Pra que Complicar?
Pra que complicar?
Parecia que Mc caçava alguém com os olhos e quando eu vi os felizardos, meu queixo caiu e meus olhos foram para o céu. Eu sei, acho que fui Hittler em outra vida para me castigarem tanto nessa. Sacudi a cabeça de um lado para o outro, pisquei várias vezes e tive vontade de dar com a minha cabeça na parede, mas não fiz. Mc agarrou mais forte na minha mão e me arrastou para aquela mesa.
Aqueles dois agarradinhos, juntinhos, falando que se amam e tudo mais... Que coisa meiga! Não quando se tratam de Harry e Gina. Ele tinha seu braço por cima de seu ombro apoiado nas cadeiras tão fofas e ela tinha uma mão em cima da sua perna e outra perto da sua xícara. Ambos com sorrisos no rosto.
- Junte-se a nós! – Disse Gina empurrando a cadeira com o pé que bateu na minha canela fortemente. Inclinei-me para frente sendo discreta e olhei para a ruiva querendo arrancar aquilo que chamava de cabeça.
- Ah, vocês querem ficar sozinhos... – Disse Mc dando alguns passos para trás e olhando em volta atrás de alguma mesa.
- Nada, senta aí, cara. – Harry, seu completo idiota. Mc me olhou e eu o olhei.
Queria dizer vamos cair fora daqui, agora, mas não disse. Puxou a cadeira para eu sentar e logo se sentou ao meu lado. passou o braço pelo meu ombro e logo o cardápio veio flutuando ate nós. Pousou sobre minhas mãos e comecei prestar atenção mais nele do que nas pessoas ali. – Acho que irá dar certo essa tática de jogo.
- Temos muito que arrumar ainda, o Weasley tem que treinar mais.
- Com certeza, meu irmão relaxou muito desde o último jogo! – Podem ficar conversando e ignorem minha presença, irão fazer um bem a mim. – Nosso jogo é semana que vem, se a gente não pega no pé dele, ele irá decair ainda mais...
- Lógico. – Mc olhou para o cardápio que se resumia há cinqüenta tipos de chá. – Já escolheu?
- Sim e você? – Olhei para ele.
- Hm, menta com folhas de asfódelo. – Consenti com a cabeça e marquei no cardápio que voltou flutuando para os balcões. – Se a gente treinar dia sim, dia não, iremos bater qualquer idiota.
- Mas já batemos qualquer idiota! – Brincou Gina que os três riram, menos eu que estava com meu olhar mirado em qualquer outra coisa.
As poucas vezes que eu olhava para Gina, ou ela estava acariciando Harry ou estava me olhando com um olhar e sorriso malicioso, como se estivesse tramando algo contra mim, algo muito ruim.
- Entraram novos alunos esse semestre. – Comentou a ruiva tomando um gole do seu chá.
- É, ouvi falar. Duas garotas na Grifinória e mais um na Corvinal. – Respondeu Mc.
- Em compensação saíram quase dez alunos. – Não sabia que tinha saído tantos. – Jane foi uma delas. Acho que suas amigas também...
- Sim. – Respondi prontamente diminuindo os olhos e olhando fixamente para a ruiva.
- Oh, a mãe da Jane surtou! Ela disse que Hogwarts entrará em colapso! – Agora, Gina e Mc riam e eu e Harry ficávamos mudos, um olhando seriamente para o outro. Uma mistura de seriedade, preocupação e raiva ao mesmo tempo. – Ela disse que David Scott teria sofrido um atentado, e como ele sofreria um atentado se ninguém, na escola inteira, sabe de nada?! – Parecia uma piada mas para mim não era uma piada, nem tinha motivos para uma simples risadinha de descontração. Passei uma das mãos na nuca e tentei não matá-la, literalmente, agora.
