PARTE 2 - Sentirei sua falta
A semana em que Otto ficaria com seu pai passou rapidamente, e logo já estavam no dia anterior à viagem.
- Pai, preciso das minhas roupas lavadas e passada! – Otto falou
- Então aprenda um feitiço e faça você mesmo! – o pai riu do filho – agora você já tem autonomia para fazer o que quiser.
- Ah é – Otto então pegou a varinha e enfeitiçou suas roupas, para se lavarem , enfeitiçou o ferro para passá-las e o sabão para não acabar tão cedo – pronto.
Os dois então se sentaram na velha sala de estar, que agora estava bastante bonita, com sofás estilizados, uma lareira nova, vários quadros novos e uma mesinha de centro de granito. Eles conversaram, Otto falando ao pai para lhe arranjar uma coruja, para que pudessem conversar.
- Sim, arranjaremos tudo, sim – o pai parecia transtornado.
- Pai, está tudo bem? – Otto estava preocupado com o pai. Ele foi ao ministério no dia anterior, e quando voltou, parecia bastante preocupado. Otto perguntou o que era, mas ele disse que tinha alguns clientes que estavam com vários problemas. Otto sabia que não era nada disso, mas resolveu esquecer o assunto.
- Sim, filho – ele falou. Então pegou um pergaminho e uma pena e se levantou – hã...tenho que...hã...ir lá em cima – e saiu da sala. Otto ficou bastante confuso, mas então percebeu que suas roupas estavam prontas. Enfeitiçou-as para se dobrarem e fez uma pizza para ele e o pai comerem.
- Pai, a pizza ta na mesa! – ele gritou
- Sim, já estou indo – ele demorou mais alguns minutos, então desceu as escadas. Eles comeram na cozinha, em silêncio, então Otto ficou curioso da repentina parada do pai na bebida.
- Pai, você realmente parou de beber? – ele perguntou.
- Sim, Otto – ele respondeu, enfiando um pedaço enorme de pizza na boca – há 1 mês.
- Por que foi tão de repente?
O pai parou de comer e olhou para o filho. Ele tinha olhos acinzentados e os cabelos eram negros, iguais ao de Otto. Tinha um rosto rechonchudo, e a testa era cheia de rugas. Os sinais de calvice já estavam se sobressaindo, e seus cabelos já possuíam alguns fios brancos.
- Bom, porque há alguns dias percebi que eu bebia para esquecer sua mãe – ele falou, olhando para baixo – mas então entendi que não poderei esquecê-la nunca, e assim era melhor. Além disso – ele sorriu fraco – ela não gostaria de me ver bebendo tanto...
Otto sorriu para o pai: finalmente ele entendeu o que o garoto tentava dizer há 11 anos. Então ele correu e abraçou o pai, quando uma coruja cinza apareceu na janela, segurando uma carta no bico e um anel de plástico amarrado ao pé.
- Uma carta – o pai de Otto foi até a janela e pegou a carta, dando um pouco de água para a coruja, que lhe deu uma bicadinha carinhosa de agradecimento – é pra você, filho.
Ele correu até o pai e pegou a carta e o anel, e então correu para o seu quarto. Quando ele entrou, pensou que estivesse no quarto errado, mas então se lembrou da redecoração do pai, e ficou ainda mais feliz. O quarto, que antes vivia bagunçado, com um cheiro horrível de queimado, agora era cheiroso e bastante arrumado. Tinha paredes verdes, um beliche que tinha, ao invés de uma cama embaixo, uma escrivaninha que estava repleta de livros de poesia e magia. O malão de Hogwarts estava sendo usado como estante, e os antigos bichinhos de pelúcia dele estavam enfileirados em estantes de mármore na parede. O garoto correu e subiu as escadinhas de beliche, para ler a carta deitado. Quando abriu, sentiu um aroma de maçã verde vindo da carta, então deixou o anel ao lado e ficou cheirando a carta. Quando parou, começou a ler:
Caro Otto,
Como você está? Não faz nem uma semana que nos separamos e já estou morrendo de saudades. Você vai mesmo poder vir? Como está seu pai?
