Carne Nova




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Capítulo II
Carne Nova



Meus olhos cresceram ao vem que ele estava ali, perto de mais sem ter percebido. Cumprimentou Deena e mirou seu olhar para mim, estava estática procurando o que fazer, agir ou falar. Alguém podia – sei lá – mandar um sinal, um empurrão para que pelo menos saia um xingamento e não fiquemos apenas nos olhares profundos e significativos, uma música misteriosa que ninguém sabe de onde surgiu, um infarte em algum gordo bem na nossa frente! Pelo amor de Deus, alguém faça alguma coisa!

Aprecie o silêncio, foi o que apareceu na minha mente. Por um momento, senti raiva, ódio, desprezo mortal do ser a minha frente. Por outro, apenas sobraram nós em toda a humanidade. Deena, Ron, como todos ali tinham ficado em preto e branco, em segundo plano, Harry era o destaque, ao vivo e a cores. Ódio irei sentir até que minhas forças se esgotarem, mas por trás desse ódio ainda tem aquela que acredita que disse aquilo porque estava encrencado e estava tentando me salvar. Será? Não, não, lógico que não.

Harry sempre tentou me salvar, me poupar do pior, por que agora não poderia estar se mostrando fraco e pensando na minha segurança? Não. Encare os fatos. Tem uma ruiva e o grande amor que ele sente por ela no nosso caminho, só um milagre para ele deixar de gostar tanto dela.

Mas a questão aqui não é ela, é ele, esse ser parado a sua frente olhando com aqueles olhos verdes, impossível não ficar lembrando daqueles olhos enquanto estávamos tão bem naquela velha casa dos Black. Você está agindo como uma idiota, Hermione, acorde para vida! Fale alguma coisa, comece a xingá-lo, comece a falar que você é superior a tudo que aconteceu entre vocês! Se mostre acima de tudo e que você é muito mais daquilo que os outros pensam!

- C-com licença. – Disse rapidamente, deixando minha garrafa em cima da mesa de cabeça baixa. Harry também abaixou seu olhar e contraiu os lábios em forma de irritação.

Isso, ótimo! Pelo menos você saiu de lá.

- Vai atrás dela, idiota. – Pude ouvir Ron dizer, era tão discreto que me abismava! O mais que me impressionou, foi Harry ouvir essa ofensa e não soltar um 'idiota é você' ou 'você ganha de mim'.

- Hermione! – Insista. Pode insistir. – Hermione, por favor. – Atropelava as pessoas como eu. O quadro da Mulher Gorda, a escapatória ao leste. Boa saída. Ele não teria coragem de me seguir com quase todos me olhando, principalmente sua namorada que não estava muito longe dali. – Por favor... – Pegou em meu braço.

Lenta, burra, ignorante, insólita! Não acredito, você o deixou se aproximar. Você deu espaço, você não deveria. Ele não merece nem um terço de todo o amor que você sente!

- Podemos conversar? – Aqueles olhos estavam diferentes.

Não diferentes aos pertencentes a Harry Potter e sim diferentes aos que me encararam com dureza e frieza há três dias, dizendo todas aquelas barbaridades, aquelas coisas que ainda não entendo e procuro algum meio para tentar parar de ficar recordando como um filme que estava com a tecla repeat acionada.


- Isso que aconteceu foi uma-

- Não termina. – Deixei uma lágrima escorrer abrindo os olhos. – Nunca tive uma decepção que me magoasse tanto... – Comecei a chorar novamente, mas agora era de dor, era uma dor profunda. – eu não posso acreditar... DEPOIS DE TUDO ISSO, EU SOU APENAS SUA AMIGA?! – Me olhou como se não se arrependesse do que estava acontecendo.

- Não é o melhor momento para ficarmos juntos, Hermione.

- NÃO?! ENTÃO, TUDO QUE ACONTECEU, ESQUECE, ESQUECE QUE UM DIA VOCÊ NUNCA MAIS VAI LEMBRAR! SEREI APENAS MAIS UMA ENTRE TANTAS QUE JÁ PASSOU PELA SUA MÃO, HARRY POTTER!



- Não temos nada o que conversar. – Soltei-me e arrumei minha jaqueta.

O quadro se abriu. Apenas a escuridão do corredorzinho e a luz e o burburinho do bota dentro estava ocupando nossos olhares, nossas mentes. Estávamos fora do plano real, mas tinha que colocar meus pés no chão.

Harry ainda me seguia, queria mesmo conversar comigo. Deixou ser visto comigo por todas aquelas pessoas.