- Falasse logo que não podia mais pagar os estudos da filha, mas inventar uma mentira dessas?! – Riram mais uma vez, agora até Harry tentava entrar no clima. É, podia ser a gota d'água para qualquer um, mas o pior ainda estava por vir quando a desastrada garçonete acaba por derrubar todo o chá quase incandescente em cima de mim e de Mc.
Quase berrei. Afastei minha cadeira da mesa erguendo as mãos. Peguei minha varinha e limpei todo meu colo, mas podia sentir que ainda estava quente. Mc era um pouco mais lento do que eu, começou a discutir com a garçonete, chamando de incompetente para baixo.
Pedi calma, limpando seu colo com a varinha e pedindo desculpas a moça. Eu que deveria estar perdendo a cabeça, mas agi sensatamente. Pedi mais uma vez calma fazendo com que ele se sentasse.
- Foi só chá! Fica calmo. – Pedi num sussurro fazendo com que todos parassem de nos olhar. – Vamos embora, você não está-
- Estou ótimo, Hermione, não enche, Ok? – Me endireitei com a boca semi aberta.
- Cara, 'ce tá nervoso, não desconta nela que não tem absolutamente nada a ver com isso. – Harry se pronunciou me deixando surpresa assim como Gina que o olhou incrédula.
- Eu-eu vou indo. – Levantei saindo de lá rapidamente. Suspirei cruzando os braços contra o peito.
Carruagens, Hogwarts, banho, cama. Meu cronograma estava completo. Tomei dois banhos de coisas esquisitas em um dia só. Isso é pedir para morrer!
- Hermione! – Me chamava. Lógico que chamava, alguém de fora teve que chamar sua atenção para ver o que estava fazendo. – Mione, espera! – Não respondia, apenas seguia meu caminho. – Mione! – Era rápido, tinha me esquecido. Pegou em meu braço na frente de todos.
- Qual é a sua, Mc?! – Me soltei e voltei a andar. – Eu estava tentando te ajudar!
- Me desculpe, amor, me desculpe! – Andava do meu lado, gesticulando e ofegando. – Mione, eu-
- Olhe ao seu redor e veja que nem todo mundo é como você. – Nesse momento, tinha parado e apontado para seu peito. – Que você tem uma namorada que não consegue ser perfeita, tudo bem? – Estava visivelmente nervosa. – Se você quer uma perfeita, vamos, procure e tente achar! – Voltei a andar.
- Eu não quero nenhuma perfeita. – Pegou em meu braço, só que desta vez, com firmeza. – Eu quero você. – Tá, vamos amolecer. – Será que uma garçonete desastrada acabará com nosso namoro? – Riu me soltando lentamente vendo que não ia resistir.
- Não. – Estava emburrada, meus braços cruzados e meus olhos mirados em qualquer outro lugar que não fosse ele.
- Me desculpe por ter gritado com você? – Pegou em meu rosto. Demorei alguns segundos para concordar, mas quando concordei, grudei meus lábios nos seus.
Fomos para Hogwarts juntos, dividindo as mesmas carruagens, dividindo caricias, beijos, abraços, como se ele não tivesse se revelado outro pessoa a mim a cerca de uma hora. Ao colocarmos os dois pés no castelo, logo foi dizendo que tinha que ir descansar um pouco mais essa noite pois tinha treino amanhã. Mesmo sendo domingo, ele tem que treinar. Despediu-se de mim em frente ao Salão Principal.
Às vezes minha mente se enche de pensamentos inúteis como: o fato de Mc ser o namorado mais perfeito do mundo, sempre me agradando e fazendo meus gostos sem eu pedir, e também essa coisa de sempre ter que voltar mais cedo para seu dormitório, sempre ter treinos, sempre estar ocupado de mais e cansado de mais para alguns minutos a mais depois das oito da noite. Eu sei, paranóica totalmente, mas é um belo assunto para ficar me preocupando.
Ao entrar de fato no Salão, vi Parvati acenando quase no meio exato daquelas mesas. Acelerei meus passos e enfim, me sentei apoiando a cabeça nos braços e respirando fundo.
