Poção Polissuco



Cap. V – Poção Polissuco

[Narração de Lily]

Potter estúpido, idiota, imbecil! Como ele pode ter coragem de inventar uma coisa daquela? Bem feito, passei o dia inteiro sem dirigir meu olhar à ele. Eu não estava me sentindo muito bem, mal deitei e já caí no sono.

- Lily? – perguntou Kath na manhã seguinte.
-Oi, gente. – falei. – Eu não estou me sentindo muito bem, acho que vou à ala hospitalar.
- Percebi que você estava meio desanimada ontem. – Julie disse, agora muito mais alegre do que tempos atrás.
- É, eu estou mal mesmo.
- Sortuda, vai perder um dia inteirinho de aula? – Kath brincou.
- A primeira aula é Trato de Criaturas Mágicas, não é? – perguntei, e elas concordaram com a cabeça - Mais tarde temos História da Magia e Transfiguração. Se estiver melhor me encontro com vocês lá.

Elas se arrumaram e desceram. Na verdade, eu não fui direto à ala hospitalar. Os banheiros do andar estavam cheios, todos se arrumando para descer ao salão principal. O jeito foi andar e achar um sanitário vazio por aí.

[Narração de James]

É hoje. Finalmente o meu plano vai entrar em ação. Eu não queria que fosse logo depois de uma briga feia com a ruivinha, mas vai assim mesmo, estou precisando olhar pra ela sem que me sinta atingido por uma maldição imperdoável. Entrei em um banheiro abandonado e interditado do quarto andar, onde passei todo esse tempo preparando minha poção Polissuco. Caramba, como é complicado fazer essa poção, e se alguma coisa sair errado as conseqüências são terríveis.
Mas eu confio na minha capacidade. (tudo bem que minha aptidão pra poções é zero, mas confio mesmo assim). Peguei os fios de cabelo do cretino do Silverstone e coloquei no caldeirão, eu pretendia me transformar nele e passar uma hora inteirinha com o meu lírio, sem gritos nem desaforos. Não, não ia me auto-ofender ou contar pra ela sobre a traição, muito menos beijá-la. Queria só passar uma hora olhando naqueles olhos verdes e sentir que ela me amava (ou amava o idiota do Silverstone).

- Que Merlin me ajude. – pedi, quando engoli a poção, que agora tinha um tom esverdeado e um gosto péssimo, além do cheiro das meias sujas do Sirius.

Mas eu não esperava que, no instante em que o líquido raspou minha garganta, eu fosse sentir uma dor insuportável em todo corpo, onde não agüentei e caí no chão, gemendo e me contorcerdo, até ouvir passos e a porta do banheiro rangendo.

- Está interditado, mas vai esse mesmo. – ouvi uma voz lá de fora. Era a voz da Lily!
- AAAAAAH – gritei.
- Quem... quem está aí?

Respondi com outro grito alto.

- Po...Potter, é você? – ela se espantou, cambaleou e segurou na parede. – O que aconteceu?
- Li.... AAAAAH!
- Você precisa ir à ala hospitalar, AGORA!
- Minha... AAAH capa... UH... na pia... – me esforcei para dizer.
- Ah, está bem.

Lily jogou a capa da invisibilidade sobre nós e correu me apoiando até a ala hospitalar. Estava me esforçando para não gritar no caminho. O que será que aconteceu? Chegamos lá e ela chamou a enfermeira, que me deitou em uma cama com os olhos muito arregalados. Eu ainda sentia uma dor tremenda.

- Pelas bermudas floridas de Merlin, o que você andou fazendo, Potter? – perguntou meu lírio enquanto a enfermeira me dava um líquido azul gelado, que amenizou a dor.
- Eu... bem...
- Poção Polissuco, certo?
- É... mas, como você sabe?
- Ah, qual é Potter, você sabe que a minha habilidade em poções é explícita. – falou ela com ar superior – Melhor até que a do Snape, se quer saber. Mas... por que andou fazendo Polissuco?

