Pesadelos de Uma Noite de Verã



CAPÍTULO 1

PESADELOS DE UMA NOITE DE VERÃO








_Harry, o que houve? _ perguntou Gina, preocupada.
_Pesadelo. Como há muito tempo eu não tinha. _ disse ele.
_Querido, troque de pijama. Você transpirou ao ponto de encharcá-lo. Não via você assim tão agitado durante o sono desde que estávamos na escola.
_Este foi terrível, Gina. E eu fico pensando se foi apenas um pesadelo ou se há mais nisso do que parece.
_Como assim? _ perguntou a ruiva.
_Algo que não acontecia há muito, muito tempo. Minha cicatriz doeu.
_A c-cicatriz?! _ Gina empalideceu, destacando seus olhos verdes e as sardas do seu rosto de pele clara.
_Talvez tenha sido só imaginação. Afinal, passou tão subitamente quanto ocorreu. _ disse Harry, tentando não preocupar Gina e levantando-se para pegar um pijama seco. O fato é que ele mesmo não estava acreditando que sua cicatriz estivesse voltando a doer, tantos anos depois de ele ter sido o Kaishakunin, o assistente de Seppuku de Lord Voldemort.
De vez em quando, Harry Potter ainda lembrava-se do combate final na ilha sagrada de Avalon, quando ele e Gina destruíram a última Horcrux de Voldemort, sua serpente de estimação, Nagini. Em seguida, o Lorde das Trevas quase matara Gina e ele o vencera em combate, permitindo que Dumbledore o manietasse com algemas inibidoras de magia. Sabendo que o seu destino seria uma cela em Azkaban ou ser prisioneiro dentro de um carvalho, Voldemort decidira-se pela saída dos Samurais, resgatando o que ainda restava de sua honra. Com uma adaga Tanto, que estava escondida em suas vestes, a mesma que ele usara para ameaçar Jemail Zaidan Bin Laden, rasgara seu ventre e resistira o bastante para contar uma importante história e despedir-se de seus inimigos, antes que Harry o decapitasse.
_Harry Tiago Potter, não tente me enganar, somente para não me deixar preocupada. _ disse a esperta bruxa ruiva, sua amada esposa _ Sabe muito bem que posso descobrir tudo, através do nosso elo telepático.
_Então, acesse minha mente e veja que eu também não estou muito certo se a dor foi verdadeira ou imaginada. Estou na dúvida. Bem, o sono foi embora. Que tal um chá quente para recuperá-lo?
_Boa idéia. _ e, pegando a varinha, Gina conjurou um bule de chá e duas xícaras. O casal serviu-se e começou a saborear o chá _ Então, Harry, você acha que pode ter sido apenas um pesadelo?
_Espero que sim, Gina. Mas, se não for, devemos estar preparados. O Círculo Sombrio não dá sinal de vida há algum tempo e eu não acho isso bom. Pode significar que eles estão armando um novo golpe, algo muito, mas muito grande. E deve ser algo muito sigiloso, pois “π” não manda recado desde que tivemos alta do St. Mungus.
_Que tal falar com Dumbledore? _ sugeriu Gina _ E será que você também não está meio ansioso porque Tiago e Lílian vão começar em Hogwarts, este ano?
_Boa idéia. Depois da aposentadoria da Profª McGonnagall eles estão aproveitando para viajar, mas sempre mandam postais e as corujas podem localizá-los. O último que mandaram foi da Nova Zelândia, dizendo que logo estarão de volta à Inglaterra. Acho que dá para esperarmos um pouco. _ disse Harry, com um pequeno bocejo _ E você pode estar certa. Afinal de contas, aquela turminha está toda indo. Tiago, Lílian, Mafalda, Julius, Randolph, Narcisa, Sabrina, Simone, Fernanda e, segundo eu soube, Sun-Li.
_O sono voltou? _ perguntou Gina.
_Sim. Acho que voltou.
_Que pena. _ disse a ruiva, com um tom de voz e um olhar cheios de segundas intenções.
_Mas nem tanto assim. _ disse Harry, pegando a esposa nos braços e levando-a para a cama _ Você sempre me desperta e me completa, mantendo-me vivo. Eu te amo, Gina.
_Galanteador. _ disse a ruiva, beijando-o, após ser colocada sobre os macios lençóis. Afinal, a noite ainda não havia terminado e ainda teriam alguns dias antes do início do ano letivo.

