Ajuda do Outro Mundo
CAPÍTULO 13
AJUDA DO OUTRO MUNDO
A região do mundo denominada “Abkhazia” localiza-se na costa oriental do Mar Negro e flanco sudoeste do Cáucaso e sua situação é bastante disputada. Embora ela considere-se como um estado independente, intitulando-se “República da Abkhazia”, situação essa reconhecida somente pela Rússia, Venezuela, Nicarágua, Nauru, Ossétia do Sul e Transnistria, sendo que as duas últimas ainda encontram-se em situação semelhante. Para a Geórgia, porém, a Abkhazia é considerada parte do seu território, com o status duvidoso de “Região Autônoma”, tendo o seu Parlamento publicado, em 28/08/2008, uma resolução considerando-a “Território Ocupado pela Rússia”. Entre os Séculos IX e VI a. C., era conhecida como “Cólquida”, o mitológico reino onde Jasão e os Argonautas foram buscar o Velocino de Ouro, a fim de levá-lo para Iolco, na Tessália, para que Jasão pudesse assumir o trono.
Seu solo fértil permite fartas colheitas de chá, tabaco e frutas, principalmente tangerinas e uvas, com uma boa produção de vinhos de qualidade. Uma atividade fundamental para sua economia era o turismo, devido às belas paisagens, clima ameno e importância histórica, embora as coisas tivessem ficado mais difíceis com a guerra separatista contra a Geórgia, que nem mesmo a eleição legítima (?) de Sergei Bagapsh, ocorrida em dezembro de 2009, fizera retroceder completamente. O resultado era que ainda havia, desde aquela época, uma espécie de tensão entre o governo atual da Abkhazia, sucessor de Bagapsh e com capital em Sukhumi e o governo da Geórgia, com capital em Tblisi.
Tal clima favorecia à pratica de vários tipos de atividades ilícitas, principalmente o contrabando de produtos dos quais o país necessitava e, também, o tráfico de drogas, mesmo com a vigilância da ONU e da InterSec. E é no Mar Negro, antigamente chamado Euxino, que vamos encontrar um navio com bandeira da Libéria, totalmente negro, muito apropriadamente batizado “VULTURA”.
Aparentemente um cargueiro como tantos outros que cruzavam o Mar Negro, com a fachada de pertencer à frota de um milionário e arredio armador grego, cujos navios eram sempre de bandeira liberiana ou panamenha, o “Vultura” era, na verdade, uma base flutuante de uma das piores organizações criminosas da atualidade.
O Círculo Sombrio.
Na Ponte de Comando do navio, um homem de traços orientais e malignos olhos verdes conferia a rota com o piloto e sorriu, satisfeito por estarem no rumo certo e em boa velocidade, desde que haviam zarpado de Varna, na Bulgária. Então, recolheu-se para sua cabine. “Escuridão” não estava vestindo seus habituais trajes de seda e brocado, ao estilo do Dr. Fu-Manchu, mas sim bem-talhadas roupas ocidentais, calças folgadas, um suéter de gola rolê, um jaquetão de quatro botões com quatro faixas douradas nos punhos e um quepe, tudo em preto, no melhor estilo de um Comandante da Marinha Mercante, pertencente a uma frota particular. Na cabine, o grau de excitação do bandido era tal que ele teve de colocar um comprimido de seu antianginoso sob a língua, pois o peito estava quase chegando a doer. Assim que ele guardou o frasco do medicamento, a porta abriu-se e Mariana entrou, também vestindo trajes de Oficial. “Escuridão” serviu-se de uma fumegante caneca de chá e serviu outra para sua amante, que sentou-se, sorridente.
_Tudo de acordo com os planos, querido?
_Com certeza, Mariana. Graças à ajuda de Choo-Pak, que concordou em fornecer matéria-prima ao Círculo, estamos de volta aos negócios, embora em menor escala do que antes. O momento sócio-político da região nos favorece bastante, pois o povo está ávido por artigos de necessidade, bem como algumas comodidades, de forma semelhante à época da Guerra Fria, quando certos pequenos luxos ocidentais eram proibidos, como símbolos de um “Capitalismo Decadente”. Assim poderemos continuar a empreender nossas atividades de Mercado Negro.
_Falando assim, até parece que foi o Círculo quem deu início às guerras separatistas na região,ó pá. _ comentou Mariana.
_Nem tanto. Aqui já era um barril de pólvora. Quando ele explodiu, nós apenas trabalhamos para que a área continuasse queimada. Daqui a pouco você vai dizer que foi o Círculo quem provocou o terremoto no Haiti, em 2010.
_Não chegarei a tanto, mas sei que conseguiste lucrar com aquela calamidade, ora pois.
_Tudo é bastante relativo, minha querida Mariana. Onde alguns vêem somente desgraça, outros enxergam oportunidades. Se o Círculo não tivesse desviado parte dos recursos enviados pelas nações do mundo, outro o faria. Só não foi feito mais por causa da intervenção da Fundação Narcisa Malfoy. Agora, neste lugar histórico e mitológico, dedicamo-nos a fornecer roupas, medicamentos e outros mimos que os governos não são capazes de proporcionar.
_Por um bom preço, além de algumas “coisinhas” para ajudar a certas pessoas a escaparem um pouco da realidade, com o auxílio do que Choo-Pak nos fornece, não é, querido?
_Pessoalmente, eu nunca fui chegado a drogas. Limito-me a lucrar com o uso que delas fazem os que são tolos o bastante para deixarem-se dominar por elas. Traficante esperto não fica viciado naquilo que vende. Como sabe, fui aluno de Hogwarts, como tantos outros bruxos do Círculo. Embora eu soubesse que haviam colegas que gostavam de usar algumas poções de efeitos estranhos ou fumar certas ervas que eles cultivavam, escondidos, atrás das estufas, aquilo nunca me atraiu. Aliás, não sei como é que eles conseguiam fazer aquilo sem que Dumbledore ou McGonnagall descobrissem, já que mesmo o tabagismo não é muito bem-visto em Hogwarts. Na verdade, prefiro manter minha mente e corpo sãos, caso contrário jamais teria condições de liderar o Círculo Sombrio e muito menos de proporcionar a você o prazer que merece. _ disse o bruxo, abraçando Mariana e beijando-a, apaixonadamente _ E você também pode perceber que o Círculo não trafica o “Crack”, pois o usuário debilita-se em pouco tempo e tende a ficar violento, chamando a atenção das autoridades. E isso é algo que não queremos.
_E tudo corre como o planejado?
_Até o momento, sim. As notícias que recebemos de Londres foram de que a enfermeira que estava sendo obrigada a nos passar informações enviou uma coruja, dizendo que a emboscada no Lago Negro foi bem sucedida e o traidor, o tal de Pendergast, não resistiu aos ferimentos. Acabou morrendo, pouco antes de chegarem a Hogwarts.
_E ela é uma fonte confiável? _ perguntou Mariana.
_Tanto quanto podemos confiar em alguém que tem a mãe sob ameaça de morte. E ela tem acesso à cúpula de Hogwarts, pois é a auxiliar daquela traidora do sangue, a Dra. Potter. Ainda me lembro de quando ela trabalhava no St. Mungus e eu assumi a forma dela, para matar Rita Skeeter. _ disse o bruxo, sorrindo.
_E alguma outra notícia?
_Bem, sofremos um revés nos sites da rede internacional de pornografia virtual, após a morte do elemento de Hogwarts, o professor pedófilo que fornecia as fotos que Pendergast postava na seção de Pedofilia. Não sei que maldito programa aqueles gêmeos Weasley utilizaram, mas conseguiram localizar o terminal de onde Pendergast postava as fotos e inseriram um vírus de computador que rastreou o site e, literalmente, torrou os servidores. Ou seja, nossa rede foi para o Inferno.