- Se esqueceu? Não temos nada. – Passei para fora, fiquei naquele vão das escadas, era um pouco estreito, um pouco perigoso se começarmos a brigar naquele momento, mas nem queria ficar ali mesmo.


- ME entenda você! – Abri os braços. – Acorda, Harry! Não dá pra continuar assim!

- Eu não quero continuar nada. – Me interrompeu grosseiramente. A voz começou a não sair e o meu coração a não querer bater novamente. – Nada, se for preciso isso para você se afastar de mim...



- Será que você pode ser um pouco adulta e encarar isso como-

- Como o quê? Ah, era para um dia eu entender. Quando será esse um dia? – Cruzei os braços e ergui uma das sobrancelhas um pouco alta de mais.

- Você não está entendo!

- Quem não está entendendo aqui, é você! Caí fora da minha vida, Potter, eu não quero mais nada com você, assim como você não quer comigo.

Fitou-me seriamente.

- Mione? – Aquela voz inconfundível.

- Mc! – Pulei em seus braços colando meus lábios nos seus. Ele me girou no ar rindo, eu também estava rindo, mas não era de felicidade em encontrar meu grande amor, era felicidade dele lavar a cara de Harry Potter em desgostos e invejas. – Estava morrendo de saudades de você! – Pegou em meu rosto e o alisou, tudo isso na frente de Harry que olhava atônito.

- Eu também, minha linda. – Me deu um beijo rápido e passou a mão envolta da minha cintura. – Olá, Potter, como passou de férias? – Por um leve momento, eu tive medo da resposta de Harry.

- Muito bem, e você? – Cruzou os braços dando leves passos para trás, entrando no quadro da Mulher Gorda de costas.

- Também, depois a gente se fala. – Fez um gesto que tinha ouvido e virou-se para pegar seu caminho jogando o olhar expressivo sob mim.

Fiquei um pouco séria, respirando fundo e passando as mãos em volta de seu pescoço. O quadro se fechou assim como a minha vontade de sorrir. Mc me deu alguns beijos carinhosos e disse coisas como me amava. Não escutava, apenas concordava com a cabeça.

Que droga! Por que eu ainda me importo com os sentimentos dele?! Ele não se importou com os meus. Posso estar fazendo drama, pode ter sido apenas uma coisa sensata, ele estava certo mas mesmo depois de tudo, ele não queria nada comigo. Tratou-me como um objeto, um mero objeto.

Irá bancar a revoltadinha? Acorda e vê que sua vida está passando e você não pode ficar olhando tudo da sua janela do segundo andar, como se fosse um passatempo. Desça e aproveite. Você está namorando o cara mais desejado da sua gigante escola, você tem amigas que estão aí pra tudo, tem suas inimigas que posso sorrir quando vejo que estão por baixo e você por cima e tem o detalhe de ser dona de um dos rostos mais bonitos que andam pelos corredores.

Uma bela lição de moral, mas olhe para frente e diga que o ama, faça valer a pena cada minuto da sua vida.

- Eu te amo! – Soltei sorrindo largamente também fazendo ele sorrir. Ergueu-me voltando a me girar no ar.

- Eu também te amo, minha linda. – Desceu-me no chão e grudou seus lábios nos meus.

***


Segunda garrafa de cerveja amanteigada do dia. Sentada ali, no meio das pernas de Mc, me senti aconchegada. Ele conversava com alguns amigos acompanhados também de garotas e eu só sorria quando ouvi meu nome. Não abria muito a boca, não falava nada para ser sincera. Apoiei minha cabeça em seu ombro e respirei fundo; Mc passou a mão em minha cintura e me virou para ficar a centímetros da sua boca. Tinha um sorriso sarcástico nos lábios e uma das sobrancelhas arqueadas. Entrelaçou os dedos nos passadores do cinto da minha calça e me deu lentos e leves beijos.

Meus braços passaram por cima de seus ombros e se esticaram se juntando a garrafa ao longe, sorria retribuindo aos seus carinhosos beijos. Ele não estava escrito! Era uma coisa tão irreal. Era doce, carinhoso, falava que me amava e sempre tentava me agradar – e é aquele que estou a mais tempo nesses últimos anos. Por que irei trocá-lo por um idiota que- Chega! Lá vem você de novo com esse papo. Esquece um pouco aquele quatro olhos e presta atenção no que estava na frente de seu nariz.

