Fechando o Cerco

CAPÍTULO 12

 

FECHANDO O CERCO

 

 

 

 

 

 

 

 

O Expresso de Hogwarts devorava os trilhos, rumo ao Norte e a Hogsmeade, levando em seu interior quatro passageiros bastante singulares, dois casais de bruxos, na verdade Fred e Jorge Weasley e mais o Capitão Claudiomir e Hyeronimus Pendergast, devidamente transfigurados, ocupando uma cabine. Como elas eram à prova de som e foram esquadrinhadas à procura de escutas, quer mágicas quer trouxas, poderiam conversar à vontade. Mesmo assim, mantinham-se alertas pois, afinal de contas, não sabiam até onde o Círculo já podia ter conhecimento da deserção de Pendergast.

_E você está convicto disso, Pendergast? Vai mesmo colaborar conosco? _ perguntou Jorge.

_Com certeza, Weasley. Não estou pedindo perdão, longe disso. Já fiz muita sujeira para o Círculo e também já limpei muita sujeira deles. Chega um ponto em que, se você ainda conserva um mínimo de humanidade, tem a capacidade de enojar-se do que já fez. Então, chega à conclusão de que é o momento de colaborar com a Lei, não para expiar culpas, mas para evitar que a maré do mar de lama suba ainda mais. Vi coisas horríveis, além da capacidade de tolerância de um ser humano. “Escuridão” é um fanático e aquela amante que ele arranjou, a filha do Ministro da Magia de Angola...

_... Mariana Lugoma? _ perguntou Fred.

_Ela mesma. Aquela mulher é uma psicopata, os dois bem que se merecem. Eu já a vi interrogar um prisioneiro, certa vez e lhes digo, não foi algo nada agradável de se ver.

_Sabe, Pendergast, eu não tenho muita simpatia por você, pelo contrário, você faz parte daquele tipo de pessoas que eu jurei combater, desde que entrei para os quadros da Polícia Militar e, depois, para o BOPE. _ disse o Capitão Claudiomir, alongando-se um pouco no banco _ Mas devo reconhecer que compreendo os seus motivos e fico um pouco mais tranqüilo, sabendo que ainda lhe resta uma centelha de humanidade, tal como os “Capi” mafiosos arrependidos, os “Pentiti”, que entregam os segredos de suas quadrilhas, em troca de imunidade ou redução de penas.

_OK, Capitão Claudiomir. _ disse Pendergast _ Minhas razões não são exatamente... “altruístas”, elas têm mais a ver com permanecer vivo, na verdade. A esta altura, com certeza, o Círculo já tem conhecimento de minha captura e eles já devem ter calculado que eu entreguei o que pude...

_... E olha que eu nem precisei da vassoura. _ comentou Claudiomir, sorrindo.

_Dispenso, obrigado. _ Pendergast respondeu, disfarçando um incômodo calafrio _ Minha cabeça já deve estar a prêmio e a única coisa que está me mantendo vivo é o fato de estar em companhia de vocês. Eu já havia deixado uma espécie de fundos de fuga preparados, pulverizados em diversas “contas-laranjas” trouxas, passando por dezenas de países, até que não pudessem mais ser rastreados...

_... Isso porque nós não entramos em ação. _ disse Jorge.

_É, eu sei das suas habilidades como “Hackers”. Afinal, não haveria outro jeito de alguém rastrear o IP daquele computador. Como eu dizia, já estava pensando em “dar um balão” no Círculo há algum tempo, só não sabia como fazer isso e me manter vivo.

_E nós lhe proporcionamos a oportunidade. _ disse Fred.

_Em troca de informações, é claro. E vocês podem acreditar, eu tenho muitas para vocês. Não só sobre o pedófilo, mas também sobre as mais recentes infiltrações do Círculo no próprio Ministério da Magia.

_A tal história sobre Shacklebolt, que você apenas mencionou?

_Isso mesmo. Não era seguro falar, naquela hora. Quando chegarmos a Hogwarts, eu direi. Principalmente na presença de Harry Potter e do Diretor Black.

 

O carrinho de lanches passou e, depois de utilizarem um discreto “Suspectum Revelio”, constatando que não havia nada de perigoso, compraram algo para comerem.

_Muito gostoso. _ disse Claudiomir, após comer um pastelão, tomar alguns goles de suco de abóbora e limpar a boca com um guardanapo _ A culinária bruxa é surpreendente.

_Qualquer dia desses, você precisa experimentar a comida da mamãe, para ver o que é bom. _ disse Fred.

_Pode crer. Quem prova a comida de Molly Weasley nunca mais esquece. _ concordou Jorge _ Ei, logo chegaremos a Hogsmeade. Há quanto tempo eu não viajava neste trem. Que saudades.

_Principalmente dos aprontos, não é, mano?

_Tanto os nossos quanto os dos outros. Nós já havíamos saído de Hogwarts, quando a Jan usou aquele Feitiço de Diarréia Instantânea Potencializado e com Retardo na Milly e na Blaise. Me disseram que foi uma cena digna de um filme.

_Blaise Zabini Marino? _ perguntou Claudiomir _ A esposa do Major Marino, da Inteligência do Exército Brasileiro? A última vez em que eu a vi foi quando Harry subiu o morro conosco, procurando pistas do seqüestro de Draco Malfoy e sua esposa e eu ainda não sabia que ela era bruxa. Mas ela era meio do mal antes, não era?

_Mais ou menos. Era meio indecisa, bem como Milly Bulstrode, que casou-se com outro oficial da Inteligência, Daniel. Do sexto para o sétimo ano, decidiram romper com as Trevas.

_E eu vi o que o pé dela fez com o infeliz do “Zezinho Microondas”, daquela vez. _ Claudiomir lembrou-se da cara do bandido, pálido, nauseado e suando frio, depois de Blaise tê-lo chutado bem “lá” _ Acho que a única coisa que meteu mais medo nele aconteceu logo depois, quando Harry chamou as cobras. Ah, já ia me esquecendo, quase que daquela vez a vassoura do Harry entrou na dança.

_Essa fixação por vassouras... _ murmurou Pendergast.

_Está querendo uma, Pendergast? _ perguntou Claudiomir, olhando de maneira bem significativa _ Graças a Deus, eu escuto muito bem.

_Deixa para lá, faz de conta que eu não disse nada (“Melhor não arriscar, pois ele é bem capaz de achar uma, aqui no trem”, pensou Pendergast). Ei, estamos chegando!

 

Realmente, o trem começou a reduzir a velocidade e logo os quatro estavam desembarcando na plataforma da estação ferroviária de Hogsmeade. Os quatro desembarcaram e, na plataforma...

_Eu estava à sua espera. Harry me pediu para esperar por vocês, bem aqui... Fred, Jorge e os convidados.

_Uau! Quem é esse? _ perguntou Claudiomir.

_Meu nome é Hagrid. Rúbeo Hagrid. Você deve ser o amigo brasileiro de Harry, Capitão Claudiomir. _ disse o meio-gigante, olhando para o oficial do BOPE, que estava admirado com o seu tamanho _ Sou Guarda-Caça e professor em Hogwarts. Fred, Jorge, vocês vão pela passagem da Dedosdemel?

_Sim, Hagrid. E eles vão com você. _ Fred e Jorge foram em direção à loja de doces, que ainda encontrava-se aberta _ Acompanhem Hagrid até o ancoradouro. A gente se vê no castelo.

 

Claudiomir e Pendergast, este ainda transfigurado em mulher, seguiram Hagrid e desceram até o ancoradouro, embarcando em um veleiro de tamanho médio, que logo pôs-se a caminho da escola, através do Lago Negro. O luar prateava a superfície, proporcionando um belo efeito.

_O barco movimenta-se e segue sua rota por magia, não se preocupem. Na verdade, serve para manter a tradição de que todo aquele que vai a Hogwarts pela primeira vez, o faz de barco, embora hajam algumas exceções. No caso de Marilise, a mãe da Profª Malfoy, ela acabou vindo de Chave de Portal porque o convite para a formatura foi entregue muito em cima da hora, não sei por que. O Ministro teve de autorizar uma Chave de Portal de última hora e ela acabou indo direto para o castelo. Bem, coincidiu que ela ficou conhecendo o Prof. Mason e foi o início de uma bela amizade, que resultou em casamento. A filha deles, Sabrina, é da Grifinória.

_Sabrina... é bem o nome de uma bruxinha, mesmo. _ disse Claudiomir, sorrindo _ Havia uma série de TV na qual a protagonista era uma bruxinha, chamada Sabrina.

