O Valete de Copas
Capitulo 6:
O Valete de Copas
Havia um alvoroço na porta da frente do Salão Principal, e havia um monte de alunos, cochichando entre si e lançando olhares curiosos. Harry seguiu seus olhares; Professora Trewlaney estava no meio do circulo de alunos, estupefata, com suas malas aos seus pés. Em sua frente, estava Dolores Umbridge, com seu ar satisfeito.
Desde que Umbridge havia sido nomeada Alta Inquisidora de Hogwarts, ela havia deixado quase todos os alunos e professores doidos. Criou regras absurdas e rígidas, além de passar a monitorar todas as aulas de perto, anotando tudo em sua pranchetinha rosa.
-O que? – disse Trewlaney – Você está me despedindo?
-Sim, querida. – Umbridge deu uma de suas risadinhas afeminadas – Eu realmente sinto muito, mas você não é totalmente qualificada para lecionar em Hogwarts.
-Está contrariando meu Olho Interior, isso sim! – disse Sibila Trewlaney, raivosa. – Você está subestimando minhas capacidades!
Umbridge riu debochadamente.
-Suas capacidades? – disse Umbridge, sarcástica.
-Posso saber o que está acontecendo aqui? – disse Minerva McGonagall, abrindo espaço entre os alunos. – Sibila! O que aconteceu?
-Essa...essa...Umbridge - disse Sibila, soletrando o nome com ódio – Está me despedindo!
-O que? – disse Minerva. Umbridge riu novamente.
-Hem, hem. De acordo com o Ministro da Magia, Cornelius Fudge, me beneficiou com o cargo de Alta Inquisidora. O cargo me dá o direito de corta professores que andam lecionando da maneira inadequada a matéria. - disse Umbridge, satisfatoriamente.
Minerva ergueu uma sobrancelha. Trewlaney lançou um olhar de profundo ódio a Umbridge, e estava preste a dizer algo quando Albus Dumbledore apareceu, analisando a cena.
-Posso saber o que estaria acontecendo? – perguntou a Umbridge, calmamente.
-Pelo cargo posto a mim, eu estou demitindo Sibila Trewlaney por seus métodos inadequados e péssimos para ensino. Trewlaney, você está oficialmente expulsa dessa instituição de ensino.
Harry viu Parvati e Lavender ao seu lado mandarem gestos obscenos a Umbridge. As duas amavam a professora de adivinhação, e havia puro ódio na cara delas.
-Com todo o respeito, Dolores – disse Dumbledore, ainda calmo – Você não tem o direito nenhum de expulsar os professores deste castelo.
Umbridge riu novamente.
-Eu acho que você não me ouviu, Albus, mas eu tenho o poder de despedir funcionários de Hogwarts.
-Você tem o poder de demiti-los, mas não bani-los. Minerva, leve Trewlaney de novo para sua sala, por favor. – Dumbledore sorriu. – E Dolores, queria lhe informar que já arrumei um professor para o cargo.
Minerva e Trewlaney recolheram as malas e se dirigiram à sala dos professores. Trewlaney estava murmurando palavras como “abusada” “metida” e entre outros adjetivos piores.
-Acredito que Firenze se tornará um excelente professor. – continuou Dumbledore, sorridente. O queixo de Umbridge caiu. Dumbledore se dirigiu aos alunos. – Vocês não têm nenhum dever para fazer?
~~*~~~
-A gente precisa fazer algo a respeito em quanto aquela... – disse Hermione, tentando achar um adjetivo ruim o suficiente para Umbridge – aquela...
-Vaca rosa? – sugeriu Lilly.
-...aquela vaca rosa! – completou Hermione. – A gente não irá mais agüentar até o final do ano com ela como Alta Inquisidora! Não estamos aprendendo nada!
-Se ao menos Lupin estivesse dando aula... – disse Ron, se sentando na poltrona em frente à lareira.
Harry, Hermione, Ron e Lilly estavam no Salão Comunal, e estavam olhando para o quadro de avisos, que estava coberto de folhas em cor-de-rosa com os decretos que Umbridge havia imposto.
-Como? Nem mesmo Dumbledore consegue dar um basta nela! – disse Harry, desolado.
Hermione ficou pensativa por uns instantes, observando os decretos no mural de aviso. Olhou para os horários de treinos de quadribol e os cartazes dos gêmeos Weasley. Uma idéia apareceu em sua mente.
-Não é Dumbledore que precisa dar um basta... Nem mesmo nós... – disse ela, trabalhando na idéia que havia aparecido em sua mente.
Ron, Harry e Lilly olharam para ela, curiosos. Hermione se levantou da cadeira e continuou:
-Ela não nós ensina nada, não é mesmo?
-Não. – respondeu Lilly, curiosa.