O anel que foi junto a carta é uma chave de portal, e vai se abrir amanhã, as 10h. Me responda o mais rápido possível pela nossa coruja, Athena, ela esperará pela resposta. Você vai adorar conhecer meus amigos daqui do condomínio. Eu te amo.
Beijos,
Jasmine.
Otto olhou para a janela e viu a coruja bicando o vidro para entrar. Ele abriu a janela e Athena pousou na escrivaninha. Otto pegou uma pena, um tinteiro e um pergaminho novo e escreveu:
Cara Jasmine,
Estou bem, e você meu anjo? Eu não consigo dormir pensando em você. Vou poder ir sim, e meu pai está bem melhor, obrigado! E os seus pais, como vão?
Recebi o anel e estou ansioso para ir te visitar. Ficarei na sua casa até o fim das férias, né? Aposto que eles serão legais. Eu também te amo. Muito.
Beijos,
Otto
O garoto enrolou o pergaminho e amarrou na perna estendida da coruja. Ela então levantou vôo, e Otto ficou observando-a se afastar até virar um pontinho no horizonte. Então alguém bateu em sua porta.
- Posso entrar? – perguntou o pai
- Claro – Otto respondeu, pegando sua guitarra. Tinha que levar ela e seu violão para tocar um pouco quando estivesse sozinho. Adorava criar músicas e ficar cantando baixinho quando estava triste. Afinou a guitarra rapidamente, sobre o olhar curioso do pai.
- Como você pode tocar tão bem sem ter aulas de qualquer um dos instrumentos? – perguntou o pai, se sentando na cama ao lado do filho – deve ser um dom.
- Quem sabe – o filho falou, dedilhando algumas músicas que conhecia – pai, eu sentirei sua falta.
O pai abraçou o filho forte.
- Também sentirei sua falta – falou ele, os olhos levemente marejados – me desculpe por ter sido tão ausente e idiota com você por todos esses anos.
- Não se desculpe, pai – falou Otto, abraçado ao pai – a perda de alguém nunca deve ser superada, apenas devemos nos acostumar a isso.
- Sim... – falou o pai, passando a mão pelos cabelos grisalhos – eu a amava muito Otto.
- Todos amávamos – falou o garoto – e ela nos amava muito também – o pai deu um beijo na testa do filho e se levantou.
- Vamos levantar o astral, amanha você vai ver sua namorada! – ele falou, esfregando os olhos – toque alguma música legal!
- Conhece My Name is Jonas, certo? – perguntou Otto
- Claro! – falou o pai – gosto de Weezer.
Otto então tocou a musica e cantou junto com o pai. Passaram a noite cantando e dançando, até que o telefone tocou e o pai foi atender. Ele disse que tinha que ir novamente no Ministério, e que Otto ficasse com o celular e a varinha por perto, além de trancar todas as portas e janelas da casa com magia.
- Por que toda essa segurança? – perguntou Otto, confuso.
- Segurança nunca é demais! – falou o pai, trancando as portas – não sei se voltarei amanha a tempo de me despedir, filho – ele abraçou Otto – espero que se divirta bastante lá. Se cuide! – falou o pai, saindo pela porta da frente.
Otto, como estava sozinho, resolveu terminar de arrumar as malas, botou o celular trouxa para acordá-lo as 8h30min, tomou banho e foi dormir. Teria um dia cheio, e energia ele não poderia desperdiçar.
No dia seguinte, Otto se levantou rapidamente e tomou um banho. Nenhuma ligação do pai. Guardou sua varinha no bolso da calça, vestiu algumas roupas trouxas, pegou o pequeno anel de plástico e olhou para o relógio: 9h50. Saiu então da casa com suas malas, terminou de trancar tudo e esperou que faltassem 2 minutos. Então, as 9h59 ele já estava com o anel no dedo mindinho e segurava firmemente o malão com a outra mão. Então sentiu que tudo começava a rodar, e apertou a alça do malão ainda mais forte. Estava já bastante enjoado quando pousou na grama.
Ele verificou se tudo estava no lugar, e verificou se seu malão estava ali. Quando ia olhar em volta, sentiu duas mãos femininas lhe abraçarem o corpo. Ele então soube que era Jasmine, e a abraçou de volta.
