine, mal chegara e já começou a discar os números “Como era mesmo? 6...2...4...4...2... É... Deve ser isso”, logo ouviu a voz tranqüila de uma mulher: “Bem vindos ao ministério da magia” – Eu sei onde estamos... Hermione Granger, chefe da sessão de fundo de apoio a liberação dos elfos domésticos, Harry Potter e Ronald Weasley ambos estão aqui fazendo os testes pra auror –falara tudo muito rápido, bem sabia disso, Harry e Rony estavam olhando-na com espanto, mas isso não importava agora, queria apenas não se atrasar mais. Ao chegar dentro do ministério arrastou-os novamente, dessa vez rumo ao elevador, e permaneceu calada, olhava pra cima e batia o pé como nunca fizera. - Calma Mione – Rony quis acalma-la, quando foi beija-la a tão esperada voz surgiu, anunciando que estavam no Departamento para Regulamentação e controle das Criaturas Mágicas, a garota saiu correndo sem olhar pra trás, finalmente estava frente à porta de sua sala, recompôs-se, recuperou o fôlego e entrou. - Está atrasada Granger. – a arrastada voz de Malfoy não tardou a lembrar-lhe de seu atraso, não poderia negar, nem explicar... – Ficar namorando no ministério não conta como trabalho. - Ah, cala a boca Malfoy! Ainda temos muito a fazer – Apressou-se a pegar papéis e analisa-los. - Seu namoradinho também trabalha no ministério? Sabe que vocês formam um casal perfeito? O traidor do sangue e a Sangue Ruim. – seu tom desdenhoso tornou a aparecer. - Já disse pra calar a boca Malfoy! – Sem perceber, por reflexo, sacou a varinha e a estava apontando pro rosto de Draco Malfoy que fez o mesmo. Encararam-se por muito tempo naquela posição de duelo– Abaixa a sua varinha! - Ou o quê Granger? - ele tinha a expressão vitoriosa e indecifrável, seja o que for que estivesse pensando, sabia que ela não o machucaria – Vai me torturar até a morte? Vamos, faça! Eu sou apenas um comensal da morte não é mesmo? Quer ver a marca negra pra tomar coragem? - Cru... – Já ia lançar a maldição Cruciatos ele a olhou como se pela primeira vez acreditasse que ela era capaz de feri-lo, “pelas barbas de Merlin o quê estou fazendo?” – Já chega Malfoy! – Abaixou a varinha. - Eu sabia – agora ele sorria de maneira descarada. - Não provoque meu bom sendo novamente, ele pode não funcionar! E vamos continuar trabalhando. – Suas pernas tremiam mais do que nunca, mas precisava controlar sua raiva. Sentou-se. E tentou retomar o que estavam falando antes do almoço. Ele não a olhava e ela também não fazia questão de que isso acontecesse, desde de que anotasse tudo estaria perfeito, este clima alongou-se até o fim do expediente, mas não houvera mais discussões ou brigas verbais. - Acabou, chegue cedo amanhã. Como planejado, começaremos as pesquisas de descoberta de linhagem e origem mágica dos elfos, falaremos diretamente com os mesmos, começando a leste da Grã Bretanha, mas precisamos passar aqui primeiro pra pegar todas as autorizações com o chefe deste departamento. – Hermione deu todos os recados friamente, levantou-se e dirigiu-se à porta. - Não sou eu quem precisa lembrar dos horários, Granger. – Hermione ignorou o comentário e abriu a porta para sair, assim que o fez surpreendeu-se com um garoto parado ao lado de fora da porta, as costas curvadas e a cabeça baixa demonstravam sua tristeza. - Rony?! O que aconteceu? Que faz aqui? – Ele levantou a cabeça e a abraçou. Aquele não era um simples abraço, parecia mais uma tentativa de fugir do resto do mundo. Começou a ficar preocupada - Onde está o Harry? - O Auror? – Ele falou desanimado. - Rony! Então quer dizer que vocês passaram? - Achou que ele abriria um sorriso, que poderia estar fingindo tristeza para depois dar a notícia