Dois



The Way You Are – Cap. II

Chegara o momento.
- Na verdade... – ele começou, e num gesto rápido ele se colocou sobre a ruiva e prendeu as mãos dela acima de sua cabeça. – Hermione que me mandou vir.
Foi possível ver todo o fogo da ruiva apagar-se instantaneamente.
- Ela sabe que você está aqui, comigo? – ela perguntou, sentindo que toda a euforia e o sabor que aquilo teria iam-se embora. Queria que a Granger soubesse por outras pessoas que fora traída. Que fora enganada.
- Sabe. Na verdade ela sugeriu que eu viesse. – ele disse, casualmente. – Estava com pena de você... Dó. Hermione é muito nobre... Sentiu dó de você, por isso me mandou aqui. Teve certeza que você estava precisando de alguém que lhe apagasse todo esse fogo, visto que eu era o único idiota dessa escola que saia com você, afinal, ninguém mais te quer, porque todos já tiveram sua parcela de Gina Weasley.
Gina ficou chocada.
Sentiu-se humilhada.
- O que quer dizer com isso...? – ela perguntou, com a voz trêmula.
- Quero dizer que você nunca significou, nem vai significar absolutamente nada pra mim. Eu amo Hermione, e nada que você faça irá mudar isso. – ele disse, ficando sério. – E sim, é realmente verdade que nós dois sentimos pena de você. Pena por esse espírito pobre que você tem... Pena por você não querer mudar... E mais pena ainda por não aceitar a mudança dos outros. Você poderia ter tido ao menos a dignidade de me deixar em paz quando eu escolhi mudar minha vida. Mas não... Você é egoísta... Só pensa em você e na sua satisfação. Temos pena de você, Gina. E esse é o único sentimento que você desperta em mim, porque nem desejo mais por você eu consigo sentir.
Ele saiu de cima dela e apanhou sua camisa do chão.
Gina pôde observá-lo limpar a boca na manga da camisa enquanto a vestia.
Sentiu-se suja.
Imunda.
Humilhada.
Sabia que era infeliz, sempre soube, mas nunca quis admitir isso.
As palavras de Harry a pegaram desprevenida... Mas, por mais cruéis que fossem, era verdade. E ela sabia disso.

***


- Olá... – ela disse, entrando na sala dos monitores, onde ele a esperava.
- Oi. – ele falou.
- Tomou banho de novo? – ela perguntou, vendo os cabelos molhados dele. Quando saíra para a ronda, há pouco mais de uma hora ele tinha acabado de tomar banho.
- Sim. – ele respondeu, fitando os próprios dedos.
- O que houve? – ela perguntou, sentando-se ao lado dele no sofá.
- Nada. – ele disse.
- Está tudo bem?
- Sim. – ele disse, nervoso. Estava certo do que fazer, mas tinha medo da reação dela.
- Tem certeza?
- Na verdade, preciso te dizer algo muito importante...

