Os passeios de Draco



Os sumiços de Draco estavam cada vez mais freqüentes, e ele estava cada vez mais só e amuado. Rejeitava qualquer companhia, até mesmo de Goyle, que agora mais do que nunca ia atrás do Draco com freqüência por causa da ausência de Crabbe, nem mesmo Pansy Parkinson conseguia permanecer com ele mais do que quinze minutos, ele sempre dava um jeito de escapar.

Claro que Harry reparava, e inicialmente achava mais do que justo o garoto amargar suas culpas, mas a coisa era tão constrangedora que até mesmo ele chegava a ficar penalizado. Mas ele não podia parar a sua vida. Às vezes ficava até difícil estudar mediante ao assédio de todos na escola que, apesar de respeitá-lo e não o encherem de perguntas sobre a batalha, sobre o tempo de sua ausência e sobre Voldemort, ainda assim queriam o tempo todo sentar ao lado dele na sala comunal, convida-lo para passeios, grupos e atividades, pediam-lhe que reabrisse a armada de Dumbledore para terem a chance de estudar Defesa contra as artes das trevas com ele, etc..

Mas seu tempo estava tão curto e os estudos tão apertados que ele acabava, junto com seus cinco amigos recorrendo à sala precisa, que fora totalmente restaurada pela soma dos mais poderosos feitiços da maioria dos professores juntos. Quase tudo que havia nela fora resgatado, com a prudente exceção da tiara de Havenclaw.

Aliás as seis peças que foram as orcruxes hoje se encontram no novo departamento de pesquisas avançadas em magia, antigo departamento de mistérios, que agora não é mais tão secreto, mas ainda assim bem burocrático.

Ninguém conseguia nem notar o tempo passando rapidamente, mas já estavam chegando as férias do Natal, e os alunos só perceberam quando se depararam com a escola adornada para a data.

Muitas vezes os outros alunos davam pela falta dos seis e os enchiam de perguntas, mas como muitos agora sabiam como acessar a sala precisa eles optaram por manter segredo do seu óbvio esconderijo, e sentiam falta também de Draco, que sumia em horários alternativos ao dos outros, mas que ainda assim causava curiosidade.

Draco costumava principalmente se embrenhar pela floresta proibida em todas as suas tardes de folga e caminhar depressivamente, chutando ou apanhando uma pedra ou outra, apanhando folhas, não se importando se fosse atacado e morto por um bando de centauros ou de acromântulas. Estava realmente triste.

Muitas foram as vezes em que Harry esteve na sala precisa estudando exaustivamente, e num momento, em que teve uma dúvida cruel sobre uma complicada poção de crescimento para plantas que iria cair em suas NIEMs, ele se lembrou.

_ tudo foi restaurado, talvez o armário...
_do que está falando?

Berrou Hermione meio assustada.

_ talvez isso não te agrade muito. Vamos. Todos para fora, preciso de um outro lugar aqui na sala precisa.

_não dá pra dar uma explicaçãozinha?

Perguntou um atordoado Rony.

_você vai entender logo, espere.

E todos saíram, e Harry passou com relativa pressa três vezes diante da parede sólida do corredor do sétimo andar e uma nova porta surgiu. Harry entrou apressado e quando os outros se moveram para entrar juntos ele pediu que esperassem ali fora e correu o mais que pode. Deparou-se com o busto feio de um bruxo coberto com uma peruca, mas sem nenhuma tiara, o que o aliviou. Na verdade não chegou a pensar nisso, mas quando viu a estátua seu coração gelou. Ali estivera inocentemente repousando uma parte da alma de Voldemort. Mas ele correu até o armário, atirou longe a antiga e enferrujada gaiola e ali atrás estava o que ele procurava. Voltou e ao abrir a porta todos deram pulinhos de susto. Ele ergueu o que fora buscar como se fosse um troféu. Rony e Hermione exclamaram juntos:

_príncipe mestiço!!!

_Exato, agora todos podemos tirar um O em poções. Basta não ter preconceitos.

Disse severamente olhando para Hermione, ao que ela respondeu.

_tudo bem, ele nem era tão mal assim.

E depois de explicar tudo sobre o livro e seu antigo dono a Neville, Luna e Gina, eles decidiram continuar os estudos no salão comunal.

_acho que Snape ia gostar que você ficasse com o livro no final das contas. Afinal ele passou a vida ajudando a te proteger. No final toda aquela rigidez tinha alguma intenção de te preparar melhor pra... o que tinha que ser... na sua vida. Eu acho...

Disse Hermione com a voz embargada de emoção.

Estava tudo ali, no Livro de Poções Avançadas. As anotações perfeitas de Snape espalhadas a tinta por toda a página com as orientações para a difícil poção da prova.

No próximo dia bem cedo, seria sábado, e eles iriam até a sala precisa para tentar e provavelmente conseguir prepará-la.

Enquanto isso Draco ia-se desolado por entre as árvores. Onde será que o Lord das trevas teria desferido a maldição com a qual ele pensou ter aniquilado o Potter? Ele jamais poderia conceber a idéia de que tudo terminado ele se sentiria tão... arrependido e... amedrontado... seus pais presos, sua tia Belatrix, morta, vários outros parentes mortos, presos ou irrecuperavelmente confinados em ST. Mungus. E ele não sentia revolta, nem mágoa, nem desejo de vingança, só dor e remorso. Sentia-se corroído, lembrava-se a todo instante das últimas palavras de Dumbledore, tentando salvar-lhe a vida e a integridade. Porque não o escutou? Porque não aceitou a oferta do diretor? Por que fora tão pretensioso? Sentou-se por alguns instantes sob uma árvore próxima a uma clareira e enquanto lágrimas escorriam brincava com algumas pedras, rodando-as entre seus dedos. Quando uma caia, pegava instintivamente outra, sem prestar muita atenção. De repente uma voz conhecida mas impossível:

_Snape?

E o susto quase o levou a perder os sentidos.

_V-v-você est-tá m-m-m!!!

_Sim, Draco, eu estou.

_m-m-mas c-c-om-mo?

Você sabe o que é isso que tem nas mãos?

_u-u-uma p-pedra.

_jogue-a fora, o mais longe que puder, depois vá embora e nunca mais volte a procu...

Mas Draco deixa a pedra escorregar pelos dedos porque notou movimentos ao seu redor, e quando olhou de lado, viu aranhas enormes se aglomerando, saindo de um pequeno rasgo no chão, a descendência de Aragoguee o vulto de Snape evapora no meio da relva. O rapaz fica imobilizado pelo susto ainda alguns segundos até que a mente volta lentamente a funcionar e sem muita convicção ele abaixa com pressa, procura e encontra a pedra novamente, a examina atenta e rapidamente e percebe um emblema talhado , meio adulterado por uma rachadura que perpassava o símbolo. Enfiou a pedra negra no bolso e saiu correndo. Entrou pela sala comunal da sonserina, não olhou para o lado, foi direto para os aposentos e enfiou a pedra de qualquer jeito em seu malão, no meio de outros objetos que ele sabia que não ia precisar tão cedo. Ainda mais pálido do que o habitual correu para a sala comunal, procurou e achou Pansy Parkinson sentada sozinha em uma das poltronas lendo a “História Proibida da Magia” de Heckathia Darkmoom, aproximou-se dela, sentou-se e apenas deitou sobre seu colo. Nada disse, apenas aceitou seus afagos não desejando mais nada o resto da vida.

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