O relógio soou nove horas, já estava sentindo um pouco de sono e de cansaço. Sussurrei no ouvido de Mc que ia para meu quarto lhe dando boa noite, fez o mesmo me dando um terno beijo. Despedi-me dos outros e saí da Sala Comunal da Grifinória. Visivelmente, estava cansada. Meus olhos não paravam quase nenhum minuto aberto. Bocejava constantes vezes. Morri e esqueceram de me enterrar.

Passei em frente o grande mural de recados, algo me chamou atenção. Voltei lentamente e fixei meus olhos naquele papel verde florescente, 'NOVIDADES:', tinha uma lista, uma lista um pouco razoável. Arranquei o papel e comecei a lê-lo pegando meu caminho de volta para meu quarto.

1 – AULAS VESPERTINAS OBRIGATÓRIAS PARA O SEXTO E SÉTIMO ANO (PEGAR RELAÇÃO COM DIRETOR DA CASA);

Não, não pode ser possível! Alguém lá em cima está torcendo para que tudo na minha vida dê errado! Além das cinco malditas aulas matutinas, terei que agüentar aqueles professores frustrados em aulas no período da tarde.

2 – PRIMEIRO, SEGUNDO E TERCEIRO ANO TERÃO AULAS DE DUELO TODAS AS QUARTAS, COM O PROFESSOR SEVERO SNAPE E O PROFESSOR HÓRACIO SLUGHORN;
3 – AO SÉTIMO ANO, EXAMES SIMULADOS MENSAIS ATÉ OS NIEM'S;


Perseguição?

4 – REUNIÕES DOS MONITORES TODA À QUINTA FEIRA, NA SALA DE FEITIÇOS ÀS OITO HORAS;

Uma distração, mas pode ficar um pouquinho melhor?

5 – DOIS FINAIS DE SEMANA POR MÊS, ACONTECERÁ IDAS REGULARES A HOGSMEADE;

OK, pensei que poderia ser muito pior. Não li o resto, falava sobre os outros anos que não me importava. Amassei e joguei na primeira lata de lixo que encontrei.

Em passos rápidos e solitários, enfiei as mãos no bolso da minha blusa e tentei me dirigir até meu quarto sem cair adormecida no chão. Pensei em tantas coisas que nem percebi que já estava nas masmorras dos monitores.

Os degraus estavam ficando maiores, não sabia o que estava acontecendo exatamente. Tomei meus remédios hoje de manhã? Não me lembro, provavelmente não. Precisava deles. Vi que só conseguia um dia comum, sem nenhum desmaio, se eu tomasse aquelas cápsulas regularmente, uma de manhã, outra a noite. Não tomei de manhã, não tomei a noite. Meus olhos estavam quase se fechando. Apoiei na parede das escadas, uma das mãos a apalpou e meu peito inflou de ar. Tudo estava doendo, era incrível.

Deslizei passando as costas das mãos nas ásperas paredes, quando me sentei num dos degraus, voltei a respirar tão profundamente que senti mais uma tontura. Estava doente, tinha que me curar dessa maldita anemia. Faltavam apenas alguns degraus, mas estava com tanta fraqueza... Meu medo, era sair rolando escada abaixo. Não dá, acho que vou dormir ali, não tenho mais forças suficientes...

- Hermione? – Uma voz grossa surgiu como a mão em cima do meu ombro. Minha cabeça virou-se com um susto, reconheci semblante de Draco entremeio o escuro e suspirei. – Não está se sentindo bem? – Encostei minha cabeça na parede e sussurrei negativamente. Com os olhos fechados, não senti mais nada.

Quando os abri, estava nos braços de Draco. Carregou-me aos poucos degraus que faltavam e me colocou deitada em minha cama. Fui até a minha bolsa em cima da cadeira e peguei o frasco de remédios. Estava tremendo involuntariamente, Draco apenas observava tudo encostando a porta sem fazer nenhum barulho.

Quando tomei duas cápsulas de uma vez só num copo de água que encontrei por aí, me joguei na cama agarrando meu travesseiro.

- O que você tem? – Sentou-se a beirada da cama. Pensei que o nosso reencontro depois de quase um mês sem quase nem se ver direito, seria uma coisa voraz e faminta, mas minhas capacidades físicas e mentais estavam pedindo trégua. Se eu fizesse muito esforço, tinha medo de desmaiar e nunca mais acordar.

- Eu- - Sentei-me na cama encostando as costas nos travesseiros ainda segurando aquele primeiro contra o peito. – estou anêmica. – Seus olhos cresceram e sua expressão revelou preocupação.

- Desde quando?

- Uma semana, duas, não sei. – Passei a mão no nariz, queria atacar minha renite. Isso não, tudo menos isso.