_Algumas centenas de milhares de Euros a menos nas nossas contas da Suíça, não é?
_Perde-se por um lado, ganha-se por outro, Mariana. No fim, a ida daquele Capitão do BOPE, o tal de Claudiomir, para a Inglaterra foi em vão. Bem, ele explodiu os quatro Jet-Skis, com todos os ocupantes, mas não conseguiu manter Pendergast vivo (“Escuridão” não sabia que a morte de Pendergast era uma farsa). Além disso, o professor de Hogwarts, aquele pedófilo que abusava dos alunos e mandava as fotos para Pendergast, acabou cometendo suicídio, de acordo com minhas fontes. Só o escândalo envolvendo Hogwarts em um caso de pedofilia já será suficiente para me tornar gratificado. A lama vai respingar em todos e a reputação da escola será colocada sob suspeita, ainda mais com aquela mensagem na parede, que o “Avatar das Trevas” escreveu, com o próprio sangue do professor. Quero ver como é que aqueles bruxos da Luz vão se sair dessa, principalmente o maldito Testa Rachada Harry Potter.
_Eles vão se sair muito bem, “Escuridão”. _ disse “Sombra”, entrando na sala, também vestida com um uniforme de Oficial _ Oi, Mariana. Ainda bem que vocês estão sentados ou cairiam de costas com o que eu tenho a dizer.
_Que raios aconteceu em Hogwarts, “Sombra”? _ perguntou Mariana, bastante curiosa, vendo que a amiga, co-líder do Círculo Sombrio, estava com uma expressão pouco contente.
_Notícia ruim não demora para chegar. _ disse “Escuridão”, com um suspiro, antevendo problemas _ Vamos, “Sombra”, solte logo a bomba.
_Bem, quanto à morte de Pendergast, essa foi confirmada. O próprio Dumbledore presidiu o funeral. Já quanto ao escândalo que prevíamos que ocorreria com o suicídio de Vandross e a descoberta dos casos de pedofilia, podemos esquecer. O próprio Vandross providenciou isso, quando submetia as vítimas a Feitiços de Memória. Além disso, os vídeos, fotos e Cristais de Armazenagem foram destruídos. Como ele tomava suas precauções, ninguém pode atribuir a ele os abusos e até mesmo a motivação para o seu suicídio poderia ser outra. Resumindo, os casos de abuso ficaram apenas no conhecimento de alguns poucos, que eram aqueles que os investigavam e, mesmo para as vítimas, pareceram não ter acontecido e o suicídio de Milton Vandross teve outra causa oficial.
_Explique melhor, “Sombra”. _ pediu Mariana _ Está difícil de compreender-te.
_Como a morte não foi natural, um Medi-Bruxo Legista foi chamado de Londres a Hogwarts, para realizar uma necropsia. E sabem o que foi que ele descobriu?
_O que foi? _ perguntou “Escuridão”.
_Que Milton Vandross tinha um câncer de pulmão, ainda não em fase terminal, mas irreversível, quer com quimioterapia trouxa, quer com poções ou feitiços e inoperável, algo que ele escondia de todos. Ou seja, um motivo mais do que justificável para que ele caísse numa depressão patológica e terminasse por colocar fim à própria vida.
_Mas e quanto à mensagem que o “Avatar das Trevas” escreveu na parede da sala, com o sangue do próprio Vandross? _ perguntou “Escuridão” _ As palavras foram escritas com um feitiço que ninguém conseguiria reverter, bruxo algum seria capaz de apagar aquela frase da parede!
_Pois Harry Potter conseguiu, “Escuridão”. Aquele bruxo é muito mais poderoso do que poderíamos supor._ disse “Sombra” _ Aquela mania de cigarros egípcios Avrupa só trouxe problemas a Vandross.
_Estou começando a ficar contrariado com tudo isso. Ainda bem que foi você quem me trouxe a notícia, pois eu mataria qualquer outro que a trouxesse e que não fosse você ou Mariana. Bem, pelo menos fica a satisfação de termos dado trabalho àqueles idiotas.
_Que bom que o seu humor ainda se mantém, “Escuridão”.
_Por que, “Sombra”?
_Porque eu tenho uma outra péssima notícia para lhe dar, vinda de nossa base no Oriente Médio, aquela perto de Dubai.
_Desgraça nunca vem sozinha. _ disse “Escuridão” _ O que mais que você tem para azedar o meu dia, “Sombra”?
“Sombra”, a co-líder do Círculo Sombrio, respirou fundo e, mentalmente, mediu a distância que a separava da porta, caso tivesse de lançar-se por ela, para desviar-se do mortal disparo de uma “Avada Kedavra”.
_Kingsley Shacklebolt fugiu. _ disse ela.
_Minhas caras, vocês poderiam, por favor, me darem licença? Preciso ficar sozinho, por algum tempo, até que passe a vontade que eu estou tendo de fazer com que alguém vá visitar o fundo do Mar Negro, calçando sapatos de concreto. Poderiam?
Tudo bem, já estamos indo, “Escuridão”. _ disse “Sombra”, aliviada pela reação do bruxo não ter sido tão ruim quanto ela imaginava que seria.
_Claro, querido. _ disse Mariana, enquanto ela e “Sombra” saíam da cabine, em direção ao convés.
_Parece que ele assimilou a notícia ruim melhor do que eu imaginava. Afinal, não era nada fácil de digerir. _ comentou “Sombra”.
_Creio que sim, “Sombra”. Afinal, ele é um cavalheiro, ora pois.
Instantes depois...
_MAAAAAAAAAALDIIIIIIIIIIIIIIÇÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOO!!!!
O navio chegou a tremer, com o grito magicamente ampliado que “Escuridão” deu, depois de colocar outro comprimido antianginoso debaixo da língua. O grito foi seguido por uma seqüência de palavrões de dar vergonha à mais desbocada das criaturas.
_Ou talvez ele não tenha assimilado tão bem quanto imaginávamos, minha amiga. _ disse “Sombra” _ Que tal um “Brandy”, lá no refeitório, Mariana?
_Só se for agora, minha cara. _ respondeu Mariana, as duas rapidamente saindo da zona de perigo, rumo ao refeitório.
Hogwarts, 02:30 h
Sentado em uma poltrona, em frente à lareira da Sala dos Professores em Hogwarts, Harry Potter olhava para as chamas, como se pudesse encontrar nelas as respostas às suas perguntas. Em sua mão, uma taça de Shiraz e no ar ouvia-se, em volume baixo, a voz de Mark Knopfler, cantando “Brothers in Arms”, sua música preferida para reflexões. Gina estava nos aposentos do casal, dormindo. A ruiva sabia que, naqueles momentos, o esposo precisava de total isolamento e tranqüilidade, a fim de resolver as difíceis questões que enchiam sua mente. Ninguém atrevia-se a perturbá-lo naquela situação.
Sabia que o que fizeram não era algo muito direito, enterrarem daquela forma os casos de abuso por parte do pedófilo, mas era o menos pior a ser feito, pois o escândalo derrubaria totalmente a reputação de Hogwarts, caso aquilo viesse à tona, naquele momento, além de que qualquer publicidade prejudicaria o sigilo de posteriores investigações, além de que ele estava preparando-se para o pior. Quase todos achavam que os registros das perversões de Vandross haviam sido destruídos, mas eles ainda teriam de examinar toda aquela nojeira, atrás de alguma pista, qualquer pista, antes de dar um fim definitivo àquela podridão. Posteriormente, poderia ser dado conhecimento às pessoas certas, que tratariam da situação sem muito alarde. Mesmo assim, aquilo mexia com a consciência e os princípios do bruxo (“Acho que sou certinho demais para algumas coisas”, pensou Harry).
