Detenção, Traição e Discussão



Cap. IV – Detenção, Traição e Discussão

[Narração de James]


O dia amanheceu, graças a Merlin! Não agüentava mais aquele dia de ontem, o tal do passeiozinho a Hogsmeade. Minha ruivinha se pegando com aquele... Ah! Acordei os marotos e fomos tomar café juntos, como de costume. Kath, Julie e o meu lírio já estavam na mesa, e eu não parava de olhar pra Lily... até que o olhar dela encontrou o meu, e assim foi por alguns segundos, até o Peter me chamar. Ela disfarçou e voltou a comer. Eu fiz o mesmo, e quando terminei me levantei da mesa sem nem esperar.

Era um belo dia de Domingo, ou seja, não teria aula e eu poderia seguir com o meu plano.

[Narração de Lily]

Ele me pegou olhando pra ele. Deve estar pensando algo demais, nem adivinha que estava só observando o ambiente. Não que eu fique por aí reparando no Potter, mas... ele saiu da mesa sozinho antes de todos. O que ele está aprontando agora? Claro, deve estar por aí caçando alguma menininha inocente pra cair no seu papo de conquistador barato.
Eu e as meninas terminamos de tomar café. A Julie se separou de nós, disse que ia passar a manhã estudando na biblioteca, precisava adiantar uns deveres que a Minerva passou. Eu e a Kath fomos perambular um pouco pelo colégio. O Thomas tinha treino de quadribol, então, fiquei conversando com a Kath até a noite, colocando as novidades em dia.

- Boa noite – falamos, chegando no salão para o jantar.
- Boa noite – falaram todos, menos Remo e Julie, que reviravam monotonamente a comida no prato.
- Pra você é ótima noite, minha ruivinha! – Potter falou com um sorrisinho.
- E pra você é Evans! – retruquei enquanto me sentava.
- Poxa, logo hoje que eu esperava um beijinho de boa-noite – ele falou me fazendo corar.
- Nunca iria sujar meus lábios com você, Potter. – levantei, olhando-o com desprezo.
- Quem me dera, ter esses lábios só pra mim... – ouvi ele falar. Ah que raiva! Como ele pode ser assim?

[Narração de Katherine]

Nossa, pelo visto a Lily não tava pra muito papo hoje. Terminamos o jantar, tendo que agüentar as piadinhas infames do Sirius, e subimos para o salão comunal.

- Então Kath, já pensou na proposta que te fiz? – Sirius agora falou olhando pra mim.
- Não pensei e não vou pensar, porque você sabe que eu nunca entraria na sua listinha, Black – falei.
- Ah, não me diga que vai imitar a ruiva. Vai começar a dar uma de difícil, é? Com o Pontas pode até funcionar, mas comigo não, viu gata? – ele disse andando até mim.

Não consegui, meu sangue subiu a cabeça. Tirei a varinha de dentro das vestes e apontei pro Black.

- Estupefaça! –gritei.

O feitiço o atingiu na barriga e ele caiu em uma poltrona, mas se recuperou logo com ajuda do James.

- Não queremos ninguém machucado, não é Kath? Não precisa disso, é só um beijinho. – ele sorriu.

Ele gritou qualquer feitiço que eu não fiz esforço para ouvir, me adiantei para defender.

- Protego! - berrei.
- Travalingua! – ele revidou.

Minha língua automaticamente se enrolou e grudou no céu da boca, eu não conseguia mais falar. É uma pena para o Black, mas não é preciso falar para realizar feitiços. Então, concentrada, pensei: Diffindo! Um enorme corte se abriu no braço direito do Sirius. Ele fez uma careta e desfez o feitiço da língua presa. Por pena, ou... ou sei lá.

- Expelliarmus! – gritou James, fazendo minha varinha voar pela sala. – Você tá ficando louca, Kath!?
- Não, é que... – comecei, enraivada.
- Eu já sabia que te deixava louquinha. – Black disse.
- O que deu na sua cabeça pra ir desarmando minha amiga assim, Potter? – Lily berrou se levantando com força de uma poltrona.
- Mas... mas ela ia machucar o Sirius, eu...
- Petrificus Totalus! – ordenou a ruiva.

A essa hora vários alunos estavam parados observando aquilo.

- Accio varinha! – eu disse, enquanto a varinha voava até a minha mão.
- Impedimenta! – Lily gritou para Sirius, que tentava ajudar James a voltar ao normal.

