Férias sim. Diversão não!
N/A: Desculpem a demora para atualizar ok?! Tentei vir antes, mas por circunstâncias maiores, não consegui.
Bom, já adianto que esse capítulo conta apenas com Vincent, Sophie e Scorpius, e não é tão grande, então não me matem.
E antes que posicionem suas varinhas em minha direção, informo que por culpa da Gica, a cena do flashback parou na melhor parte. Matem ela!
Karina, querida, só pra tirar sua dúvida, pra colocar as coisas em negrito, vc deve usar o código <*b> escrever a palavra e <*/b> em itálico vc deve usar <*i>escrever a palavra<*/i> (retire os * quando for usar o código);
Agora sim vou calar meus dedos e deixar vcs curtirem (ou não) o capítulo.
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Férias, sim... Diversão, não!
Flashback
- Dez galões pelos seus pensamentos é uma boa oferta? – Sophie sussurrou no ouvido de Vincent, e passou os braços por sua cintura, encostando o rosto em suas costas. Ele estava distraído, parado próximo a janela, e nem reparou quando a jovem entrou em seu quarto.
- Só isso? Por favor, eu estava pensando em algo muito mais valioso e não em uma mosquinha de padaria. – disse Vincent, num tom falsamente ofendido, e se virou para encará-la – Vai ter que melhorar a oferta se quiser saber...
Sophie riu, jogando a cabeça pra trás e em seguida o olhou nos olhos, fingindo seriedade.
- Cinquenta galeões é o suficiente para pagar?
- Não, é uma oferta muito baixa ainda...
- Uau, você está ganancioso hoje! – ela acusou – Certo... Pago cem galeões e um beijo. É pegar ou largar.
- Tá começando a melhorar a coisa... Mas e se fizéssemos assim: – Vincent aproximou o rosto da jovem e roçou levemente seus lábios sobre os dela. Ao invés de beijá-la, ele deslizou seus lábios pelo rosto de Sophie e sussurrou em seu ouvido – você me dá cento e um beijos, e nenhum galeão. Seria uma ótima oferta, e eu não me recusaria a dizer no que estava pensando. É pegar ou largar, minha cara e preciosa loira. – Vincent afastou-se para encará-la, fazendo sua melhor cara de bom negociador, enquanto aguardava resposta.
Sophie levou a mão no queixo, fingindo pensar por alguns instantes. Pouco tempo depois, sem prévio aviso, ela jogou seus braços em volta do pescoço de Vincent e o beijou. As mãos de Sophie brincavam pelos cabelos de Vincent, enquanto este se ocupava em abraçá-la e apertá-la contra seu corpo.
A consciência de Vincent lhe alertava que não era nada certo se agarrar com Sophie daquela forma, tendo em vista que o quarto do irmão dela era bem ao lado do dele, e que Paul poderia surpreendê-los ali, no meio daquele amasso, mas obviamente o moreno ignorava todos os alertas e se preocupava apenas em beijá-la. Se tivesse que dar a própria vida para viver aquele momento, ele daria. Afinal, nada era mais importante do que ter ela ao seu lado.
As mãos de Sophie mal conseguiam ficar paradas na nuca do moreno. Ela sentia necessidade de percorrer toda extensão das costas do namorado, dos braços, até que por fim, sentiu uma incrível necessidade de retirar aquela camisa preta que vestia. Afinal, que utilidade uma camisa regata tinha? Estava muito calor ali e Vincent não precisava de tanta roupa.
Como havia imaginado uma peça de roupa não fazia tanta falta, e se não fosse o fato de estar muito ocupada beijando Vincent, Sophie até poderia dizer que a camisa ficava melhor jogada no chão do que vestida nele, cobrindo parte de seu corpo muito bem definido, graças ao santo quadribol. Que Merlin abençoasse aquele esporte!
Praticamente jogando pela janela a voz boazinha que lhe dizia para se separar de Sophie antes que alguém entrasse no quarto, Vincent pegou a jovem no colo e se jogou com ela na cama. Na intenção de permitir que Sophie respirasse, e até que ele mesmo tomasse um pouco de fôlego, Vincent começou a beijar o pescoço da namorada de forma provocante, arrancando-lhe suspiros e arrepios.
- Você... não me... disse... no que estava pensando! – acusou Sophie, tentando se concentrar nas palavras, enquanto Vincent a beijava.
Vincent riu e se afastou somente para encará-la com uma expressão divertida.
- Fico surpreso de que não saiba... É tão óbvio, afinal de contas, em que mais eu pensaria a não ser você?
Sophie sorriu e deu-lhe um beijo rápido.
- Não sei... – ela fingiu-se de desentendida.