Graças aos seus poderes secretos de Magid, maiores do que os de um mago de nível elevado, conseguira apagar aquela mensagem de sangue da parede, antes que alguém a visse. Além disso, a necropsia de Vandross descobrira algo que poderia ser uma outra motivação para o suicídio do professor de Estudo dos Trouxas. Aquele câncer de pulmão poderia estar relacionado a um quadro depressivo, que culminara na auto-aniquilação do bruxo (“E não foram poucas as vezes em que eu disse a Vandross que os cigarros iriam matá-lo. Só não imaginava que seria assim”, pensou).
A situação de Pendergast havia sido resolvida, já que o novo informante estava com uma cara nova, graças a uma Reformatação Facial Mágica, realizada na Sala Precisa, pela atual chefe daquele departamento do St. Mungus, Martinette Thomas, que havia viajado para Hogwarts em segredo, alguns dias antes. Para todos os efeitos, Hyeronimus Pendergast havia morrido, devido aos ferimentos sofridos no atentado de que haviam sido vítimas, a caminho do castelo. Ele circulava, agora, como um hóspede da escola. Stabler já havia retornado para Nova York e Claudiomir permanecia, a fim de proferir uma palestra aos alunos, sobre os métodos do BOPE, no combate ao crime no Rio de Janeiro. O policial havia gostado bastante de Hogwarts e parecia estar entendendo-se bem com Milena Kersey.
Mas havia uma coisa que perturbava Harry, como uma farpa em sua mente, quase deixando-o louco: aquela mensagem de rodapé, com o Feitiço “Somente-Para-Os-Seus-Olhos”, com aquela letra que ele não via desde os doze anos de idade. Como é que podia aquela caligrafia estar na parede, se Voldemort havia morrido há mais de quinze anos? Mas ela era inconfundível, a letra fina e trabalhada de Tom Marvolo Riddle, exatamente como ele lembrava-se de tê-la visto no diário do Lorde das Trevas, o mesmo que havia encerrado a Horcrux que ele destruíra com a presa do basilisco, salvando a vida de sua querida Gina Weasley, ainda caloura. Quando ele estava no sétimo ano, haviam destruído a última Horcrux de Voldemort, naquele combate final, travado na ilha sagrada de Avalon, quando Gina e ele haviam fatiado Nagini, a Naja-Gigante de estimação de Voldemort, com suas espadas. A destruição da Horcrux encerrada no réptil somente foi possível porque Harry empunhava a “Espírito do Artífice”, a espada que pertencera a Godric Gryffindor, em sua forma original de Dai-Katana, forjada pelo mestre japonês Masamune com o auxílio e a orientação de duendes e que passara séculos disfarçada como uma espada ocidental, com decoração de rubis na empunhadura. Quando Harry teve de usá-la, no segundo ano, para matar o basilisco de Slytherin, o venenoso sangue do monstro impregnara a lâmina da arma que, como qualquer objeto de metal fabricado com métodos dos duendes, absorvera o sangue, sem que ficasse qualquer marca e aumentara seu poder, tornando-a um instrumento capaz de destruir um objeto contendo uma fortíssima carga de Magia Negra, tal como uma Horcrux.
Desde o funeral de Voldemort, quando acionara a pira que deu início à cremação do bruxo e, depois, quando recebera a carta póstuma de seu inimigo, que o aconselhava a não cair em depressão, Harry Potter não tivera preocupações envolvendo o Lorde das Trevas, apenas tendo sido preciso lutar contra alguns ex-Death Eaters mais exacerbados, que queriam vingar a morte do seu mestre, bem como contra um ou outro louco que insistira em sucedê-lo, sem sucesso. E, nesses mais de quinze anos, a cicatriz em sua testa jamais dera qualquer tipo de sinal, exceto por aquela noite, antes do início do ano letivo e, mesmo assim, fora algo tão fugaz que o bruxo chegara a pensar que havia sido um sonho.
Depois da formatura, Harry havia confidenciado uma preocupação a Dumbledore, a de que Voldemort pudesse ter criado, mesmo que involuntariamente, uma Horcrux nele, por ocasião do atentado à sua família. O velho bruxo disse que aquilo, realmente, já havia passado por sua cabeça e então submeteu Harry a todos os Feitiços Detectores dos quais tinha conhecimento, constatando que não havia um traço sequer de Magia Negra oculto em Harry, nenhuma fração da alma de Lord Voldemort. Além disso, outros fatos contrariavam totalmente a hipótese do Lorde não ter morrido, dos quais ele tomou conhecimento, anos depois.
Se aquilo era verdade, como explicar aquela mensagem, com a letra de Tom Marvolo Riddle tão perfeita, parecendo ter sido escrita pelo próprio? Harry pôs-se a raciocinar, então. Quem poderia possuir esse conhecimento, saber como era a caligrafia do Lorde das Trevas, quando estudante? Armando Dippett, Diretor de Hogwarts quando Tom Riddle havia sido estudante, já falecera, tempos atrás e seu quadro estava no Gabinete da Direção. Alvo Dumbledore havia sido professor da disciplina de Transfiguração. Minerva McGonnagall fora namorada de Tom Riddle até o sétimo ano, tendo ele ocultado o fato com um Feitiço Fidelius e usado um Feitiço de Memória nela, para protegê-la. Hagrid havia sido expulso de Hogwarts em 1943, acusado de ter aberto a Câmara Secreta de Slytherin, desviando a atenção do verdadeiro culpado, Tom Riddle. Somente quando Harry e Rony cursaram o segundo ano foi que o bruxo meio-gigante foi reabilitado. Gina e Harry haviam tomado conhecimento da caligrafia de Tom, através do seu diário/receptáculo da Horcrux. Aqueles eram, até onde Harry podia lembrar-se, os que poderiam ter conhecimento daquela caligrafia. Bem, também havia o próprio Tom Marvolo Riddle, mas aquilo seria uma hipótese absurda, considerando que havia total certeza de que o Lorde das Trevas encontrava-se morto e seu espírito evoluindo, depois que Janine relatara os acontecimentos de quando estivera em um dos Sítios de Passagem do Além, onde espíritos mais evoluídos aguardavam o momento de reencarnarem (*Ler o Capítulo 14 de “Harry Potter e o Círculo Sombrio”, intitulado “Do Outro Lado”*) sendo que, naquela ocasião, o espírito de Tiago Potter afirmara ter visto Voldemort e Bellatrix no Umbral, reconhecendo os erros de suas vidas e reunindo condições para sua evolução.
Ou será que não era tão absurda assim?
Embora os bruxos professassem as mais diversas crenças, havendo entre eles Católicos, Anglicanos, Islâmicos, Judeus, Espiritualistas, Hinduístas, Jainistas, Budistas, Xintoístas e mesmo aqueles que praticavam antigas Religiões Tribais Animistas, o dom da magia proporcionava a eles uma visão muito mais aberta do mundo, indo além dos limites das religiões instituídas, encontrando muitas respostas que elas não podiam ou não queriam dar. Pensando assim, não seria de todo absurdo imaginar que o espírito de Voldemort pudesse reencarnar em alguém, embora ele acreditasse que, por haver um Carma bastante grande a purgar, o período que o Lorde teria de passar no Umbral seria maior e que, caso reencarnasse, seria mais exato supor que não o faria como alguém do mal, a fim de progredir e evoluir. Por outro lado, segundo outras crenças, poderia ocorrer outro fenômeno, denominado “Metempsicose” ou “Transmigração”, onde o espírito poderia encarnar não somente em outra pessoa, mas em um animal. E, por último, uma outra forma de Transmigração, onde um espírito encarnaria em um corpo já nascido, compartilhando-o com o espírito já existente naquele corpo, podendo ou não predominar. Era algo até mais raro, mas Harry não podia dar-se ao luxo de desperdiçar hipótese alguma.