- Aconteceu alguma coisa? – Agora percebi que Parvati estava com sua irmã na mesa, e não com Deena.
- Onde tá Deena? – Olhei dos lados erguendo a cabeça.
- Oh, não sei o que deu nela. – Comecei a servir um prato com pouca comida, mais salada do que outra coisa.
- Por que?
- Disse que estava sem fome, talvez um pouco deprimida. – Joguei um olhar de raiva sobre Parvati que logo ergueu suas mãos em defesa. – Ela disse que queria ficar sozinha! Eu a respeitei!
- Parvati, Parvati! – Disse Padma pegando no braço da irmã que acompanhou seu olhar. Dylan passou por detrás de mim, na frente das irmãs.
- Olá, garotas. – Disse sorrindo. Ao esticar meu pescoço para, finalmente, vê-lo um pouco mais de perto, vi que tinha bom gosto. Era o típico americano perdido na Grã-bretanha, mas cada um faz o que pode.
- Olá, Dylan! – Responderam juntas, num sincronismo perfeito. Quando ele sentou-se ao longe dos nossos olhares, Parvati deu um tapa no braço da irmã.
- Nem tente, Padma! – Olhou para a irmã como se quisesse matá-la.
- Não estou fazendo nada, Parvati! – Alegou em sua defesa. Rolei os olhos discretamente mexendo a comida com a ponta do garfo. – Eu já estou indo. – Seu prato já estava limpo e se privou da sobremesa. – Boa noite, gente. – Respondi num sussurro olhando para meu prato. Quando padma saiu, Parvati se inclinou lentamente para mim e abriu a boca para gesticular perguntas que não gostaria de ter a resposta.
- Eu estou bem, não precisa se preocupar. – O único problema, era que eu tinha sido mais rápida do que ela. – Deena falou com Ron? – Concordou. – E aí? Ela te disse alguma coisa? – Negou.
- Ele deve ter falado alguma besteira pra ela! Aposta quanto?! – Meneei com a cabeça voltando a encarar meu prato.
- Hã- - Os olhos de Parvati cresceram quando alguém se sentou ao meu lado. – Mione... – Olhei para meu lado e lá estava Adam McCartney, sentado ao meu lado, com as costas e os braços apoiados na mesa e os pés atrapalhando a passagem.
- Eu ainda não sei seu nome. – Rolei os olhos. – Pelo que eu ouvi, é alguma coisa Herma, Emma-
- Hermione, gênio. – Soltei grosseiramente olhando para Parvati, não a ele.
- Hermione Granger, claro. – Sorriu maliciosamente.
- O que você quer aqui? – Voltei a encarar meu prato. Ele deu uma gargalhada e cruzou os braços.
- Minha companhia é repulsiva a ponto disso? De me tratar desse modo?
- Pode ter certeza que sim. – Sorri comprimindo os olhos e logo depois, os rolei meneando a cabeça.
- Draco! Espera, cara! – Gritou para o outro lado do salão. – Boa noite, Mi. – Voltou a sorrir daquele modo pretensioso. Levantou-se rapidamente, pisou no banco, em cima da mesa, passando por cima das cabeças do terceiro ano e encontrou-se com Draco que olhou discretamente para mim.
- Mi?! – Perguntou Parvati pasma.
- Que perfeito idiota! – Quase gritei, abaixei meu tom quando ouvi Filth gritando para que Adam parasse onde estava, mas não o ouviu, começou a correr junto com Draco, Crabble e Goyle. – Nunca troquei uma conversa digna com esse moleque, mas já o odeio! – Grunhi.
Oh sim, tinha que conversar o quanto antes com Deena. Tinha que ficar completamente por dentro daquele assunto. Lembre-se das palavras do Ron, Hermione: É melhor você nem chegar perto! Mas não quero chegar perto, só quero ficar bem informada e se, por alguma ventura a mais do destino, magoar a minha amiga, lhe encho de pancadas até pedir chega.