Vincent ergueu a mão que estava na cintura da loira e levou até seu rosto, acariciando levemente com a ponta dos dedos.
- Aprenda uma coisa, loira bobinha que não sabe fazer boas ofertas para me convencer a falar, eu SEMPRE, a qualquer momento estou pensando em você. Não importa se está longe ou perto, como nesse momento; não importa se estamos ou não brigados... Você é a única presente em todos meus pensamentos. – ele sorriu e beijou delicadamente sua testa – É claro que às vezes é um pouco irritante fechar os olhos e ver você quando eu tô com vontade de dormir, então sou obrigado a te arrastar pros meus sonhos também. Sabe como é, você precisa me deixar descansar, de alguma forma.
Sophie riu, e deu um tapa de leve no braço de Vincent.
- Quer dizer que é irritante me ver quando você quer dormir?
- Nossa, você nem faz ideia! Seus olhos verdes ficam brilhando por trás das minhas pálpebras, seu sorriso fica iluminando tudo, é verdadeiramente um saco! – ele rolou os olhos e depois gargalhou – Eu amo você, sabia?!
- Sabia. – ela respondeu convencida – Mas não mais do que eu te amo!
- Ah, por favor, não vamos ter essa discussão de quem ama mais quem, na qual nós dois perdemos um longo tempo dizendo ‘eu amo’, ‘não eu amo mais’, e no final terminamos tudo nos beijando. Vamos pular logo pra parte da agarração, que é bem mais interessante! – disse Vincent.
Estava pronto para voltar a beijá-la, quando algumas batidas na porta de seu quarto e uma voz grossa os fizeram saltar.
- Vincent, eu realmente espero que você e minha irmã estejam apenas conversando, porque se não, você vai voar pela janela desse hotel e sem vassoura! – Paul ameaçou – Sophie, minha pequena, espero você em 2 minutos no restaurante para lancharmos juntos!
- Eu já vou, maninho!
- Eu sei que já vai, afinal de contas, seu namoradinho não tem asas. – zombou Paul – Não se esqueça, dois minutos.
Sophie rolou os olhos, e se levantou depressa. Correu para frente do espelho, para conseguir colocar seu cabelo e sua roupa em ordem, e em seguida lançou um olhar pesaroso a Vincent, que estava sentado na cama, de boca aberta.
- Que foi?
- Ele vai me odiar pra sempre? – perguntou Vincent, sem esconder o choque na voz – Quero dizer, e quando nos casarmos? Ele vai bater na porta do nosso quarto em plena lua de mel e dizer: ‘VINCENT NÃO TOQUE NELA! SOPHIE AINDA BRINCA DE BONECAS’? Ou então vai se enfiar na mala, e bem na hora que eu for te beijar, vai pular no meio do quarto e gritar: ‘SURPRESAAAAAAAA’? Merlin, eu merecia um cunhado melhor!
- Não seja dramático! – Sophie disse entre risos – Se ele ousar interromper minha lua de mel, ele é quem vai voar pela janela do hotel e sem uma vassoura.
Vincent suspirou.
- Pelo menos ainda posso ter esperanças...
- Sim! Agora deixe-me ir, antes que ele decida subir para saber o motivo da demora. – Sophie correu para porta do quarto, mas antes de sair se virou para lançar um último olhar a Vincent – Eu te amo!
- Eu te amo mais! E nem pense em começar uma discussão sobre isso, pois já se passaram um minuto e meio, e você tem apenas trinta segundos pra chegar lá embaixo. Lembre-se, eu não tenho asas e você não quer me ver voando como uma coruja!
Sophie apenas riu e saiu do quarto. Definitivamente ela tinha o namorado mais louco e perfeito do mundo.
Fim do Flashback
Sentada na janela, observando a neve cair de forma melancólica e bela, estava Sophie. Sua cabeça estava encostada na vidraça, enquanto seus olhos capturavam as imagens dos pequenos flocos se amontoando no jardim da casa de seu irmão. Passar as férias na casa de Paul deveria ter sido uma ótima idéia. Ela deveria se distrair e tentar esquecer os últimos acontecimentos, nem que fosse por pequenos instantes.
Como se não bastassem as lembranças que a importunavam, as mãos de Sophie seguravam um pergaminho – completamente amassado, depois de tantas vezes aberto – e isso não ajudava em nada sua tentativa de esquecer tudo. Será que Vincent não podia simplesmente esquecer sua presença e não torturá-la mais com todas aquelas cartas? Será que o silêncio dela não foi suficiente para ele entender que não queria mais conversar?