Algum tempo havia se passado, desde aquela aventura que durara alguns anos e culminara com a destruição da Sétima Porta de Cronos, no subterrâneo do Templo de Quetzalcoatl, em Teotihuacan. Graças a uma enorme ajuda de seus filhos, nossos heróis conseguiram frustrar os planos de “Escuridão”, o pérfido co-líder do Círculo Sombrio. Junto a “Sombra”, ele comandava uma forte organização de bandidos bruxos e trouxas, que lutava para reerguer a Ordem das Trevas, desta vez baseada na convicção dos elementos, além do sangue bruxo, razão pela qual trouxas também faziam parte dela, embora os cargos de escalão mais alto fossem ocupados por bruxos.
As crianças prosseguiam em seus estudos. Francine, a filha de Gui e Fleur, não era muito chegada às aventuras e estava indo para o sexto ano, depois de ter obtido uma excelente nota nos seus N.O.Ms. Para o quinto, estava indo Soraya, a filha de Ayesha e Sirius Black (atual Diretor de Hogwarts), a qual prometia uma performance semelhante. Adriano, o filho mais velho de Draco e Janine e Nereida, filha de Rosmerta e Severo Snape, iriam iniciar o quarto ano. Para o terceiro, haviam passado Larissa e Vicenzo, respectivamente filhos de Milly e Daniel e de Blaise e Marino. Com a lacuna de uma série, todo o grupo dos Novos Marotos iria completar-se, com o ingresso daqueles que Harry citara. A diferença de séries cursadas não era obstáculo para a sólida amizade de todos, forjada em aventuras, brincadeiras e nos combates contra as Trevas, aos quais as crianças haviam sido precocemente lançadas.
Harry Potter era o atual professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, sendo já um veterano em batalhas, desde os seus onze anos de idade, embora a docência fosse uma das mais difíceis delas. Graças à sua experiência de campo, soubera dar continuidade ao trabalho que Derek Mason iniciara quando ele próprio estava no sexto ano, um ano muito especial. Fora naquele ano que Janine e Draco haviam se conhecido, começado a namorar e o loiro rompera com as Trevas, ela manifestara magia aos dezesseis anos de idade, ele tornara-se amigo dos Inseparáveis e membro do grupo, Harry e Gina, Rony e Hermione e Neville e Luna formaram três simpáticos casais de namorados, acrescidos por Janine e Draco, Janine havia sido seqüestrada por Sibila Trelawney e Peter Pettigrew, nossos amigos travaram uma feroz batalha contra os Death Eaters em Azkaban, que culminara no uso de um poderoso feitiço lendário, o “Olho de Shiva”, único feitiço capaz de defletir e contra-atacar a “Avada Kedavra” e que quase destruíra Voldemort, que escapara por um triz. Pouco depois, Narcisa Malfoy tombara morta defendendo, com seu próprio corpo, Draco e Janine de uma “Avada Kedavra” disparada por Lucius, seu próprio marido. Outras coisas ocorreram, tais como terem ajudado Cho Chang a livrar-se do alcoolismo, vários filhos de Death Eaters terem rompido com as Trevas e, no ano seguinte, Hogwarts ter abrigado um misterioso envenenador a soldo de Voldemort, que depois descobriu-se ser Valérie St. Clair Malfoy, prima de Draco, morta três anos depois em Azkaban, juntamente com Lucius. Naquele ano, houvera a vitória final contra Voldemort, com o Seppuku do Lorde das Trevas, no qual Harry Potter fora o Kaishakunin, o assistente responsável por decapitá-lo e abreviar seu sofrimento.
As aulas de Harry seguiam um programa elaborado por Mason e aperfeiçoado por ele, onde eram aprendidos Feitiços de Combate e também técnicas trouxas, usadas pela InterSec, da qual Harry também licenciara-se, para dedicar-se ao ensino. Obviamente, eram ensinadas artes marciais, onde Harry percebia quais alunos apresentavam maior potencial de desenvolvimento e domínio do Ki, a energia espiritual da pessoa, também percebendo quem possuía potencial de malignidade. Esses eram cuidadosamente orientados a afastarem-se do caminho do mal. As turmas mais avançadas recebiam instruções de Ninjutsu-Bruxo, Kobudera e artes marciais mais avançadas e esotéricas, tipo certos estilos de Kung-Fu. Aquilo ajudava não só a defender suas famílias, em caso de necessidade, como também a aprimorar a mente e elevar o espírito. E, dali a mais alguns dias, aquela criançada esperta que já conhecemos iria aumentar o grupo de estudantes.
De certa forma, Harry também estava meio ansioso com a entrada de seus filhos na escola onde tivera alguns dos melhores momentos de sua vida, podendo aquilo ter contribuído para o que,esperava ele, tivesse sido apenas um pesadelo. O problema era que, por experiência própria, o bruxo da cicatriz sabia que poderia não ser apenas um pesadelo. Mas, com Gina aconchegada em seus braços e trocando com ele carícias que ambos sabiam que continuar-se-iam como uma apaixonada noite de amor, Harry Potter procurava não pensar em coisas ruins, dedicando toda a sua atenção à mulher que amava desde que eram ambos jovens até mesmo para saberem o que era o amor.