_É mesmo? Eu não sabia. Bem, nós começamos a ter contato com eletroeletrônicos há cerca de vinte e poucos anos. _ disse Hagrid _ E, graças ao Ministro Weasley, eles estão fazendo cada vez mais parte de nossas vidas.

_O lugar é bem bonito. _ disse Pendergast _ Durmstrang é mais selvagem, principalmente no inverno.

_Estudou lá? _ perguntou Hagrid.

_Sim. Meus pais fizeram questão, eram Death Eaters e receberam o convite do próprio Karkaroff.

_Quem era... ah, já me lembrei. Os instrutores de Assuntos Bruxos nos disseram. Ele prestou um depoimento que limpou o nome do padrinho de Harry e foi envenenado. _ disse Claudiomir.

_Exatamente. E hoje Sirius Black é o Diretor de Hogwarts.

_Harry chegou a mencionar, mas nunca entendi isso direito. Ele não havia morrido?

_Ninguem sabe explicar, exatamente. Ele reapareceu, cerca de um ano depois, pelo mesmo lugar por onde havia sumido, um certo arco que existe no Departamento de Mistérios do Ministério da Magia. Segundo as pesquisas que fizeram, parece que é um portal que comunica o nosso mundo ao do Além. Mudando de assunto, você fala o Inglês muito bem.

_Em outros tempos, eu acharia que tudo isso era brincadeira. Mas atualmente, depois de conhecer Harry e ter visto algumas das coisas que ele fez, já não estranho mais. E o meu Inglês é horrível, Hagrid. Fred e Jorge usaram em mim um Feitiço de Idioma “Vernaculum Britannica”. Graças a eles eu estou falando como se tivesse me formado em Oxford.

_Pena que nem mesmo com magia dá para facilitar o trabalho de vocês, lá no Rio. _ disse Pendergast _ O tráfico e outras formas de criminalidade assumiram uma dimensão quase incontrolável e já estava ruim, mesmo antes do Círculo ter envolvimento.

_Pode parecer clichê, mas uma coisa que nós, brasileiros, jamais perdemos chama-se “Esperança”. _ disse Claudiomir _ Sabem, eu não gostei da Inglaterra, logo ao chegar. Achei o céu muito encoberto, muita chuva e nevoeiro, o característico, lendário e tradicional “Fog” londrino, poucas vezes eu via o sol, mas a paisagem daqui de Hogsmeade me conquistou. Adoro trens e acabei de viajar em um puxado por uma legítima locomotiva a vapor do Século XIX. Pescava no Pantanal com meu avô e meu pai, quando criança e agora estou novamente em um barco. Aliás, Harry me disse que há várias espécies de criaturas neste lago, não é verdade?

_Exato. Há tribos de uma espécie de demônio aquático, chamados “Grindylows”, uma aldeia de Sereianos, uma lula-gigante e várias outras espécies de criaturas. _ respondeu Hagrid.

_E, por acaso, alguma delas ronca? _ perguntou Claudiomir.

_Não que eu saiba. E olha que eu conheço quase tudo deste lago.

_Então, eu acho que alguém está dando um passeio de lancha ao luar.

_Até onde eu sei, ninguém possui barcos a motor em Hogsmeade. Só poderia ser gente de fora e, mesmo assim, dificilmente algum trouxa viria para cá, ainda mais para navegar à noite.

_É, inclusive não parece motor de lancha. _ disse Claudiomir, apurando a audição e tentando identificar o barulho _ Esse ronco tem uma semelhança com moto-serras. Está meio longe, mas parece com...

_... Jet-skis? _ arriscou Pendergast _ Às vezes eu os via pela TV, em competições.

_Aqueles veículos tipo motos aquáticas? _ perguntou Hagrid, surpreso com aquilo _ Mas o que é que Jet-skis estariam fazendo no Lago Negro e a esta hora da noite?

_Com toda a certeza boa coisa é que não deve ser, minha gente. Cheira pior do que antes cheirava o Canal do Mangue. _ disse Claudiomir _ E agora que o som está ficando mais próximo, parecem ser três. Acho que são Yamaha VX-700, estou reconhecendo o ronco do motor. Deverão estar nos alcançando logo. Até que ponto você pode acelerar o barco com sua varinha, Hagrid?

_Não muito, a magia deles é meio limitada e se acelerarmos demais o barco pode não resistir.

_Os Yamaha VX-700 podem comportar até três pessoas cada. Mas, para melhor capacidade de manobra, devem estar com duas. Então, podemos supor que são seis elementos, três pilotos e três artilheiros, quer sejam bruxos ou trouxas. E devem estar usando... _ Claudiomir foi interrompido por estampidos em rajada _ Praga! Abaixem-se, rápido! Eles estão usando AK-47 modificados para calibre 5,56! O som deles é bem característico quando disparam na direção da gente.

Os três abaixaram-se, enquanto projéteis faziam barulho na água.

_Não nos atingiram! _ exclamou Hagrid.

_Ainda estão meio longe. _ disse Claudiomir _ Os projéteis caíram na água, mas logo estaremos ao alcance. E se eles estiverem usando óculos de visão noturna, seremos alvos fáceis.

_Trouxe alguma arma de fogo, Claudiomir? _ perguntou Hagrid.

_Só uma Mini-Glock calibre .380, que Harry me emprestou.

_As pistolas de Harry são enfeitiçadas para dispararem munição mágica sedativa. Não vai dar nem para o começo. _ disse o meio-gigante.

Como que sublinhando as palavras de Hagrid, o “plop” dos projéteis na água foi ficando mais próximo do casco, até que começaram a assobiar por cima de suas cabeças.

_Eles estão dando tiros de advertência, aquelas armas podem muito mais do que isso. _ disse Claudiomir.

_Você conhece aquelas coisas? _ perguntou Pendergast.

_ “Автомата Калашникова”. Fuzil de assalto AK-47, “Avtomat Kalashnikova Odraztzia 47 Goda”, criado em 1947 por Mikhail Timofeyevich Kalasnikov, originalmente em calibre 7,62 e depois modificado para 5,56. Uma infernal e rústica arma de combate, que já provou o seu valor desde as vastidões geladas da Sibéria até o inferno de areias escaldantes do Afeganistão. Existe também uma versão que foi modificada para uso subaquático.

"O terrível fuzil soviético"



_Caracas! E eles estão usando aquilo contra nós? _ perguntou Pendergast.

_Sim. E estão certos de que temos um poder de fogo inferior. Mas eles não pensaram em uma coisinha. _ disse Claudiomir, abrindo um largo sorriso.

_O que, Capitão? _ perguntou Pendergast.

_Hagrid, sua varinha vai salvar o dia. Você é bom de conjuração?

_Já fui um desastre em magia, logo depois que fui expulso e usava minha varinha, mesmo quebrada, escondida dentro do guarda-chuva. Depois que meu nome foi limpo, retomei os estudos e hoje mando bem. Por que?

_Uma coisa que eu aprendi nas instruções de Assuntos Bruxos foi que se a memória de um ou mais objetos for compartilhada, o bruxo que recebê-la poderá conjurá-los.

_Então, se você compartilhar comigo a memória de um arsenal, eu poderei conjurar todo o armamento! _ disse Hagrid, sorrindo por detrás da barba _ Mas que bela idéia, Claudiomir!

_Exatamente. Pode extrair a memória de mim e passá-la para você.

 

Hagrid pegou sua varinha, que mais parecia um bastão para contenção de distúrbios civis, tocou a têmpora de Claudiomir e extraiu do oficial do BOPE um fio prateado de memória. Passou-o para sua própria têmpora e arregalou os olhos.

_Tudo isso? Tem certeza?

_Quer descobrir, pessoalmente, se existe vida após a morte?

_Não, muito obrigado, Claudiomir. _ disse Hagrid _ Eu não sou peru nem leitão, para ir de véspera e o que Sirius e Jan me contaram já é suficiente. Vejamos... um, dois e TRÊS!!

A um gesto de Rúbeo Hagrid, o material constante da memória compartilhada materializou-se no convés do barco e Claudiomir inspecionou tudo, satisfeito e logo colocou no rosto um equipamento de visão noturna, ligando-o e olhando em direção aos três Jet-skis que aproximavam-se.

_Como eu disse, três Yamaha VX-700, cada um deles com dois ocupantes. Três pilotos e três artilheiros, sendo um bruxo com varinha e dois trouxas, com fuzis de assalto AK-47. Têm aparelhos de visão noturna, mas de um modelo inferior a este. Agora é a hora deles terem uma surpresinha.