- Jasmine! – falou ele
- Otto! – ela soltou ele – como você está? Teve algum problema no caminho?
- Estou bem, e foi tudo normal – ele deu um selinho na garota e olhou em volta. Só via grama – que lugar é esse?
- Esse aqui é o campo próximo ao condomínio onde moro. Como ele é habitado somente por famílias bruxos, é todo enfeitiçado para não termos nenhuma visita surpresa.
- E quem vocês esperam que “visite” vocês? – perguntou Otto
- Depois te explico, vamos logo – ela pegou duas vassouras e os dois voaram até uma grandiosa entrada, toda de ouro, com um símbolo de duas varinhas cruzadas – esse aí é o símbolo de Beauxbatons. Todos aqui estudam em Beauxbatons, menos eu – ela sorriu.
Um porteiro velho guardava a entrada, e quando Jasmine lhe disse a “senha”, ele a permitiu entrar. Otto percebeu que só haviam casas chiques naquele condomínio. Todas com mais de 2 andares, muito bem pintadas e todas mágicas. Elas possuíam vassouras nos quintais, ou animais de estimação mágicos, como Hipogrifos ou até mesmo Dragões-Nanicos como guardas.
Otto começou a contar quantas casas haviam naquele condomínio, e percebeu que haviam em torno de 100 casas. Era como uma vila, até tinha uma padaria local, que funcionava todos os dias, e uma farmácia de poções.
Eles continuaram caminhando e viraram em várias ruas, entraram em algumas ruelas e chegaram a maior casa que Otto havia visto em toda sua vida: Ela possuía 5 andares: um subsolo, que parecia ser a garagem de três carros trouxas (uma Mercedes, uma BMW e um Maybach), e mais quatro andares, sendo o último uma cobertura. A casa era toda pintada em creme e branco, o jardim era muito bem cuidado e havia um Dragão-Nanico deitado na porta, parecia estar esperando alguém.
- Narciso! – Jasmine falou, correndo em direção ao dragão. Esse, por sua vez, se levantou – era alguns centímetros menor que Jasmine – e recebeu a dona com um rugido – Pare de berrar, seu dragão bobo!
Ela ficou brincando com o dragão, como se fosse um cachorrinho e lembrou-se de Otto.
- Desculpe! – ela voltou para o garoto – esse é o Narciso, meu dragão de estimação – ela chamou o gigante dragão para perto.
Otto não ficou com medo do animal, que parecia estar enciumado, mas não machucou Otto. O garoto fez um afago no dragão, e Jasmine o guiou para dentro da casa, seguida de Narciso.
- Não ligue, ele me segue por toda parte. Eu o tenho desde os 2 anos – ela deu um tapinha nas costas do dragão, que retribuiu com um rugido baixo – eu acho os dragões incompreendidos, podem ser animais de estimação tão legais!
Os pais de Jasmine chegariam só de noite, então tinham a casa só para eles. Otto deixou a mala no quarto de hóspedes, no 3º andar, e Jasmine foi lhe mostrar a casa. No último andar, havia um porão que foi transformado num salão de dança e a garagem.
- De quem são esses racos? – perguntou Otto.
- É carro, e esse é da minha irmã mais velha que viajou para o Japão – ela apontou para a Mercedes - o outro é do meu pai – e apontou para a Maybach – e esse outro é da minha mãe – ela apontou para a BMW.
- Que massa – ele falou – você já sabe dirigir?
- Sim – ela falou – mas meus pais só me darão um carro quando me formar em Hogwarts.
Eles foram até o térreo, onde estavam a cozinha, a sala de estar, o lavabo, o jardim dos fundos (que eles ainda não iriam ver), um Home Theater, a dependência e a área de serviço. No segundo andar, estavam o quarto da irmã mais velha, Noelle, que tinha na porta um pequeno quadro escrito: Quarto da Nô, não entre em francês, também estava o Salão de jogos, uma sala de ginástica e um quarto com duas cadeiras, que tinha uma janela grande, que servia principalmente para se ver o Pôr-do-sol, e do outro lado do andar, havia um quarto igual a esse, do qual se conseguia ver o Nascer do sol. Já no terceiro andar ficavam os sete quartos de hóspedes, o quarto da irmã do meio, Nycole, que também tinha um quadro com os dizeres: [i]Quarto da Ny, não entre, e o quarto de Jasmine, que também possuía uma plaquinha, mas com dizeres diferentes: Quarto da Jazzie, entre e aproveite!, além do quarto dos pais de Jasmine.