Subimos as escadas rapidamente atropelando quem descia. Ao entrarmos no quarto, vimos Deena deitada de costas para a porta. Já estava em seu pijama de bichinho e seu cabelo preso numa trança. Nem Romilda, nem Demelza, nem ninguém para atrapalhar nossa 'conversa'. Parvati já entrou chamando pelo seu nome, mandando que se levante dali e que tinha visitas. Deena moveu sua cabeça revelando seus velhos óculos sobre no nariz e voltou à posição que estava.
- O que você tem? – Sentamos uma de cada lado da cama; eu com a possibilidade de ver seu rosto, e Parvati do outro lado. – Deena? – Não queria conversar, podia ver.
- Deena, queremos ajudar.
- Podem ajudar não fazendo perguntas. – Troquei olhares com Parvati e me levantei enfiando as mãos na minha jaqueta.
- Não me faça ir perguntar a ele, Deena. - Ameacei com ela fazendo pouco causo. - Se eu perguntar a ele, é para espancá-lo até a morte. - A loira arregalou os olhos e suspirou.
- Eu estou bem, gente, não se preocupem. – Parvati gargalhou.
- Tá, conte a verdade agora. – Disse a morena cruzando os braços.
- Eu estou bem mesmo, meninas, só me deixem um pouco sozinha...
- Tá ótima! Está até na cara! – Ironizei ficando sério e sem paciência. – O Ron só pode ter dito alguma merda pra você ter ficado desse jeito! – Deena moveu-se lentamente. Sentou-se na cama, fitou o chão e suspirou profundo. Juntou as duas mãos em cima das coxas e resolveu começar a desenrolar essa história:
- Ele me convidou para sair.
Não sei o que realmente eu queria fazer. Tinha duas dúvidas: mataria Deena por estar fazendo todos esse drama, ou, por que não, dava os parabéns a Ron por ter usado os dois hemisférios da sua massa cefálica.
- Tá falando sério? – Perguntou séria até de mais. Eu me sentei na primeira cama que vi e passei as mãos no rosto, me apoiando nos joelhos.
- Ele me convidou para sair com ele na sexta, iremos dar uma volta no lago depois ele disse que tinha uma surpresa para mim. – Palavras fracas e quase inaudíveis. Pensei que Parvati surtaria, mas no fim de tudo, começou a rir. Eu e ela, as duas idiotas rindo de uma menina que parecia estar entrando em depressão por um acontecimento tão bom como esse.
- E por que você está tão triste, criatura?! – Perguntei enxugando as lágrimas do riso.
- Por que?! – Mirou em mim, depois voltou a fitar o chão. – Porque eu ainda não estou acreditando. – Peguei aquele travesseiro e taquei na cabeça da loira.
- Sua boba! Não assusta mais a gente assim! – Ri. Deena tacou de volta também rindo.
- Você devia sair dando pulos! Você está mesmo afim dele. – Comentou Parvati sentando ao seu lado, ficando as duas de frente para mim.
- É, pode ser. – Corou levemente.
Continuamos a rir.
Bocejei pela terceira vez. Como poderia levantar às oito horas num domingo?! Os corredores pareciam mais compridos e o chão mais duro. Estava me sentindo uma morta-viva vagante pela aquela escola gelada. Mais uma vez, um bocejo, dos grandes, indicando todo meu sono, cansaço e preguiça. Enfiei as mãos no bolso do meu casaco e encolhi os ombros. Adentrei o jardim e o atravessei dando uma boa olhada naquela paisagem coberta pelo branco e o preto. Não sentia meu obre nariz, era fato.
Ao chegar no Salão Principal, acabei esbarrando no ombro de alguém, nem vi quem seria. O perdão veio em francês. Virei-me rapidamente para ver seu rosto, mas não tive tempo. Sumiu feito um rato entrando em seu buraco na parede. Dei os ombros e voltei a pegar meu caminho para o meu lugar, junto a Parvati e Deena. A última estava realmente calada, como se fosse obrigada a estar naquele lugar, ou até mesmo ter se levantado da cama naquela manhã. Soltei um bom dia e pisquei algumas vezes para reconhecer aquela menina que estava sentada ao lado de Parvati, não tinha notado imediatamente sua presença ali.