Claudiomir pegou um cilindro com algumas extensões e puxou uma das extremidades, aumentando seu comprimento. Puxou uma pequena extensão, que era uma alça de mira e apontou o tubo para um dos Jet-skis.

_E então é isso, caras. Começou o desfile na Sapucaí e vamos colocar esses canalhas para sambar! OLHA O TITIO CLAUDIOMIR AÍ, GENTE!! CHORA, CAVACO!!

Claudiomir apertou o botão de acionamento e um rastro de fumaça acompanhou a trajetória de um pequeno objeto, em direção a um dos Jet-skis. O resultado foi uma explosão, formando uma bola de fogo que iluminou a superfície do Lago Negro.

_Caramba, Capitão! _ exclamou Pendergast _ Que diabos foi aquilo?

_Nunca vi nada igual! _ admirou-se Hagrid.

_Lançador de granadas M72-LAW, calibre 66 mm. É como cartão American Express. Não saia de casa sem ele. _ sorriu Claudiomir, contente, descartando o lança-granadas e pegando uma outra arma _ Agora eles viram que o buraco aqui é mais em baixo, vejam só como mudaram a formação.

Com efeito, os dois remanescentes começaram a aproximar-se, só que em zigue-zague, visando dificultar as coisas para Claudiomir. Mas ele estava prevenido.

_E agora, Claudiomir? _ perguntou Hagrid.

_Se eles têm AK-47 eu tenho o descendente do maior rival dele, na Guerra do Vietnã. Com vocês, o CAR-15 XM177 Commando. _ e, sublinhando suas próprias palavras, disparou uma rajada em direção aos dois Jet-skis, forçando-os a mudarem sua trajetória _ Graças a você, Hagrid, ele veio com placas de guarda-mão modificadas e ainda tem algo a mais. Vamos providenciar...

_ABAIXA, CAPITÃO!!! _ Pendergast puxou Claudiomir, no instante em que um mortal jato de luz verde passou por onde ele estivera _ Aquilo foi uma “Avada Kedavra”, a Maldição da Morte. Se você estivesse ali, a esta hora estaria batendo um papo com seus ancestrais.

_Então quer dizer que aquele F)(_|-|[] de uma P#&@ tentou me matar com um feitiço? É para ele mesmo que eu vou mostrar o “algo mais” deste CAR-15.

Com um sorriso safado nos lábios, Claudiomir disparou outra granada, desta vez uma de 40 mm, que atingiu de forma certeira o segundo Jet-ski, que explodiu em outra bola de fogo.

_Outro lança-granadas? _ perguntou Hagrid.

_Exato. Por isso as placas do guarda-mão foram modificadas, para que fosse possível acoplar este lançador de granadas M203. Menos um inimigo. E parece que o remanescente está recuando.

Mas já era tarde demais quando perceberam que um quarto Jet-ski aproximou-se pelo outro lado, com dois homens. Um deles abordou o barco e estava pronto para atirar em Claudiomir, quando Pendergast novamente salvou a vida do oficial do BOPE, empurrando-o e recebendo os dois tiros a ele destinados.

_Desgraçado! _ exclamou Claudiomir, acertando a cabeça do bandido e dividindo-o em várias partes com uma rajada em “X” do CAR-15. Assustado com o que aconteceu com o seu companheiro, o piloto do Jet-ski deu a volta para fugir, mas também recebeu a sua merecida parte _ Não pense que eu me esqueci de você, cretino! Tome e leve uma lembrancinha do titio Claudiomir!

Largando o CAR-15, Claudiomir pegou uma besta e disparou, vendo o virote cravar-se no traseiro do bandido, que soltou um uivo de pura dor e acelerou o seu Jet-ski, distanciando-se do barco, acompanhado pelo outro.

_Do jeitinho que eu queria. Agora, vamos “tocar balalaika”, minha gente. E eu já vou dando o tom. _ disse Claudiomir, pegando um enorme fuzil de precisão russo com mira telescópica, puxando um cabo USB e conectando a mira ao seu aparelho de visão noturna. Então, apenas deu-se ao trabalho de apontar _ Um, dois, três e... BANG!! “До свидания” (“Dosvidanya”, “Adeus” em Russo), maldito! Um Jet-ski a menos no mundo.

O projétil disparado pelo Dragunov SVD-S atingiu o tanque de combustível do Yamaha VX-700 que ainda tinha dois ocupantes, como se tivesse sido atraído por ele. A embarcação a motor transformou-se em uma terceira bola incandescente.

_Pendergast foi atingido, mas parece que as balas não o atravessaram! O maldito bandido usou uma pistola 9 mm! Hagrid, você conhece aqueles feitiços de Primeiros-Socorros para baleados?

_Harry me ensinou. Vou usá-los, agora! _ e Hagrid aproximou-se de Pendergast, apontando a varinha para os ferimentos _ “Projectil Extracto”!

As duas balas saíram pelos orifícios e, logo em seguida, Hagrid introduziu a varinha até onde podia (já que ela era quase mais larga do que os orifícios de entrada), para reparar os órgãos danificados.

_ “Viscera Reparo, Viscera Cautherium” _ logo em seguida os órgãos foram recuperados e os túneis formados pelos projéteis foram fechados e, por último, a pele foi reparada, embora com cicatrizes _ “Hemostatikós”.

_Excelente, Hagrid. _ disse Claudiomir _ Agora, teremos de chegar ao castelo, para que ele possa recuperar-se da perda de sangue.

_Quanto a isso, tudo bem. _ disse Hagrid, amparando Pendergast. Ele estava pálido, mas respirando com regularidade _ Ele parece não ter perdido tanto sangue assim e lá temos um hospital escolar, cuja Medi-Bruxa responsável é a esposa de Harry. Ela e a enfermeira poderão cuidar de Pendergast. Mas como você permitiu que o piloto do último dos Jet-skis escapasse somente com um virote de besta no traseiro?

_E quem disse que eu me esqueci do calhorda? _ enquanto o último Jet-ski ainda era visível e o ronco do seu motor podia ser ouvido, Claudiomir sorriu novamente de modo safado, pegou uma caixinha e apertou um botão. O grito do bandido do Círculo Sombrio confundiu-se com o estrondo da explosão, uma quarta bola de fogo iluminando a noite das montanhas escocesas. Não havia sobrado nenhum inimigo e os destroços dos Jet-skis boiavam no Lago Negro _ O virote da besta estava cheio de Semtex e havia uma espoleta eletrônica tecnomagizada, bem como este detonador. Bem, agora vamos para o castelo, tratar desta garota.

_Vá para o Inferno, Capitão. Aproveitando-se de que eu estou ferido para fazer gozação comigo? _ perguntou Pendergast, com voz meio fraca mas sorrindo, levemente.

_Estou brincando, seu patife. _ disse Claudiomir, também sorrindo e colocando Pendergast em uma posição melhor _ Hagrid, você tem algum Brandy por aí? Creio que todos nós precisamos de algo que nos aqueça, principalmente Pendergast, para compensar um pouco a perda de sangue.

_Tenho uma garrafa aqui, com alguns copos. _ disse Hagrid, servindo a todos. Os três saborearam o Brandy, enquanto o barco aproximava-se da cortina de sebes que tampava a entrada para o ancoradouro do castelo. Ao chegarem, lá estavam Harry e Janine à espera deles.

_Finalmente chegaram. _ disse Harry _ Quem é essa aí, com o vestido ensangüentado?

_É Pendergast, transfigurado. _ disse Claudiomir _ Temos de levá-lo ao hospital, para recuperá-lo. Ele levou dois tiros e perdeu bastante sangue. Sabe, eu não gostava muito dele, antes. Mas depois de vê-lo salvar minha vida por duas vezes, minha opinião começa a mudar.

_Obrigado, Capitão. Isto muito me anima. _ disse Pendergast.

_Vamos para o hospital. _ disse Janine _ Gina está esperando por nós e está bastante preocupada. Aliás, foram vocês os responsáveis pelo show de fogos de artifício, lá no lago?

_Minha culpa, senhora. A senhora deve ser a Profª Malfoy, não é?

_Sim, sou eu. E você é o Capitão Claudiomir, do BOPE. Sua fama já chegou até nós e parece que faz justiça a ela.

_Sinto pelo estrago. Parece que vai ser preciso remover alguns destroços de Jet-skis que podem poluir o Lago Negro.