A carta que Vincent lhe escrevera queimava como fogo, as palmas de suas mãos. Queria simplesmente jogar aquilo fora, mas não conseguia. Vez ou outra seus olhos estavam voltados para aquelas palavras, que pareciam estar repletas de preocupação, mas no fundo ela sabia que era apenas impressão sua – ou pelo menos achava isso.
Todas as vezes que lia as frases daquele pergaminho, sentia seus olhos arderem e antes mesmo que pudesse controlar, lágrimas silenciosas escorriam por sua face. Como ela odiava chorar! Como ela detestava se sentir fraca em qualquer situação. Será que não havia uma forma menos triste de encarar os fatos? Vincent não a amava mais, ela havia visto e ouvido isso claramente. Ele pertencia a outra e mesmo que não estivesse com Paola, não significava que tinha desistido do amor dela.
Vincent deveria tê-la esquecido e parado de insistir em forçar uma amizade. Afinal, apesar de louco e brincalhão, ele deveria saber quando uma situação chegava ao seu limite. E Sophie já se encontrava no dela. Lutava com todas as forças contra as lembranças vivas dele em sua memória. Tentava enterrar o passado, mas sentia dificuldades, pois quando fechava os olhos a única coisa que via era ele. Sentia-se uma egoísta por ficar querendo que as coisas voltassem a ser como antes. Afinal, se ele não a amava mais, ela não tinha o direito de exigir nada. Vincent já lhe dera os melhores momentos de sua vida, não era justo cobrá-lo algo mais.
Antes que pudesse perceber, ela já estava enroscada junto a janela, abraçando as próprias pernas e encostando a cabeça no joelho. Amaldiçoava-se por pensar tanto em Vincent. Vincent, Vincent, Vincent... Esse nome martelava em sua cabeça, e ela sentia que ia enlouquecer – isso se já não estivesse louca.
- Sophie? – a voz de Paul ecoou no quarto – Merlin, há algo errado?
- Não, Paul! Está tudo bem, agora me deixe só. – exigiu ela.
Ignorando o pedido da irmã, Paul caminhou até a janela e num movimento rápido, pegou a menina no colo e a sentou na cama.
- Por que não responde a carta dele? – Paul sugeriu, acariciando os longos cabelos loiros da irmã.
- Porque não quero! – respondeu – Ele deveria ter entendido isso, quando não respondi as quatro anteriores.
- Ele só vai parar de te mandar cartas quando você responder, dando algum sinal de vida. Por Merlin, ele está preocupado, tente entender.
- Tentar entender o que? Ele não me ama mais, então não tem com que se preocupar! – ela gritou.
Paul pareceu refletir durante alguns minutos, olhando em direção a escrivaninha da irmã, onde as cartas estavam jogadas. Por fim suspirou, e encarou a menina nos olhos.
- Uma pessoa que perde o tempo escrevendo pergaminhos com 30 cm na tentativa de saber como a outra está, não parece que deixou de amar... – ele observou – Em todo caso, não deveria ignorar a preocupação dele, Sophie. Eu não sei o que aconteceu e sei que não vai me contar... Mas acredite em mim quando digo que vocês só estão passando por uma fase ruim.
Sophie soltou uma gargalhada seca.
- Fase ruim... Isso só pode ser piada! – disse ela – Acho que sei quando eu perco, Paul!
- Como pode ter tanta certeza disso se nunca perdeu antes? – ele piscou para irmã e se colocou de pé – Em todo caso, se quer um conselho meu, responda. Vai se sentir melhor assim que fizer. – ele se abaixou para dar um beijo na testa da irmã – Vou sair agora, nos vemos mais tarde. Fique bem!
- Vou ficar... Divirta-se! – ela deu um meio sorriso, e assim que o irmão saiu se jogou de costas na cama, encarando o teto.
E se Paul estivesse realmente certo? E se no fundo, Vincent estivesse preocupado porque ainda a amava? Ela balançou a cabeça num sinal negativo, afinal, tinha absoluta certeza das coisas que presenciou.
- Bom... Responder não vai fazer mal... – com outro suspiro ela se colocou de pé e foi até sua escrivaninha – Essa é a última carta que lhe escrevo, Vincent Williams, e espero que dessa vez me entenda! – dizendo isso, pegou a pena e o tinteiro e começou a redigir a tão indesejada carta.
Irlanda.
Casa dos tios de Vincent
- Vincent? Vincent? VINCENT? – gritou a prima mais nova de Vincent, jogando-lhe uma almofada na cabeça – Por Merlin, acorde.
- Tecnicamente, eu estou acordado Cameron. – respondeu, sem nenhum ânimo. Estava jogado no sofá da casa de seu tio, olhando fixamente para janela, e não tinha a mínima intenção de sair dali tão cedo.
