O Corvo abre as asas
Capítulo 2 – O Corvo abre as asas
A chuva caia com muita intensidade naquela vila rural, mas apesar disso o homem que estava encima do único prédio da cidade não parecia se incomodar. Os olhos azuis de Fábio Prewett estavam comprimidos num onióculos, observando o outro lado da rua, onde cinco figuras encapuzadas entravam sorrateiramente em uma casa, do outro lado da rua. “Eu espero que desta vez eles sigam à risca as instruções” pensou ele, esperando que o serviço fosse cumprido. De repente um grito foi ouvido, e era perceptível pelas fagulhas que podiam ser vistas pela janela que estava havendo uma luta.
- Será que esses imbecis não podem usar o cérebro ao menos uma vez!? – resmungou o rapaz, descendo do telhado e caminhando pela rua enlameada da maneira mais discreta possível – Eu só espero que as pessoas não tenham percebido.
Deu mais alguns passos e entrou na casa silenciosamente. Estava agora na pequena sala. Vários objetos estavam quebrados e aqui e ali havia manchas de sangue. Mais a frente havia um rastro de sangue que se prolongava até a porta do que parecia ser um quarto. Podiam ser ouvidas risadas vindas de um ponto atrás da porta. “Eu não acredito!” pensou irritado. Encaminhou-se para a porta e a abriu de supetão. Os comensais, que antes estavam rindo, caíram num profundo silencio. Fábio olhou em volta e o que viu fez sua fúria e mais uma sensação que ele tratou de afastar para as profundezas da mente crescerem rapidamente.
O quarto estava totalmente destruído. O guarda roupas estava estraçalhado e a roupas espalhadas pelo quarto, as cortinas rasgadas e pendendo de maneira perigosa. No chão havia uma quantidade enorme de papeis e fotos, que provavelmente tinham sido tirados das gavetas abertas, nas paredes, muitos respingos de sangue. O sangue fez com que ele se aproximasse do homem jogado na cama. Estava lastimável. As roupas estavam rasgadas em muitos pontos, mostrando cortes profundos causados por feitiços. Um dos olhos havia sido perfurado e pela expressão do outro e pelos gemidos contidos o homem estava sofrendo horrivelmente.
Com o ódio levando a melhor o rapaz voltou-se para o grupo. Pelo que podia ver através das máscaras, os olhos ainda demonstravam a crueldade deles.
- QUE DROGA FOI ESSA? – berrou, transpirando ódio. Sem dar chances de respostas continuou – VOCÊS NÃO CONSEGUEM ENTENDER UMA SIMPLES ORDEM? QUE ESPÉCIE DE IMBECIS SÃO VOCÊS? – um dos comensais resmungou ao ouvir esta parte, e ele se voltou para este – Crucio!
O comensal caiu imediatamente no chão e começou a se debater, sofrendo uma dor terrível, enquanto ele sentia sua raiva se esvaindo. Interrompeu a maldição depois de um tempo e voltou-se mais calmo para os outros, os olhando friamente.
- Acho que eu falei para que vocês pouparem o velho até eu chegar. – afirmou num tom glacial, que fez alguns dos comensais estremecerem.
- Ele resistiu, tentou nos estuporar! – explicou-se irritada uma voz feminina por traz de uma das máscaras.
- Que fossem estuporados! Nós não viemos aqui para torturar um velho indefeso Black! – retrucou o rapaz.
O encapuzado a sua direita soltou uma breve risada argêntea.
- Com pena do velhinho Prewett? O Lord das Trevas não gostará nada de saber que um de seus comensais tem piedade dos mais fracos. – ameaçou o encapuzado.
Fábio voltou-se para ele e estreitou os olhos.
- Também não gostará de saber que por mera diversão os seus servos destruíram uma importante fonte de informações. E você sabe o que ele faz para corrigir os comensais que por burrice põem seus planos a perder, não é mesmo Malfoy? – respondeu Fábio num sorriso cruel. Ao ouvir isso Malfoy estremeceu e calou-se.
Fábio então até o velho, abaixou-se e murmurou em seu ouvido:
- Eu vou acabar com seu sofrimento – o velho piscou em assentimento e pareceu se acalmar. Fábio se levantou e postou-se ao pé da cama. – Avada Kedrava! – exclamou e um rumorejo de algo vasto pode ser ouvido enquanto um raio verde saia da varinha de Fábio e atingia o velho na altura do coração, o velho parou de respirar. Estava morto.
Fábio passou alguns segundos olhando o velho, sentindo o outro sentimento voltar. Sacudiu irritado a cabeça para afastar estes pensamentos e voltou-se para os comensais, que agora ajudavam o que fora amaldiçoado a se levantar.