-Então precisamos de um professor que ensine! – disse Hermione, com um
sorriso triunfante.
-Mas quem? – perguntou Ron. – Você?
-Não. – Hermione olhou para Harry.
Harry não percebeu o olhar de Hermione. Ele estranhou o fato de alguns
instantes depois, Ron e Lilly também olharam para ele.
-O que houve? – perguntou ele, estranhando a atitude deles.
-Você! – disse Lilly. – Você pode nos ensinar! Você era o melhor aluno na aula de Lupin...
-Professor? Eu? – disse Harry, olhando para os três em sua frente. – Eu não sou bom, porque Hermione não dá aula?
-Eu já disse que não, - começou Hermione, se aproximando de Harry. – e você é melhor do que eu em Defesa Contra as Artes das Trevas. Você já passou e vivenciou situações que a necessitamos, e poderá nos ensinar perfeitamente, Harry.
-Está bem. Vamos supor que eu aceite – hipoteticamente -, aonde nos praticaríamos?
Ron e Lilly olharam para Hermione. Ela mordeu o lábio inferior, sem respostas.
-Isso não seria importante agora. Mas não seria apenas a gente, não é? Há outras pessoas que odeiam Umbrigde e gostariam de ter uma aula de
Defesa decente! Poderíamos chamar Kate, Neville, Dean, os gêmeos, Seamus, Gina...
-Espera, você não está pensando em convidar mais gente, não é mesmo? Para mim, era só nos e Kate! – disse Harry, se levantando da poltrona. – Mais que a metade desta escola acha que eu sou louco, e você acha que iriam me escutar? Seamus nem fala mais comigo porque a mãe dele acha que eu sou má influência!
-Eu esqueci sobre Seamus... – disse Hermione. – mas como eu estava dizendo, há pessoas nessa escola que ainda acreditam em você e odeiam Umbridge!
-Luna. – sussurrou Ron, e ninguém o ouviu.
Todos ficaram quietos, olhando para Harry. Hermione encarou Harry, sem
piscar nem uma vez, até o ponto dele ceder.
-Você está começando a me assustar. – disse Harry, e depois de uma longa pausa, suspirou e continuou. – Está bem. Eu dou a aula.
Hermione sorriu triunfamente, com seus olhos marejados de ficar tanto tempo sem piscar.
~~*~~
-Você anda quieta esses últimos dias, Kate. – disse Draco, embaralhando as cartas.
Kate olhou o Salão Comunal da Sonserina ao seu redor. Ela parou seu olhar numa parede que ficava bem escurecida, aonde havia fotos de quase todos que já passaram por ali. Ela nunca observará as fotos com muita paciência porque não gostaria de quem veria ali.
Draco passou sete cartas para Kate e separou sete cartas para si. Deixou o restante ao seu lado e voltou a olhar para a Kate, que parecia completamente absorta.
-Kate? – chamou Draco. – Por favor, não diga que está sonhando acordada com o cabeça rachada...
-Harry. – disse Kate firmemente – Não o chame assim.
Draco apenas rolou os olhos e deu de ombros.
-Porque tanta inimizade? – perguntou Kate, finalmente percebendo que as cartas já estavam dadas. – Tudo bem, não quero que vocês virem melhores amigos, mas ele é o meu namorado e você é o meu melhor amigo. É muito chato ficar ouvindo vocês dois xingando um ao outro!
Draco rolou os olhos novamente.
-Eu não quero virar amigo do Potter. – disse Draco, pegando uma carta no bolo - Nem que o inferno congele.
-E eu vou ter que agüentar você falando mal de uma pessoa que eu amo?
-Bom, se você ver... Espera aí. Alguém que eu amo? – repetiu Draco, com uma cara de nojo. – Você... Ama o Potter?
Kate jogou uma carta fora e ruborizou. Apenas ignorou a pergunta de Draco.
-Sua vez. – murmurou.
-Você não respondeu minha pergunta. – disse Draco. – Você o ama?
-Não é da sua conta. – respondeu Kate. – Mas sim.
Draco fez uma cara de profundo desprezo e Kate mostrou-lhe a língua.
-Mas eu gostaria que não o amasse, se isso for melhor para você. – disse Kate, observando suas cartas e sem olhar para Draco. – Isso só... Dificulta as coisas. Piora.
-Você quer dizer sobre você ser uma...? – começou Draco, mas não completou
a frase. Kate apenas balançou a cabeça e descartou uma carta. – Merlin, você
deve ser bem forte para não simplesmente entregá-lo – não que eu desejasse que você não o fizesse.
Kate riu e os dois jogaram um tempo em silêncio. Um longo momento após, Kate estava com poucas cartas em sua mão, e pegou uma outra carta no bolo. Era um valete de copas, que pelo jeito que ela havia pegado, havia feito um
corte em seu dedo.