- Mas não está me ouvindo! – a pequena bateu os pés no chão, em protesto.
- Você disse pra eu acordar e não para te escutar! – disse Vincent, num tom monótono. – O que quer?
No mesmo instante a expressão da menina mudou de rabugenta para uma completamente feliz, e ela começou a “quicar” no lugar em que estava, cheia de empolgação.
- Pela animação, já sei que me ferrei! – ele murmurou.
- Meu pai disse que eu poderia ir patinar no gelo hoje! – a menina de 9 anos estava pra lá de animada.
- Ótimo! E o que está esperando pra ir? Vá, vá, se divirta! – Vincent incentivou, embora sua voz não expressasse nenhuma emoção.
A menina rapidamente parou de pular e encarou o chão, fazendo movimentos circulares com a ponta do pé, enquanto suspirava tristemente.
- Mamãe me disse que só poderia ir se tivesse companhia... Meu irmão saiu... Papai está junto com o tio Billy e seu pai... Os outros estão ocupados... – a menina suspirou mais uma vez – Eu não tenho companhia Vin!
- Que triste! Realmente sinto muito pela sua tristeza. – disse ele, tentando não se abater pelo olhar suplicante que a prima lhe lançava.
- Você não está fazendo nada... – ela constatou, tentando manter o tom inocente.
- Estou sim! Você é que não consegue captar a importância do que estou fazendo no momento.
- E o que está fazendo?
- Tentando me livrar de você!
Cameron voltou a quicar e encarar o primo com ar de criança sapeca.
- Vincent...?
- Não!
- Eu nem te pedi nada!
- Mas vai pedir, e não quero alimentar sua esperança de que eu vá mudar de ideia e aceitar seu pedido.
Cameron fez um biquinho, claramente tentando partir para chantagem emocional. Vincent, entretanto, apenas desviou o olhar dela, tentando ignorar sua presença.
- Você me ama?
- Volte outro dia que te respondo.
- Vincent?
- O que foi? Por Merlin, será que você não... – Vincent não pôde completar a frase, pois foi pego de surpresa quando sua prima se jogou no seu colo e o abraçou.
- Eu amo você!
- Mas que peste! – grunhiu ele, mas logo depois suspirou e retribuiu o abraço da prima – Eu também te amo, sua chantagista mirim!
- Me leva ao parque?
- Quais são as chances de você parar de me importunar se eu disser não?
- Nenhuma.
- Pegue logo seu casaco e vamos! – Vincent se rendeu e se pôs de pé. Se surpreendeu ao ver que o casaco de sua prima já estava na sala, e ela já o colocava – Você é mesmo rápida, hein?
- Eu sabia que você ia ser bonzinho e me levar. Você gosta de me deixar feliz.
Ele rolou os olhos, e ignorando os gritos de protesto da prima, pegou ela no colo e a jogou sobre os ombros.
- Eu gosto é de ME fazer feliz, baixinha chata! – ele riu quando a prima começou a balançar os pés, implorando pra descer – E se a única maneira de conseguir paz é levando você a esse parque, que seja.
França.
Casa dos tios de Scorpius
Scorpius estava praticamente jogado em um dos bancos que havia no jardim da grande mansão Rosier, encarando o céu e pensando na vida. Não que isso fosse algo que o fizesse sentir bem, mas era inevitável deixar de lado o fato de que tudo tinha saído do rumo. Como ele podia ter deixado as coisas chegarem a tal ponto?
No dia do casamento, teve total certeza de que era Rose que queria para o resto da vida, entretanto, longe dela, pensando com calma, perguntava-se se as coisas realmente deveriam ser assim. Scorpius ainda a amava da mesma forma que antes. Tinha total certeza de seus sentimentos, mas será que conseguiria deixar para trás tudo que aconteceu entre eles? Será que ele conseguiria olhar nos olhos de Rose e dizer com todas as letras que confiava nela? Tinha suas dúvidas... Parte dele dizia que a ruiva estava sendo sincera ao dizer que o amava e que nunca havia traído sua confiança, enquanto a outra insistia em colocar dúvidas em sua mente. Em qual lado ele deveria acreditar?