Não dava, eu tinha que falar pra ela. Contei tudo que eu estava tramando, em passar uma hora com ela como se fosse o Thomas, sem pretenções, só pra poder olhar de novo naqueles olhos verdes. Esperei um, dois, ou talvez vários tapas e socos, mas, pelo contrário, ela abriu um sorriso tímido e me observou.

[Narração de Lily]

O Potter... se arriscou pra poder falar comigo de novo? Ele desobedeceu várias regras da escola e tentou fazer uma poção complicadíssima por mim, que... lindo. A enfermeira pegou um espelho quadrado e colocou em sua mão. Ele estava assustador, tinha tufos de cabelo castanho-claro do Thomas, a boca estava enorme, vermelha, e os olhos estavam de tamanhos diferentes, um azul e um negro. O nariz estava torto e o rosto parecia ter parado a caminho da transformação, com enormes orelhas de abano e os braços e pernas desiguais, com mãos e pés enormes e dedos muito curtos e inchados.

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! – gritou, largando o espelho e fazendo-o espatifar no chão.
- Anh... calma, isso passa com um tempo. – tentei acalmá-lo.
- O QUÊ? OLHA PRA MIM, PAREÇO UM MONSTRO!
- Isso você já era antes da poção, Potter. – não podia me esquecer do que ele tinha feito dois dias atrás – Então, trate de se acalmar que o efeito passa com uns dias.
- Mas... o que eu fiz de errado? Segui as instruções com toda cautela.
- Provavelmente, colocou muita pele de ararambóia e em grandes pedaços, ou poucos hemeróbios.
- Pelo visto, meu forte não é mesmo poções.

Ele ficaria ali por mais uns dias até se recuperar totalmente. Me pediu para contar aos marotos o acontecido e passar as tarefas pra ele. Eu concordei, afinal, não podia ignorar alguém naquele estado.

- Tenho que ir. – me despedi.
- Anh... Tchau Lily, obrigado por tudo.
- De nada, James, até mais.

James? Por Merlin, o que está dando em mim, que intimidade é essa!? Saí andando em direção ao jardim, já que era intervalo. Decidi procurar o Thomas, que, a essa hora, deveria estar aproveitando pra treinar quadribol. Não estava no campo, então deveria estar no vestiário. Bati na porta e ninguém respondeu, eu resolvi abrir, não estava trancada mesmo.

- Soube que a Lily amanheceu doente, estamos seguros aqui. – disse Thomas.
- Tava morrendo de saudade, meu lindo. – uma loira falou, enquanto pulava em cima do Thomas e começava a beijá-lo com fervor.
- SEU... SEU... CRETINO! – bati a porta e entrei gritando.
- LILY? O que você tá fazendo aqui!?

Não respondi, dei um soco na cara dele com toda a minha força e saí correndo. Involuntariamente, minhas pernas me levaram à enfermaria.

- Lily? Você tá chorando!? – Potter perguntou me vendo entrar aos prantos.
- É verdade, James, ele está me traindo! – disse – O Thomas!
- Ah... você... viu os dois?
- Vi, no vestiário! - falei soluçando – Aquele... aquele...
- Calma, meu lírio. – Ele falou com ternura na voz, apoiando minha cabeça ao seu colo e acariciando meus cabelos. Pela primeira vez, não liguei por ele ter me chamado de “meu lírio”.
- Me desculpa por não acreditar em você. – eu falei enxugando o rosto – Fui uma idiota, me desculpa, James.
- Você foi a idiota mais linda que eu já vi, então. – ele sorriu.
- Ei, tem um ditado trouxa que diz que quebrar um espelho traz sete anos de azar. – lembrei.
- Ah, não se preocupe. Eu sou o cara mais sortudo de todos.
- Ah, é? – desconfiei – E como pode ter tanta certeza de que os próximos sete anos não vão ser terríveis?
- Por que eu tenho certeza de que vou passar os próximos sete, quinze, vinte, cinqüenta anos ao seu lado, Lily. – ele deu um sorriso (lindo, por sinal) – Não existe sorte maior que essa.