_Vamos providenciar. _ disse Harry _ E pelo estado das suas vestes, parece que os ocupantes deles viraram patê. Bem, vamos desaparecer com esse arsenal. “Evanesco”. Pronto. Se alguém visse todas essas armas iria estranhar.

_Confete seria mais exato, Harry. _ disse Claudiomir. As vestes dos três estavam pintalgadas de sangue e Harry podia jurar que vira nas de Claudiomir alguns fragmentos de algo que lembrava miolos, mas preferiu não comentar _ Eu, basicamente, usei granadas de média potência.

_  “Média potência”, sei, sei. “Padrão Claudiomir”, eu deveria imaginar após ter visto... vejamos, um CAR-15 XM177 “Commando” com lança-granadas M203 de 40 mm, um M72-LAW de 66 mm, um fuzil de precisão Dragunov SVD-S, equipamento de visão noturna, uma besta... O que você estava querendo, Claudiomir? Iniciar a Terceira Guerra Mundial? _ perguntou Harry, rindo e enumerando cada peça de armamento que acabara de fazer sumir.

"Algumas das 'coisinhas' que o Capitão Claudiomir usou para 'brincar' com os bandidos do Círculo Sombrio"


_Não, eu gosto bastante deste mundo bem do jeitinho que ele está, muito obrigado, Harry _ respondeu Claudiomir, também rindo e fazendo uma cara inocente e angelical _ Só mando o meu “recadinho” para que os malfeitores pensem duas vezes, antes de fazerem coisas erradas

_Tipo o que fez em Londres? _ perguntou Janine, rindo _ Harry me contou das suas aventuras. Pena você não ser bruxo, pois o Círculo iria tremer nas bases se você fizesse parte da Ordem da Fênix e pudesse usar magia. Sou brasileira, filha de militar e morei no Rio de Janeiro, portanto conheço os métodos do BOPE.

_Por isso é que você não me parece estranha, Profª Malfoy. Quando Harry subiu o morro conosco, foi para procurar por você e seu esposo. E... Caracas! Não a reconheci em vestes bruxas! A filha do Coronel Adriano Sandoval, Janine “Saiyajin”, o fenômeno infanto-juvenil das artes marciais! Eu estava nas arquibancadas, aplaudindo, quando você sagrou-se tricampeã do Budokai, aos treze anos de idade, no Rio de Janeiro.

_Não gosto muito desse apelido, pois ele me lembra que meu pai morreu, alguns dias depois. Sim, sou eu mesma. E Harry me disse que você fazia parte da força do BOPE que subiu o Complexo do Alemão atrás de nós.

 

Subiram as escadas, até o saguão. No pedestal da estátua de Helga Hufflepuff, Janine acionou um botão e uma passagem abriu-se.

_Esta leva diretamente ao hospital. Vamos indo.

No hospital, Gina já estava esperando por eles, juntamente com Milena Kersey, Fred e Jorge.

_Nossa! Olhem só para o estado de vocês! Essa mulher ferida é o informante, transfigurado? _ perguntou Gina.

_Mais sujeira do que qualquer outra coisa, Dra. Potter. _ respondeu Pendergast _ Sim, sou eu mesmo e acreditem, tenho muitas coisas a dizer.

_Então, vamos começar retomando suas verdadeiras aparências, para que a cicatrização não deixe marcas. “Revertere ad Forma Vostra”! _ em um instante, todos estavam com suas verdadeiras aparências.

Milena abriu as vestes de Pendergast, localizando os ferimentos e completando o trabalho que Hagrid havia feito.

_Excelente, Hagrid. Você salvou a vida do Sr. Pendergast. Agora, vamos cuidar do ferimento do Capitão Claudiomir. _ disse a enfermeira.

_Ferimento? Mas que ferimento?

_Esse talho no seu ombro esquerdo.

_Ah, nem havia reparado, Srta. Kersey. Acho que uma bala deve ter me atingido de raspão. Na minha profissão estamos bastante sujeitos a isso.

Milena pegou uma pinça e um chumaço de gaze, molhando-a em uma poção antisséptica e aplicando-a no ferimento de Claudiomir, que fez uma pequena careta ao sentir a ardência do líquido. Em seguida, ela fechou o corte com a varinha, assim como Hagrid fizera com Pendergast.

_Ele perdeu bastante sangue, Gina. _ disse Hagrid _ Mas eu estou certo de que vocês podem dar um jeito.

_Com certeza, Hagrid. Vamos dar a ele agora uma dose de Poção Para Repor o Sangue. Depois ele toma mais uma dose a cada hora, até completar quatro doses. Aí ele estará recuperado. _ disse Gina _ E temos de dar um jeito nessas vestes. Vocês parecem ter saído de uma zona de guerra!

_Acredite, Dra. Potter, esteve bem perto disso. _ disse Claudiomir.

_OK, Gina. Deixe comigo. “Indumentaria Cambio”! _ a um gesto da varinha de Harry as vestes dos três bruxos, sujas de sangue e pólvora, foram substituídas por outras, limpas.

_Vou continuar fazendo papel de mulher? _ perguntou Pendergast, com uma cara meio desanimada, vendo-se ainda de vestido.

_Só até amanhã, Pendergast, eu prometo. _ disse Harry _ Amanhã fecharemos o cerco ao pedófilo, aproveitando que será dia de Quadribol e sempre há convidados. Então, mais duas caras novas não irão chamar a atenção. Ah, aí vêm Sirius, Snape e Stabler.

Os três chegaram e cumprimentaram os recém-chegados.

_Senhores, bem-vindos a Hogwarts. Sou o professor de Poções e Vice-Diretor. Meu nome é Severo Snape.

_Sou o Capitão Claudiomir, do BOPE. Estava fazendo alguma experiência com estramônio, Prof. Snape?

_Como sabe? Eu lavei bem as mãos, antes de vir para cá. Estava pesquisando uma poção experimental, para tratamento de asma.

_Conheço bem o cheiro do estramônio. Realmente, ele é um bom remédio para asma e muitos o utilizam em cigarros, inalando a fumaça, principalmente no Brasil e em países do Caribe. Mas eu tenho visto que, lá no Rio, vários usuários de Cannabis carregam junto cigarros de estramônio, com a finalidade de disfarçar o cheiro da “Erva-Danada”, valendo-se da desculpa de estarem sob tratamento para asma. Mas a Datura stramonium pode ser bastante perigosa pois, se inalada em excesso, pode causar um tipo grave de intoxicação, chamada “Daturismo”.

_Realmente, eu também senti o cheiro do estramônio, Capitão. E eu tenho um olfato bem apurado. _ disse Sirius _ Eu sou Sirius Black, Diretor de Hogwarts...

_... E padrinho de Harry, ele já me falou de você. Aliás, falando em olfato, o meu também é muito bom. Tanto que senti um aroma meio... “canino” quando vocês entraram. _ Claudiomir segurou-se para não dizer “cheiro de cachorro molhado”. Seria meio deselegante.

_Minha culpa. _ disse Sirius, meio sem jeito _ Como sabe, é semana de lua cheia. Estamos com um convidado aqui, um amigo das antigas, que é Lobisomem. Ele tomou uma poção que ajuda-o a ficar mais calmo e manter seu lado lupino sob controle. Eu estava com ele agora, em forma canina, o que faz com que fique ainda mais calmo. Antes era segredo, mas agora há muita gente que sabe que sou um Animago que assume a forma de um cão, veja.

Sirius rapidamente transformou-se em cão e voltou à forma humana, diante dos olhos espantados de Claudiomir. Ele já ouvira falar de Animagos, porém jamais vira um transformar-se (Se ele soubesse que Harry e Gina podiam transformar-se em um casal de falcões...).

_Então quer dizer que Remus Lupin está aqui? Harry já me falou dele e dos amigos de seu pai, os Marotos. _ disse Claudiomir.

_Está. Ele é marido de Nymphadora Tonks Lupin, a Coordenadora de Operações dos Aurores e já ajudou em várias investigações. _ disse Sirius _ Vamos à Diretoria para darmos os últimos retoques no plano.

_OK. _ disse Claudiomir, saindo por último e aproveitando para sussurrar algo ao ouvido de Milena Kersey _ Srta. Kersey, jogue fora essa cartinha que está em sua mão e substitua-a por outra, dizendo que Pendergast não resistiu aos ferimentos e morreu.

_C-como é que o senhor sabe...