- Mas é por falta de uma alimentação boa?

- Deve ser, sei lá...

- Você tem que se alimentar, Hermione, está deixando todos preocupados! – Disse numa voz mandona.

- Tá, tá, não me dá um sermão agora! Não estou com cabeça nem pra isso! – Agora, massageava uma das têmporas.

- Ok, me desculpe. – Aproximou-se e alisou meu rosto.

Aquele toque doce, ao mesmo tempo um pouco firme. Sentia falta sim, mas não era isso que eu estava precisando no momento. Não me deu nenhum beijo, nenhum abraço. Apenas levantou-se e sorriu quando deu um 'boa noite' um pouco fraco. Fechou a porta e desapareceu. Sim, foi rápido e inesperado. Pensei que ficaria mais um tempo conversando comigo, perguntando o que eu fiz nas férias, se senti saudades e ia contar mais histórias fantásticas dignas de Malfoy.

Engraçado como as pessoas mudam em uma semana.

***


Uma das piores noites da minha vida? Sim. Minha ressaca foi tardia, minha fraqueza já era de se esperar e um pequeno enjôo de tanta cerveja amanteigada de estômago quase vazio, me atormentaram quando acordei as onze da manhã.

Era sábado, tinha suas vantagens. Demorei mais meia hora no banho e mais meia hora para decidir a roupa que usaria naquele dia gelado. Uma calça cigarrete jeans num tom escuro numa lavagem especial; Uma blusinha básica porém irá me deixar aquecida, uma jaqueta em moletom um pouco curta com um capuz muito fofo em uma imitação de pele de animal branca; nas mangas, tinham uns detalhes em rosa assim como no lado direito. Peguei meu cachecol rosa e botei uma bota sem nenhum salto.

Não sabia o que Parvati e Deena pretendiam fazer hoje, mas se resolverem ir a Hogsmeade, estarei pronta. Tomei poção para meus cabelos, uma para não ressecar minha pele e uma que daria um jeito na minha dor de cabeça num instante – coisa que não aconteceu. Tomei meu comprimido e sai do quarto trancando a porta, não tenho o costume mas fiquei um pouco paranóica depois de 'some pingente, aparece pingente'.

Manhã gelada, podia descrever numa única palavra. Já tinha perdido o café e poderia esperar mais alguns minutos para almoçar. A questão é que não estava com fome, estava apenas com uma sede excessiva.

- Princesa? – Escuto uma voz atrás de mim, ao me virar, lá está Antonio de braços abertos e um largo sorriso. Também sorri e pulei em seus braços. Deu-me um forte abraço, um abraço diferente daqueles que me dava. Estava com vigor e vívido. – Uma semana longe de você! – Ainda me apertando.

- Ok, Tony, eu necessito desse corpo! – Soltou-me rindo. – Olhe só você, cortou aquele cabelo! – Espetei a palma da mão em seus cabelos arrepiados.

- E você? Mais loira ainda? – Pegou um dos meus cachos. – Está indo para o Salão? – Concordei. Foi ao meu lado enfiando as mãos nos bolsos da calça. Eu cruzei os braços e fechei os dedos para pararem de congelarem. – Como foram as férias? – Contarei tudo de uma vez?

- Boas e as suas? – Não, deixe as coisas fluírem naturalmente.

- Ah, também. Tive que ir para a Irlanda de última hora, mas tá firmeza. Peguei uma irlandesa linda, só disso que eu lembro. – Eu ri.

- Cadê aquele papo de 'eu sou um cara de uma mulher só'? – Arqueei uma das sobrancelhas e dei uma gargalhada no final da pergunta.

- Ainda tá valendo, mas enquanto a certa não larga o namorado, eu brinco com as erradas! – Meu sorriso se fechou lentamente.

- Ela tem namorado? – Estava capturando no ar aquelas que poderiam ser as suas opções.

- Nem tente descobrir, senhorita Hermione Granger. – Apontou para mim.

- Você que disse, eu só queria confirmar. – Tinha meu jeito de escapar de tudo.

- É, ela tem sim, mas- - Suspirou. – eu sou paciente, saca? – Gemi entendendo e sorri novamente. – Suas amigas saíram mesmo da escola?

- A Kim e a Verônica. A Nica, pura insistência paternal, a Kim, bom, não tenho muito idéia sobre o assunto.

- Não é a história da garota que armou um escândalo porque tinham mexido nas suas coisas, aí ela estuporou alguma garota e foi expulsa? – Comecei a rir.

- Cada um conta uma coisa! – Ri novamente. – Independente de qualquer história, ela não voltará para Hogwarts.