De repente, ouviu-se um estrondo. A professora McGonagall entrou na sala e se deparou com a seguinte cena: eu apontando a varinha furiosamente para Sirius, que estava caído no chão perto da lareira, Lily encarando James, com a varinha próxima ao seu nariz.

- O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – espantou-se.
- Professora, nós... – começou James.
- VOCÊ ESTÁ SANGRANDO, BLACK? – ela interrompeu, arregalando os olhos. – Episkey! – ordenou, fazendo o ferimento de Sirius parar de sangrar.
- Anh... obrigado professora.
- DETENÇÃO PARA OS QUATRO! – Minerva gritou – Potter, Black, Evans e Harrington, na minha sala amanhã às oito.

E dizendo isso, saiu da torre arrastando o robe verde-musgo. Ah. Detenção, não.

[Narração de Sirius]

Caramba, ninguém merece. A morcega velha nos deu uma detenção. E tudo isso por causa de uma brincadeirinha com a Katherine. Como eu poderia imaginar que ela iria me estuporar e começar uma briga? Agora aqui estou eu, entrando no dormitório masculino com uma baita dor nas costas. Fui jogado no chão duas vezes, caramba, essas garotas estão impossíveis.

- Nossa, cara – disse James. – Que emocionante, meu lírio lutando comigo em plena torre da Grifinória.
- Realmente encantador, veado, tirando a parte de você ter sido petrificado e ainda receber uma detenção – eu disse. – Por falar em veado, posso saber onde o senhor passou o dia todo?
- Por enquanto, não. Mas logo, logo você vai saber, pulguento.
- Por Merlin, tenho até medo de lutar com aquelas duas de novo. – eu falei, deitando. – E o Aluado ficou na dele, nem se moveu pra ajudar os amigos.
- Vocês foram bem sem mim – Remo disse secamente. – Agora vou dormir, estou cansado.
- Ei, Almofadinhas, não pense que vai escapar – sussurrou Pontas. – Que história é essa com a Kath?
- História, que história? A gente está só brincando de “Pra você é Harrington, Black!” – respondi com a voz baixa.
- Aham, sei. – ele riu.

É, Sirius Black, o maior pegador de Hogwarts. Nunca me apaixonei e não é agora que vou me apaixonar, mas nenhuma garota resistiu aos meus encantos antes... o que tem de errado com a Katherine?

[Narração de Julie]

O dia amanheceu chuvoso, e eu tive vontade de ficar na cama o dia inteiro. A Lily subiu na minha cama e começou a pular.

- Ah, acorda, preguiçosa! – ela gritou.
- Só mais cinco minutinhos... O Flitwick não vai reclamar... – eu disse.
- Ah, ele vai sim. Você sabe como é aquele pequen... Aaaah! – Lily gritou, quando pulou de mau jeito e caiu com tudo em cima de mim.

Ela desatou a rir do próprio descontrole. Eu não estava nada animada, tudo que houve entre eu e o Remo me deixou acabada, nós estávamos há dias sem nos falar. Mas não segurei um risinho, geralmente a desastrada era eu. Tomei um banho rápido e desci com as meninas.

- Bom dia gente – Lílian disse quando chegamos.
- Bom dia meu lírio, aliás, ótimo dia. – Tiago abriu um sorriso maior que a cara. – É hoje que vamos passar a noite todinha juntos.
- Evans, Potter. E eu nunca passaria uma noite com você, nem por detenção alguma – ela retrucou. – Agora, com licença, tenho que achar o Thomas.

Nossa, eu não estava agüentando olhar pro Remo... parecia prestes a explodir a qualquer momento. Não suportei, saí da mesa sem dar satisfações. Precisava de um tempo pra pensar... amor impossível?

[Narração de James]

Estava tão ansioso que o dia passou voando. Aproveitei um momento de distração do Slughorn e afanei um pouco de pele de ararambóia. Acho que a Julie viu, mas não faz mal, ela não vai desconfiar de nada do que estou tramando. No fim das aulas, fui dar continuidade ao meu plano secreto, e depois chamei Almofadinhas para a sala da Minerva, ele estava na torre da Grifinória, e na certa deve ter esquecido.