Ali, no meio do jardim enevoado, pensando com calma, Scorpius começava imaginar como seria sua vida nos próximos anos sem Rose. Com certeza fecharia contrato com algum time de quadribol e dedicaria tempo integral para alcançar vitórias e fazer sua equipe se tornar a melhor. Depois ele encerraria o contrato e assumiria o lugar de seu pai, tomando conta dos negócios que lhe diziam respeito... Tentou se imaginar ao lado de outra esposa. Talvez essa fosse loira, com olhos castanhos e o recebesse sempre com um grande sorriso no rosto. Ele a beijaria e quando encarasse seus olhos enxergaria... Rose! Toda sua fantasia ao lado de uma pessoa diferente foi por água abaixo quando viu o rosto dela em sua mente. Era impressionante que toda vez que tentava afastá-la de seus planos futuros, todo seu sistema rejeitava a hipótese e projetava a imagem perfeita de Rose em seus pensamentos.
Scorpius suspirou. Talvez fosse mais fácil imaginar o futuro dela sem ele no meio. Talvez, quando terminassem Hogwarts, Rose ingressaria em algum programa de estudos para conseguir ser mestre em poções ou então sairia pelo mundo estudando e pesquisando, até conseguir material suficiente para escrever seu primeiro livro. Ela, sem dúvida, seria uma ótima autora. Talvez, em uma de suas viagens, ela encontrasse algum homem que fosse o oposto do que ele era, os dois se apaixonariam e se casariam. Teriam filhos, e...
- NÃO! – ele gritou, rejeitando mais uma vez a possibilidade de perder sua ruiva para qualquer outro homem. Ora, como havia constatado no dia do casamento, ninguém tinha o direito de tocar nela como ele fizera. Só de pensar em outro se aproximando de Rose, a beijando, a tocando, seu estômago embrulhava e um ódio mortal começava pulsar em suas veias.
Respirando fundo, Scorpius fechou os olhos mais uma vez. Agora imaginaria a coisa certa. Ele e Rose terminariam Hogwarts juntos e poderiam fazer uma viagem em comemoração ao início de uma nova etapa em suas vidas. Vincent e Sophie, que obviamente já teriam voltado até lá, também poderiam ir e os quatro se divertiriam como sempre fizeram. Depois, como teria que ser, Scorpius entraria em um grande time de quadribol, enquanto Rose estaria estudando para se tornar uma grande especialista em poções. Ela gostava bastante dessa matéria. Talvez conseguisse realizar seu sonho e depois de tanto estudo se tornasse uma inominada do Ministério. Ele e Rose se casariam, é claro, e em sua imaginação teriam os oito filhos que uma vez, quando tinha 14 anos, cogitara a possibilidade. Rose o receberia com um grande sorriso no rosto, e depois ficaria séria e criticaria as manobras arriscadas que fizera em algum grande Torneio. Os dois brigariam e por fim, ele encerraria aquela discussão com um longo beijo apaixonado. E pronto, a vida dos dois seguiria perfeita dessa forma.
Scorpius sorriu. Aquela, sem dúvida, era a vida que ele queria. Rose ao seu lado, brigas quase sempre por coisas tolas, reconciliações para lá de perfeitas, filhos ruivos e loiros correndo pela casa – e aqui ele sabia perfeitamente que Rose só concordaria em ter no máximo dois, e que os outros seis seriam substituídos por cachorros ou qualquer outro animal de estimação da sua escolha. Então por que ainda era difícil para ele dizer que confiava nela? Por que quando se afastava a maldita dúvida começava a gritar em sua cabeça, e ele se sentia inseguro? Ele queria entender, mais do que isso, ele precisa! Precisava saber como se livrar dessa sensação terrível antes que fizesse uma besteira grandiosa e o futuro que queria para o resto da vida, fosse substituído por um daqueles que ele havia imaginado antes.
- Mas que droga! – grunhiu Scorpius, se sentando no banco e colocando as mãos na cabeça.
- Scorpius? – uma voz feminina soou próxima a ele – Você tá bem?
Scorpius rapidamente abriu os olhos e encarou sua prima, que lhe observava com uma expressão preocupada.
- Ah, oi Anne! – ele sorriu, e soube que sua tentativa de transparecer simpatia fora totalmente forçada – Tá tudo bem sim! Onde estão seus irmãos?
- Pierre e Richard estão lá atrás, e pediram para eu te procurar e perguntar se quer jogar quadribol conosco? – a menina se sentou ao lado do primo.
- Ah claro, parece ótimo! – ele fingiu empolgação. – Mas acho que tia Daphne vai pirar um pouco com a imagem de nós quatro voando no jardim.
Os dois riram.
- Mamãe e tia Astoria saíram. Papai liberou a diversão e chamou tio Draco para entrar na festa também.
- Tio Joseph faz mesmo valer aquele ditado trouxa que diz que quando os gatos saem, os ratos fazem a festa. – Scorpius brincou e de repente uma ideia lhe ocorreu rapidamente – Ei Anne, meu pai ainda está lá dentro?