E se Lord Voldemort tivesse, de alguma forma, retornado em espírito?
E se esse espírito estivesse no corpo de alguém, reencarnado ou transmigrado, manifestando-se quando houvesse a oportunidade?
E se isso tivesse alguma relação com os planos do Círculo Sombrio, principalmente com algo que “Escuridão” lhe dissera, anos atrás, sobre o líder aparente, aquele que aglutinaria a nova Ordem das Trevas à sua volta, enquanto que o comando de fato seria exercido por “Sombra” e por “Escuridão”, mexendo os cordões a partir de trás do trono.
Mas ele não estava conseguindo achar uma resposta satisfatória e tinha a certeza de que até mesmo Dumbledore não poderia esclarecer aquela dúvida específica. Reencarnação? Metempsicose ou Transmigração com Compartilhamento? Seria possível? Quem sabe a resposta poderia ser dada não por alguém vivo, mas por alguém que já tivesse...
... Passado para o outro lado, é claro! Como é que aquilo não lhe ocorrera? Por certo algum dos vários fantasmas de Hogwarts poderia dar algum esclarecimento, mas qual deles?
Nick-Quase-Sem-Cabeça não seria o mais indicado, pois já revelara possuir pouco conhecimento dos assuntos de pós-morte, já que fora executado em uma época na qual, mesmo entre os bruxos, pouco se sabia sobre Reencarnação, Transmigração e Fantasmagoria. Quanto ao Barão Sangrento, fantasma-residente da Sonserina, seria ainda pior. Ele não era de muita conversa e também havia posto fim à própria vida há muito tempo, logo após ter matado Helena Ravenclaw, filha da Fundadora da Corvinal, Rowena Ravenclaw e hoje Fantasma-Residente daquela Casa, também não sendo ela a mais indicada. O atual Fantasma-Residente da Lufa-Lufa era seu colega e ex-adversário naquele Torneio Tribruxo que marcara o retorno de Voldemort, quando ele fora irregularmente incluído, Cedric Diggory, morto há, relativamente, pouco tempo. Pirraça nem mesmo era um fantasma e sim um “Poltergeist”, portanto não seria de muita ajuda. Mas, pelas deduções realizadas, Harry chegara à conclusão de que somente um dos fantasmas do castelo enquadrava-se no perfil que ele julgava ser capaz de ajudá-lo. Ele já ia pegar a varinha para conjurar uma Bolha de Mensagem e chamá-la mas, de repente...
_Oh, é você, Harry? Eu estava flutuando por aí, vi a luz por baixo da porta e vim ver quem estaria aqui, a essa hora. Estou atrapalhando?
_Você lê pensamentos, Murta? _ perguntou Harry, contente com a chegada da fantasminha _ Não, não está atrapalhando, muito pelo contrário. Eu estava prestes a conjurar uma Bolha de Mensagem para chamar você. Tenho algumas dúvidas e acho que você seria a pessoa mais indicada para esclarecê-las.
_Eu? Um fantasma? _ perguntou a Murta que Geme, o fantasma adolescente da primeira vítima de Voldemort, Myrtle Galloway.
_Justamente porque você é um fantasma, Murta. E, mesmo entre os fantasmas, você é quem eu procurava. Afinal, você foi morta pelo basilisco de Slytherin, quando era estudante.
_Sim, aquilo foi em 1943, lembro-me de que ajudei você e Rony Weasley a resolver o mistério da Câmara Secreta, quando vocês estavam no segundo ano. Merlin, parece que foi ontem que nos conhecemos! Você e Rony tinham doze anos e agora você está aí, com mais de trinta e eu...
_Continua com a mesma aparência daquela adolescente de óculos que achava-se feia e desinteressante mas que, na verdade, era uma ótima pessoa e nada feia.
_Obrigada, Harry. _ disse Murta, corando, o seu rosto ficando fortemente prateado _ Outro dia, Cedric me disse a mesma coisa.
_Falando nisso, cadê ele?
_Cedric foi ao mosteiro do Frei Gorducho, na França, representando Hogwarts na comemoração do seu aniversário de morte. Afinal, o Frei era o fantasma da Lufa-Lufa, antes dele. Deverá voltar em uns três dias. Mas, em que eu posso ajudá-lo, Harry?
_Você morreu em 1943, não foi? E em qual ano estava?
_Eu estava no quarto ano, Harry. Era da Corvinal e gostava bastante de estudar.
_Não poderia ser de outro modo, para uma Águia. Você me contou que foi para o banheiro chorar, porque Olívia Hornby havia feito uma gozação com seus óculos. Aliás, a qual Casa ela pertencia?
_Olívia era da Sonserina. E eu a assustei bastante, depois, até que teve de haver intervenção do próprio Ministério para que eu a deixasse em paz.
_E você foi, também, contemporânea de Voldemort, digo, de Tom Riddle, pois ele formou-se em 1943.
_Exatamente. Ele e a Profª McGonnagall eram namorados, mas depois ninguém mais lembrava-se do fato. Só voltamos a nos lembrar depois que Voldemort morreu.
_Ele havia feito um Feitiço Fidelius, que somente se desfez com sua morte. E como era ele, quando estudante?
_Tom Riddle? Era sério, porém não era antipático. Nunca abusou de sua posição de Monitor-Chefe e, sempre que alguém pedia uma orientação em alguma matéria, jamais negava-se a dá-la. Ele e Minerva McGonnagall estavam sempre juntos, apaixonados, porém comportados. Aquela turma era bastante boa, além deles ainda haviam Hiram Mason e Renata Wigder...
_Os pais do Prof. Mason.
_Isso. E também Jean-Marc, o tio-avô de Draco e mais Fabiola Wayne, que casou-se depois com Richard Westenra. Parece que eram os avós maternos de Neville Longbottom. Ah, de vez em quando, Salvatore Zabini e Giuletta Fornari, os bisavós maternos daquele garoto da Sonserina, Vicenzo. Mas, voltando ao principal, ninguém imaginaria, à época, que ele iria tornar-se o Lorde das Trevas.
_Bem, somente descobrimos quando foi resolvido o mistério da Câmara Secreta. _ disse Harry _ Ele mesmo revelou isso a mim, através da sua lembrança do diário.
_Mas qual seria sua dúvida, Harry? Em que eu posso te ajudar?
_Murta, você soube que o prof. Vandross, da disciplina de Estudo dos Trouxas, suicidou-se, não soube?
_Sim, soube. Parece que ele estava deprimido, por um câncer de pulmão.
_É, mas não foi somente isso, Murta. Olhe, o que vou te dizer é sigiloso, mas preciso situar você no contexto da história, para que possa me ajudar. Vandross realmente tinha um câncer, mas ele foi induzido a se matar, por alguém ligado ao Círculo Sombrio.
_Como assim?
_Haviam deixado uma mensagem na parede, que eu apaguei. Se a coisa ficasse pública, a reputação da escola despencaria.
_Mas o que houve?
_Vandross era um pedófilo, Murta.
_Abusador de menores? Mas que nojo!
_E nós descobrimos isso, através de uma investigação que, felizmente, cruzou com a de um amigo do Brasil, que veio nos ajudar. Mas não é tudo.
_E o que mais?
_Creio que Vandross deve ter se matado por aquela alternativa ter sido a mais digna apresentada a ele. O que me dá a certeza de que havia alguém com ele, que teria conjurado o punhal que ele usou para se matar, já que sua varinha havia sido confiscada.
_Mas quem seria?