Em Wiltshire, também estavam ocorrendo pesadelos com um certo loiro, nosso conhecido. Draco Malfoy sonhava que estava combatendo contra forças do Círculo Sombrio e que tentava resgatar Janine das garras de “Escuridão”, em pessoa. Ele conseguira salvar a esposa mas, certa hora, o líder do Círculo mostrava-se com sua verdadeira aparência, a que tivera antes de realizar sua Reformatação Facial Mágica, enchendo Draco e Janine de espanto e indignação. Naquele ponto do pesadelo, Draco acordava e, por mais que tentasse, não conseguia lembrar-se da verdadeira cara do facínora.

_Outra vez, Draco? _ perguntou Janine.
_Sim, Jan. É estranho, esse pesadelo tem se repetido com certa freqüência e eu acordo, sempre que estou a ver a cara de “Escuridão”. Depois que desperto, não consigo me lembrar de qual é.
_Calma, meu amor. Não vá neurotizar em cima disso.
_Eu sei, querida. Mas é impossível não pensar que isso pode não ser só um pesadelo, mas também um aviso.
_De que tipo? _ perguntou Janine, pegando um copo com água e oferecendo-o ao marido.
_Do tipo “O perigo ainda está por aí. Aquele louco jurou vingar-se e temos de estar prevenidos”, coisas assim. _ disse Draco, agradecendo e tomando a água.
_Talvez seja o resultado de muitas batalhas, Draco.
_É a sina daqueles que lutam pelo bem, Jan. Vigilância constante contra o mal.
_Sem contar que Narcisa vai para Hogwarts, este ano. Conhecendo nossa filhota como conhecemos...
_... E conhecendo as outras crianças...
_... Vai ter muita confusão.
_Só espero não recebermos muitas corujas. Bem, você vai estar lá. Talvez aquela turminha não se atreva a aprontar... muito.
_O senhor realmente acredita nisso, meu caro 火〔火災〕のフォックス (“Kitsune no Hi”, “Firefox”,“Raposa de Fogo”)? _ perguntou Janine, usando o apelido de Quadribol do marido, acariciando-o de modo a deixá-lo arrepiado.
_Já vai ficar nervosa ou prefere que eu minta, minha querida 魔女になった非魔女 (“Trouxa-Que-Virou-Bruxa”)? _ redargüiu ele, usando o apelido da esposa, que manifestara magia tardiamente, respondendo às carícias dela e logo os dois apaixonados perdendo-se na doce batalha travada entre os lençóis, na qual ambos saíam vencedores e cujo prêmio era a reafirmação do amor que sentiam, desde que os dois haviam conhecido-se, aos dezesseis anos.