- Ah, essa é Meg Rowan, Hermione. – Apresentou sorrindo. – Meg, essa é a-
- Hermione Granger, lógico. – Sorriu. Tinha uma voz um pouco grossa, os olhos comprimidos e os lábios formando um sorriso terno. – Prazer. – Não respondi, consenti com a cabeça.
Uma certa timidez tomou conta da mesa. Quase ninguém falava, apenas olhares um pouco significativos e alguns devaneios silenciosos. Era tenebroso. Aquela garota me olhava com uma certa pressão, parecia querer dizer alguma coisa mas nada saia. Respirava pela boca e soltava pelo nariz, estava visivelmente sob pressão do seu próprio interior.
- Ela entrou esse ano, Hermione, por isso que não a conhecíamos. – Comentou Parvati quebrando o gelo.
- É, eu ficava num dos quartos lá de baixo, quase não falava com ninguém. – Mexeu sua omelete com a ponta do garfo.
Uma imagem veio a minha cabeça. Pude, finalmente me lembrar quem seria essa garota.
- Ah, você é a garota dos óculos azuis? Que ficava sempre no jardim fazendo- - Pediu que eu parasse com um gesto de mão e um riso.
- Essa esquisita aí mesmo. – Meus olhos cresceram lentamente. – Eu mudei um pouco nesses últimos meses.
- Um pouco? Nem tinha te reconhecido. – Comentei descendo um copo inteiro de suco e abóbora pela garganta. Ainda tinha aquela timidez, não podia negar.
Eram quase dez horas quando apenas eu e Deena, fomos até a Sala Comunal da Grifinória. Hoje, o sétimo ano não irá a Hogsmeade, não sei os motivos, não pergunte para mim. A loira estava apreensiva, medo talvez de encontrar um certo ruivo perdido por aí e eu sobre, como sempre. Não sei como ela ainda insistia em seus óculos, lhe deixava com uma cara de rata de biblioteca. Finalmente, a convenci de colocar suas lentes.
Enquanto ela se virava na frente do espelho, soltando gemidos e lamentações, eu olhava suas roupas, muito bonitas por sinal. Ergui uma saia na altura dos olhos. Era praticamente minúscula. Minhas sobrancelhas subiram e dei uma pequena risada.
- Cadê a caretice? – Perguntei rindo, jogando a saia em cima da cama, para que olhasse.
- Hã- - Gaguejou terminando de colocar a segunda lente. – minha mãe disse que eu teria que ter algumas roupas que adolescentes usariam. – Ergui um vestido curto, muito bonito, num tom lilás e outro em tom vermelho. – Tá, nem todas as adolescentes usariam. – Coçou a cabeça.
- Mas são lindos, por que não começa a usá-los? – Blusas de linho, casacos de lã. Uma coisa mais bonita do que a outra, uma coisa que deixaria Deena mais bonita, elegante, na moda e provavelmente, a nova namorada de Ron.
- Não, não! – Disse erguendo as duas mãos. – Eu, definitivamente, não combino com essas roupas!
- Você combina com tudo! Você é bonita, tem um corpo bom... – Comecei a guardar aquilo que tinha tirado. – Se você adotasse permanentemente essas lentes e soltasse esse cabelo às vezes, já seria um bom começo.
- Não sei, Hermione... – Hesitou comprimindo os lábios e suspirando.
- Lógico que sabe, Deena. – Arrastei uma cadeira para frente do espelho e fiz com que ela sentasse ali. – Confia em mim? – Seus olhos se arregalaram.
- O que você vai fazer comigo?!
- Você ainda tem aquela shampoo que muda a cor do cabelo? – Fui até suas coisas.