_Um elemento do Círculo, muito bem disfarçado, que escreveu a mensagem na parede, com o próprio sangue de Vandross, usando um feitiço fortíssimo, que eu tive um trabalhão para desfazer, a fim de apagar o texto. E é aí que preciso de sua ajuda.
_É só pedir, Harry.
_Em sua opinião, como fantasma, acredita que Voldemort poderia reencarnar?
_Bem, uma pessoa pode, após a morte, prosseguir e evoluir, a fim de reencarnar ou pode retornar como um fantasma, se tiver medo da morte ou se julgar que possui algum tipo de missão ou tarefa a ser realizada ou até mesmo para ser um espírito auxiliador, mesmo ainda não evoluído. Isso acontece muito com os do meio artístico, sabe? Lembro-me do casamento do Diretor Black, com a presença de Freddie Mercury, da banda do Major Glenn Miller e o do Prof. Snape, com a presença dos músicos de Jazz e Blues do passado, tipo Louis Armstrong, Billie Holiday e outros. Mas, quanto a Voldemort reencarnar, creio que dificilmente. Sabe, Harry, eu gostava de estudar, quando era viva, tópicos sobre Reencarnação, Transmigração e Fantasmagoria. Tínhamos até um grupo de estudos sobre isso e, com base naqueles conhecimentos, creio que, embora qualquer pessoa morta possa reencarnar, seria difícil para que Voldemort o fizesse. Primeiramente, ele deveria ter feito isso pouco tempo após a morte, reencarnando em uma criança por nascer, para ser adulto, agora. Ainda mais porque, segundo eu soube, Janine esteve por algum tempo em um dos Sítios de Passagem e o espírito de Tiago, seu pai, disse a ela que Voldemort e Bellatrix estavam no Umbral. Portanto, Reencarnação está descartada. Mas há a possibilidade de Transmigração ou Metempsicose Compartilhada ou seja, o espírito de Voldemort compartilhar o corpo de um ser já nascido. Nesse caso, seu espírito poderia manter-se equilibrado com o já existente ou, por vezes, predominar. Mas, por que a pergunta?
_Murta, ninguém além de mim sabe de uma outra coisa: haviam outras palavras na parede, uma espécie de pedido de socorro, com um Feitiço “Somente-Para-Os-Seus-Olhos”, destinado a mim. E a caligrafia era exatamente a de Tom Marvolo Riddle.
_Será possível, Harry? Voldemort ter transmigrado para alguém e estar, novamente, executando atos malignos?
_Pode ser que sim, Murta, mas eu creio que desta vez contra a vontade. Afinal de contas, por que ele pediria socorro a quem foi seu maior inimigo em vida?
_Tem lógica, Harry. E, nesse caso, uma hipótese a ser cogitada é a de uma Transmigração Forçada. E isso é bastante perigoso.
_Perigoso como e quanto?
Muito, muito perigoso. Se a Transmigração é forçada, mais cedo ou mais tarde poderá haver um conflito entre os espíritos, principalmente se essa Transmigração estiver envolvida em algum tipo de ato ou ritual maligno, já que nesse caso terá de haver alguma forma de submissão do espírito a transmigrar.
_Parece até coisa do Necronomicon. _ comentou Harry.
_Eu já ouvi falar desse livro. Parece que são sete volumes com conhecimentos antigos e muito perigosos. Então ele existe mesmo?
_Existe, Murta. Existe e está em disputa entre nós e o Círculo. Parece que as peças estão se encaixando, pois lembro-me de algo que “Escuridão” me contou, sobre surgir alguém para ser um novo Lorde das Trevas.
_Acho que vou para a Biblioteca, ver se encontro algo mais que possa ajudá-lo, Harry.
_Você move os objetos com Telecinese?
_Sim, é o que uso para virar as páginas dos livros, além de outros métodos, pouco conhecidos. _ disse Murta, aproximando-se de Harry e dando um abraço no bruxo, que teve a sensação de ter sido mergulhado em um barril de água gelada, embora não fosse desagradável. A garota-fantasma continuou abraçada a ele, sorrindo de forma travessa.
_Comporte-se, Murta. _ brincou Harry _ Sou muito bem casado e, além disso, a senhorita é uma fantasma adolescente. Já desmascaramos um pedófilo e eu não quero que pensem que sou “Lolicon” (palavra japonesa para o homem mais velho que gosta de garotas bem mais novas).
_Fantasma adolescente, mas tenho idade para ser sua avó. É, pensando bem, aí eu é que seria a “Shotacon” (palavra japonesa para mulheres que gostam de garotos mais novos). _ brincou ela de volta _ Ah, mas como a Gina é uma mulher de sorte...
_Na verdade quem tem sorte sou eu, por ela, pelos nossos filhos e pelos amigos, incluindo você.
_Pois é. E pensar que já tive uma queda por você, naquele ano do basilisco. Quando eu disse que, se você morresse, adoraria dividir o banheiro com você, estava falando sério. E também teve aquela vez, no ano do Torneio Tribruxo, quando você estava no banheiro dos Monitores, tentando desvendar a pista daquele ovo dourado.
_Nem me fale. _ lembrou-se Harry, sorrindo _ Nunca fiquei tão envergonhado como daquela vez. Eu lá, naquela banheira do tamanho de uma piscina, do jeito que vim ao mundo e, de repente, você me surpreende e ainda me abraça, depois da pista ter sido descoberta.
_Garoto britânico, cavalheiro desde rapaz. _ disse ela _ Então, vou indo para a Biblioteca. Até mais.
Murta abraçou Harry, novamente e deu um beijo no seu rosto. O bruxo notou algo diferente.
_Murta, você está menos fria e está... tangível?
_Uma surpresinha, Harry. Eu e Cedric descobrimos que, com bastante treino, podemos aumentar a densidade do nosso ectoplasma, por algumas horas. É outro recurso que eu e ele usamos para segurar objetos, virar as páginas de um livro e, como isso nos faz reaver um pouco da sensibilidade que nós tínhamos, quando ainda estávamos vivos, também usamos para... bem... _ disse ela, novamente corando.
_Não precisa entrar em detalhes. _ disse Harry, com um sorriso bastante significativo _ Eu já imagino. Acho que eu também vou dormir. Sabe, você me deu algumas orientações preciosas. Boa noite.
_Boa noite, Harry. _ disse Murta, caminhando em vez de flutuar e abrindo a porta, em lugar de atravessá-la _ Ah, já nem me lembrava de como é bom poder fazer isso novamente.
No refeitório do Vultura, “Escuridão” fez companhia a “Sombra” e Mariana, também servindo-se de uma dose de Brandy. O bruxo estava bem mais tranqüilo e já pensava para diante.
_Mais calmo, querido? _ perguntou Mariana.
_Sim, Mariana. Não posso negar que o fato do tão esperado escândalo em Hogwarts não ter dado em nada e a fuga de Shacklebolt foram duas pauladas bem dolorosas. Mas sempre podemos dar a volta por cima. Pelo menos demos bastante dor de cabeça ao pessoal da Ordem da Fênix e sabemos que Shacklebolt ainda não fez contato com ninguém, deve estar escondido por aí. Só precisamos avisar ao nosso “Doppelgänger” para tomar cuidado. Você deixou outra bruxa passando-se por Dara Mahoney, como pedi, Mariana?
_Sim, “Escuridão”. Elwanna Burke ficou no meu lugar, inclusive o padrão de retina já foi alterado.
_Ótimo. Já alertei as bases ao redor do mundo, para que nos avisassem ao menor sinal de Shacklebolt. Mas ainda fico pensando como foi que aquele desgraçado conseguiu fugir. Pensei que estivesse babando verde, de tantas drogas que devem estar circulando no corpo dele. Agora, um novo plano. Por acaso alguma de vocês prestou atenção na relevância do fato de estarmos na Abkhazia?