Fiquei sem palavras. O Potter tinha se transformado de repente em um anjo do meu lado. Como aquele trasgo pôde virar alguém tão... doce. Ah, Lily, pode ir parando com isso, ele é James Potter, esqueceu?

[Narração de Julie]

- Nossa, pelo visto a Lily não se recuperou – Kath me despertou na aula de Transfiguração, quando eu estava olhando pro Remo. – Alô-ô, Julie?
- Ah, me desculpa. É, pelo visto ela ainda está mal.
- Nossa, você tá voando esses dias, hein?
- Bem...
- Ham, ham. Senhoritas Harrington e Thompson, vocês não preferem conversar à sós lá fora, sentadas em um sofá confortável? Que tal um chá também? – interrompeu a professora McGonagall, irônica.
- Ah, professora, isso seria ótimo. Mas eu prefiro suco de abóbora, sabe? – disparou Kath – De preferência bem gelado e...
- Desculpe, professora McGonagall, nós vamos ficar quietas. – eu falei, antes que a Katherine nos metesse em confusão.

No final da aula, me encontrei com o Remo escondido, e nós aproveitamos para namorar um pouco.

- Não acha melhor a gente contar pra eles, Remo? – perguntei.
- É, né? Já tá na hora, não tem por que esconder.

A gente ficou se beijando mais um tempo até ouvir uns passos no corredor e subir para a torre da Grifinória. Íamos contar pros nossos amigos sobre o namoro.

- Oi gente. – cumprimentou Sirius.
- Ué, cadê o Pontas? – perguntou Remo.
- Ele está na ala hospitalar, depois explico direito. – respondeu Lily.
- A gente queria contar uma coisa. – eu falei.

Sentamos no chão em um pequeno grupo. Eu e o Remo nos olhamos por um instante e então eu disse:

- Nós estamos namorando.
- Sério!? – espantou-se Katherine.
- Sério.
- Olha só, o Reminho apaixonado! – zoou Sirius – Namorando a Julie e nem conta nada pros amigos, era por isso que você andava tão estranho.
- É, nós esperamos um pouco pra contar. – Remo disse.

Passamos um tempo mais falando besteiras, fazendo palhaçadas e rindo juntos. A Kath parecia até mais sossegada com o Sirius. Eu e a Lily fomos dormir e o Remo ficou adiantando algumas tarefas.

[Narração da Katherine]

As meninas foram dormir, o Remo estava estudando, e, como sempre, sobramos eu e o Sirius na sala comunal. Aquilo já estava virando rotina. Ele se levantou de repente, me chamou com um sussurro e me levou pra um lugar mais afastado.

- Kath, eu preciso conversar com você.
- Pode falar, Black.
- Você ainda tá chateada comigo? – perguntou – Por causa das minhas brincadeiras?
- Eu... – cara, eu não sabia o que dizer. Aquilo era um início de pedido de desculpas? - Bom, estou sim, Sirius.

Ele ficou calado, então continuei:

- Você é mal-educado, machista, galinha e ainda quer tirar uma de garanhão pra cima de mim.
- Mas, Kath, eu só faço essas coisas brincando.
- Tem hora que não parece brincadeira, Sirius. – eu disse, séria.
- Tudo bem, Kath, mas eu não posso mudar o meu jeito só por que te incomoda, eu... – ele parecia inseguro do que dizia.
- Não incomoda a sua priminha Belatriz, não é? – pensei alto.
- É impressão minha ou senti uma pontinha de ciúme? – ele sorriu – A Belatriz é uma oferecida. Se você quer saber já dei o fora nela.

Um bom tempo de silêncio se passou, nós dois olhando pra cima, até que o Sirius se ajoelhou no chão e começou a gritar, as duas mãos juntas, implorando.