- E a vadia da Jane também... – Concordei. – Já viu a nova aluna? – Disse num sorriso safado.

- Não, por que? – Passou as duas mãos no rosto e tentou se acalmar.

- Cara, ela é linda! Uma das mulheres mais lindas que eu já vi, depois de você, lógico. – Fiquei fitando o nada, apenas andando em silêncio. – Anne alguma coisa, não sei direito.

- Está em que casa?

- Grifinória. Mas estão dizendo que é nascida trouxa. – Cai nos ombros e encarei Tony.

- Algum problema com nascidos trouxas, Antonio? – Negou erguendo os braços em legítima defesa.

- Não, mas você sabe mais do que todos como esse pessoal sofre um certo preconceito.

Era verdade, mesmo não querendo que fosse.

- Esse pessoal que se acha sangue puro é o melhor, são uns medíocres, essa é a verdade. – Estava visivelmente aborrecida. – A maioria é da Sonserina, aqueles idiotas...

- Principalmente o Malfoy. Esse ganha de todos! – Não respondi, não fiz nenhum comentário, nem confirmei. Apenas suspirei e viramos, finalmente, no Salão Principal.

Menos o primeiro e o segundo ano que já tinham partido para Hogsmeade, todos estavam lá. No nosso lugar de lei, vi Parvati e Deena acenando. Pedi para Antonio sentar conosco, mas disse que seus amigos estavam lhe esperando. Ao me sentar, já ouvi perguntas como 'Onde você estava?!' e também 'Hogsmeade! Você se esqueceu?!'. As respostas foram com um 'Muito sono, dor de cabeça e ressaca'.

Voltei a comer aos poucos. Não enchi o prato fazendo aquela montanha de pedreiro, vamos devagar com o andor. Perguntaram-me porque eu fiquei tanto tempo com Mc, respondi o óbvio: meu namorado. Contaram como foram suas férias mais a fundo, descobri que Deena ia ganhar uma irmã e Parvati tinha mudado de casa.

Era diferente comer com apenas elas duas. Acostumada com a mesa cheia de gente para conversar, me senti recuada. Bom, a sobremesa veio e com isso, Deena fez a pergunta do século: o que estava acontecendo entre eu e Harry. A resposta ia ser, no mínimo, explosiva mas me lembrei das minhas auto recomendações na virada do ano: Ser educada, não ficar irritada com qualquer coisa e se conter para não pular na cabeça de alguém.

- Nada. – Não menti, também não fui totalmente verdadeira.

- Nada? Estão brigados? – Perguntou Parvati.

- Pode se dizer que sim.

- Por que? – Continuou Deena.

- Ah, vocês sabem... Gina. – Mentirinha que ainda me perguntava ser era mesmo verdade. Concordaram e não tocaram mais no assunto.

Ao acabarmos, saímos do Salão sob alguns olhares. Procurei Mc por todos os bancos e não o encontrei, assim como Harry, Gina e Ron. Ah, reunião de Quadribol. Como pude me esquecer?! Ele disse que ia me encontrar às quatro horas da tarde lá em Hogsmeade e era para eu esperar na frente da Dedos de Mel. Passamos nos dormitórios, Parvati tinha que pegar seu dinheiro. Ao entrarmos no quarto, vi que as camas de Kim e Verônicas já estavam sendo ocupadas. Perguntei quem estavam usando as camas e logo tive a resposta:

- Uma tal de Meg Rowan ali. – Apontou para a cama da direita. – E a amiga da Delmeza, Lilá Brown.

- A irritante da Demelza ainda está dividindo a quarto com vocês? – Concordaram tristemente.

- Eu acho que a Rowan é nova, eu nunca a vi antes. – Comentou Parvati pegando um saquinho de moedas.

- Eu também não. – Confirmou Deena.

- Como ela é?

- Uma loira, tem cara de ter seus vinte e dois anos de idade. – Explicou superficialmente. – Quando a gente a achar, eu mostro. – Consenti saindo do quarto com elas.

Dos dormitórios para a grande fila para as carruagens, das carruagens para Hogsmeade. Lá estava ainda mais frio do que eu qualquer outro lugar. Podia jurar que todos os alunos – sem exceção – estavam ali. Hogsmeade estava cheia até transbordar. Sem demora, corremos até o Três Vassouras, outro point que estava lotado. Para conseguirmos entrar, tivemos que esperar uns idiotas que não sabiam o que faziam com suas vidas. Ao colocar os dois pés lá, vimos que as mesas vazias estavam escassas. Tivemos que nos sentar nos bancos do balcão. Deena, eu e Parvati, respectivamente, uma do lado da outra.