_Na verdade, não. _ disse Mariana _ Estás a esconder algum fato do qual não tenhamos conhecimento?
_Bem, eu sei que aqui foi o lar de várias civilizações antigas, o lugar tem um grande valor histórico. _ disse “Sombra” _ Tem a ver com alguma lenda?
_Mais ou menos. Acho que vocês precisam reciclar alguns conhecimentos de História e Mitologia. “Cineskopia”!
Uma tela mágica apareceu e “Escuridão” começou a explicar, como se fosse um professor, enquanto as imagens sucediam-se.
_“Durante a Era Mitológica, quando a Grécia ainda chamava-se “Hélade” e vez por outra os deuses desciam do Olimpo e circulavam entre os mortais, seduzindo belas mulheres e gerando semideuses, tais como Herakles, Akiles e outros, o trono do reino de Iolcos, na Tessália, era ocupado por um Regente, chamado Pélias. O rei, havia abdicado em favor de seu filho, Ésom, que fora destronado e assassinado por seu meio-irmão Pélias, o qual alegava que deixaria o trono quando o rei por direito, Jasão, retornasse a Iolcos. O problema era que Jasão havia sido exilado de Iolcos ainda bebê, por iniciativa de Pélias, tendo vivido sob os cuidados do centauro Quiron, devido a uma profecia na qual ele seria o responsável pela morte de seu tio. Mesmo sabendo daquilo, o velho enviou expedições pelo mundo conhecido, tentando localizar o neto, sem sucesso. Enquanto isso, Pélias mantinha-se no trono. Amedrontado com a possibilidade de Jasão, já adulto, vir reclamar o trono, foi ao Oráculo de Delfos, onde confirmou que aquele que o destronaria seria o homem que adentrasse Iolcos calçando apenas um pé de suas sandálias. Em vista daquilo, Pélias ordenou que todo aquele que estivesse naquela situação deveria ser detido e levado à sua presença. Passaram-se os anos e ninguém entrou em Iolcos com apenas uma sandália, até que um dia, um jovem de vinte anos adentra Iolcos calçando apenas um pé de suas sandálias, pois perdera a outra ao vadear um rio. Levado à presença de Pélias, revela ser Jasão e reclama seu trono de direito, em frente a toda a corte. Pélias diz que entrega o trono, mas exige uma missão do sobrinho, que deveria viajar à distante Cólquida e conquistar ao rei Eetes um fantástico objeto.”
_Espere aí, “Escuridão”. _ disse “Sombra” _ Não me diga que esse tal objeto era o...
_Exatamente, minha cara. O Velocino de Ouro. _ e “Escuridão” tomou um gole do seu “Brandy” e continuou.
_ “O Velocino de Ouro, o mítico e poderoso pelego do carneiro dourado Crisómalos, que transportou, voando, os gêmeos Frixo e Hele desde a Beócia até a Cólquida, sendo que Hele caiu no mar, durante o vôo, morrendo afogada e dando o nome de Helesponto ao local onde caiu. Hoje, o estreito chama-se Dardanelos. Frixo sacrificou Crisómalos a Zeus e ofereceu o pelego ao rei Eetes, que foi quem ofereceu abrigo ao rapaz. Eetes levou o Velocino de Ouro ao Jardim de Marte, pendurou-o em um carvalho e deixou-o sob a guarda de um dragão que jamais dormia. Jasão reuniu um valoroso grupo de heróis, tais como os gêmeos Castor e Pollux, Peleu, pai de Akiles, Herakles, Orpheus, Teseu, Zeto e Calais, filhos de Bóreas, Laertes e Autólicos, respectivamente pai e avô de Odisseus, Meléagros da Caledônia e Tífis, entre outros, navegando no “Argus”, cuja quilha fora entalhada com madeira de um carvalho sagrado do santuário de Zeus em Dodona, podendo falar e profetizar. Eles atravessaram muitos perigos, viveram muitas aventuras e chegaram à Cólquida, vencendo os desafios propostos por Eetes, com a ajuda de Medea, filha de Eetes, que apaixonara-se por Jasão. Ela deu um sonífero ao dragão, permitindo a ele apossar-se do Velocino de Ouro. Também venceram os guerreiros-espíritos invocados por Eetes e conseguiram chegar ao Argus, retornando para Iolcos. Lá, Pélias foi instado a entregar o trono, recusando-se e sendo morto,através de um ardil que resultou em ele ter sido picado e cozido, com a promessa de que Medea o rejuvenesceria, como fizera com o carneiro no qual fez a demonstração para as filhas de Pélias. Obviamente, ela alterou a magia e Pélias morreu cozido. Jasão e Medea casaram-se e tiveram seus filhos, reinando serenamente.”
_Mas dizem que Jasão traiu Medea e ela vingou-se, matando as crianças e subindo aos céus em uma carruagem de fogo. _ comentou Mariana.
_Na verdade, querida, ela simplesmente abandonou Jasão, pegou as crianças e o Velocino, fretou um navio e retornou para a Cólquida, restituindo o pelego ao seu lugar, no jardim de Marte. E ele ainda está lá, à espera de alguém que tenha a coragem ou a esperteza para roubá-lo e usufruir da sua magia, que é a de conceder poder e prosperidade. E vocês sabem que, com o maldito Cicatriz em nosso encalço, isso é algo de que o Círculo muito necessita.
_Como sabe disso, “Escuridão”?
_Está em um dos volumes do Necronomicon, “Sombra”. E agora vocês sabem porque viemos, pessoalmente, supervisionar este desembarque de contrabando para a Abkhazia. Não se esqueçam de que, na Era Mitológica, o nome deste lugar era... “Cólquida”.
_Então, preparaste uma expedição para o Velocino, querido? E sabes da localização?
_Sim, sei. Há um mapa, no Necronomicon. Ele irá nos ajudar a encontrar o local exato do Velocino. Posso dizer, minhas queridas, que somos os novos Argonautas. _ disse “Escuridão”, com um sorriso.
_E o que mais pretende fazer no momento, “Escuridão”?
_Acho que vou provocar mais um pequeno pesadelo em Draco Malfoy, minha cara “Sombra”. Afinal de contas, faz tempo que eu não o atormento e está ficando meio difícil, pois acho que ele está tomando alguma poção para dormir sem sonhar. Boa noite para vocês duas. _ e “Escuridão” recolheu-se para o gabinete, a fim de repetir o ritual que lhe daria acesso aos sonhos de Draco Malfoy. As duas também foram para suas respectivas cabines.
Quando todos no navio estavam dormindo, exceto as sentinelas, uma coruja foi liberada, de um ponto escondido do convés, imediatamente pondo-se no rumo da Grã-Bretanha. Uma vez mais, “π” procurava colocar Harry Potter e a Ordem da Fênix a par dos malignos planos de “Sombra & Escuridão”.
Manhã de sol em Hogwarts. Assim que o despertador tocou, Lílian levantou-se e correu ao banheiro, para sua higiene matinal. Em seguida, vestiu-se e desceu ao Salão Principal, para o café da manhã. Estava curiosa com o bilhete que recebera no dia anterior e queria descobrir logo quem era o remetente. A garota tomou seu café e saiu para o pórtico. Ainda havia algum tempo até que as aulas daquele dia tivessem início e todos estavam esperando pela palestra do Capitão Claudiomir, um amigo de seu pai, que viera do Rio de Janeiro. Ele iria explicar algumas coisas sobre procedimentos do BOPE e ações conjuntas com os Aurores brasileiros. Assim que o sinal para a aula tocou, ela dirigiu-se ao Anfiteatro.