- Sim. Tio Draco disse que iria até o quarto trocar de roupa pra jogar com a gente.
- Certo. Olha, vai indo e diz pro povo que eu já apareço lá pra jogar. Preciso falar uma coisa com meu pai e logo me encontro com vocês, tá bem?! – antes mesmo que sua prima pudesse responder, Scorpius correu para o interior da mansão, em busca da única pessoa que poderia lhe aconselhar sobre dúvidas e preocupações.
Draco estava sentado na beirada da cama, amarrando os sapatos, quando ouviu algumas batidas ansiosas na porta de seu quarto. Revirou os olhos e murmurou um “entre”, e não se surpreendeu ao ver que o desesperado que batia era seu próprio filho.
- Você pretendia mesmo derrubar a porta a base de pancadas ou aquilo era apenas um treinamento para saber se sua mão era forte o suficiente para aguentar o impacto? – perguntou.
- Desculpe por isso. Mas eu realmente preciso falar com você. – Scorpius disse rapidamente, encarando o pai de forma quase suplicante.
Draco encarou o filho por alguns instantes em silêncio. Tentava desvendar o motivo de tanto desespero, mas não foi difícil para ele descobrir. Só havia uma coisa capaz de deixar Scorpius daquela forma. Só havia uma pessoa capaz de tirar seu filho do rumo e fazê-lo agir de forma tão agoniada. Draco sabia que a conversa que teria com seu filho seria a respeito de Rose Weasley.
- Sente-se filho! Tenho a ligeira impressão de que nossa conversa será um pouco longa. – Draco se afastou um pouco, para dar espaço para que seu filho se sentasse bem ao seu lado.
Scorpius suspirou e fez o que seu pai falou. Era melhor que estivesse mesmo sentado, assim não corria o risco de passar vergonha, caso suas pernas tremessem de raiva quando colocasse para fora tudo que precisava.
- Comece! – incentivou Draco – Eu estarei aqui ouvindo e prometo não interromper.
Scorpius assentiu e parou durante uns segundos para organizar seus pensamentos.
- Pai, como se faz para confiar na pessoa que a gente ama? – Scorpius perguntou de repente, e ao ver seu pai lhe encarar com uma expressão levemente confusa, decidiu explicar tudo detalhadamente – Olha, eu sei que vai parecer estranho e até um pouco confuso, mas é tudo que tem acontecido em minha vida durante os últimos meses, e é o principal motivo por Rose e eu termos terminado.
- Estou ouvindo.
- Certo... Bom, desde que fomos para Hogwarts, às coisas têm sido um pouco... Complicadas. Acho que essa não é bem a palavra certa, mas é a que melhor se encaixa. Sabe quando tudo começa a conspirar contra você? Quando, por mais que você tente, nada parece se encaixar e as coisas começam a desandar de forma absurda? Foi exatamente isso que aconteceu comigo. Num dia, tudo estava muito bem comigo e com a Rose. Até que Adam Krum apareceu, e fez questão de não esconder seu interesse por ela. Apesar de Rose me garantir que as coisas entre eles não passavam de amizade, não pude deixar de sentir ciúmes. E foi aí que tudo começou a ficar desastroso. Comecei a me comportar mal, e uma vez disse absurdos para ela, que jamais teria dito se estivesse em sã consciência. – Scorpius respirou fundo e prosseguiu.
“Acho que fiquei um pouco paranóico, não sei. Mas para mim quanto mais Rose se aproximava do Krum, mais longe ficava de mim. Era ridículo pensar isso, mas teve uma época que comecei a desconfiar que ela também estivesse apaixonada por ele. Já o chamava pelo primeiro nome e tudo mais. Então... Bom, então num belo dia encontrei os dois se beijando. Não tinha sido culpa da Rose. Eu sabia que ele havia provocado aquela situação, e podia enxergar nos olhos dela que estava dizendo a verdade, entretanto eu...”
- Você não conseguia acreditar nas palavras dela, por mais que transbordassem sinceridade. E, desde então, você tem lutado com sua consciência tentando se convencer de que ela sempre falou a verdade e você foi um perfeito idiota. – Draco completou a frase do filho, e precisou se conter para não rir de sua expressão – É filho, eu acho que entendo bem o que quer dizer.
- Entende? – Scorpius ergueu a sobrancelha, um pouco desconfiado – Que eu saiba, você e mamãe nunca passaram por uma situação dessas.
Draco passou a mão pelos ombros do filho.