-Droga. – disse Kate, e mostrou seu dedo para Draco. – Corte de papel.
Kate olhou para o seu dedo, e viu que estava demorando demais para parar de sangrar. Ela largou as cartas de sua mão, e apenas o valete de copas havia caído no seu colo. Seu sangue havia manchado a carta, cobrindo a letra J no canto da carta e parte do rosto do desenho.
O sangue não parava de correr.
-Kate, você está bem? – perguntou Draco, vendo a quantidade de sangue que estava escorrendo em sua mão. – Eu acho melhor irmos para a Enfermaria, isso parece ser sério.
-Não é nada, eu já tive machucados piores... Deve passar daqui a pouco.
-Kate, nenhum corte de papel faria isso. Veja! Já está manchando quase toda a sua blusa!
Kate segurou a carta do valete em sua mão com o corte. Algo estava - sinistramente – errado.
Kate tentou se levantar, mas tudo parecia estar girando. Ela se recostou no sofá e tentou se concentrar em não ficar tonta. Ela se sentiu fraca repentinamente, e ela parecia ter sido jogada numa piscina cheia de gelo e agulhas.
-Chame... Alguém. – murmurou Kate, tentando falar sem ofegar.
Sua visão estava torta e escura, mas ela pode ver Draco se levantando e ela ouviu seus passos apressados sobre o chão.
Tudo ao seu redor estava ficando negro; não havia nenhuma luz. Pouco a pouco, a única coisa que enxergava era ela mesma a carta de valetes que segurava. Ela piscou os olhos várias vezes, tentando poder ver o Salão Comunal da Sonserina ao seu redor, entretanto, não havia nada além dela, da carta e da escuridão interminável.
A tontura havia passado, e também como sua fraqueza. Ela se levantou e olhou ao redor, para procurar alguma luz; alguma coisa que não fosse vasta escuridão. O pânico subiu em sua cabeça.
Sem ter o que fazer e entrando em desespero, ela começou a correr em qualquer direção, para achar qualquer porta. Na corrida, ela deixou cair a maldita carta no chão, mas não retornou para pegá-la. Corria o máximo que podia, e estava ficando mais difícil respirar.
Kate acabou caindo ajoelhada no chão, tentando tomar fôlego. Parecia que não havia saída dali. Ela deitou, exausta, e percebeu que poderia estar correndo em círculos. A carta do valete estava ao seu lado, aonde ela havia deixado cair.
Ela pegou a carta suja de sangue e começou a cortá-la ao meio, esperando que a escuridão desaparecesse; mas nada adiantou. Ao jogar a carta no chão, ela se juntou, ainda suja de sangue.
Kate deu um berro. Ninguém a ouviria, mas ela estava em pânico. Correr do desconhecido não dava certo.
-Você não pode se esconder de mim. – disse uma voz masculina a metros de distância.
Kate se arrepiou. Saber que ela tinha companhia, seja lá aonde fosse, não parecia uma boa idéia. Ela tentou ficar quieta, esperando que seja quem fosse desaparecesse. Ela podia ouvir seu próprio coração batendo naquele silêncio mortal.
A voz não se manifestou novamente. Com a maior calma e silêncio que pode, Kate se levantou, evitando fazer ruído. Pegou a varinha em seu bolso, e se tornou atenta a qualquer sinal de passos. Como se fosse algum estranho instinto, ela pegou a carta do chão e a segurou.
Ainda ouvindo seu coração batendo contra seu peito e com a respiração ofegante, ela deu alguns passos em direção aonde tinha ouvido a voz. Nada. Estava tudo silencioso agora, os únicos ruídos vindo dela mesmo.
-Foi apenas imaginação. – disse em voz alta para si mesmo.
E ela acreditou. Até começar a ouvir a melodia de um piano.
Pânico a acertou de novo. Quando começou a ouvir a melodia melancólica, ela quase deu um pulo. O barulho estava vindo atrás dela.
Quase que nem se movendo de tão devagar, ela virou para trás. Ao longe, estava um piano clássico, e um homem estava tocando. Ele não pareceu perceber a prescença de Kate.
De repente atraída para ver quem era, Kate se aproximou, mesmo sabendo que era perigoso. Algo dizia para ela que estava tudo bem, que nada aconteceria com ela. Outra parte dela dizia que era perigoso. Por incrível que pareça, a primeira parte predominava em sua mente.
Ela se aproximou ainda de varinha erguida. Ela já pode ver quem era.
Um jovem rapaz de pele completamente pálida, bonito e de cabelos negros estava atrás do piano. Kate percebeu que ele usava luvas, e ela indagou o porquê.