O dia seguinte chegou, encontrando nossos amigos despertos e renovados.

Mais uma geração de bruxinhos iria iniciar seus estudos na famosa Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, localizada em um ponto da Escócia, inatingível para trouxas não-autorizados, embora houvessem linhas de trem regulares que passavam perto de Hogsmeade. Uma das principais maneiras de manter o sigilo era confundir o local. Assim, uns diziam que ficava na Escócia, outros no Norte da Inglaterra e ainda alguns outros sequer sabiam da localização, até que começavam a estudar lá. E era naquele ano que todos os Novos Marotos lá estariam.
Com a aposentadoria de Minerva McGonnagall, outro tivera de assumir a Direção da escola. Primeiramente, foi cogitado o nome de Severo Snape, mas ele recusou, afirmando não possuir perfil para o cargo e indicou o nome de Sirius Black, também sugerindo o de Milton Vandross, professor de Estudo dos Trouxas, para o de Vice-Diretor. Após a surpresa inicial, Sirius aceitou e demonstrou excelente aptidão para o cargo, inicialmente acumulando-o com a disciplina de Vôo. Depois que a vaga foi assumida por Demelza Robbins Crabbe, ele ficou “apenas” com a Direção da escola e, em lugar de Milton Vandross, o próprio Severo Snape ficou com o cargo de Vice-Diretor, por insistência de Sirius. Uma das modificações feitas foi a prometida transformação da Ala Hospitalar em um Hospital Escolar, tendo Gina como Medi-Bruxa responsável e Madame Pomfrey como sua auxiliar. A competentíssima Enfermeira, que já cuidara de seus pais e deles, agora cuidava de seus filhos. Com sua aposentadoria, anunciada para o ano letivo seguinte, Milena Kersey seria chamada para ocupar sua vaga. Afinal de contas, ninguém era eterno na função, por mais tempo que durasse.
Harry e Gina adquiriram uma confortável casa em Hogsmeade, sendo mais um lar para a família, além da mansão em Godric’s Hollow e do apartamento em Londres. Situava-se perto da de Hermione e Rony e da de Sirius e Ayesha, estando a uma certa distância da de Dumbledore e Minerva. Embora aquela fosse uma de suas residências, Tiago e Lílian fariam a viagem pelo Expresso de Hogwarts, saindo de Londres, mantendo a tradição. Todas as crianças a seus pais concordaram com a idéia, que serviria para um novo reencontro dos Inseparáveis, realizando-se dali a dois dias, no Caldeirão Furado.

Naquele mesmo dia, o brilho de Chaves de Portal na Aduana do Ministério da Magia anunciou a chegada de novos alunos que vinham de outros países, mas que haviam recebido a carta da escola e chegavam com suas famílias. Estes eram calorosamente recebidos pelo Chefe do Departamento de Cooperação Internacional em Magia, Percy Ignatius Weasley, que lhes dava as informações necessárias para que sua estada em Londres fosse a melhor possível. Os hotéis bruxos próximos à Estação King’s Cross começavam a lotar.

Beco Diagonal, dois dias depois.