No quarto andar havia uma cobertura simplesmente magnífica: tinha um jardim cheio de jasmins e uma pequena árvore, cheia de frutas azuis-turquesa. Além de uma churrasqueira, uma mesa com 10 lugares, uma ducha, um banheiro e uma tevê de plasma 50 polegadas.
- O que são essas frutas? – perguntou Otto, indo até a árvore
- São uma espécie de mistura entre ameixa e maçã. Prove – ela arrancou uma fruta e entregou-a a Otto – pode comer, elas não lhe farão mal.
A fruta era maravilhosa, tinha um gosto doce que demorava a acabar, com um leve azedo no fim, e ainda deixava os lábios azuis. Jasmine riu quando o garoto mordeu a fruta e mostrou seus lábios azuis, e então beijou-o.
- Isso é melhor do que a fruta – Otto falou, beijando ainda mais Jasmine e levantando-a do chão – realmente muito melhor.
Otto ficou fascinado com a casa, era rico, mas não chegava aos pés de Jasmine. Ela devia ser bilionária, já que sua mãe era uma atriz francesa bastante famosa e seu pai era um dos Conselheiros do Ministério francês.
- Agora falta o jardim dos fundos. Você vai amar – falou Jasmine, levando Otto até o jardim do térreo. Era um lugar enorme, aberto, haviam dois unicórnios e um bicórnio pastando tranquilamente ali perto, uma piscina coberta, cinco vassouras penduradas numa espécie de cabide de vassouras, uma mesa de vidro com 10 cadeiras em volta e havia um acesso a uma floresta ao lado.
- Caramba, você é rica mesmo, Jazzie! – falou Otto
- Só não baba! – falou Jasmine, rindo da cara do amigo – agora vamos para o meu quarto...hum...conversar.
Os dois caíram na gargalhada e foram para o quarto de Jasmine, seguidos de Narciso. Quando chegaram ao quarto da garota, Otto, se fosse possível, ficou ainda mais fascinado. Era uma suíte gigante, as paredes azuis-bebê, uma cama de casal King Size, uma escrivaninha de madeira, uma estante repleta de livros, um pufe azul bem grande e o maior armário que ele já vira na vida, além de uma varanda também grande, com um cesto bem grande e dois potes de comida escrito Narciso.
- Seu quarto é enorme! – falou Otto, indo até o armário e abrindo-o. Era um daqueles armários que rodam com todas as roupas que você tem – gostei do seu armário!
- Obrigada! – Jasmine falou. Então ela se sentou na cama e falou – sabe, tem alguém q ta precisando de atenção.
- Hum...quem? – Otto se virou e já se aproximava de Jasmine.
- Acho que é uma garota.
- Sério? – ele chegava mais perto
- Sério. E acho que o nome dela começa com J – Jasmine falou, olhando para o teto branco
- J? – Otto chegou bem perto da garota, e beijou seu pescoço – seria ela uma Juliana?
- Não – falou Jasmine num fiapo de voz – a segunda letra é A...
- Janett? – ele beijou o canto dos lábios da garota.
- Não. Tente mais uma vez – ela falou, passando a mão pela nuca de Otto.
- É você? – perguntou ele, rindo.
- Claro! Você ganhou o prêmio.
- Que seria...?
A garota beijou-o bastante naquela tarde, e eles ficaram namorando até a hora do jantar. Comeram um caviar delicioso e esperaram pelos pais de Jasmine. Quando eles chegaram, todos se sentaram na sala de estar e passaram o resto da noite conversando. Quando os pais de Jasmine subiram, Jasmine levou Otto até o terceiro andar, para lhe explicar sobre como seriam suas férias.
- Bom, Otto, agora eu vo te explica o esquema de férias...
- Esquema de férias? – perguntou ele
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