A melodia subitamente parara de tocar e o homem olhou para Kate; e ela viu que os olhos deles eram da mesma cor que o seu – violeta. Ele sorriu, sua face se iluminando quando viu Kate.
-Eu estava esperando por você, Kate. – disse. Kate reconheceu a voz. Era a mesma que a havia assustado no começo. Porém, sua voz agora estava doce, e Kate não sentiu em nenhum sentido algum assustado por ele. – Por um longo tempo.
-Como sabe meu nome? – perguntou Kate, tentando não parecer rude.
-Ah... Eu sei muitas coisas. – disse ele, num ar risonho. – Você provavelmente não deve saber o meu. Jacob.
Kate sorriu. Ele era tão simpático.
-Bom, prazer, Jacob. – disse Kate, olhando ao redor. – Aonde estamos?
-Num lugar que me lembra muito minha casa. – ele disse, retornando sua atenção ao piano. Kate arregalou os olhos. Ela viu, que em cima do piano, estava a sua carta de valete de copas, manchada de sangue.
-Foi você que me trouxe aqui? – perguntou Kate, ficando alarmada. Seus sentidos voltaram a raciocinar direto: perigo.
-Não, não. – disse Jacob. – Você quis vir aqui. Você quis me ver.
Kate estava confusa. Ela ouviu a musica do piano, e ela percebeu que ele era ótimo como pianista. A musica a relaxou completamente, e ela percebeu que seu coração não estava mais tentando sair de sua boca.
-Eu sempre quis aprender a tocar piano. – disse Kate, apreciando a musica. – Mas nunca tive tempo.
-Eu posso te ensinar, Kate. – disse Jacob, seu rosto abrindo-se num sorriso. – É só você vir me visitar.
-Te visitar? – indagou Kate. – Aqui? É um pouco assustador.
-Não tenha medo. Não deixarei ninguém lhe machucar. – disse Jacob, se levantando e ficando em pé em frente a Kate.
Jacob havia parado de tocar piano, mas o som continuava a ecoar na escuridão. Com a música ainda em sua cabeça embaralhando as informações e sem raciocinar direito, ela se aproximou do completo estranho e abraçou Jacob.
-Obrigada. – disse Kate, sentindo-se sonolenta com a melodia,
-Não há de que, Kathleen. – disse Jacob. Kate se espantou quando percebeu que ele conhecia seu verdadeiro nome. – Como eu disse, eu sei de várias coisas.
Kate riu. Bocejou, morrendo de sono. A musica parecia lhe ter derrubado, e ela estava quase fechando os olhos e dormindo em pé. Ela esfregou os olhos com as costas da mão e olhou para Jacob. Ele continuava sorrindo.
-Bons sonhos, Katie. – disse Jacob, lhe chamando por um apelido de infância.
Kate não soube o que aconteceu, mas de repente ela estava deitada em uma cama confortável. A cama estava tão macia e aconchegante que ela acabou dormindo assim que encostou o rosto no travesseiro, sua ultima visão sendo Jacob tocando piano.
~~*~~~
-Srta. Jackson? Você está me ouvindo? – perguntou uma voz arrastada e grave.
-Eu não sei o que houve, professor... Estávamos jogando quando ela de repente desmaiou! – disse uma voz familiar. – Se cortou com a carta e não parava de sangrar...
Kate abriu os olhos. A musica havia sumido, e em seu lugar, estava um burburinho de inúmeras vozes. A cama confortável havia sido trocada pelo chão duro e frio do Salão Comunal da Sonserina.
Snape e Draco estavam ajoelhados ao seu lado, e Madame Pomfrey estava fazendo um curativo em seu dedo com o corte. Parecia que todos os alunos da Sonserina estavam reunidos ao redor dela.
-Saiam de perto, deixem-na respirar! – exclamou Madame Pomfrey, e logo todos se afastaram. – Você está se sentindo tonta, querida? É melhor que continue um pouco deitada.
Kate, na verdade, estava se sentindo bem. A tontura havia passado, assim também como sangramento. Sua energia estava renovada e não estava mais fraca. Ela percebeu que segurava firmemente a carta do valete de copas em sua mão boa.
-Eu estou me sentindo ótima. – disse Kate, sorrindo e se sentando.
-Entretanto, eu lhe recomendo descanso. Não há necessidade de você ir a aula amanhã. – disse Madame Pomfrey, dando-lhe uma caneca de chocolate quente.
A bebida estava boa, e Kate bebeu-a quase toda em um gole. A cada gole, ela cantarolava a melodia que Jacob estava tocando.
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Não sei porque, mas eu simplesmente AMEI este capítulo. Me orgulho muito dele :3
Obs - Quando virá o próximo capitulo? Só Merlin sabe.
hehehe.
Beijos,
K.
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