_... Que a senhorita está sendo chantageada pelo Círculo? Fácil, fácil, Srta. Kersey. Durante minhas “sutis” investigações em Londres, consegui extrair essa informação junto com os dentes de alguns safados. _ disse Claudiomir, com aquele sorriso estilo “007/Sean Connery” _ Depois, dei um “jeitinho” nos caras que estavam ameaçando fazer algo contra sua mãe, a esta hora eles devem estar prestando contas ao Capeta.

_Mas, Capitão...

_... Pode me chamar de Claudiomir. _ disse ele, sorrindo para a enfermeira, que ficou com o olhar fixo nos olhos azuis do policial _ E todos sabem que, na verdade, foi o próprio “Escuridão” quem matou Rita Skeeter, usando sua aparência. Eles jamais poderão ameaçá-la através desse método. Faça com que pensem que ainda têm você à mercê deles e mande-lhes uma bela informação falsa.

_Graças a Deus e a Merlin! _ disse Milena Kersey, chorando e abraçando o oficial do BOPE _ Eu tenho vivido em constante sobressalto, desde que o Círculo soube que eu havia sido convidada pela Dra. Potter para ajudá-la no hospital escolar e, então, começou a ameaçar minha mãe e também a mim, dizendo que divulgariam a história de que eu teria tido alguma responsabilidade no episódio do assassinato de Rita Skeeter.

_OK. Vá ao Corujal e mande a mensagem falsa. No mínimo, ganharemos mais algum tempo, enquanto eles acreditarem que Pendergast está morto. Depois disso, fique tranqüila. _ Claudiomir juntou-se aos outros, que dirigiam-se ao Gabinete do Diretor. Milena Kersey foi em direção ao Corujal, voltando-se várias vezes para ver se ainda conseguia divisar a figura do Capitão, só deixando de fazê-lo depois que o grupo virou em um corredor.

 

No Gabinete da Direção, foram recepcionados por Hermione, Dumbledore, McGonnagall e Ayesha, que estavam esperando por eles. Sentaram-se à mesa e acertaram os detalhes de como fechariam o cerco em torno do pedófilo. Depois que todo o plano foi repassado, um delicioso chá foi servido, enquanto conversavam.

_É algo que não entra na minha cabeça. _ disse Ayesha, indignada, após tomar um gole de chá _ Como é que alguém pode ter sua libido distorcida dessa maneira? É uma perversão sem tamanho.

_Infelizmente é algo que ocorre com muito maior freqüência do que imaginamos, Sra. Black. _ disse Stabler _ Mesmo nós, que trabalhamos todos os dias em uma SVU, ainda ficamos enojados com o que vemos, principalmente em relação à Pedofilia.

_Isso prova que vocês são humanos, Stabler. _ disse Dumbledore, pensativo _ Quando alguém perder a capacidade de indignar-se com coisas assim, é sinal de que sua humanidade está em risco.

_E devemos levar algo mais em consideração, Prof. Dumbledore. Esse distúrbio não vem de forma aleatória. _ comentou Claudiomir _ Ainda que o sujeito escolha seguir esse caminho, ele sempre possui antecedentes em sua vida, que preparam o terreno, formando uma história que culmina em práticas pervertidas.

_Inclusive o abuso sexual. _ disse Hermione _ Lembro-me de já ter lido que em muitas vezes o abusador tem uma história de já ter sido abusado.

_Não é uma regra cem por cento fixa, Profª Weasley, mas há uma grande e muito preocupante freqüência de histórias de abuso sexual no passado de um pedófilo. _ disse Stabler, tira veterano de Unidades de Vítimas Especiais do Departamento de Polícia de Nova York _ Principalmente por parte de alguém da família.

_De qualquer forma, isso faz ferver o sangue de qualquer pessoa de bem. E, segundo as investigações que fizemos, ele tem uma história de abuso, ocorrido em sua infância. _ disse Harry.

_Então, iremos pegá-lo depois do jogo de Quadribol? _ perguntou Sirius.

_Sim. Já temos conhecimento de como ele atrai suas vítimas. Agora, só precisamos agir no momento certo. Claudiomir, prepare-se para a primeira partida de Quadribol de sua vida.

_Aquele esporte com quatro bolas, jogado sobre vassouras? Estou curioso para ver. Quem vai jogar?

_Grifinória x Corvinal. O Apanhador da Grifinória é meu filho, Tiago.

_Paizão orgulhoso, hein? _ brincou Claudiomir _ Seu garoto é bom?

_Acho que é ainda melhor do que eu era, quando tinha a idade dele.

_Então veremos, amanhã.

 

Retiraram-se para seus aposentos. Prestes a entrar no seu quarto, Claudiomir escutou um “psiu”. Voltando-se na direção, viu que era Milena Kersey.

_Srta. Kersey, o que faz aqui?

_Precisava vê-lo uma vez mais, Capitão Claudiomir. Mandei para o Círculo aquela mensagem falsa que você me pediu.

_Perfeito, Srta. Kersey. Assim ganharemos mais tempo. Bem, creio que é hora de irmos dormir, pois parece que haverá um jogo de Quadribol amanhã, segundo o que Harry me disse.

_Mas já? Não parece ser assim tão tarde.

_Quais são as suas verdadeiras intenções, Srta. Kersey? _ perguntou o policial, embora já soubesse.

_Que tal descobrir... junto comigo?

_Depois nós, brasileiros, é que somos atirados. _ brincou ele.

_Não confunda as coisas, Capitão Claudiomir. Digamos que senti algo especial por você, assim que o vi hoje, no hospital.

_Ah, esse meu jeito de tira durão, que me torna assim, tão irresistível para o sexo oposto... acho que a senhorita leu meus pensamentos, Srta. Kersey. Eu também senti algo de diferente, assim que vi a senhorita. _ disse Claudiomir, dando passagem à bela enfermeira, entrando logo depois dela _ Falando sério, eu raramente me envolvo com alguém por vários motivos, entre eles o risco ao qual uma mulher ligada a mim estaria exposta. O outro é que dificilmente alguém iria querer envolver-se com um policial do BOPE. Mas sempre se pode relevar.

 

 

Manhã seguinte, vassouras no ar. A locução do jogo estava por conta de Leilane Jordan, continuando a tradição de seu pai, Linus. Uma partida disputadíssima entre Grifinória e Corvinal, com um gol lá e outro cá, com uma ligeira vantagem de dez pontos para as Águias. Na tribuna dos convidados, Claudiomir assistia a tudo, admirado. Já havia visto bruxos voando de vassoura, depois que obtivera seu Acesso Nível 4. Mas nunca daquela maneira, parecendo pequenos aviões a jato. Tiago parecia estar em vários lugares ao mesmo tempo procurando o pomo de ouro, tentando achá-lo antes do Apanhador da Corvinal, que naquele dia não era Colbert. Devido a uma lesão nos treinos, ele estava sendo substituído por seu reserva, ninguém menos que... Sun-Li.

A chinesinha era tão boa quanto sua mãe, que já dera bastante trabalho a Harry, no passado. Habilidosa no comando de sua vassoura, do mesmo modelo da de Tiago, também voava por toda parte, atrás do pomo. Até que, ao mesmo tempo, ela e Tiago Potter localizaram a esfera dourada.

_E os Apanhadores localizaram o pomo de ouro, minha gente! A caçada teve início! _ exclamou Leilane, narrando a partida com o megafone mágico, acompanhando o movimento dos jogadores com seus omnióculos _ Sun-Li Chang Donovan contra Tiago Sirius Weasley Potter! Duas vassouras Firebolt Mk III, de igual potência e velocidade! A habilidade de cada piloto é que vai fazer toda a diferença! Parece até a última partida em que Harry e Cho foram adversários, sendo que daquela vez Harry venceu! Como será agora, com seus filhos revivendo aquelas emoções? O pomo é bastante veloz, obrigando ambos os Apanhadores a tirarem o máximo de suas vassouras, proporcionando um espetáculo grandioso!

 

Tiago e Sun-Li estavam emparelhados, com o pomo a cerca de meio metro à sua frente, a mais ou menos uns cem metros de altura, o deslocamento de ar assobiando em seus ouvidos e pressionando os óculos contra seus rostos. De repente, o pomo de ouro mudou de direção, indo direto para baixo. Os Apanhadores seguiram-no, velozmente, vendo que o chão aproximava-se cada vez mais. Foi aí que os dois perceberam que haviam caído em uma armadilha do pomo, que forçara os bruxinhos a executarem um perigosíssimo...

_ “MERGULHO DO DIABO”!!! _ exclamou Sun-Li, enquanto desciam, vertiginosamente _ Mas o que é que esse pomo quer? Nos matar?