- Não rapaz, nunca. Mas acho que passamos por uma coisa um pouco pior. – disse ele – Eu já lhe contei que no passado, fui obrigado a me tornar um Comensal da Morte, e que depois da guerra, só fui absolvido das punições, por ter ficado bem claro que não tive nenhuma escolha. O que nunca relatei, foi minha vida depois disso. – Draco encarou o filho – Scorpius imagine um lugar, em que todas as pessoas olhassem pra você e lhe acusassem de coisas que não fez. Imagine todos dando as costas pra você, não te querendo por perto por causa do seu passado obscuro, e apesar de ter sido inocentado, ainda ser julgado por pessoas que não aceitavam sua absolvição. Pois bem, essa era a minha vida.
“Alguns meses depois da guerra, fui aceito por Minerva McGonagall para voltar a Hogwarts e cursar mais uma vez meu último ano. Bom, era de se esperar que a maioria dos alunos me rejeitasse devido aos últimos acontecimentos e a repercussão de todo caso no Ministério. Sinceramente não me importava muito. Pela primeira vez, eu só queria passar despercebido, estudar e me formar, para então trabalhar duro e limpar o nome da minha família... Fiquei completamente surpreso, quando num belo dia, uma menina loira se aproximou de mim com um sorriso e foi completamente simpática. Sua mãe queria uma mesa para terminar de fazer o trabalho de Herbologia, e como a biblioteca estava praticamente lotada, eu era a única opção que lhe restava. Diferente dos outros, Astoria parecia não se preocupar em sentar ao lado de um ex-comensal. Ela simplesmente não ligava para esse detalhe e falava comigo como se fossemos amigos de décadas.”
Draco sorriu com aquela lembrança e balançou a cabeça.
- Bom, é claro que eu era cabeça dura demais para aceitar as coisas dessa forma. Devia ter alguma coisa por trás de toda aquela simpatia. Aquela menina devia estar mentindo quando dizia que queria ser minha amiga e que não se importava com meu passado, desde que eu estivesse realmente disposto a mudar. Então, num súbito ataque de grosseria por ter visto Astoria conversando com outro rapaz da Sonserina, e falando sobre mim, eu gritei com ela e disse coisas imperdoáveis. Ela dizia que não havia feito nada de errado e que eu não precisava ficar chateado. Dizia que estava apenas me defendendo, e que eu precisava confiar nela. Mas não acreditei, é claro. Simplesmente me virei e deixei sua mãe lá, falando sozinha e com lágrimas nos olhos.
“Dias depois, olhei para seu rosto e vi a verdade estampada ali. Tinha convicção de que Astoria não mentiu para mim, mas parte da minha consciência enchia minha cabeça de dúvidas. E se aquele alerta de que devia me manter longe, porque ela não estava sendo sincera, estivesse certo? Eu me magoaria, e não conseguiria passar por uma segunda decepção...”
Scorpius engoliu seco. Ele não era tão diferente de seu pai afinal. Embora as histórias não fossem exatamente iguais, os dois desconfiaram das mulheres que amavam e não conseguiam se livrar daquela sensação de dúvida. Entretanto, seu pai havia sido homem o suficiente para passar por cima daquilo. Ele precisava saber qual era o segredo para se livrar daquela sensação de insegurança, e ficou feliz por ter decido conversar com seu pai sobre aquilo.
- Pai, como você fez pra se livrar dessa dúvida? – perguntou Scorpius.
Draco riu mais uma vez, antes de encarar o filho novamente.
- Não é óbvio para você? Acreditei nela, é claro!
- Assim, tão fácil?
- Exatamente. Um dia eu estava sozinho com Astoria no salão comunal, e ela já recolhia as coisas para ir pro dormitório, quando finalmente percebi que não tinha motivos para desconfiar dela. Uma pessoa tão doce e sonhadora, capaz de me fazer sentir tão bem, jamais faria algo para me magoar. Percebi o quanto estava sendo imbecil ao deixar uma dúvida idiota impedir que eu corresse até ela e dissesse finalmente que a amava... E bom, acho que o resto da história você já sabe ou pode imaginar. Não deixei que sua mãe subisse para o dormitório até que escutasse tudo que eu tinha para dizer e pudesse ter certeza de que estava perdoado. Como um anjo que sempre foi, Astoria nem permitiu que me esforçasse tanto no pedido de desculpas e me aceitou de volta. Nós ainda não namorávamos, nem nada. Éramos somente amigos, mas eu já a amava incondicionalmente, e percebendo que ela sentia o mesmo, a beijei antes que pudesse terminar seu discurso bondoso sobre o quanto estava feliz por finalmente ter acreditado nela.
- Eu a amo, pai... – a voz de Scorpius saiu num sussurro – A amo demais, eu simplesmente não existo quando estou sem ela.