Admirando as lojas do Beco Diagonal, Tiago e Lílian acompanhavam seus pais, em direção à loja de Madame Malkin. Lá chegando, encontraram-se com Draco e Janine, que aguardavam as últimas provas dos uniformes de Adriano e Narcisa. O garoto havia crescido vários centímetros, necessitando de novas vestes. Narcisa não cabia em si de contente, olhando-se no espelho com as vestes escolares, abraçada a Lílian e Tiago.
_Lembra-se do nosso primeiro encontro, Harry? _ perguntou Draco.
_Pois é. A primeira impressão que tive de você não foi nada boa.
_Confesso que fui muito arrogante, fiz um baita de um teatro de “Bruxo-Mauricinho-Metido-e-Seboso”.
_Sua interpretação daria um Oscar. _ disse Harry, rindo.
_E eu não posso mentir, tive inveja de você, de sua pureza e inocência naquela época. Eu via em você, Harry, algo de que eu sentia falta desde a infância, desde antes de meu pai começar com suas tentativas de me doutrinar para as Trevas.
_Dos tempos em que vocês só queriam saber de brincar, enquanto seus pais faziam reuniões de Death Eaters? Você chegou a comentar algo sobre isso, certa vez. Que bom podermos criar nossos filhos sem essa paranóia.
_Mesmo que a paz seja relativa, Harry. _ disse Janine _ Agora temos o Círculo Sombrio por aí e os pais de vários alunos podem pertencer à organização.
_Tem razão, Jan. _ disse Gina _ É quase como naquele tempo, temos de manter vigilância constante, como dizia o Moody.
_Falaram no meu nome? _ perguntou Alastor Moody, vindo do fundo da loja, com um pacote de vestes novas _ Obrigado, Madame Malkin. Ficaram ótimas. E é verdade, Gina. Há um ditado trouxa que diz: “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Não importa o quanto estejamos em paz, devemos lembrar de que o mal nunca morre, apenas muda de aparência.
_Aliás, Prof. Moody, o perigo ainda não terminou. “Escuridão” ainda está por aí e não sabemos o que ele pode querer aprontar. _ disse Harry.
_Embora saibamos que ele ainda possui uma carta na manga, relacionada ao “Eser Ha-Makot”. _ comentou Janine.
_É verdade. _ concordou Draco _ a Décima Praga, “Makat Bechorot”, a Morte dos Primogênitos, ainda permanece como uma Espada de Dâmocles por sobre a Bruxidade.
_Creio que ele não a lançou porque ele próprio deve temê-la. Afinal, é a mais terrível de todas. _ disse Gina _ E mesmo um bandido bruxo poderoso como ele não seria estúpido ao ponto de lançá-la sem uma grande preparação.
_Mas ele deve ter mais planos, afinal de contas está com alguns volumes do Necronomicon, não é mesmo? _ perguntou Adriano, que havia terminado de experimentar seus novos uniformes e juntara-se aos pais.
_O problema é que, com aquela fanática da Mariana Lugoma como amante, podemos esperar qualquer coisa. _ disse Moody _ Bem, já vou indo. Boa sorte no seu primeiro ano em Hogwarts, crianças.
_Obrigado, Prof. Moody. _ disse Tiago e as outras crianças o acompanharam. Alastor Moody acenou e saiu com seus pacotes, o toque-toque de sua bengala perdendo-se na distância.
_E aí, já adquiriram suas varinhas? _ perguntou Narcisa.
_Já, ontem. _ responderam Lílian e Tiago _ E você?
_Hoje, antes de virmos para experimentar os uniformes.
_E qual varinha combinou com você, Narcisa? _ perguntou Gina.
_Pilriteiro, com pêlo de cauda de unicórnio, Dinda. _ respondeu a garota à sua madrinha, mostrando-a e perguntando aos amigos _ E as suas?
_A minha é de acácia e corda de coração de dragão. Mas a mais maneira é a da Lílian.
_Por quê? _ perguntou Sabrina, que acabara de chegar, com Marilise e Derek.
_É uma varinha raríssima, Sabrina. Uma criação única de Jasper Olivaras. Você sabe como ele gosta de pesquisar, tanto que ele criou os anéis que canalizam magia, os quais muitos Aurores estão usando, depois que papai provou sua utilidade.
_Sim, mas o que a varinha de Lílian tem de tão especial?
_Vou mostrar. _ disse Lílian, pegando a varinha de dentro da caixa. A madeira era em um belíssimo tom avermelhado e o cabo era bastante trabalhado, com o nome da garota magicamente gravado _ Um trabalho lindo de Jasper Olivaras, pau-brasil e um fio de cabelo da Iara.
_Uau! _ exclamou Sabrina _ Ela é, realmente, uma varinha raríssima. Como foi que Jasper conseguiu um fio de cabelo da Mãe-D’Água?
_Bem, acho que eu mesmo posso explicar. _ disse Jasper, entrando na loja e indo até Harry _ Vocês saíram tão rápido da loja, que acabaram esquecendo de pegar o troco pelo pagamento das varinhas.
_Conte a história, Jasper. _ pediu Mason, tão curioso quanto os outros.
_Bem, Sr. Mason, aconteceu quando eu estive no Brasil, à procura de pau-brasil nativo, para fazer varinhas. Vocês sabem que o pau-brasil esteve ameaçado de extinção, devido à procura pelo corante extraído da madeira. O que salvou a espécie, impedindo-a de desaparecer, foi o cultivo planejado e o reflorestamento, primeiramente com a finalidade de obter madeira para a confecção dos bastões de comando torneados dos Oficiais-Generais das Forças Armadas do Brasil. Acontece que eu estava à procura de árvores nativas e, mesmo assim, especiais. Todos vocês sabem que a Iara habita os rios, lagos e cursos dágua do Brasil, transportando-se à vontade entre eles, mas não podendo afastar-se deles. Eu estava no interior do Mato Grosso, seguindo a pista que um trouxa com acesso Nível 3 havia me dado, finalmente encontrando um espécime de pau-brasil com vários tronquilhos em seus galhos. Dei a eles alguns punhados de bichos-de-conta e eles vieram até mim, enquanto um subia e cortava um galho, vindo depois e colocando-o em minhas mãos. Foi então que eu reparei em uma coisa brilhante, aos pés da árvore. Quando peguei a tal coisa, vi que era um pente de ouro. Então, um Saci aproximou-se e começou a conversar comigo. _ e Jasper Olivaras contou a todos como foi que tudo aconteceu:

_Você é bruxo, não é? _ perguntou o Saci.
_Sim, sou bruxo. _ respondeu Jasper.
_Só podia. De outro modo, não conseguiria me ver e nem ao pente da Iara.
_Este pente de ouro pertence à Mãe-D’Água? Mas como é que ele está aqui, meio distante de qualquer rio ou lago?
_Aconteceu que a Bruxa Má das Matas, a Cuca, mandou que um Lobisomem roubasse o pente da Iara, por pura inveja de sua beleza, dando-lhe ordens para que fosse jogado em qualquer lugar, longe de cursos dágua. Então ela pediu para que nós, criaturas não-malignas, procurássemos por ele. Nós, Sacis, somos travessos, brincalhões, pregamos peças em muita gente, mas não somos maus. Você estava procurando madeira para varinhas?
_Sim, estava. Meu nome é Jasper Olivaras.
_É um sobrenome conhecido mundialmente, o famoso artífice de varinhas inglês. Vamos devolver o pente da Iara. Apenas tampe um de seus olhos, pois olhar para ela com os dois olhos poderá deixá-lo em um transe do qual você pode não voltar.
_Tudo bem. _ Jasper conjurou um tapa-olho e colocou-o _ Vamos, então.
Ele seguiu o Saci até uma cascata que caía sobre um lago, no meio da mata. Em uma rocha, chorando, encontrava-se a Mãe-D’Água, a Iara. Seus cabelos loiros, normalmente sedosos, encontravam-se algo emaranhados, devido à interrupção do costumeiro e contínuo pentear.
_Por que você trouxe um humano aqui? _ perguntou ela.
_Ele encontrou seu pente, Iara. E ele é bruxo.
_Que bom! Eu pensava que nunca mais poderia pentear os meus cabelos. Este pente é encantado e insubstituível, tendo sido presenteado a mim por Tupã, em pessoa. Em troca, protejo as águas do Brasil e olha que não é um trabalho fácil, bastando ver o que as pessoas fazem com elas. Vejo que você sabe que não pode olhar para mim com os dois olhos ao mesmo tempo, já que está usando esse tapa-olho. Quero dar a você um presente, ó fabricante de varinhas, mas você terá de merecê-lo. Prepare-se.
A Iara começou a cantar, enquanto penteava seus longos e loiros cabelos. Mais que depressa, Jasper conjurou cordas que o amarraram a uma árvore, enquanto o som melodioso da voz da Mãe-D’Água espalhava-se pelo ar, dando-lhe uma enorme vontade de atirar-se no lago. Mas, bem amarrado, ali permaneceu até o final da canção da Iara.
_Você é inteligente, Jasper. _ disse o Saci _ outro poderia não ter reflexos ou presença de espírito para amarrar-se e ficaria sob o encanto da voz da Princesa das Águas.
_E tive a oportunidade de ouvir o mais belo canto de toda a minha vida. Ouvi algo semelhante quando fiz a mesma coisa para que uma sereia me cedesse algumas escamas da cauda, mas a sua voz é muito mais bonita.
_Obrigada, Jasper Olivaras. _ disse a Iara _ Já me disseram antes que minhas primas têm a voz aguda demais. Eis o seu presente, um fio de meus cabelos. Use-o como cerne mágico de uma de suas varinhas e pode estar certo de que a menina por ela escolhida jamais a usará para o mal.