_Agora é tarde, Sun-Li! _ respondeu Tiago, imprimindo mais velocidade à vassoura _ Ou a gente encara ou a gente amarela. E aí, amiga, o que vai ser?

_É óbvio que eu encaro, Tiago! _ e Sun-Li também acelerou sua vassoura, emparelhando com Tiago _ Você me conhece bem o bastante para saber que eu não fujo de um bom desafio!

_Que vença o melhor, então. _ e Tiago emendou com o grito de guerra de sua Casa _ “VAMOS NESSA, GRIFINÓRIA”!!

_ “DÁ-LHE, CORVINAL”!!! _ respondeu Sun-Li, com o grito de guerra das Águias. Ambos aceleraram ainda mais as vassouras.

 

_Aquele guri é um doido! _ exclamou Claudiomir, arregalando os olhos ao ver, pelos omnióculos _ Seu filho vai se matar, Harry! E vai levar a Apanhadora do outro time com ele!

_Calma, Claudiomir. Eles sabem o que estão fazendo. Eu tinha a mesma idade, quando fiz algo semelhante.

_Ele não é doido, Claudiomir. _ disse Gina sorrindo, orgulhosa das habilidades de vôo de seu filho _ Ele é um Potter. Espere para ver o que ele vai fazer. Confesso que, quando era jogadora, eu também já me arrisquei bastante.

 

Realmente, o pomo de ouro mudou de direção, passando a voar paralelo ao solo. Sun-Li e Tiago seguiram-no, habilmente mudando a trajetória das vassouras, saindo do Mergulho do Diabo a cerca de dois metros do chão, sob os trovejantes aplausos da assistência. Ainda emparelhados, estavam quase a alcançar a esfera, desviando-se de eventuais balaços.

_Desista, Tiago! Esse é meu! _ exclamou Sun-Li, acelerando a vassoura e ultrapassando o jovem Potter em alguns centímetros. Mas o garoto nem se preocupou.

_É o que você pensa, Sun-Li! _ respondeu Tiago, rindo e utilizando a reserva de força que conservara em sua vassoura, algo que ele sabia fazer e que Sun-Li parecia não ter aprendido tão bem quanto ele _ Pensarei em você, quando eu e Narcisa estivermos brindando na Sala Comunal, durante a festa da vitória. Tchau, amiga!

Tiago Potter ultrapassou Sun-Li e então, cerca de um metro adiante, esticou o braço e fechou a mão direita, agarrando o pomo de ouro. Duzentos e cinqüenta a cento e trinta, pois a Corvinal havia obtido mais vinte pontos no tempo que demorou a disputa dos Apanhadores.

 

Claudiomir estava sem palavras. A sua primeira partida de Quadribol havia sido algo de impressionante. Desceu, juntamente com Harry, Gina e Pendergast, ainda transfigurado em mulher, para cumprimentarem o time, após aquela impressionante vitória.

 

Tiago Potter enxugou-se e começou a se vestir, depois de um reconfortante banho quente que relaxou seus músculos, tensos após aquela disputadíssima caça ao pomo (“Sun-Li é muito habilidosa, tanto quanto era sua mãe. E Cho fez com que papai tivesse de esforçar-se bastante”, pensou). Terminou de vestir suas roupas e saiu, rumo à Sala Comunal da Grifinória. Ao sair do vestiário, virou em um corredor e caiu sentado no chão, assim como o outro aluno com quem acabara de trombar, ninguém menos que... Albert Pettigrew, carregado de livros.

_Caracas, Potter! Está a fim de me matar? _ perguntou Pettigrew.

_Desculpe, Pettigrew. Acho que eu estava com muita pressa de chegar à Torre da Grifinória. Deixe-me ajudá-lo a recolher seus livros. _ e enquanto o fazia, admirou-se com a quantidade que o sonserino carregava _ Uau! Para que tantos livros?

_Não consegui escapar de fazer parte de um grupo de estudos para aulas de reforço, Potter. _ disse Pettigrew, com um suspiro.

_E de qual matéria? _ e Tiago ficou admirado quando Pettigrew lhe disse qual era a disciplina _ Mas suas notas nessa matéria não são ruins! Por que você está tendo de fazer parte desse grupo de reforço?

_O mala do professor encasquetou que eu tenho de participar, para ajudar aos outros como uma espécie de assistente, estou indo para lá agora.

_Quer alguma ajuda com os livros, Sr. Pettigrew? _ ouviu-se a voz de Harry Potter, atrás deles _ Eles me parecem meio pesados.

_Não, obrigado, Prof. Potter. A sala não é muito longe.

_Gostaria de ter uma conversa com o senhor, lá na Direção, Sr. Pettigrew. Poderia nos acompanhar? _ perguntou Sirius.

_Eu não fiz nada, Diretor Black. _ disse Pettigrew, meio preocupado, pensando que levaria uma repreensão, por algum motivo _ Eu, Waverly e Portman temos andado na linha, ultimamente.

_Não se preocupe, Sr. Pettigrew. _ disse Claudiomir _ Não é nada referente a questões disciplinares.

_Está bem, eu vou. Acho que não haverá problema se eu me atrasar um pouco.

 

Alguns minutos mais tarde, um apressado Albert Pettigrew adentrava a sala do grupo de estudos.

_O professor ainda não chegou? _ perguntou ele.

_Já está vindo para cá, Pettigrew. _ disse Donegal _ Trouxe os livros que ele pediu?

_Estão aqui. Acho que deve ter tudo o que precisamos para hoje.

 

Em outro ponto, o pervertido tomava uma dose de uísque de fogo, entre ansioso e preocupado (“Eu não deveria, mas a verdade é que não resisto. Ao mesmo tempo que quero seguir o conselho que Pendergast me deu, de ficar na sombra por algum tempo, sei que não consigo ficar longe desses jovens, tão lindos e cheios de energia. Além disso, soube que o site está exigindo fotos atualizadas e, se eu não postar nada, eles vão me queimar. Aliás, parece que já tem gente atrás do Pendergast, se é que já não o pegaram. Maldita a hora em que me envolvi com o Círculo, com essa história de postar fotos de alunos. Tudo começou quando conheci aqueles caras, naquele barzinho de Londres. Foi quando tomei contato com aquela rede internacional de pornografia infanto-juvenil virtual. Depois daquilo, comecei a postar no site deles, primeiro fotos de meus arquivos e, depois, fotos mais recentes. Estava dando tudo tão certo, os meios para deixar as crianças no ponto para as fotos eram infalíveis e, depois, uma Poção Analgésica e um Feitiço de Memória, com recordações falsas implantadas faziam o serviço. Só tive medo quando houveram alguns alunos aos quais me esqueci de dar a Poção Analgésica e que foram procurar a Dra. Potter. Mas parece que não conseguiram ligar nada à minha pessoa, ainda bem. E aquele cara que está ajudando o Prof. Potter com as armas de fogo, nas aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas? Com aquele conhecimento ele não pode ser bruxo. Está mais para um policial trouxa e, pelo sotaque, parece ser de Nova York. Seu nome... ‘Stabler’, se não me engano. Parece que já o ouvi antes, era o de um policial de uma SVU do Departamento de Polícia de Nova York, mas já deve estar aposentado. Esse cara pode ser filho dele e, se for, a posição de professor auxiliar deve ser fachada. Bem, acho que os alunos devem estar estranhando minha demora, acho que é melhor eu ir. Afinal de contas, preciso ter fotos atualizadas e também há aquele garoto da Sonserina, que não me sai da cabeça há bastante tempo e que hoje será meu, estou certo”, pensou ele, terminando sua bebida e dando uma última tragada no seu cigarro egípcio Avrupa, antes de sair e encontrar-se com as crianças).