- Eu sei! – Draco passou a mão nos cabelos do filho – E deveria dizer isso a ela. Mas não somente por dizer, entende? Scorpius, se você quer mesmo reverter essa situação, vá até ela e diga de uma vez tudo que sente. Sem esconder seus sentimentos, mágoas, medos... Se ela não quiser lhe ouvir, grite, se tranque com ela em algum local, mas faça com que escute sua sinceridade, e o principal, faça entender que você a ama e confia nela. Não cometa o erro que eu quase cometi, ao deixar que uma simples dúvida atrapalhasse toda minha vida.
- E se ela não me aceitar? Quero dizer, depois do casamento da Victoire, nós estávamos bem. Mas eu podia perceber que os olhos de Rose estavam cheios de medo. Ela me olhava como se... Bom, como se tivesse medo que eu simplesmente me virasse e fosse embora pra sempre. Por mais que eu dissesse que estava lá e que ficaria ali, os olhos da Rose nunca abandonavam aquela incerteza.
- Ela está magoada Scorpius. E ao que me parece vocês ainda não tiveram uma conversa definitiva. Uma conversa que decidisse de vez as suas vidas... É natural que Rose sinta medo de que você dê uma de Draco Malfoy de novo, comece a gritar e se vire, deixando ela para trás sozinha...
- Eu não vou fazer isso... Não de novo.
- Exatamente! Até porque de Draco Malfoy já basta eu. Volte a encarnar o papel de Scorpius, e lute pelo amor que vocês dois enfrentaram todos para poderem viver. – Draco sorriu e abraçou o filho.
- Obrigado pai! – disse Scorpius.
- De nada, filho! – Draco se afastou, recuperando a expressão descontraída. Detestava parecer emotivo perto do filho – Agora vamos descer logo. Vamos provar para Joseph como se joga Quadribol e fazê-lo chorar com a derrota.
Scorpius riu e se colocou de pé num salto.
- É tão bom ver que apesar de tudo, você manteve seu espírito de “ninguém derrota um Malfoy”!
- É claro! Afinal de contas, nós, Malfoy, conseguimos tudo que queremos!
Rindo, pai e filho saíram do quarto. Draco com a certeza de que tinha ajudado seu filho. E Scorpius com a certeza de que dessa vez, faria o correto e voltaria a ficar em paz com sua Rose.
Irlanda
Casa dos tios do Vincent
Alguns dias depois...
O sol já estava se pondo. Vincent não sabia quanto tempo havia ficando sentando em sua janela, observando o horizonte. Uma, duas... Talvez mais de três horas seguidas. Mas ele realmente não se importava. Aliás, Vincent julgava não se importar com mais nada.
Sua mente vagava por um vazio sem fim. As coisas não pareciam ter muito sentido agora. Era tudo muito vago e sem forma. O silêncio em seus pensamentos podia ser amedrontador.
Antes de mergulhar nesse mar frio da desilusão, Vincent tentou lutar contra aquilo eu não queria acreditar ser real: o fim. Sophie não precisava mais dele, e seu sistema quando finalmente absorveu essa informação, lhe lançou num estado de torpor irreversível.
A graça tinha finalmente sumido. Agora não restava nada dela, a não ser uma carta jogada sobre sua cama, rasurada em várias partes, mas com um conteúdo de quem estava muito bem.
Não havia mais pelo que lutar.
O sol finalmente se pôs e Vincent continuou ali, parado, imóvel, encarando o nada e constatando que a escuridão se assemelhava muito com sua vida agora.
~~
N/A: E aí, pessoas!
Como estão? Espero que bem melhor que eu, cujo bumbum ainda está dormente e a vista embaçada graças a uma tarde de produção de capítulo.
Sim, vocês devem querer me azarar pq esse cap. não teve trocentas páginas, mas foi por um bom motivo. Não precisamos de mtos detalhes, quando a parte boa que está por vir, aparecerá em breve.
Bom, vou ser curta e bem direta. Próximo capítulo: volta à Hogwarts.
E para aqueles que estão curiosos, saberão finalmente quem é a Melissa.
A todos que comentaram, muitíssimo obrigada. Não vai ser dessa vez que poderei responder, mas quero que saibam que cada recadinho é mto importante pra mim. (VIVIANE VOCÊ POR AQUI, MELDELS! Saudades hein. Volte logo!!!)
Definitivamente Gica, vc precisa se identificar quando comentar que leu o capítulo HAUAHAU Só pra esclarecer gente, ela é minha melhor amiga, então, sinto lhes informar que SEMPRE vai ler antes de vcs kkkkkkkkkkkkkkk
Ai, agora eu vou. Até breve.
Amoooooo vcs x3
XoXo,
Mily.
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