***


Era o último dia do ano letivo.
Haviam se formado no sétimo ano da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.
Eles aparataram juntos.
Uma bela casa se materializou na frente deles.
Um jardim enorme na frente, havia um pequeno lago.
Dois andares, cômodos amplos, uma decoração impecável.
Eles entraram nela sentindo cheiro de coisa nova, e subiram para o andar superior.
Na suíte principal, que fora decorada com mais zelo que os outros cômodos, havia uma varanda enorme, que dava para o jardim da frente.
Ela adorava estar ali.
- Que tal, hein? – ele murmurou no ouvido dela, abraçando-a por trás.
- Isso é loucura.
- Você disse isso todas as vezes que nós viemos pra cá. Isso tem siso todos os dias, nos últimos vinte dias.
- Mas é loucura Harry! Temos dezessete anos! – ela disse, rindo.
- Mas você aceitou.
- Por isso mesmo que é loucura. Você me rouba minha sã consciência. Estamos juntos há três meses e vinte e dois dias e eu estou na minha futura casa, na varanda do meu futuro quarto conversando com o meu futuro marido.
Ele riu do espanto dela.
Tinha pedido a garota em casamento naquela noite, depois de acabar com Gina, naquela sala dos monitores.
O que mais o surpreendeu fora o fato de ela ter aceitado.
Compraram uma casa e a mobiliaram em vinte dias, graças a fortuna que Harry herdara dos pais.
Ela tinha um diamante enorme em seu dedo.
E seu coração acelerava cada vez que falavam no casamento que seria no próximo fim de semana, cada vez que compravam alguma coisa para casa, ou quando faziam planos para o futuro.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo, observando o pôr do sol.
- Sabe o que mais me intriga em toda essa loucura? – ela disse, quebrando o silêncio morno que reinava no lugar.
- O que?
- Fato de Gina não ter nos perturbado mais.
Ele sentiu um peso enorme na consciência.
- Hermione... Tem uma coisa que você não sabe. E precisa saber.
Ela sentiu que o tom dele ficou sério de repente. Virou-se pra ele com receio.
- O que houve?
Harry respirou fundo e contou tudo que acontecera naquela sala vazia há pouco mais de vinte dias.
Hermione ouviu tudo com atenção, ele não omitiu nada. Contou tudo como, exatamente, acontecera.
Depois que terminou, ela ficou em silêncio, e se afastou dele.
- Você fez isso? – ela disse, séria.
- Fiz. E ela nunca mais nos incomodou.
- Foi muito cruel, Harry.
- Eu sei, pequena... Mas ela também foi cruel conosco.
Ela virou-se e o encarou.
- O que você sentiu enquanto estava com ela?
- Repulsa. – ele disse, sem rodeios. – Não senti vontade de estar com ela, como eu sentia antes. Tive nojo da maneira como ela agia.
- Coitada...
- O importante é que agora ela foi colocada no lugar dela. Nada vai nos atrapalhar...
Hermione sorriu.
Harry se aproximou dela e a abraçou. A moça se aninhou no peito dele de tal forma como se já o fizesse há muito tempo.
- Obrigada Harry...
- Obrigada pelo que?
- Por ser do jeito que você é. – ela disse, fazendo-o sorrir.
- Eu que agradeço, pequena, por ter aberto meus olhos a tempo. Tenho orgulho de mim mesmo, pela escolha que eu fiz. Você foi a melhor coisa que me aconteceu. Sou feliz por isso, sinto-me satisfeito.
- Eu também tenho orgulho de você. Orgulho do homem que eu vi você se tornar. Deixou de ser aquele garoto que não queria saber de nada e se transformou no homem que eu sempre quis.
Ele sorriu, beijando a testa dela.
- Minha pequena... É minha amada. – ele sussurrou na orelha dela.
Ela lhe ofereceu um sorriso doce.
Aquele sorriso que o acalmava e o acalentava como um abraço de mãe em noite de tempestade.
O brindou com um beijo leve nos lábios, depois encarou os olhos verdes dele com intensidade.
- Faça amor comigo, Harry... – ela sussurrou, beijando-o novamente.
Ele a fitou com duvida.
- Tem certeza que...
- Eu amo você. Essa é a única certeza que eu preciso ter. – ela disse, contra os lábios dele.
E Hermione sentiu e lembrou... Como na primeira vez que Harry a beijara naquele corredor escuro, há quase quatro meses, ele ficou tenso e se sentiu nervoso.
Os beijos cáusticos de sempre não foram o suficiente naquele fim de tarde. Harry a conduziu para dentro do quarto e a deitou naquela cama de lençóis nunca usados, que cheiravam a lavanda e resplandecia sob os dois corpos juntos.
Enquanto o sol se punha no horizonte, banhando a bela cama do futuro casal, Harry experimentou uma sensação que jamais ousara sonhar em sentir. Era mais que prazer, na definição mais ampla da palavra. Era indescritível.
Ali ele tivera a prova que fizera a melhor escolha de sua vida e que jamais se arrependeria por isso.
Hermione, por sua vez, se conheceu como mulher, e não conseguia imaginar com quem melhor fazê-lo. Agora sim Harry a completava em todos os sentidos.
Era incontestável.
E inexplicável.
Podia-se dizer que era quase um mistério...
Aquela ligação sem explicação.
Não se sabia onde começava e tinha-se certeza que não se acabava.
Mas estava ali.
Eles podiam sentir.
Ela deitou a cabeça sobre o peito dele.
O suor dos dois se fundiu em um, único, há muito; assim como eles próprios.
As respirações descompassadas iam abrandando com o decorrer dos minutos.
A mesma lua cheia que testemunhara o primeiro beijo, fora a testemunha a consolidação dos sentimentos que detinham um ao outro. Banhando os dois corpos, ali, juntos, com sua luz prateada.
Os dedos delicados da mulher correram o torso do homem ao seu lado.
Ela sentia uma felicidade e uma paz inabalável dentro si.
- Minha pequena... – ele disse, correndo o dedo indicador pelo rosto dela. – Minha pequena...
Ela sorriu, fechando os olhos sob o toque leve dele.
- Eu te amo... – ela sussurrou, deixando-se vencer pelo sono e pela carícia dele.
- Também te amo... – ele disse, em resposta, vendo-a dormir. – Minha pequena... Minha amada.

Eles não sabiam, mas naquele fim de tarde o primeiro descendente dos Potter acabara de ser gerado...
A vida lhes reservou um destino feliz e raro.
Aquela história de amor foi contada e mantida em Hogwarts por muitos e muitos anos. E cada Potter que estudava ali tinha a história de sua família contada, e impregnada nas paredes daquele castelo.
Ninguém nunca soube ou entendeu como e porque Hermione Granger confiara tanto e depositara e apostara todas as suas fichas no Potter.
Talvez tenha sido alguma coisa nos olhos verdes dele... Ou talvez tenha sido apenas por ele ser do jeito que ele era.

FIM



***

N/a: Espero que tenham gostado de ler essa fic, tanto quanto eu gostei de escrever.
Pra quem curtiu essa e quiser ler as minhas outras eu ficarei bastante feliz.
Obrigada pelos comentários e claro: COMENTEM, afinal, esse é o último capítulo.

Beijooos e até a próxima.

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Comentários (1)

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