 

_Bom dia, gente. Que bom que vocês já estão ocupando as mesas. Sr. Pettigrew, ajude-me a coordenar os trabalhos, esclarecendo as dúvidas dos colegas. Sim, Srta. LaBrea? Qual sua dúvida? _ e assim os trabalhos de reforço prosseguiram, até que fizeram um intervalo e foi servido um chá, que todos acharam bastante saboroso, embora Pettigrew tivesse sentido que havia algo de diferente, sensação reforçada pelo fato de que, após tomarem o chá, os jovens pareciam um pouco mais descontraídos, aé mesmo meio alegres e amáveis, aproximando-se mais uns dos outros, nos sofás e pufes da sala de estudo. Logo formavam casais, que acariciavam-se e beijavam-se, visivelmente excitados. Parecia que a temperatura da sala esquentava, pois as peças de uniforme iam sendo retiradas e os alunos iam ficando seminus, sem se importarem. Certa hora, o próprio professor estava em trajes menores e sendo acariciado por um casal de alunos. Aquilo começava a dar nos seus nervos, principalmente porque o professor tentava aproximar-se dele e suas intenções eram mais do que claras, ainda mais que várias fotos estavam sendo tiradas, com os jovens em poses ousadas e alguns abraçados, parecendo estar em pleno ato. O garoto começava a ficar enojado com tudo aquilo, querendo apenas sair dali, escapar daquela sala na qual o odor adocicado e enjoativo do incenso começava a pesar o ambiente, cada vez mais sufocante. Então, tratou de escapar das investidas daquele pervertido, que parecia ter alguma fixação por ele, procurando o caminho da porta de saída.

_Algo errado, Sr. Pettigrew? Onde o senhor vai? _ o garoto fez que não ouviu e começou a abrir a porta _ Espere! Não faça isso!

Mas já era tarde demais. A porta havia sido aberta, permitindo não a saída do garoto, mas a entrada de Gina, Hermione, Janine, Snape, Stabler e Claudiomir.

_Eu não queria acreditar, mesmo tendo visto as fotos que acabaram por revelar quem era o pedófilo. _ disse Stabler.

_Acabou a sacanagem. _ disse Claudiomir _ Vamos indo, crianças, vistam-se logo.

_Eles não irão ouvi-lo. Parecem estar dopados com alguma coisa que havia no chá. _ disse o garoto.

_Mas você também tomou o chá! _ disse o pedófilo, agora começando a vestir-se, apavorado _ Por que não fez efeito em você, Pettigrew?

_Porque eu tomei uma cápsula de Antídoto Universal Granger/Snape e uma dose de Poção de “Centelha Arco-Íris”. E eu não sou Albert Pettigrew, nem nunca fui. Era apenas um disfarce. _ e ele sacou a varinha _ “Revertere ad Forma Mea”! Ele está na Diretoria, com Sirius.

_Não pode ser! _ disse o tarado.

 

À sua frente, com a varinha apontada para ele e uma fúria gelada nos olhos verdes estava Harry Potter.

_Eu mesmo. E você foi pego, finalmente. Nunca mais irá abusar de alunos desta escola e de nenhuma outra, alterando suas memórias. Gina, dê uma Poção de Sono para as crianças e vamos levá-las ao hospital escolar, para elas tomarem um antídoto. Vamos ver o que havia no chá que ele deu para as crianças... _ e Harry tocou o resto do conteúdo do bule com seu Identificador de Substâncias, arregalando os olhos e, logo em seguida, acertando o tarado com um potente Uraken _ Desgraçado! Além de violentar as crianças ainda as estava viciando!

_Calma, Harry! _ disse Claudiomir, enquanto segurava Harry, juntamente com Stabler _ O que é que havia no chá?

_Uma coisa perigosíssima, se utilizada por tempo prolongado! Um extrato vegetal entorpecente e afrodisíaco, de uma planta rara que muitos julgavam extinta! Ela deixa o usuário como que embriagado e aumenta sua sensibilidade e sensualidade, despertando a libido, excitando-o e tornando-o extremamente disposto para o sexo! Há cerca de trinta anos não havia notícia dela! _ Harry ficava cada vez mais furioso, enquanto os amigos tinham dificuldades para contê-lo _ E esse desgraçado a estava usando, talvez recriada com a ajuda do Necronomicon!

_Espere, Potter. _ disse Snape _ Você não quer dizer que é...

_... Exatamente, Prof. Snape! Pode ver aqui no Identificador de Substâncias, é EXTRATO DE LÓTUS NEGRA!!! _ exclamou Harry, quase cuspindo as palavras.

_DESGRAÇADO! MALDITO PERVERTIDO QUE NÃO MEDE AS CONSEQÜÊNCIAS DOS SEUS ATOS!!! _ exclamou Snape, acertando o pedófilo com um violento soco, sendo contido por Gina, Hermione e Janine _ E pensar que eu cheguei a indicar o seu nome para Vice-Diretor de Hogwarts. Ainda bem que o Diretor Black já tinha o meu nome em mente pois, quem sabe o que você faria se tivesse assumido aquele cargo, seu sujo?!

 

Caído junto a um dos sofás da sala, com o rosto inchado e um filete de sangue a escorrer de sua boca, devido aos dois golpes que recebeu, estava o professor de Estudo dos Trouxas, Milton Vandross.

 

 

As crianças foram levadas para o hospital escolar, a fim de receberem doses de Antídoto Universal Granger/Snape e Poção de “Centelha-Arco-Íris”, que dissipariam os efeitos do extrato de Lótus Negra e evitariam a dependência.

_Calma, Harry. Pelo menos já descobrimos quem era o culpado e ele já está confinado a uma sala. _ disse Claudiomir.

_Tem razão, querido. _ disse Gina _ Acho que isto aqui irá fazer bem para você. “Illex! Thermo!”

_Opa, chimarrão?! _ admirou-se Claudiomir _ Vocês têm esse costume por aqui?

_Aprendemos com Janine, quando ela veio para Hogwarts. Hoje nós não dispensamos, tomamos quase todos os dias. _ disse Harry, pegando a cuia que Gina acabara de cevar.

 

 

Na outra sala, Vandross estava sentado em uma poltrona, vigiado por Severo Snape. Deu uma tragada em seu cigarro Avrupa e bateu a cinza em um cinzeiro ao seu lado.

_Milton, até agora eu ainda tenho de fazer força para acreditar. Como você pôde fazer isso durante todos esses anos? Enganar a todos nós e agir dessa forma nojenta com nossos alunos?

_Eu vou contar tudo, Severo. Assim que Harry e os outros chegarem, revelarei todos os fatos. Ah, apertem a terceira pedra da direita na lareira, para abrirem um painel. Nele, encontrarão um acervo de fotos, vídeos e Cristais de Armazenagem.

_Todos os registros das nojeiras que você organizava? Você é doente, Milton! Não sei se o seu destino será Azkaban ou o St. Mungus.

_Eu sei, Severo. _ disse Vandross, apagando o cigarro, enquanto todos os outros entravam na sala _ Vocês chegaram. Sentem-se, vou contar tudo.

Todos sentaram-se e Vandross acendeu outro Avrupa, começando a contar sua história.

 

 

_Como vocês sabem, nasci trouxa e manifestei magia aos nove anos, em uma emissão involuntária. Porém, as circunstâncias em que ela ocorreu foram abafadas, a fim de evitar um escândalo na família, cuja posição social e política era importante e a reputação tida como ilibada.

_Como assim? _ perguntou Harry.

_Na Bruxidade poucos sabem, mas minha família era ligada à Família Real, em uma linhagem paralela, sendo que meu pai, antes de falecer, era membro da Câmara dos Lordes do Parlamento. Depois que ele faleceu, minha mãe casou-se novamente, com outro nobre, colega dele no Parlamento. Porém, quando eu tinha nove anos de idade, minha mãe foi ao meu quarto e flagrou meu padrasto em pleno ato, abusando de mim. Naquele momento, o susto de todos foi tamanho, principalmente porque minha magia manifestou-se em uma explosão de energia, cuja onda de choque lançou-o do outro lado da sala.

_Descobrimos que você sofreu abuso na infância, mas não sabíamos dos detalhes. _ disse Sirius.

_E não sei como vocês descobriram, pois era um segredo muito bem guardado. Imaginem o escândalo se descobrissem que um membro da Câmara dos Lordes era um abusador de crianças. _ disse Vandross _ Nem mesmo Dumbledore soube, quando foi falar com minha mãe. Eles não se separaram, permaneceram casados, mas ela jamais aproximou-se dele novamente, até que ele morreu.

_E como foi nos seus dias de aluno? _ perguntou Dumbledore.

_Só notei que tinha atração por pessoas bem mais novas do que eu, quando estava no sexto ano. Sentia-me como que magnetizado por aqueles alunos cheios de energia do primeiro e segundo anos. Procurei sempre me segurar, para não comprometer a escola, mas houve um garoto com o qual mantive um relacionamento até que, pelo mesmo motivo, resolvemos não nos encontrarmos mais. Soube que ele acabou indo parar em Azkaban e cometeu suicídio. Depois que me formei, procurava por parceiros em sites de relacionamentos, pois acabava sendo mais discreto e seguro. Aí, houve a aposentadoria da Profª Charity Burbage, há cerca de três anos atrás. Apresentei o meu currículo e fui aprovado, assumindo a cadeira de Estudo dos Trouxas.