- Aposto que a minha irmã te deixou no chinelo, Black! – gritou Rodrigo Harrington, irmão da Katherine.
- Ah, qual é. Eu não uso magia forte contra garotas, isso não é nada galante – Sirius riu.
- Nossa, e eu posso saber qual é o problema? – Katherine interrompeu revoltada. – Além de idiota e galinha ainda é machista?
- Calma Kath, a gente tava brincando – falou Rodrigo. – O Sirius não é seu amigo?
- Amigo? Ah, não mesmo.
- Posso ser mais que isso se você quiser, linda. – Almofadinhas piscou.
- EI! COMO É QUE É? – Rodrigo gritou, arregalando os olhos.
- Oh, nada não. Vamos Sirius, já são quase oito horas, a McGonagall vai nos matar. – eu me meti, antes que Rodrigo decepasse o Almofadinhas - Kath, cadê a ruivinha?
- Ela disse que ia terminar o jantar e me encontrava lá.

Seguimos os três para a sala da múmia ambulante, quer dizer, da professora Minerva, e Kath nem sequer olhava pro Sirius. Meu lírio já estava lá nos esperando, com aqueles olhos lindos brilhando como sempre.

- Professora McGonagall? – Lily perguntou batendo na porta.
- Entrem – respondeu a voz esganiçada lá de dentro.

[Narração de Remo]

Os quatro em detenção, eu aqui sozinho. Minha vida já está uma porcaria, não consigo mais sorrir, não paro de pensar na Julie, e pra completar, a lua cheia está se aproximando. Se continuar assim eu não vou suportar. Sentei perto da lareira e comecei a pensar no nosso beijo, lágrimas desceram sem querer, sem eu nem perceber. Então, do dormitório feminino desceu a Julie, com um roupão amarelo, e, com tamanho susto de me ver ali sozinho chorando no meio da sala comunal, ela pisou em falso e caiu na escada.

- Você está bem? – perguntei, enquanto ajudava ela a se levantar.
- Não Remo, eu não estou bem.
- Você... se machucou?
- Não, você me machucou. – ela disse, quando uma lágrima descia de seus olhos.
- Eu... eu não posso ficar com você, Julie – falei. – Queria muito, você nem sabe o quanto, mas não dá.
- Me dê pelo menos um motivo.
- Você não vai querer namorar um lobisomem – soltei.
- Ah, então é por isso! – ela disse. – Você quer impedir o nosso amor por causa... disso?
- Julie, eu não quero te fazer sofrer, não quero te machucar.
- Machuca muito mais ficar longe de você, Remo. Eu soube desse seu problema há um tempo e nada mudou pra mim.
- Você... tem certeza? – perguntei, inseguro.
- Absoluta, Remo. Nunca tive maior certeza na minha vida. – ela sorriu, deixando rolar mais uma lágrima. - O que eu mais quero é ficar do seu lado.
- Do lado de uma... aberração? – falei baixinho.
- Você não é uma aberração. Você é lindo, perfeito. – ela sorriu novamente. – E lobisomem ou não, é você que eu amo.
- Eu também te amo Julie.

E nos beijamos. Quanto tempo eu esperei pra beijá-la de novo, quanto tempo sofri pensando em nunca mais poder tocá-la. Mas estávamos juntos agora, e eu tinha certeza que nem o meu problema iria nos separar.

[Narração de Sirius]

Entramos na sala da McGonagall e ela estava lá, em pé, com uma expressão tranqüila no rosto, afinal, já estava mais do que acostumada em dar detenções para os marotos. Acho que a Lily não estava se sentindo muito bem, afinal, era uma monitora e não costumava aprontar muito.

- Muito bem senhores Potter e Black, senhoritas Evans e Harrington. A detenção de vocês será lustrar todo o conteúdo da sala de troféus, sem usar magia.
- Macaca Velha – sussurrei com raiva no ouvido do James.
- O que disse, Black? – perguntou Minerva.
- Nada... nada não, professora, eu só... queria começar logo.

Entramos os quatro na sala de troféus e começamos a limpar um por um com um paninho molhado, das medalhas aos enormes troféus de ouro. Já tinham se passado mais ou menos duas horas de puro silêncio.

- Acabei minha parte, Lily! – Katherine disse sorrindo.
- Só falta... esse... – a ruiva disse, esfregando de qualquer jeito um pequeno troféu prateado e largando-o na prateleira. – Prontinho, terminei.
- Vamos, já está tarde e eu estou com sono – a morena disse, enquanto saíam da sala.

Ficamos eu e Pontas, mas só faltava uma grande taça dourada, e ele... bom... ele ainda tinha bastante trabalho para fazer.

- Acabei, Pontas.
- Eu ainda devo demorar um pouco, mas pode ir – ele disse.
- Tudo bem, até amanhã. Bom serviço, veadinho. – eu sorri. – Até parece um elfo doméstico com esse paninho na mão.
- Vai dormir, vai, Almofadinhas, antes que eu te mande fazer uma coisa pior.