_Fantástico! _ exclamou Draco, ao término da história.
_E eu experimentei umas dez varinhas, até que Jasper foi buscá-la, no fundo da loja. No momento em que a empunhei, ela me escolheu. _ disse Lílian.
_E foi uma coisa bonita de se ver. _ comentou Harry _ Lílian ficou com uma aura dourada e começaram a voar faíscas por toda a loja. Eu, Jasper e Tiago ouvimos algumas notas do canto da Iara, embora Lílian e Gina nada tivessem ouvido. Realmente, o canto da Iara só faz efeito em homens.
_E a varinha escolheu a pessoa certa. _ disse Jasper _ Afinal, alguém que é filha de Harry Potter tem tudo para jamais usar uma varinha para o mal.
_Lembro-me de quando minha varinha me escolheu. O Sr. Olivaras experimentou varinhas em número quase suficiente para construir uma cabana, até que me trouxe esta. _ e Harry mostrou a varinha de azevinho e pena de cauda de Fênix, que usava desde o primeiro ano e cujo cerne provinha da cauda de Fawkes, a Fênix de Alvo Dumbledore, assim como o cerne da varinha de Voldemort, cuja madeira era de teixo. Mas aquela havia virado cinzas, cremada juntamente com seu dono.
_Mas eu sou louco pela varinha de Mirtheil do papai, aquela que ele usou em combate.
_Para isso, Tiago, você tem de ser Auror ou um Inseparável. Raras pessoas além de nós possuem essas varinhas, sendo Cho uma delas. Inclusive, ela a utilizou quando investigamos aquele laboratório do Círculo, lá em Xangai. _ disse Harry.
_Eu me lembro. _ disse Rony, que chegava com Hermione, Cliff e Mafalda. Esta logo abraçou os primos e os amigos _ Foi quando vimos os testes com o vírus “Inferno 300”. Caracas! Quanto tempo!

Depois que todas as crianças terminaram de experimentar os novos uniformes e os levaram, o grupo seguiu junto, para a próxima parada: Floreios & Borrões.
_Livros e mais livros. Passaportes para o saber. _ comentou Rony.
_Nem parece você falando, mano. _ disse Gina _ Deve ser a convivência com a Mione.
_Ela conseguiu despertar o melhor de mim. _ respondeu o ruivo à sua irmã.
_Assim eu fico sem jeito. _ disse Hermione, corando levemente e rindo junto com os outros.