_E por quanto tempo foi que o senhor conseguiu resistir à sua... “Atração”? _ perguntou Hermione.

_Há cerca de um ano e meio, um aluno atraiu minha atenção e, coincidentemente, precisou de reforço em minha matéria.

_E você era um excelente professor, Milton. O fato de ter nascido trouxa e de não ter perdido o contato com a tecnologia permitiu que mudasse a visão dos bruxos quanto ao cotidiano trouxa. _ disse Sirius.

_Obrigado. _ disse Vandross _ Eu tentei, mas acabei não resistindo e seduzi o garoto. Depois daquilo, usei um Feitiço de Memória para fazê-lo esquecer o que fizemos e uma Poção Analgésica. A diferença foi que comecei a tirar fotos dele e de outras crianças com quem mantinha contato e foi aí que aconteceu a desgraça.

_Já imagino. _ disse Janine _ Resolveu compartilhar suas experiências com outros adeptos da pedofilia e postou as fotos em um site.

_Foi isso mesmo, Profª Malfoy. _ confirmou Vandross _ Meu azar foi tê-las postado em um site que tinha ligações com o Círculo Sombrio. Certa noite, durante uma folga, fui para Londres e, enquanto tomava um drinque em um bar, fui abordado por dois operativos do Círculo, que me fizeram uma proposta financeiramente vantajosa e disseram que se eu não a aceitasse, eles iriam me denunciar ou providenciariam o meu desaparecimento. Eu deveria postar fotos do jeito que eles queriam e o meu contato seria Hyeronimus Pendergast.

_E o que eles queriam? _ perguntou Fred.

_Aquilo que vocês viram nas fotos, Sr. Weasley. Em vários países há pessoas que têm verdadeira adoração por poses eróticas de jovens em uniformes escolares. Eles me forneceram os meios para deixar os alunos mais... receptivos a certas situações.

_A essência de Lótus Negra. _ comentou Claudiomir.

_Isso mesmo, Capitão. Ela age à semelhança do “Ecstasy”, mas atenuados, sem os efeitos colaterais no sistema cardiovascular. A libido é despertada e a pessoa quer estar com alguém. Daí para acontecer o que acontece é um passo. Depois, o efeito passava e eu usava Feitiços de Memória. Mas nunca houve uma relação completa entre os alunos.

_Já entre você e suas vítimas... _ comentou Gina.

_Sim, devo confessar. Mas sempre usei preservativos e dava às crianças Poções Analgésicas.

_Por isso não conseguíamos detectar vestígio algum que nos permitisse fazer testes de DNA. _ disse Jorge.

_Vandross, pelo que você fez, seu destino será Azkaban ou, se for provada alguma forma de insanidade, a Ala de Danos Permanentes do St. Mungus, embora sua situação não seja resultado de feitiços. _ disse Harry.

_Certo, Prof. Potter. Não há mais o que fazer. Bem, Severo sabe como ter acesso a todas as minhas fotos, vídeos e Cristais de Armazenagem.

Ficará por aqui, até que os Aurores venham, para levá-lo para Londres, Vandross. _ disse Hermione _ Depois, será julgado e deverá pagar o preço pelas barbaridades que cometeu.

_Não se preocupem, não tentarei fugir. Primeiro, porque não conseguiria. Depois, porque não teria para onde ir. _ disse Vandross.

 

Deixaram Vandross trancado na sala, sozinho. Realmente, ele não teria para onde ir.

 

No Gabinete do Diretor, Fred e Jorge preparavam-se para darem o golpe final na rede de pedofilia virtual do Círculo.

_Bem, podem fazer as honras, então. _ disse Sirius.

_OK, Sirius. _ disse Jorge _ Bem, senhoras e senhores, quando ativamos o nosso “Cão-de-Caça”, deixamos um comando extra que, depois que o pedófilo fosse capturado, seria ativado por nós e cumpriria sua finalidade.

_E qual seria ela? _ perguntou Janine _ Algo para detonar de vez a rede de pedofilia?

_Com certeza, Jan. _ disse Fred _ O arquivo de ativação está nesta “Pen-Drive” e, assim que conectarmos na porta USB e o abrirmos, esse comando extra percorrerá o Ciberespaço e irá simplesmente fritar os HDs das máquinas que hospedam essas fotos e vídeos nojentos. Beleza, não?

_Muito bom. _ disse Dumbledore _ Podem começar.

_É para já, Prof. Dumbledore. _ e Fred Weasley conectou a “Pen-Drive” na porta USB do computador tecnomagizado do Diretor de Hogwarts, ativando o commando que apagaria de uma vez por todas a rede virtual de pedofilia do Círculo Sombrio.

 

 

Ninguém percebeu quando, logo depois que eles saíram da sala onde haviam deixado Vandross, uma figura entrou, executando um forte “Alorromora”, que neutralizou a Tranca Mágica. E, dentro da sala...

 

_Quem é você? _ perguntou Vandross, apavorado _ O que veio fazer aqui.

_Vim trazer um recado de “Escuridão”, meu caro Milton Vandross.

_O quê?? _ Vandross começou a suar frio, enquanto o estranho, alto e encapuzado, apontava para ele sua varinha _ Vai me matar?

_Não, Vandross. VOCÊ vai fazer isso.

_Está louco?

_Pelo contrário, é o que deve ser feito. Sua utilidade para o Círculo cessou e é a hora de você acertar as contas pelas suas falhas. “Escuridão” não irá deixar barato e eu devo transmitir suas ordens.

_Quais são? Eu não sou operativo do Círculo.

_Mas deve a ele. A ordem é “Mate-se”.

_Não farei isso!

_Prefere que façam isso com você lá em Azkaban, de um modo bem mais doloroso e degradante? _ perguntou o estranho deixando entrever, por baixo do capuz, uma máscara de prata, com as feições viperinas de Lord Voldemort esculpidas nela.

_Não, você está certo. _ disse Vandross _ Pessoas como eu são rapidamente eliminados, quer seja em prisões trouxas ou bruxas. Vamos adiante.

_Que assim seja.

 

O estranho conjurou um afiado punhal de prata e deu-o a Vandross. Este empunhou a arma e engoliu em seco, vendo seus olhos refletidos na lâmina. Sem hesitação, Milton Vandross passou o punhal pelos pulsos, cortando-os e vendo o sangue escorrer. Em seguida, empunhou-o com as duas mãos e, com força, cravou-o no peito, atravessando o coração. Imediatamente, caiu no meio da sala, morto.

O estranho, que não era outro senão o misterioso “Avatar das Trevas”, moveu sua varinha e, com um feitiço, fez com que o sangue que escorria dos ferimentos de Vandross levitasse até a parede e escrevesse uma mensagem, em letras de forma. Após fazer isso, ia saindo da sala mas, após um instante de hesitação, que pareceu durar um século para ele, escreveu algo mais, com outra caligrafia, murmurando um outro feitiço, enquanto o fazia.

 

 

Os Aurores haviam chegado para conduzir Vandross a um lugar secreto, onde aguardaria seu julgamento. Chegando ao corredor onde situava-se a sala, ouviram gritos de vários alunos. Então, vieram correndo ao encontro deles os gêmeos Nero, Sun-Li, Leilane, Randolph, Tiago e Narcisa (que estranharam a movimentação e foram ver o que era), além de Pettigrew, Waverly e Portman.

_O que foi, filho? _ perguntou Harry.

_Papai, é horrível! Um professor está morto na sala!

_Hein?! _ Harry saiu correndo e entrou pela porta da sala, que estava escancarada.

 

No meio da sala, estava caído o corpo de Milton Vandross, no meio de uma poça de sangue, o mesmo sangue que formava na parede a seguinte frase:

 

“ASSIM MORREM OS INÚTEIS”.

 

Era o recado do Círculo Sombrio. Mas Harry ficou mais interessado em um outro recado, um que estava escrito em um canto da parede, mas não em letra de forma e oculto por um Feitiço “Somente-Para-Seus-Olhos”, direcionado para que só Harry Potter pudesse ver as palavras escritas:

 

“AJUDE-ME, POR FAVOR, HARRY POTTER”.

 

Harry conhecia muito bem aquela caligrafia, lembrando-se da primeira vez em que a havia visto, surgindo magicamente nas páginas de um estranho diário, quando tinha doze anos de idade.

 

 

Era a caligrafia de Tom Marvolo Riddle.

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