Desastre de Aviao
Um solavanco fez a cabeça de Hermione escorregar de sua poltrona e encostar na janela. Com pena da amiga que parecia abatida, Harry puxou o cobertor e a cobriu até os ombros. Quando ia colocar o pequeno travesseiro sob o pescoço dela, Harry levou um susto: imaginou ter visto alguma coisa lá fora.
Forçou a vista por alguns segundos, mas não conseguiu ver mais nada. Estava muito escuro e chovia: as gotas batiam com violência contra a janela.
Depois de arrumar melhor Hermione na poltrona, Harry voltou a se concentrar em sua leitura. Lia “A Família Paschenko e a História da Magia na Rússia”.
Não fosse pelos últimos acontecimentos, desistiria agora mesmo, mas não podia mais se dar ao luxo de deixar de obter informações por si só.
Harry deu um muxoxo. Provavelmente, Hermione poderia contar a historia de Paschenko com os olhos vendados e seria tão mais interessante contar com sua inteligência e julgamento: “Ah, Maldito Rony!”.
Rony lhe havia dado um ultimato: Hermione não iria mais trabalhar para ele. Ainda não sabia como Hermione iria responder às pressões do marido para não mais trabalhar no Departamento de Aurores como parceira de Harry, mas se o mais teimoso dos Weasleys levasse o ultimato a sério – ameaça discorrida depois da ultima discussão com Hermione – Harry tinha que começar a se virar sozinho.
“Amikail Paschenko foi o 11º. Ministro da Magia da Rússia, responsável pela...”
Harry bocejou. Seus olhos pesavam e as letras pareciam menores “... chefe da..., autor de...”, chato, extremamente chato, pensou Harry. Amikail Paschenko fora um grande homem, o problema era seu neto: Nicolai Brachenki Paschenko.
Na teoria, Nicolai Paschenko era um professor notório de Poções e Arte das Trevas (arte das trevas, sim – o nome da disciplina havia sido promulgado pelo avo de Nicolai antes de morrer).
Na prática, Paschenko neto espalhava terror por toda Rússia, recrutando meninos e meninas para um exercito que ameaçava a paz.
O pior: havia indícios de que Paschenko havia feito um acordo milionário com Draco Malfoy que estava importando Anágoras Silfas, uma erva muito misteriosa a quem poucos havia estudado (Hermione era uma dessas poucas pessoas) e cuja importação era rigorosamente proibida na Inglaterra a não ser com a autorização do Ministério da Magia, que de nada sabia das ações de Draco até Hermione as descobrir, um mês antes.
Era a primeira vez que Harry viajava para a Rússia. Se tivesse dado ouvidos aos conselhos de Hermione, talvez ele já tivesse dado conta da situação. Infelizmente, uma cidade bruxa inteira, chamada Batuskin precisou ser destruída pelo exército de Paschenko antes que Hermione fosse ouvida e antes que Harry tomasse finalmente a decisão de investigar.
Harry pensou em reunir seu exercito de aurores e atacar os Paschenko, mas Hermione o convencera a fazer uma investigação discreta e sutil.
Fora idéia dela irem a St. Peterburgo trajados de “trouxas” turistas. Harry havia resistido a essa idéia inicialmente, mas quando descobriu que todas as chaves de portal para a Rússia estavam sendo monitoradas pelo exercito de Paschenko, Harry convenceu-se de que uma viagem de avião seria mais segura. Era o que imaginava.
Mas um solavanco o tirou de sua tranqüilidade, balançando Hermione com certa violência, fazendo-a acordar.
- Ai! – reclamou ela, que havia batido com a cabeça contra a janela.
- Você está bem? – perguntou Harry.
- Estou... foi só um arranhão. – falou Hermione, levando uma das mãos à tempora esquerda. – O que será que está acontecendo?
- Provavelmente é o mal tempo... deixa eu ver sua testa! – falou Harry, posicionando-se na frente da amiga para olhar sua têmpora. Como havia um pequeno corte, Harry tirou um lenço branco de seu bolso e pressionou sobre o machucado, formando uma pequena mancha vermelha bem no centro.
Enquanto tratava do ferimento, Harry percebeu que Hermione havia prendido a respiração. Curioso, ele olhou para o seu rosto. Não estava quente, mas o rosto da amiga estava vermelho e ela fechava e abriu as pálpebras varias vezes, como se estivesse nervosa com a aproximação dele.
- Tudo bem, Hermione? – perguntou ele.
Hermione olhou bem em seus olhos e por alguns segundos, Harry viu um brilho estranho em seu olhar. Era tão penetrante que somente um novo solavanco pôde tirá-lo da concentração.
E mais um e mais outro solavanco.
O terceiro jogou Harry sobre Hermione e os lábios dele roçaram nos dela. Por um segundo, Harry sentiu aquele contato doce e terno ao mesmo tempo, e com graça, sorriu, achando tudo muito natural, mas ao olhar para Hermione novamente, viu que ela parecia triste. Hermione tocava os próprios lábios, onde ele havia tocado, e parecia assustada.