- Black, Crabbe e Avery, quero este lugar limpo e arrumado e o velho vestido direito. – ordenou, retomando seu tom frio. – Você fica de guarda na porta Mulciber, e no caso de alguém aparecer oblivie e invente uma desculpa. E você Malfoy, quero que faça uma ronda na parte sul da vila e veja se há algo de anormal. Eu irei para o norte. – os comensais se dispersaram para cumprir suas tarefas enquanto Fábio se transformava num corvo e saia pela janela.
Voou por todo o norte da vila e não constatou nenhuma anormalidade e decidiu voltar. Ao chegar na casa tudo já estava arrumado e Malfoy havia voltado, dizendo não ter encontrado nada.
- Voltemos para a base então para relatar ao mestre o desfecho desta missão. – imediatamente todos os outros aparataram. Ele olhou em volta e conjurou uma rosa negra, que ficou flutuando no ar. “O Lord vai ficar uma fera” pensou suspirando cansado. Aquela noite ainda ia demorar a acabar. Aparatou.
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Gideão esfregou os olhos para afastar o sono e tentou entender o que estava acontecendo. Há mais de uma semana Voldemort não se manifestava de forma alguma e isso em vez de alívio só lhe trazia preocupação, pois pelo que ele andara investigando Voldemort havia descoberto a Ordem da Fênix. Mas até agora o bruxo não havia feito nada e isso era estranho, muito estranho. Estava entretido nesses pensamentos até que foi despertado por uma voz.
- Ei Gideão, Dumbledore está convocando uma reunião. – falou Emelina, se retirando logo em seguida.
Gideão se levantou e dirigiu-se para a sala de reuniões. A sala enorme e em seu centro havia uma grande mesa redonda em volta da qual haviam varias cadeiras, que neste momento estavam todas ocupadas, menos uma ao lado da de Dumbledore. Ele se dirigiu para lá e quando sentou Dumbledore tomou a palavra.
- Esta reunião não foi convocada por mim, mas sim por Gideão, e devo dizer que estou curioso. – Dumbledore se calou e olhou para Gideão.
- É que eu descobri novidades que não são nada boas – começou Gideão, olhando a sua volta – Voldemort descobriu a existência da Ordem.
Vários estremeceram ao ouvir o nome do bruxo e todos pela notícia que acabaram de ouvir.
- Como foi isso? – perguntou Cátaro Dearborn.
- Há mais ou menos uma semana uma de nossas cartas de instrução foi interceptada por comensais. – respondeu Gideão.
- Quer dizer que na última semana nós estávamos sem proteção? – perguntou Marlene MacKinnon, irritada - Porque nós só estamos sendo avisados disso agora?
- Porque podia ser um alarme falso. Eu passei a semana inteira investigando para ter certeza desta informação. – retrucou Gideão.
- De qualquer forma isso não tem importância, Voldemort ainda não tem nossos nomes. – falou Cátaro, dando o assunto por encerrado.
- Receio dizer que você está enganado Cátaro. Um dia depois de interceptar a comunicação ele já tinha a lista de todos os integrantes da Ordem. – falou Gideão, triste.
- Mas como? – perguntou Cátaro, com a voz vacilante, passando as mãos pelos cabelos.
- O Corvo foi posto no nosso encalço. – respondeu Gideão.
- Isso realmente é preocupante – falou Moody – o Corvo é o mais letal dos comensais... Mas porque Voldemort não está agindo ainda?
- Ele está agindo. – Dumbledore se pronunciou pela primeira vez – Eu recebi a notícia de que Willian Stevens, o nosso colaborador na Escócia, foi encontrado morto. Isso nos leva a conclusão de que ele está minando nossas bases para nos derrubar de uma vez só.
Houve vários murmúrios e logo depois a reunião foi dada como encerrada, só ficando na sala Gideão e Dumbledore.
- E então, como anda o coração do Fábio? – perguntou Dumbledore.
- Pelo que eu consegui descobrir, confuso. Eu acho que o feitiço está perdendo a força. Ah como eu queria poder acabar com isso de uma vez! – falou Gideão.
- Ele tem que tomar esta decisão sozinho, você sabe disso Gideão. O feitiço só é um meio de fazê-lo escolher mais facilmente, catalisando o mal dentro dele. Ele já foi o martelo, agora está na hora de ele descobrir o valor da bigorna.
- Eu sei. Mas eu vou fazer uma coisa que vai ajudar no processo.
- O que você pretende?
- Eu vou ter uma conversa muito séria com o meu irmão.
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