Ocupando um parlatório, lá estava o Capitão Claudiomir, que todos pensavam ter chegado na noite anterior, mas que já estava há uns três dias em Hogwarts, desde que havia escoltado Pendergast. Vestindo vestes bruxas a rigor pretas, com detalhes em vermelho, apresentou-se.
_Bom dia. Sou o Capitão Claudiomir, do BOPE. Somos uma unidade de elite da Polícia Militar do Rio de Janeiro, que age a partir de onde a PM para. O BOPE era para ser como a Polícia Militar, mas a verdade é outra. Nossa farda é preta e nosso símbolo é uma caveira, com duas pistolas cruzadas e uma adaga cravada. Quem já assistiu ao filme “Tropa de Elite” sabe do que eu estou falando. Nossa guerra contra o tráfico e a criminalidade no Rio de Janeiro é constante, permanente e bastante dura, para não dizer sangrenta, razão pela qual acusam-nos de sermos truculentos e quase tão maus quanto os nossos inimigos.
_ “Vassouras para eles”! _ disse uma voz no meio dos alunos e todos riram, inclusive Claudiomir.
_Só as usamos em último caso e lembro-me de que, em uma dessas vezes, quase que a do Prof. Potter entrou na dança. Trabalhamos com os Aurores do Brasil, pois a associação do Círculo Sombrio com os traficantes do Rio de Janeiro fez com que firmássemos uma sólida aliança. Bem, depois disso, os bruxos que já estavam no BOPE revelaram-se e outros ingressaram em nossas fileiras. Temos uma boa troca de técnicas e um de nossos instrutores de Artes Marciais foi Derek Mason, que eu acho que muitos conhecem e me parece que a filha dele cursa o primeiro ano, na Grifinória, se não me engano.
Colegas indicaram Sabrina para Claudiomir e ela levantou o braço. Claudiomir cumprimentou-a e começou a explicar sobre o treinamento, equipamento, táticas de incursão e casos que acabaram rendendo histórias até mesmo engraçadas.
_Bem, creio que isso é o que eu posso dizer a vocês, sem comprometer o sigilo profissional. Só posso agradecer pela oportunidade de dividir conhecimentos com vocês e dizer que o Prof. Potter daria um excelente oficial do BOPE. Ele já subiu o morro conosco, uma vez, quando eu era Tenente e portou-se como um policial veterano. O Comandante na época era Nogata, hoje Major, Assessor do Secretário de Segurança do Rio de Janeiro. Sempre que alguém que participou daquela operação menciona o nome de Harry Potter, Nogata comenta que gostaria de ter mais alguns bruxos como ele na Polícia. Concluindo, embora eu seja trouxa, adotei vestes bruxas em respeito e homenagem a todos vocês. E elas são em vermelho e preto porque sou torcedor do Clube de Regatas Flamengo. Bom dia.
Aplausos seguiram-se ao término da palestra e Claudiomir retirou-se do parlatório. Ao encontrar Harry...
_E aí, como fui?
_Excelente. Só não sabia que o Nogata ficava rasgando tanta seda para mim.
_Não é rasgação de seda não, Harry. É a pura verdade. Agora, vamos falar com Pendergast, pois ele tinha algo de muito importante para nos dizer e preferiu esperar até chegarmos a Hogwarts, a fim de falar pessoalmente com você.
_OK, Claudiomir. _ os amigos puseram-se a caminho da sala de Defesa Contra as Artes das Trevas. No caminho, cruzaram com um garoto do primeiro ano.
_Prof. Potter, bom dia. Estou procurando por Lílian, o senhor a viu?
_Sim, Sr. Nero. Ela estava no pórtico, aguardando o início da aula de Transfiguração.Olha lá o que vai querer com minha filha, hein? _ brincou Harry.
_Nada de reprovável, Prof. Potter. Com licença e muito obrigado. Ah, gostei bastante da palestra, Capitão Claudiomir. _ e o garoto seguiu seu caminho.
_Nero? Sobrenome italiano e sotaque da Europa Oriental?
_Moldávia, para ser mais exato. _ disse Harry _ Mariel Nero tem ancestrais italianos, austríacos e bucovinos. É um excelente garoto, ótimo aluno e nada parecido com os sonserinos do passado, ele e a irmã gêmea.
_E essa rixa entre Grifinória e Sonserina?
_Salazar Slytherin, fundador da Sonserina, começou a inclinar-se para as Artes das Trevas e abandonou Hogwarts, juntamente com muitos de sua Casa, que tornaram-se seus primeiros seguidores, deixando para Gryffindor, Hufflepuff e Ravenclaw a tarefa de selecionar os novos alunos. Foi quando Gryffindor dotou de inteligência e várias outras qualidades o seu próprio chapéu, auxiliado pelas outras duas, para que ele pudesse sondar o pensamento dos novos alunos e encaminhá-los para uma das quatro Casas, a que fosse mais apropriada.
_E ele nunca errou?
_Errar, propriamente, não. Mas ele não pode prever que alguém irá tornar-se maligno, motivo pelo qual Peter Pettigrew, o traidor dos meus pais, foi selecionado para a Grifinória e Sibila Trelawney para a Corvinal. Ela, por exemplo, voltou-se para o mal quando era professora e já era amante de Pettigrew. Bem, chegamos.
Mariel Dort Moldov Nero aproximou-se de onde Lílian Potter estava sentada, de olhos fechados e ouvindo uma música no MP3 tecnomagizado. A ruivinha, com seus sentidos apurados, abriu os olhos e viu quem era.
_Ah, bom dia, Mariel. Tudo bem?
_Tudo bem, Srta. Potter. Preciso lhe falar, antes que seja tarde.
_Calma, Mariel. Não precisa ser formal, sempre nos tratamos pelo primeiro nome, desde que nos conhecemos, lá no Expresso de Hogwarts. E tarde para o quê?
_Não para o quê, Lílian. Para quem. Mais exatamente, para mim. Se eu não falar logo, posso acabar estragando tudo.
_Mariel, o que é que você tem para dizer?
_Você recebeu o meu bilhete, que pedi para que uma coruja lhe entregasse?
_Sim, recebi. Então, era seu o bilhete?
_Era, Lílian. E tudo o que estava escrito é a mais pura verdade. Você não sai dos meus pensamentos, desde o início das aulas. Lílian Janine Weasley Potter, eu gosto muito de você.
_Mariel, por que você não me disse antes?
_Só agora criei coragem, Lílian. Só espero não ter chegado tarde ou pior, ser rejeitado.
_Mariel, não sei o que dizer...
_... Só não me diga que não gosta de mim e que não quer nada comigo.
_Isso, jamais. _ disse Lílian _ Sabe, eu posso não ter prestado atenção nos meus sentimentos em relação a você, Mariel, tão cedo quanto você prestou nos seus em relação a mim. Mas, nem por isso, deixei de perceber o quanto você é um garoto legal, muito diferente do estereótipo sonserino e com um Ki do bem. Desculpe-me, mas eu não pude resistir a sondá-lo, quando comecei a tomar consciência da verdade.
_E qual é essa verdade, Lílian? _ perguntou Mariel.
_A verdade é que eu também gosto muito de você, Mariel. E estava aguardando uma oportunidade de lhe dizer isso, já que você parece um pouco com o meu pai, que só se declarou à minha mãe quando estava no sexto ano, embora ela já gostasse dele antes mesmo de vir para Hogwarts. _ disse Lílian, segurando as mãos de Mariel e beijando-o, sendo correspondida. Três coisas aconteceram.
Os dois começaram a levitar, a cerca de um metro do chão.
Uma buganvília ficou completamente florida, mas com flores em um intenso tom de púrpura, diferentemente de suas florações normais, já que ela era da variedade que dava flores rosa-pálido.