Saí da sala e fechei a porta. Coitado do veado, vai dormir tarde hoje. Os corredores estavam se esvaziando aos poucos, já que nem todos obedeciam as regras da escola. Estava caminhando por um lugar aparentemente vazio, até que...

- Sirius, você por aqui? – uma voz feminina disse à minhas costas, eu a conhecia de algum lugar.
- Anh... é... eu... – me virei para olhar. Era Belatriz Black, minha prima, e bem bonita por sinal. Na verdade eu até já tive um caso com ela, coisa rápida.
- Passear pelos corredores a essa hora da noite? Você não presta mesmo, priminho. – falou ela se aproximando.
- Olha quem fala, Bela. Cadê aquele seu namorado, o Lestrange?
- Não sei, e nem quero saber. – ela piscou. – Estava com saudades, Si?
- Saudades? Bom, eu não posso negar que você deu conta do recado, mas a fila anda.
- A gente podia repetir a dose. – ela se aproximou rapidamente.

Do nada ela me encostou na parede e me deu um beijo. Eu não queria, mas não tinha pra onde fugir. Mas eu não esperava, que, justo naquele momento, Katherine e Lily estariam saindo do banheiro feminino daquele andar, e passando exatamente pelo local em que eu e a minha prima estávamos nos beijando.
Vi o olhar de desaprovação no rosto das duas, principalmente da Kath. Pelo visto eu não tenho muita sorte mesmo, sempre sou flagrado nos momentos mais indiscretos, caramba.

[Narração de James]

Finalmente acabei a porcaria da detenção e segui por um corredor meio escuro. Estava louco pra deitar na cama e ter uma boa noite de sono. Andei um pouco e vi um casal aos amassos encostado na parede. Pelos cabelos, era o Sirius. Nossa, ele não perde uma. Sorri e continuei caminhando, até encontrar outro casal. Mas aquele não era o Sirius... muito pelo contrário. Era... era... O SILVERSTONE! E com ele, não estava a Lily.
Uma menina loira, de cabelos cacheados e curtos se envolvia com ele em um canto do corredor. Parecia ser da Sonserina. Eles estavam se beijando ardentemente, mas o Silverstone parecia preocupado e sempre olhava pros lados. Fiquei em estado de choque.

- Amor, tá tarde. Aquela ruiva chata pode nos ver, lembra que ela tá em detenção? – pergutou a loira.
- É mesmo, mas amanhã a gente se vê, gata. – o cretino piscou - No mesmo horário, mas em outro lugar... pra não levantar suspeitas.
- Boa noite – a garota disse, o beijando em seguida.

Não consegui ver o final daquela cena, saí correndo com toda a força que tinha, passei pelo buraco do retrato e gritei qualquer coisa que parecia ser a senha. Subi ao dormitório feminino pulando os degraus e bati na porta.

- O que foi, Potter? Você sabe que horas são? – minha ruiva perguntou irritada, quando abriu a porta.
- Eu... eu preciso... te contar uma... uma coisa. – eu falei, ofegante.
- Desembucha, Potter, eu quero dormir.

Parei e respirei por um momento, era uma coisa muito séria pra se falar assim, do nada. Pedi e ela se sentou (contra a vontade) em um sofá.

- Lily... eu estava voltando da sala de troféus quando vi um casal se beijando no fim do corredor.
- Sirius e aquela Belatriz? Perdeu seu tempo, Potter, eu os vi.
- Não, não eram eles. – falei olhando nos olhos dela – Eram o Thomas e uma garota da Sonserina, Lily.
- O QUÊ? – ela se levantou – O QUE VOCÊ QUER DIZER COM ISSO, POTTER!?
- Lily... eu... não queria, mas, vi os dois se beijando e precisava te contar, o Silverstone está te enganando.
- POTTER, NUNCA PENSEI QUE VOCÊ FOSSE TÃO BAIXO, INVENTAR UMA COISA DESSA PRA ME SEPARAR DO THOMAS! – ela gritava, vermelha de raiva.
- Não inventei, eles estavam se agarrando. É verdade, Lily, acredite em mim.
- EU... TE... ODEIO... POTTER! – ela berrou, empurrando o dedo indicador contra meu peito.
- Mas... ruivinha...

Era tarde demais. Ela saiu correndo, as mãos cobrindo o rosto, e no dia seguinte, nem sequer olhou pra mim.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.