- Hermione? – Harry perguntou.
De repente, Harry sentiu uma força puxando-o para trás. Um choque violento e o barulho aterrador o tiraram de consciência por alguns segundos. Abriu os olhos: ele havia voado por sobre algumas poltronas e caíra com a cabeça no chão, com os pés sobre uma poltrona. Ainda bem que não havia ninguém ali, do contrario o teria machucado com o peso de seu corpo.
Do teto de cada poltrona, pendiam respiradores. Gritos e choros podiam ser ouvidos. Uma mulher passou correndo pelo corredor e arrancou o interfone da parede no inicio do corredor.
- “Fiquem todos calmos... estamos enfrentando turbulência. Sentem-se e coloquem a cabeça entre as pernas... apertem os cintos... não saiam de seus assentos...”.
Outra mulher parou para ajudar Harry a se levantar: era outra comissária de bordo.
- Tudo bem, Senhor? Sente-se!
- Minha amiga está lá atrás ! – falou ele. A mulher empurrou-o tentando fazê-lo sentar, mas Harry afastou sua mão e ganhou o corredor. Três poltronas adiante, Harry viu Hermione e levou um susto: ela estava inconsciente. Estava ainda em seu assento, presa pelo cinto, mas o corte na testa havia se aberto e agora havia uma grande quantidade de sangue em sua face.
- Hermione! – Harry segurou o rosto da amiga que pouco a pouco ia acordando.
- Sente-se, senhor! – era a comissária atrás dele.
Harry não se deteve, estava preocupado com Hermione. Quando se aproximou para olhar melhor o machucado da amiga, levou outro susto. Como num flash, pensou ter visto um homem numa vassoura. “ Não, não podias ser... não nessa altitude”.
Pensando bem, não estavam em grande altitude, assim. Quando estava deitado, pensou ter visto uma bola escorregando para a frente do avião. Se estivessem em queda, seria bem possível ter visto um homem de vassoura, mas ali? Seriam inimigos?
Um novo solavanco balançou o avião. Alguém havia gritado “vamos todos morrer” e muitos entraram em pânico. Pelo menos a comissário havia largado do seu pé.
Forçou a vista para fora, observando atentamente a escuridão da noite gélida lá fora.
Foi então que viu: 10 homens encapuzados como Comensais voando velozmente tentando alcançar a asa esquerda do avião. Jogavam raios finos e escuros, quase indetectaveis sobre a asa e sempre quando um raio a atingia, o avião reclamava, as pessoas gritavam.
- Mau tempo uma ova, estamos sendo atacados! – era Hermione que olhava para fora com o rosto quase colado ao de Harry. – Que vamos fazer Harry? Não podemos contratacar daqui de dentro.
- Eles vão destruir o avião, Hermione! – falou Harry, tão certo quanto podia estar. – O avião está caindo.
Os olhos de Hermione lacrimejaram por alguns segundos.
- Deus do céu! Precisamos fazer alguma coisa... – disse Hermione desatacando o cinto.
Harry pensou por alguns instantes. Os solavancos ficavam cada vez mais violentos. Segurava-se firmemente na poltrona para não sair voando com o solavanco.
- E se eu conseguisse chegar até minha mala? Eu poderia usar a vassoura e atrai-los para outro lugar.
- Mas como, Harry? Sua mala esta noutro compartimento. Alem do mais, se abrirmos qualquer porta do avião nessa altitude, vai haver uma despressurizarão danada. Sem oxigênio, as pessoas poderão morrer!
- Se não fizermos nada, vamos morrer de qualquer jeito. Harry levantou-se e ganhou novamente o corredor. Antes que pudesse sumir, Hermione segurou em seu braço.
- Vá até o compartimento de malas e pegue sua vassoura... vou convencer a descer o avião a 3000 metros, depois vou atras de você.
Harry não esperou duas vezes. Correu pelo corredor até o inicio do avião, passou pela divisão de classes e atravessou a primeira classe, chegando até a cozinha. Hermione estava vindo pelo corredor atrás dele, possivelmente tentando chegar até a cabine de controle. Harry invadiu o elevador da cozinha e apertou o botão para baixo. Enquanto descia lentamente, viu as pernas sinuosas de Hermione debaixo de um sóbrio vestido trouxa cruzarem o corredor.
Havia 3 andares para baixo e um para cima. Harry imaginou que o compartimento de cargas era o último embaixo. Quando o elevador parou no andar desejado, Harry sentiu um estranho movimento e caiu para o lado. O avião estava descendo mais rapidamente, ele podia sentir: seria Hermione?
Harry não tinha tempo para divagações e por isso abriu logo a porta do elevador. Assustou-se ao ver o tamanho do compartimento. Havia caixas e containers enormes, todos bem preços por redes de aço. Ainda assim, algumas malas haviam se soltado. Havia roupa e todo tipo de lixo para tudo quanto é lugar, mas nem sinal de seu malão.