de que ele e Harry tinham passado nos testes, mas isso não aconteceu, Rony continuou com a mesma expressão. - Ele passou! Como eu achei que poderia ter chances quando o Harry estava junto? Eu sou só uma sombra dele Mione, e ninguém dá importância às sombras. - Por que você está falando assim? Você não passou? Ah, Ron... Você poderá fazer outras tentativas... – Não sabia mais o que falar, como consola-lo. - Não Mione... Você não estava lá, não sabe. Depois do meu duelo tivemos a audiência, eles iam nos entrevistar, o que não sabíamos é que seriamos os dois de uma vez só. Nem me deixaram falar, faziam perguntas direcionadas ao Harry, elogiavam ele, veneravam ele, e eu fui simplesmente esquecido. “Nem precisava passar por testes sr. Potter, o senhor já é um auror desde que nasceu, decidimos que pode exercer a função desde já”... Desde já? Desde já, entende Mione. - Te reprovaram sem nem ao menos falar com você? - Ainda não. Me pediram pra esperar a resposta do conselho, mas eu sei que se eu fosse passar me diriam hoje mesmo, assim como foi com o Harry. – Rony tenta conter a raiva, mas esta transparecia por seus olhos – Nós estávamos juntos Mione, o tempo todo, combati os comensais tanto quanto ele... - Acontece que você é um fracassado Weasley. – Malfoy acabara de sair, a tempo de lançar as palavras que fizeram a raiva de Rony ficar ainda maior. - Você já foi dispensado Malfoy, já pode ir embora. – Hermione quis logo mandar-lo embora, antes que aquilo se tornasse uma briga. - Não poderia ser de outro jeito, já está no seu sangue, você é um perdedor. Eles não vão te aprovar. - Já chega Malfoy! Vá embora! - Não precisa me defender Hermione, ele está certo, deixa ele falar. – O garoto extremamente loiro e pálido deu as costas ainda com um sorriso desdenhoso no rosto e caminhou lentamente pelo corredor que dava no elevador. - Não Rony! Ele está errado, e você sabe disso. As pessoas só estão deslumbradas com o Harry porque ele matou Voldemort, a gente já esperava que isso acontecesse, eles vão analisar seus testes... - Bloody Hell! A quem você está querendo enganar? – Rony alterou o tom de voz – Você sabe tanto quanto eu que não tenho chances... - Não fala assim... Eles não serão tão injustos. Veja comigo, estou no ministério, foi meu primeiro dia... - Já chega Hermione, não adianta querer me fazer sentir melhor, não passei e pronto. Mas você já está no ministério, não tem mais com que se preocupar... - Eu não tenho culpa, eu não pedi pra que isso acontecesse, mas eu acho que mereço porque... - Claro que merece – ele agora gritava – você sempre foi excepcional, excelente, a melhor, não é mesmo? - Eu não ia dizer isso... Rony – Ele agora saía rápido pelo corredor. Era só o que faltava pra que o dia fosse péssimo de vez. Ela voltou à sala e chorou, como Rony pôde ter dito aquelas coisas? Lembrou-se que quando acordou pensou que esse seria um dos melhores dias de sua vida, o dia perfeito, o primeiro dia trabalhando no ministério, arrumar sua sala, ver Harry, ver Rony... Pois bem, trabalhou, arrumou, encontrou-se, mas o dia não fora nada perfeito passou longe de ser. Ela conteve as lágrimas e lentamente caminhou pelo corredor olhando cada parte deste, e quando pode, desaparatou para a rua de Londres que dava acesso ao caldeirão furado. Agora, queria apenas entrar no número quatro e deitar em sua cama, talvez ainda acariciar os pelos de bichento, que ela buscara na casa de seus pais quando os visitou um dia antes de se mudar para o caldeirão furado, e receber carinho nem que fosse do seu gato, mas pelo andar de seu dia era bem provável que bichento lhe arranhasse.

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