Todos os livros necessários foram comprados e, para uma merecida pausa, todos pararam na Sorveteria Fortescue, pedindo refrescos e sorvetes. Dali a pouco, em uma mesa próxima, ouviram uma voz.
_Gina! Harry! Aqui! _ eram Luna, Neville e Julius, acompanhados por Remus, Dora e Randolph. Acabaram juntando as mesas e tiveram excelentes horas juntos, até que tiveram de separar-se, prometendo jantar no Caldeirão Furado, pois todos estavam hospedados lá, para facilitar.
No jantar, juntaram-se a eles Cho, Luke e Sun-Li, que haviam chegado de Hong Kong naquele mesmo dia. Enquanto as crianças brincavam e trocavam impressões e expectativas sobre o ano letivo que se aproximava, os adultos relembravam suas aventuras passadas e atualizavam as notícias do tempo que estiveram separados.
Cho havia encerrado a carreira como jogadora, apenas administrando a franquia de seu nome com Luke, além de empresariarem a carreira de uma jovem jogadora dos Shanghai Spectres, chamada Hsiang Siu-Fan, um prodígio de dezoito anos, fantástica Apanhadora. Além disso, também era a Chefe da Seção de Quadribol do Departamento de Esportes Mágicos do Ministério da Magia da China. Seu pai, Chen-Ming Chang, estivera bastante doente por uns dois meses, atualmente já recuperado e novamente à frente das Empresas Chang, que trabalhavam com Produção de Eventos, tanto para bruxos quanto para trouxas.
_Vocês lutaram contra o Círculo, no México? _ perguntou Cho.
_Sim. Depois de frustrarmos todos os seus planos, Harry quase conseguiu pegar “Escuridão” e conseguimos resgatar Draco, Jan e o casal St. Croix. Ele não conseguiu concretizar sua chantagem. _ disse Gina.
_Chantagem? _ perguntou Luke.
_Exatamente. _ disse Draco _ Ele queria obter segredos do Ministério da Magia da França, dos quais Juliette St. Croix tinha conhecimento. Mas ficou só querendo.
_Eles estão quietos, desde então. _ comentou Harry _ Não fizeram nada de vulto no último ano, só crimes pequenos.
_Dá até para estranhar. _ disse Lupin _ Assim a gente até pensa que devem estar preparando coisa grande.
_Sim, mas o que poderia ser? _ perguntou Tonks _ Nós estamos investigando, mas ainda não apuramos nada de concreto.
_Soube que os informantes também não têm conhecimento de nada. Chega a ser irritante essa expectativa. _ disse Rony.
_Talvez isso faça parte do joguinho deles, nos deixarem preocupados com o que possam estar fazendo. _ disse Luna.
_Eu acredito. _ concordou Hermione _ Aquele cara é bem capaz de algo assim. Sem contar que, além de “Sombra” para liderar a organização, ele agora tem aquela louca da Mariana Lugoma, enrabichada por ele.
_Será que o cabelo dela já cresceu? _ perguntou Janine, em tom de gozação, lembrando-se de Teotihuacan _ Eu procurei maneirar um pouquinho no feitiço.
_Como assim, Jan? _ perguntou Cho.
_Eu a deixei carequinha, com um feitiço especial.
_Se foi especial como o “Colon Exonera Plus, Cum Retarda”, ela deve estar careca até hoje. _ disse Gina.
_E ela quer pegar a mim, Rony e Neville. _ disse Harry _ Bem, quanto a mim, há mais gente, ela terá de entrar na fila.
_E vai sair frustrada. _ comentou Draco _ Outros melhores tentaram e não conseguiram.

Depois do jantar, deixaram-se ficar em frente à lareira, saboreando um bom Brandy, à exceção de Cho. Ela ficou apenas no suco de abóbora, bem gelado. As crianças já haviam ido dormir. Um quarto fora destinado somente para elas. Não houve bagunça, pois todos estavam cansados pela maratona de compras e seus pais já os haviam prevenido de que Tom não veria desordem com bons olhos. Depois, todos recolheram-se.

No dia seguinte, após o café da manhã, uma fileira de táxis-bruxos conduziu nossa simpática comitiva até a Estação Ferroviária de King’s Cross, com destino à Plataforma 9 ½, para tomarem o Expresso de Hogwarts.

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