Pedimos logo três cervejas amanteigadas e nos viramos para aquele bar. Muitos alunos, muitos velhos bêbados, grupos de bruxos conversando sobre a temporada de Quadribol, outras bruxas colocando mil e um defeitos nos seus maridos, namorados ou afins. Era difícil se concentrar com tanto barulho.

- Olha, aquela lá que é a Meg Rowan! – Apontou Deena, discretamente se inclinando para meu lado. Estava na mesa de Miguel Córner e Marcus Belby. Tinha mais duas meninas ali, mas não conseguia identificá-las.

Era mesmo uma loira, tingida, mas era. O nariz um pouco alongado assim como o rosto pontudo. Parecia ser simétrica, ia fazer sucesso entre os garotos, pode ter certeza disso. E sim, ela era bem mais velha do que aparentava. A primeira vista, parece ser uma pessoa legal, um pouco metida e arrogante, mas legal.

- Já se jogando em cima do Córner... – Alfinetou Parvati dando um profundo gole na sua cerveja.

- E o tal do Dylan? Que fins deu aquela conversa que vocês tiveram? – Perguntei voltando para o bar, dando as costas para toda aquela gente. Parvati fez o mesmo, apoiando seu queixo em seu braço apoiado ao balcão.

- Ah, ele não sabe da Kim. – Ergui uma sobrancelha. – Ok, ele me convidou para ir com ele a uma festa aí. – Deena virou-se no mesmo momento.

- A festa de Adam McCartney? – Quase berrou. Parvati pediu silêncio com um gesto e uma expressão brava. – Todos estão falando nessa festa.

- Todos menos eu, de que infernos esse Adam saiu?! – Perguntei querendo estar integrada do assunto.

- O Adam! Lembra daquele esquelético que sempre corria atrás da Cho Chang depois que ela terminou com o Harry? – Minha memória teve um resgate profundo.

- Ah, aquele?! – Minha expressão dizia tudo.

- É, mas ele não tá tão esquelético assim, Hermione... – Sorriu maliciosamente.

- E por que todos estão falando dessa festa?

- Estão dizendo que será daqui umas duas semanas, a massa popular de Hogwarts está sendo convidada. –espondeu Deena piscando algumas vezes para ajeitar suas lentes que queria pular para fora de seu olho.

- E você irá? – Vire-me para Parvati que logo concordou.

- E você também. – Olhei confusa. – Você está com o cara mais popular e mais lindo de toda Hogwarts, se você não for convidada, será uma cratera naquela festa! – Ergueu as mãos.

- Bom, se Mc me chamar, eu vou. E você? – Agora, estava mirada em Deena que limpou a garganta e sorriu.

- Ron comentou algo, mas não sei ainda. – Parvati e eu sorrimos.

- E vocês dois? Não irão nunca sair dessa amizadinha? – Brincou a morena rindo comigo.

- Ah, gente, não força, tudo bem? Ele está num momento um pouco difícil...

- Pode ter certeza que tá tudo bem com ele, - Relembrando meus tempos de pura convivência há uns dias. - é você que está se fazendo de difícil, Deena.

- Eu? – Estava incrédula.

- Lógico! – Bebi mais um gole da cerveja. – Pelo que eu reparei, ele nem tá mais pensando tanto na Luna! Ele está super bem, até briga comigo, então, se você não engatar a primeira nessa situação, eu faço isso por você! – Posso estar sendo precipitada, mas era o certo a fazer.

- Não sei, Hermione, ele parece ainda estar inseguro com-

- Deena, toma a frente dessa relação! – Parvati interferiu.

- Não é fácil, Parvati! Não conheço o Ron a muito tempo para-

- Mas eu conheço. – Seus olhos cresceram com a firmeza que eu disse. - Eu conheço aquele ruivo há sete anos. Se ele não te convidar para ir a Hogsmeade no próximo sábado, você o convida.

Deena não teimou. Sabia que nós sempre iríamos impulsionar qualquer atitude para vê-la sorrir. Consentiu vencida e encarou a madeira rústica do balcão. Passamos mais alguns minutos e não agüentamos a superlotação do lugar. Saímos passando por cima das cabeças, pés e cadeiras de todos. Ao conseguirmos um pouco de ar gelado de lá de fora, foi instantânea minha queda pelo chão escorregadio. Soltei um palavrão num sussurro e pedi ajuda a elas.