Com impaciência, abria caminho entre as caixas que dançavam de um lado para outro até alcançar o final do compartimento. Seu malao estava preso por uma forte rede, mas não foi difícil entreabri-la: por sorte, sua vassoura estava bem perto de suas mãos.
Um novo solavanco perturbou-o, mas ele conseguiu agarrar o cabo de madeira talhado especialmente para ele e tirou a vassoura do malão.
- Ótimo! Agora o que eu faço para sair de um Avião?
- Vamos abri-lo. – falou Hermione, aparecendo como uma assombração atrás dele.
- Mione? Conseguiu fazer o avião descer?
- Sim, tive que usar o feitiço imperius no comandante. Só tem um problema, Harry. Estamos perto de St. Petersburgo, mas ainda estamos sobre a Península da Finlândia. Se o avião cair aqui, vamos cair em águas geladas nessa época do ano. Além disso, o avião esta com vazamento de combustível, pode haver uma explosão.
- Descobriu tudo isso indo a cabine do comandante? Isso não parece bom! – falou Harry, sentindo empalidecer-se. – Tem certeza de que quer abrir um buraco nesse avião?
- Temos outra alternativa?
A pergunta ficou sem resposta.
Hermione aproximou-se de Harry e grudou em seus braços.
- Vou abriu um buraco bem abaixo de nós! – falou ela, tirando a varinha de dentro do seu vestido - O avião não deve demorar muito para pressurizar, mas toda a bagagem será perdida. Teremos poucos minutos para controlar a situação e termos tempo suficiente para salvar o avião. E você sabe que eu detesto voar, Harry... Então por favor, seja rápido. Preparado? BOMBARDA!!!!
A explosão não foi tão violenta quanto o efeito da pressurização que simplesmente arrancou Harry e Hermione do avião junto com quase toda a bagagem e lixo que já havia no compartimento de malas.
Com a violência, Harry deixou que Hermione escapasse de suas mãos e o pior, também perdeu sua vassoura. Caindo rapidamente, Harry agoniou-se com os gritos de pavor de sua amiga que caia desesperada, mas concentrou-se em buscar a vassoura. Com frio naquele salto para morte, Harry inclinou o corpo e voou em direção a vassoura. Esticou o braço a agarrou-a no ar, sentando-se habilmente sobre ela e partindo em direção de Hermione. Ele agarrou a mão de Hermione e puxou-a para si, fazendo-a se sentar na cadeira logo a sua frente. Ela, fraca e apavorada, aconchegou-se no seu peito, tremendo convulsivamente.
- Eu odeio altura! Eu odeio altura! – disse ela, afundando-se ainda mais no colo do amigo.
- Vou ser breve, Hermione, prometo que vou tentar ser breve.
Com peripécia, Harry ganhou altitude, deu a volta no avião que descia rapidamente e com velocidade, passou a jogar raio na direção dos inimigos que atacavam o avião impiedosamente. Sabia que os raios que lançava eram chamativos e que as pessoas no avião poderiam ver, mas não poderia arriscar a vida deles.
Três dos homens encapuzados deram a volta e passaram a atacar Harry. Hermione que parecia um pouco mais segura, ajudou Harry a atacar, derrubando um dos homens. Vendo os companheiros de maldade caindo para a morte, os outros homens deixaram o avião e passaram a seguir Harry.
- Harry, rápido, o avião! – Hermione gritou, ajudando Harry a atacar os homens que conseguiam desviar com desenvoltura.
Harry entrou numa batalha de velocidade e destreza. O chão, as águas escuras e gélidas, pareciam cada vez mais perto.
Quando Harry conseguiu enfim derrubar o ultimo homem, Hermione gritou: o avião havia encostado na água, com o choque, houve uma explosão. Harry e Hermione foram arrancados uma vez mais da vassoura com o impacto da explosão. Antes que Harry pudesse alcançar sua Aquabolt, atingiu a água.
O frio parecia congelar sua alma, mas teve forcas para emergir. Com uma das mãos, agarrou a vassoura, com a outra agarrou Hermione e a trouxe para perto de si. A amiga tremia, mas estava consciente.
- Matamos aquelas pessoas! – Hermione choramingou. – Matamos aquelas pessoas, Harry.
A voz de Hermione saiu tremida, o hálito saia como fumaça. A pele da amiga parecia quase azul, tal era o frio.
- Eles nos salvaram Hermione! – falou Harry, com um pesar no coração. – Com a luz da explosão, eu vi que a costa está perto, para oeste. Se nadarmos rápido, poderemos nos salvar. Venha, vamos...
Harry queria poder montar em sua vassoura e sair voando, mas sabia que com suas cerdas molhadas, isso não aconteceria. Eram mais ou menos dois quilômetros até a costa. Com o frio endurecendo seus nervos, Harry rezava para que tivesse forças por ele e por Hermione que estando sozinha, Harry tinha certeza, ela jamais sobreviveria, não no estado em que ela se encontrava.
Comentários (1)
Capitulo FODA hein!? MUITO BOM!!! Já começou arrebentando, pelo jeito a Fic promete...
2011-11-03