Uma voz meio séria e meio brincalhona ouviu-se, próximo ao casal.
_Alô, alô, Terra para o casalzinho apaixonado, câmbio! Posso saber o que o senhor está fazendo com minha sobrinha, a mais de um metro do chão, Sr. Nero?
Com o susto, os dois retornaram ao chão meio depressa, caindo sentados. Mariel olhou para as duas professoras e falou, meio surpreso mas sem medo:
_Profª Weasley, Profª Black! Não estávamos fazendo nada de errado, somente dissemos o que sentíamos um pelo outro.
_E imagino como o sentimento é forte, para vocês levitarem e fazerem uma variedade de buganvília florir com a cor de outra... Não foi meio exagerado, crianças?
_Ah, Tia Mione. A sua aula ainda não começou, estamos no horário de intervalo. Portanto, não estávamos transgredindo, era horário livre.
_Se fosse o Severo, tiraria pontos da Grifinória. _ comentou Ayesha.
_Também teria de tirar da Sonserina, Profª Black. _ disse Mariel.
_OK, crianças, já para a sala. A aula já vai começar e hoje vamos começar com Transfiguração de Animais de Médio Porte.
_Certo. Até mais, Tia Mione, Tia Ayesha. _ despediu-se Lílian.
_Até mais, Profª Weasley, Profª Black. _ Mariel também despediu-se e os dois viraram em um corredor, rumo à sala de Transfiguração.
_Formam um belo casal, não acha? _ perguntou Hermione.
_Sim, formam. Mariel é um garoto ótimo e, quanto a Lílian, bem... nós já sabemos bem como ela é, igual ao irmão. _ e Ayesha ficou parada por um instante, com o olhar meio desfocado.
_O que houve, Ayesha? _ perguntou Hermione.
_Tive um “Flash” premonitório, Mione, relacionado a Lílian e Mariel. Nada muito exato, você sabe muito bem que a Adivinhação é uma das Artes Mágicas mais abstratas e relativas, mesmo para os verdadeiros adivinhos.
_E mais ainda para os de araque, tipo aquela vigarista.
_Deixe Sibila em paz, coitada. De onde está, já não pode fazer mal a ninguém.
_Tem razão, desculpe. É que eu ninca consegui digerir muito bem as falsetas dela. Mas o que foi, Ayesha?
_Creio que outras visões virão, Mione, porque esta foi bem forte, apesar de ainda vaga. Só posso dizer que o fato dos dois estarem juntos terá uma grande importância na nossa guerra contra as Trevas e que, por mais oposição que possa haver, eles têm de ficar juntos. Por enquanto foi só o que deu para saber.
_E isso te afetou mesmo, hein?
_Como sabe?
_Seu poder sobre os elementos saiu um pouco de controle, veja só.
A uma certa distância dali, um casal de namorados saiu correndo de trás de uma sebe, pois uma nuvem de chuva despejou toda a sua carga sobre os dois.
_Bem, aqueles lá não chegarão atrasados para a aula. _ disse Ayesha, rindo.
_Falando nisso, vou indo para a minha. Até. _ disse Hermione.
E as professoras foram para suas respectivas aulas.
Na sala de Harry, Pendergast esperava por eles, acompanhado de Sirius e de...
_Remus! Está bem? _ perguntou Harry _ Parece que este mês foi pior do que de costume.
_Já estou bem, Harry. A nova fórmula da Poção Mata-Cão faz com que eu vá ficando menos agressivo a cada mês, durante a transformação. Mas os primeiros meses são bem desagradáveis, até que o meu organismo esteja adaptado aos novos ingredientes. Logo poderei manter o controle da minha mente, mesmo completamente transformado em Lobisomem. Ah, este é seu amigo do Brasil, Capitão Claudiomir? Muito prazer, sou Remus John Lupin. Já ouvi falar de você. Aliás, já ouvi falar muito bem de você. Aquela história de Harry subindo o morro, junto com o BOPE, ficou famosa. Principalmente a parte em que a vassoura dele quase foi usada no traficante.
_Harry também me falou de você e do seu valor como membro da Ordem da Fênix, em várias situações. Inclusive nesta última, quando você e sua esposa tomaram parte na captura dos bandidos que estavam sabotando os cosméticos “Fata Morgana”. Ficou conhecendo Pendergast?
_Sim, eu e Sirius estivemos conversando com ele. Parece que ele tem informações importantes sobre o Círculo Sombrio. Ah, antes que eu me esqueça, esta carta chegou. É de Ronald Weasley.
_OK, vou lê-la da qui a pouco. Então, Pendergast, você nos disse que tinha uma informação vital e que ela envolvia Kingsley Shacklebolt. O que é?
_Certo, vou dizer. Tomei conhecimento de que o Círculo queria infiltrar alguém no Ministério, com a finalidade principal de identificar os “Camaleões-Fantasmas”. E conseguiu introduzir seu elemento.
_E quem é? _ perguntou Sirius, preocupado com o fato de um dos maiores segredos dos Aurores estar em risco.
_Kingsley Shacklebolt.
_Como assim? _ perguntou Harry _ Kingsley é o Chefe dos Aurores da Grã-Bretanha e não trairia a corporação.
_Isso porque Kingsley não é Kingsley. Ele foi substituído.
_Mas isso seria logo descoberto, pois Kingsley tem de submeter-se ao escaneamento de retina, já que tem acesso a setores restritos do Ministério.
_Alguém alterou os registros, alguém que já estava infiltrada no Ministério. Dara Mahoney, a namorada de Shacklebolt, foi substituída e a impostora alterou os registros, para que o falso Kingsley pudesse passar pelo escaneamento de retina.
_Mas como ele pode ter sido substituído?
Foi capturado e sedado pela falsa Dara. Depois foi levado para longe, Tailândia,creio eu, para que fosse substituído com um feitiço que “Escuridão” chamou de “Doppelgänger”, algo assim.
_Então criaram um duplo do mal para nosso amigo. Talvez com feitiços existentes no Necronomicon. _ disse Sirius _ Mas, onde Shacklebolt pode estar sendo mantido prisioneiro?
Naquele momento, as chamas da lareira ficaram verdes e uma cabeça surgiu.
_Harrry?! Que pom te encontrrar! Sirrius Black e totos os outrros! Tenho algo muito imporrtante parra focês.
_Viktor! Viktor Krum! Mas há quanto tempo, cara! _ disse Harry, admirado. Há tempos o seu velho amigo, agente da Ordem da Fênix nos Bálcãs e ex-professor de Vôo em Durmstrang não dava um alô.
_Muito tempo, é ferrtate. Mas o que aconteceu há umas duas semanas não poderria deixar de ser comunicado. Ele ficou escondido em casa, parra poderr recuperrar-se um pouco mais. Agorra eu acho que posso lefá-lo até focês, emborra ele ainda esteja meio frraco. Ele foi muito torrturrado, mas Elisabeta e eu cuidamos dele. Posso ir?
_OK, Viktor. Passagem livre. _ disse Sirius.
As chamas verdes da lareira aumentaram de intensidade e logo surgiu Viktor Krum, amparando um outro homem, ainda fraco e mais magro do que o seu usual, mas bem memhor do que quando Elisabeta o encontrara, caído junto à estufa de sua chácara.
_SHACKLEBOLT!! _ gritaram todos, ao verem quem estava sendo conduzido por Krum. Com voz ainda meio vacilante, ele falou.
_Harry, Sirius, Remus, vocês todos. Como é bom vê-los. “Trabalharam” em mim por mais de duas semanas, dois profissionais, com os antigos métodos de interrogatório do MAC-V e, pior, da KGB. Mas eu juro, em nome de Merlin, não falei nada. Nem uma palavra.
E desabou no sofá.
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