- Na última gaveta. – Lá estava. – O que você está pretendendo...?
- Eu li numa revista de beleza bruxa que criaram um feitiço ótimo para dar um trato nessas pontas duplas, nesse corte reto e- - Soltei seu cabelo fazendo ela dar um gemido – essa cor sem vida.
- Olha lá, Hermione... – Soltou descrente que eu estava mesmo com vontade de mudá-la de verdade.
- Relaxa, Deena. Pior do que isso, não dá pra ficar. – Me olhou incrédula e depois riu.
Desci as escadas sozinha. Deena disse que queria ainda se habituar ao novo visual; para ser franca, desci apenas com um propósito: ver se Ron estaria presente naquela sala. Ao contrário do ruivo, acabei encontrando Gina, também sozinha, sentada perto da lareira com uma revista em mãos. Suas pernas por cima de um dos braços da poltrona e uma de suas mãos mexendo em uma de suas mechas. Seus olhos iam e vinham rapidamente, o artigo devia ser bem interessante.
Havia poucas pessoas ali. Onde estaria Harry? Ela não vive na barra do seu sobretudo?! Cruzei os braços contra o peito e comecei a pegar o caminho para a passagem da Mulher Gorda quando parei, congelei e me assustei. Queria tanto que aquele anel que esteja no dedo de Gina não seja um anel de compromisso, ou um anel de namoro como muitos chamam. Não sei, o ar entrou pelo canal errado e eu senti um grande vazio ali dentro.
Oh, Deus, e se for um anel de noivado?! Noivado! Não, pare de pensar nisso. Eles nem são maiores de idade! Mirei o chão, logo depois alguns pés de pessoas que passaram por mim e voltei a olhar a mão de Gina. Podia refletir uma pequena pedra bem no centro da grossa aliança de prata.
Por que você está assim?! Lembre-se que Harry Potter não é mais nada seu, nada, ele mesmo que disse e nada mudará isso. Acelerei o passo apertando os braços ainda mais contra o peito. Ligeiramente, uma lágrima caiu no canto do meu olho que foi enxugada pela ponta do meu dedo, voltando a pressionar meu peito. Ao pisar para fora do quadro, acabei indo ao chão, levando a garota que tinha sido minha 'parede' comigo. Minha vontade era explosiva.
- Você não olha por onde anda?!! – Extravasei, me levantando rapidamente.
- Pardon! Pardon! – Oh, não.
- Você?! – Aquela mesma menina que tinha feito com que meu dia em Hogsmeade começasse absurdamente mal. Aquela lá que tinha me dado um banho com aquele negócio fedorento. – Eu não acredito que estuda aqui! – Queria avançar em cima dela, rolando escadas abaixo.
- Hã- - Tirou seu capuz. Era aquela coisinha mesmo! – Eu nem sei como lhe pedir desculpas por ontem! Eu juro que não-
- Eu não quero saber, OK? Parece que não consegue fazer nada direito! – Passei quase levando seu ombro comigo. Suspirou longamente e ficou parada, mirando o chão num olhar perdido que me fez ficar também perdida. Encarei o teto, rolei os olhos e voltei os degraus que tinha descido. – Me desculpe, não queria ser tão grossa. – Continuava ficar de costas para mim. Levou uma das mãos no rosto e pareceu enxugar uma lágrima. Virou-se para mim e sorriu, mesmo que tenha sido um sorriso pela metade.
- Acho que você foi a pessoa que me tratou com mais respeito nessa escola. – Não tinha entendido e não queria entender. Apenas consenti com a cabeça e voltei a pegar meu caminho. – Espera! Eu precisava saber onde fica a sala de astronomia, será que você pode me informar? Amanhã é minha primeira aula e eu tô perdida. – Virei-me novamente inclinando a cabeça e deixando minha expressão surpresa, falar por mim.
- Como disse...? – Subi novamente os degraus.
- Oh, pardon! Nem me apresentei, sou Anne Sullivan, sou nova em Hogwarts.