Sugeriram ir até a Zonko's conferir as novidades em coisas idiotas e divertidas que a loja poderia nos oferecer. Ao entramos, poucos alunos mais velhos, eram mais alunos do primeiro a quarto ano. Vendo tudo por cima das pequenas crianças, passamos pelas prateleiras até chegar na sessão de novidades. Soltei um 'de quem foi a idéia de vir para cá?!' quando vimos o congestionamento que a fila causava. Num dos corredores mais desafogados, perdemos nossas atenções numas flores artificiais. Eram quase verdadeiras, tinham até o cheiro de uma rosa de verdade. Deena perguntou o que elas faziam, não tive muito tempo de responder quando senti um jato forte de água contra a nunca nuca. Era um jato forte, frio e fedorento. Fui para o chão batendo o nariz.

Deena e Parvati – que tinham sido atingidas indiretamente com respingos – me ajudaram a levantar novamente. Olhei para o fruto da minha raiva e logo vi uma garota loira bem clara aproximar-se de nós com uma das mãos na boca e os olhos piedosos e incrédulos sobre mim. Estremeci com a água que tinha acabado de entrar dentro da minha última camada de blusa.

- l'Oh mon Dieu! – Estava congelando, metade do meu cabelo molhado e cheirando a ovo podre assim como a minha jaqueta completamente nova, estava arruinada. – Me perdoe, por favor! Eu-eu não sabia usar isso! – Apontou para o guidão de bicicleta que estava segurando. Era uma arma, com certeza.

- Você tem idéia do que você fez?! – Estava nervosa, completamente nervosa. Parvati segurou no meu braço e sussurrou calma no meu ouvido.

- Se eu puder fazer alguma coisa, diga que eu faço! – Suspirei profundamente.

Analisei aquela menina que nunca tinha visto na minha vida; Era uma loira tão clara que tinha medo de ficar cega se um raio de sol involuntário batesse na sua cabeleira bem cuidada por sinal, tinha um rosto de menina numa expressão angelical completando com os olhos extremamente azuis.

- Só suma da minha frente. – Abaixou a cabeça deixando guidão em cima da prateleira e saiu correndo da loja. Suspirei novamente e abri o zíper da minha blusa com brutalidade.

- Não precisava ser tão grossa com a menina. – Disse Parvati indo a minha frente, pegando sua varinha e limpando sua roupa rapidamente.

- Ela conseguiu estragar meu dia. – Soltei ainda muito aborrecida. Quem me visse se perguntaria porque uma louca estaria arrancando roupa no meio dos corredores de uma loja de logros. Arranquei a minha outra blusa e fiquei apenas com aquela regata quentinha, agora molhada. Limpei e sequei minha jaqueta e minha blusa de lã. Pedi que Deena secasse meu cabelo rapidamente antes que comece a armar e assim o fez.

- Hm, será que também está a venda? – Uma voz um pouco grossa surgiu há um metro de nós. Virei-me no mesmo instante para encarar um sorriso sarcástico. Atrás do grosseirão, tinha mais dois amigos, ambos me fitando dos pés a cabeça.

- É bem caro, viu? – Brinquei no mesmo tom, num sorriso também malicioso. Deena se iluminou em desespero, pegou no meu braço ainda desprovido de nenhuma blusa e chamou pelo nome.

- Estou disposto a pagar qualquer preço. – Rolei os olhos e ri. – Minha família é uma das mais famosas em toda Londres, os McCartney, já ouviu falar deles?

- Quem?! – Fui totalmente inconveniente. Virei-me de costas e peguei minhas blusas saindo de perto daqueles garotos, mas aquele lá, o grosseiro total, era insistente, pegou levemente no meu braço e impediu que eu continuasse. – É melhor você me soltar. – Disse num sorriso nada amigável.

- Irá a minha festa, não? – Agora, meu semblante minha mudado. Era isso que Deena queria me dizer. – Está desde já convidada, uma das minhas convidadas de honra. – Soltou-me lentamente e sorriu.

- Acho que já conversou com meu namorado sobre isso, não? – Ficou um pouco sério mas ainda estava prepotente e confiante.

- E quem seria o sortudo? – Eu ri, ri pensando na cara que irá fazer quando souber.

- Cormac McLaggen. – Ficou totalmente sério e seus olhos cresceram. – Conhece, não? – Limpou a garganta e começou a se afastar lentamente enfiando as mãos nos bolsos da calça.

- Claro, ele também está convidado. Bom dia, moça. – Acenou discretamente piscando, num sorriso ainda mais malicioso. Fiquei estática por alguns segundos pensando o quanto ele era idiota, prepotente, convencido e (mesmo não querendo admitir) bonito.