- ME DESCULPA, KATH, EU MUDO SE VOCÊ QUISER, EU PARO COM TUDO ISSO!
- Sirius, levanta daí! – assustei-me – E para de gritar, vai acordar todo mundo!
- SÓ SE VOCÊ ME PERDOAR E VOLTAR A FALAR COMIGO, KATH!
- PARA, SIRIUS!
- DIZ QUE ME PERDOA E EU PARO!
- Tá. Eu perdôo.
- Obrigado, obrigado, obrigado! – ele repetiu, levantando e me dando um abraço muito forte, onde deu pra sentir o perfume delicioso que ele usava, e depois dando um beijo bem estalado na minha bochecha.
- De... de nada. Mas pra que todo esse escândalo?
- Eu estava me sentindo muito mal sem falar com você, queria que você me desculpasse pelas minhas besteiras. Sabe... eu nunca mais vou me insinuar pra você, falar coisas pro seu irmão, nem me render às garotas atiradas, quer dizer, talvez, elas...

Coloquei meu dedo nos lábios dele e o silêncio pairou de novo.

- Você não precisa mudar nada. – disse calmamente – Foram acessos de raiva, talvez ciúmes, não sei... acontece.
- Então você admite que tem ciúmes do garanhão aqui?
- Cala a boca, Sirius. – falei, sorrindo.

Nós rimos e eu fui deitar. O Sirius ficou sentado mais um tempo olhando para o nada com um sorriso bobo na cara. Por Merlin, ele é muito lindo, e ainda é cheiroso, e... KATHERINE!

[Narração do Sirius]

Tive uma noite muito mais sossegada depois do meu papo com a Katherine. Geralmente eu recebo tapas, pontapés e vários xingamentos das garotas, mas simplesmente me ignorando ela machucou muito mais, me deixou abalado. Sem falar naquele duelo aterrorizante.

- Acorda, cachorro! – gritou Remo.
- Quê? Já é de manhã?
- Pois é, levanta! Pra quê ficar sonhando com a Katherine se você pode vê-la pessoalmente?
- Co... como assim?
- Não se faça de desentendido, Almofadinhas, eu ouvi a conversa de vocês, ontem. – sorriu – Aliás, acho que eu e todo o resto da Grifinória.
- Ah, claro. Eu tava só me desculpando, Aluado, nós somos amigos.
- Sei. Te conheço, Sirius Black. Mas levanta logo que a gente vai ver o Pontas antes de descer.
- Ok. Cadê o Rabicho?
- Ele ainda tá dormindo. Prefiro deixar assim, ele está muito afastado de nós ultimamente.

Me arrumei às pressas e nós dois seguimos até a ala hospitalar. Chegamos lá e encontramos James na cama com a cara emburrada, tomando um líquido azul muito estranho.

- Pelo visto chegamos cedo. – provoquei – O bebezinho ainda está tomando a mamadeirinha dele.
- Fica quieto seu sarnento. – Pontas disse.
- Além de veado agora também é louco? – Remo perguntou, segurando o riso.
- É cervo, droga! E eu tomei a poção por uma causa nobre.
- Nós sabemos, a ruiva contou. – eu falei.
- E aí, alguma novidade na minha ausência? – perguntou Pontas, curioso.
- Na verdade, algumas – começou Remo – Primeiro e mais importante, eu e Julie estamos namorando, e o Sirius está caidinho pela Kath.
- Você e a Julie? Esse é o lobão que eu conheço, há! E... peraí, o Sirius e a Kath!?
- É mentira do Remo! – indignei-me – Qual é, eu só queria que ela voltasse a falar comigo!
- É, Pontas, você precisava ver o escândalo dele! Rolaram até uns beijinhos.
- BEIJINHOS? – exclamou James.
- Foram beijos no rosto, foi um pedido de desculpas! – berrei. – Vamos indo, Aluado, antes que você decida escrever ao Profeta Diário contando sobre isso também.

Nos despedimos do veado e seguimos para o café. Briguei com o Remo praticamente todo o percurso, mas por um lado, eu também estava sentindo algo diferente. Será que eu estou apaixonado pela Katherine? Apaixonado, eu, Sirius Black?

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