Minhas dúvidas estavam praticamente solucionadas. Essa era a menina que Tony tinha falado; A primeira vista, ela era um monstro que estragou um dos meus melhores casacos. Mas agora, parecia uma menina estrangeira normal, com um rosto bem peculiar, mas uma menina como qualquer outra.
- Está em que casa? – Tinha que dar a última conferida.
- Grifinória, acho que é isso. – Concordei. – Olha, me desculpe mesmo por ontem, eu não tive culpa. Aquela coisa acionou sozinho e eu nem-
- Esquece, tá tudo bem. – Ainda não conseguia tirar aquela impressão de 'revoltada por nada'. – Meu nome é Hermione Granger, prazer. – Limpei a garganta começando a subir as escadas.
- Não acredito! - Levou as duas mãos a boca. – Hermione Jane Granger?! – Queria saber o porquê de tanta surpresa e alegria.
- Eu mesma, por quê? – Estava atônita. Passou as mãos nos cabelos desmanchando alguns cachinhos tão fofinhos. Sorriu e riu.
- Minha prima me contou muito sobre você e Harry Potter! – Ainda estava confusa.
- E quem seria sua prima?
- Fleur Delacour. – Respondeu automaticamente. Pisquei algumas vezes e sorri brevemente.
- Entendo. – Não queria questionar a menina sobre quais eram essas histórias que Fleur tinha soltado a meu respeito.
- O casamento foi lindo, você não acha? – Juntou as duas mãos sob o queixo. – O de Fleur e o Gui Weasley, achei a coisa mais linda...
- Não tive a oportunidade de ir. – Estava naquela fase de transição da profunda depressão para sérias compras no shopping.
O casamento seria quase duas semanas depois do começo das férias. Como eu poderia ir? Ainda não estava com cabeça para nada. Minha mente só se ocupava da falta que meus pais faziam aqui dentro. Recebi uma carta da Senhora Weasley perguntando o por que de eu não ir, eu acabei nem respondendo.
- Uma pena... – Lamentou.
- Hã, quando você disse que eu fui a pessoa que melhor te tratou, você quis dizer o quê? – Quebrei um silêncio de segundos. Anne me olhou tristemente e fitou o chão. Indiquei que virasse num dos andares para pegarmos o caminho para a Sala de Astronomia.
- Sou nascida trouxa. Na França, não tem esse preconceito todo que eu acabei encontrando aqui em Hogwarts, e olha que eu estou aqui a menos de três dias. – Mexia as pontas dos dedos como um passatempo. – Acabei me metendo com aquele grupo que se acham sangues puros, como chama?
- Os Sonserinos? – Concordou.
- Não sabia que aqui era tão dividido. – Suspirei.
- Se isso te alegra, eu também sou uma nascida trouxa, e isso não aconteceu só com você, eu também sofri muito quando entrei nessa escola. – Ergueu seu olhar para mim. – Daqui a pouco, todo mundo desencana.
- Ouvi coisas terríveis.
- Posso imaginar... – Chegamos em frente a torre de Astronomia. Frente a frente, encaramos as escadas vazias e depois nós mesmas. – Aqui, no final das escadas. – Anne olhou o resto do corredor. – Se você for pela ala oeste, irá chegar mais rápido. – Sorriu.
- Mercy.
- Hermione! Você está aí! – Parvati me chamava ao longe, correu até mim e parou quando olhou para Anne.
- Parvati, essa é Anne Sullivan, Anne, essa é Parvati Patil. – Fiz as devidas apresentações.
- Você é a aluna nova? – Consentiu. – Ah, prazer. – Sorriu amigavelmente assim como Anne. – Mione, o seu namorado tá surtando atrás de você! – Engoli seco.
- Onde ele está? – Perguntei afobada, voltando a andar. Anne também nos seguiu, não sabia porque.
- Quando ele quase me interrogou, estávamos perto do Salão, deve estar pela'quelas bandas! – Apontou para o lugar exato.