- Nossa, - Disse Parvati logo me entregando meu cachecol. – anda, se veste senão irá atrair mais caras tarados para cá! – Me vesti rapidamente deixando o cachecol apenas jogado pelo meu pescoço. Ao sairmos da loja, certificamos que nenhum daqueles idiotas estariam ali.

- Quem ele pensa que é?! – Soltei voltando a tomar o assunto. – Eu sabia que devia ter ficado na cama! Eu sabia. – Repeti mais algumas vezes.

- Desencana, Hermione. O Adam é assim mesmo. – Disse Parvati cruzando os braços. Tínhamos parado perto de uns bancos em frente alguma loja. – O que mais me impressiona é o medo que esses garotos tem o McLaggen! Ninguém mexe com você antes de pensar duas vezes.

- Será que eu desconheço todo esse poder do Mc? – Perguntei a mim mesma um pouco alto de mais.

- Oh, o Rony. – Ouvi Deena soltar olhando para um outro lado. olhei meu relógio de pulso e vi que eram apenas duas e meia, a reunião já tinha acabado. Mc marcou comigo as quatro, porque marcaria tão tarde? – Será que meu cabelo está bom? – Olhou no reflexo do vidro da loja. Meneamos a cabeça até Parvati arregalar os olhos e apontar para o outro lado.

- O que a Luna fez com o cabelo?!

Aquela loira tinha pirado. Cortou os cabelos a cima do ombro, tinha cachos quase perfeitos nas pontas e uma tiara vermelha dividindo sua franja ajeitada de lado do resto do cabelo. Estava muito melhor do que antes, tinha que confessar.

- Será que é a primeira vez na vida que ela corta o cabelo? – Perguntou inutilmente.

- OK, Parvati, não exagera. – Cruzei os braços e me sentei no banco que tinha acabado de esvaziar. Ron viria para cá, com certeza. Caminhou até nós, Deena estava fingindo não estar ligando, olhando para outros horizontes conversando sobre o tempo. Sorriu e acenou, só Parvati respondeu já que eu não fazia questão e Deena estava presa em seu desespero. Mas de repente, Luna surge.

E surge não como a Luna deveria surgir: mansamente, com um mero sorriso esquisito, falando sobre coisas que não existem. Chegou chegando, como diria Antonio. Parou na frente de Ron e pegou nos seus dois pulsos o trazendo para um abraço apertado. Meus olhos se arregalaram, meu queixo caiu e não foi muito diferente das expressões de Parvati e Deena. Disse coisas inaudíveis, continuou o abraçando e alisando seus cabelos nas unhas comprimas e agora pintadas de vermelho.

O ruivo ficou sem reação, poderíamos estar uns cinco metros de distância, mas podia notar. Luna se separou e sorriu, colocando uma mão em seu ombro. Dali, voltou a andar com mais duas meninas que a acompanhavam, jogando um olhar sarcástico sobre nós. Entendi seu jogo, loira.

Deena estava atônita. Suspirou e olhou para os próprios pés. Seu mundo desabou, eu podia notar.

- Olá, garotas. – Soltou já se aproximando enfiando as duas mãos nos bolsos. – Dee, podemos conversar? – A loira voltou para o mundo real. Olhou Ron e consentiu com a cabeça se levantando. Sabe o medinho que você sente mesmo a coisa não sendo com você? É terrível.

Se o Ron partir os sentimentos da Deena, eu parto a cara dele.

- A Luna mudou muito! – Comentou ainda surpresa. – O que deu nela? Tomou a mesma coisa que você? – Brincou. Não respondi, apenas fiquei olhando aquela garota que ainda não tinha fugido dos nossos olhares. Estava distante, conversando animadamente com as outras garotas ali presentes.

***


Eram exatamente quatro e meia quando ouvi Mc me chamar. Aquele garoto não é humano. Deu-me um abraço e logo depois um beijo. Segurei com as duas mãos em seu rosto e sorri desgrudando meus lábios dos seus. As meninas já tinham ido para Hogwarts. fiquei apenas alguns minutos sozinha, já que insisti que me esperassem. Entrelaçou seus dedos nos meus e fomos até a Madame Puddfoot. Casaizinhos, grupo de casais, casais e mais casais. Era isso que você encontrava naquele antro de ternura. Não estava muito cheio, mas os alunos de Hogwarts predominavam.

Parecia que Mc caçava alguém com os olhos e quando eu vi os felizardos, meu queixo caiu e meus olhos foram para o céu.

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