Consenti com a cabeça e acelerei meu passo, deixando as duas para trás. Pude ouvir que Parvati já tinha começado a puxar assunto com Anne. Que as duas se entendam porque eu tenho um namorado preocupado atrás de mim.
Meus passos variavam. Às vezes corria, às vezes andava. Passava pelas salas mais prováveis que poderia encontrar Mc, e acabei o encontrando atravessando o frio jardim, aborrecido que só vendo.
- Mc! – Gritei chamando seu nome. Parou no mesmo momento, retirando as mãos dos bolsos e pegando nas minhas que ia ao seu encontro. – Vamos sair desse frio. – Sorriu assim como eu. Passou uma das mãos em volta do meu ombro, me aquecendo e a outra enfiou dentro do seu bolso novamente.
Andamos até um local coberto e envolto pelo feitiço de aquecimento de McGonagall.
- Onde você estava essa manhã inteira? – Já soltou suas perguntas.
- Com a Deena. – Sem muitos detalhes.
- Sabia que eu te procurei?
- Pensei que você tinha treino. – Indaguei.
- Também pensei, mas essa geada não permitiu um treino com extrema qualidade. – Sorri falsamente e fitei o chão.
Eram quase três da tarde. Estava cansada de ficar naquela posição, minha bunda estava doendo, assim como minhas costas, mas Mc gastava sua saliva com seus amigos conversando sobre várias coisas e não queria incomodá-lo para tirá-lo dali. Pirraça cortou o céu da sala jogando cacos de vidro sobre a cabeça de muitos ali, Mc esticou sua varinha e fez um feitiço para proteger nossas cabeças. Coloquei uma das minhas mãos no seu pescoço e suspirei.
Quando dou por mim, vejo Deena no meio da sala, indo ao encontro de Parvati. Pude ver a expressão pasma de muitas pessoas ali. Sinceramente, tudo que Hermione Granger coloca a mão, fica ainda melhor.
A loira agora não estava mais tão loira assim. Tinha algumas mechas num loiro escuro e em castanho. Aquele corte reto tinha ido para o inferno. Uma 'franja falsa' dos tempos da minha mãe cobria sua testa e começo de sua sobrancelha. Um repicado que ia de todo o cabelo, mudando aquele comprimento chato.
Piscou para mim e sorriu. Fiz o mesmo dando uma risada, acabando por chamar a atenção de Mc.
- Aconteceu alguma coisa? – Neguei com a cabeça juntando seus lábios nos seus.
- Eu já volto. – Me separei dele finalmente esticando minhas costas. Passei pelas pessoas, quase atropelando umas quando finalmente chego a elas. – Não dou nem dois minutos pro ruivo vir aqui. – Cruzei os braços e o olhei discretamente. Comentava alguma coisa com Dino e apontava para nós.
- Mas ficou bom mesmo? – Perguntou passando a mão em algumas mechas em cima de seu ombro.
- Ficou maravilhoso! – Disse Parvati rindo. – Ele vai esquecer aquela exibida da Luna rapidinho. – Deena suspirou.
Não sei sinceramente se a loira estava mesmo satisfeita. Enquanto efetuava o feitiço para aparar as pontas de seu cabelo, me dizia algo como 'ele tem que me aceitar do jeito que eu sou!'. Não dei ouvidos. Ron era o tipo de cara que esperaria o que for preciso para deixar os outros totalmente ansiosos ou desequilibrados. Tomara que agora, ele abra aqueles olhos e veja o quanto aquela menina está caída aos seus pés.
Ok, mudando da vida dos outros para a minha, não queria voltar pra aquela conversa super interessante que Mc estava tendo, animadamente, com seus amigos; Também não queria voltar para meu dormitório, muito menos segurar um castiçal daqui a alguns minutos. Francamente, estou começando a achar que estou ficando mais fresca e mais difícil de se agradar a cada dia que passa.
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