Capítulo 2



Por hábito, Harry jogou o resto de café na pia, lavou a caneca e a deixou no balcão para secar. Fez o mesmo com a caneca de Hermione. Em dez anos morando numa casa sobre rodas, aprendera que ninguém apareceria para exe¬cutar as tarefas cotidianas. Desarrumou, tem de arrumar. A desarrumação que deixara anos atrás o trouxera de volta a Boot¬lick e à Fazenda Tilted T. Só que aumentou o caos ao chegar.
Ninguém se surpreendeu mais do que ele ante a escritura da fazenda na qual passara os verões na adolescência e enquan¬to cursava a universidade. Voltara na esperança de comprar uma fazenda, mas não imaginava que seria a Tilted T. Cônscio da fraqueza de Pete Harryler por jogo, pretendera devolver a fa¬zenda assim que o homem ficasse sóbrio. Foi quando Pete lhe contou a verdade. A fazenda afundava em um poço de dívidas e, se Harry não assumisse a propriedade, o banco a confiscaria. Um fim como esse seria devastador para um homem orgulhoso como Pete. Contar a Harry já fora difícil. Mas Pete ficaria ainda mais arrasado se o condado todo soubesse que fracassara. E morreria se a filha soubesse.
Após três dias de discussão e de análise dos livros contábeis, Harry viu-se obrigado a concordar com Pete. Felizmente, guardara um bom dinheiro vencendo nos rodeios e conseguiria renegociar as dívidas, colocando a fazenda de volta nos trilhos. Pete só lhe pedira três coisas: que pudesse ficar como capataz, que o acordo permanecesse em segredo e, a mais difícil, que enfrentasse a revolta de Hermione sem lhe contar a verdade.
Hermione. Fitou seus olhos verdes enfurecidos. Tinham se amado um dia, quando eram jovens demais e tolos demais para fazer boas escolhas, e Harry achava lamentável que não pudessem mais ser amigos. Na verdade, sentira mais do que um resquício de amizade quando ela se apoiara nele, exalando aquele perfume de manhã primaveril. Hermione lhe atiçara uma brasa que imagi¬nara estar apagada havia muito, e tivera de lutar contra a vontade de abraçá-la e se explicar.
Apoiou o cotovelo no balcão e contemplou a pia metálica. Era horrível se fazer passar por ladrão de cavalos, mas devia leal¬dade ao homem que lhe ensinara como administrar uma fazen¬da e, principalmente, como ser um homem de verdade. Para salvar o orgulho de Pete, engoliria o seu próprio e deixaria que Hermione pensasse o pior dele. Meneou a cabeça, irônico consigo mesmo. Ela devia estar odiando-o.
As boas pessoas de Bootlick também não ficariam surpresas ao saber que ele não devolveria a Tilted T, como todos os outros camaradas para quem Pete Harryler já a perdera. Sempre espe¬raram o pior dele, também. Imaginava a maledicência quando ele partira para o circuito de rodeios.
"Igualzinho ao pai imprestável", comparariam, provavelmen¬te. No fundo, Harry tinha a incômoda preocupação de que estariam certos.
Durante anos, nunca permanecera em um lugar tempo bas¬tante para ver a mudança das estações do ano. E se já não pudesse se estabelecer? E se o caráter errante herdado do pai fosse forte demais para suplantar? Uma coisa era certa, assu¬mir a Tilted T o forçaria a encontrar a verdade sobre si mesmo, de uma vez por todas.
Com um suspiro, pegou toalhas de papel para limpar a pia no instante em que Hermione exibia o bumbum em calça jeans aper¬tadíssima diante da janela da cozinha. De punhos cerrados, ela seguia para o trailer do capataz como um touro enfurecido de tênis brancos sobre a relva alta, o rabo-de-cavalo loiro balan¬çando sob o boné rosa-choque.
Hipnotizado pela bela visão, Harry inclinou-se para a frente e riu, apesar dos pensamentos sombrios. Céus, aquela mulher soltava faíscas!
Hermione subiu os degraus e entrou no trailer, pronta para a batalha em nome da honra da família. Quanta determinação! Se ao menos soubesse a verdade… Mas ela e o velho Pete sem¬pre guardaram distância quanto aos sentimentos, se bem se lembrava. Cada um acreditava que o outro esperava perfeição, e era extremamente difícil viver satisfazendo tamanha exigência.
Harry imaginou como pai e filha reagiriam se ele aparecesse lá de repente e os obrigasse a ouvir a verdade. Mas não podia agir assim, claro. Comprometera-se com Pete Harryler.

— Olhe para isto! — ralhou Hermione, diante do velho trailer. A pintura cor-de-vinho desbotara, transformando-se em um violeta manchado. O friso estava amassado. A porta da frente pen¬durava-se instável. Até as flores junto aos degraus precisam de poda. E pensar que o pai trocara sua linda casa de fazenda por aquele trailer caindo aos pedaços. Se já não estivesse furiosa, somente aquilo a deixaria irada.
Bem, o trailer teria de servir para ambos. Até descobrir uma forma de tomar de volta a fazenda daquele maníaco arrogante, não tinha escolha senão ficar fora da sede. Quem sabia as lou¬curas de que Potter era capaz? Por mais que lhe repugnasse a proximidade daquele cafajeste, se fosse embora, James nunca teria o que era seu de direito. E Harry Potter lhe roubaria mais uma parte de sua vida. Ela e o pai ficariam bem no trailer até a questão se resolver e Potter deixar a casa. Mesmo naquela situação, tinha de trabalhar rápido. Embora James estivesse em boas mãos com sua colega de apartamento Marietta, não queria ficar longe do filho mais do que alguns dias. E trazê-lo para a fazenda, para perto de Potter, estava fora de questão.
Hermione subiu os degraus de madeira e tentou abrir a porta de proteção. Estava emperrada. Tentou novamente, com mais for¬ça desta vez, e a porta cedeu de uma vez, fazendo-a recuar nos degraus. De algum modo, agarrou-se à maçaneta e conseguiu retornar à pequena varanda.
Com um suspiro cansado, abriu a porta interna e foi recep¬cionada pelo aroma fermentado de pão caseiro. Sally, fosse quem fosse, crescera um pouco aos olhos de Hermione.
Dentro do pequeno trailer, a velha poltrona do pai ocupava o espaço sob a janela oeste, e ele a ocupava. Hermione sorriu. Pete Harryler parecia contente como um gato num parapeito ensolarado.
— Bem, vejo que se controlou o bastante para vir almoçar. — Ele dobrou os joelhos e guardou o pufe debaixo da poltrona. — Um homem não gosta de ser criticado diante dos outros.
Aquele orgulho insuportável. Hermione meneou a cabeça, a culpa maior do que sua necessidade de estar certa.
— Desculpe-me, pai. Harry Potter me deixa doida.
— Sempre pôde deixá-la mais doida ou mais feliz do que qualquer outro homem.
— Isso foi há muito tempo.
— Uh-huh. — Pete passou a mão na barba por fazer. — Mais um motivo para vocês dois se acertarem agora. Principalmente porque ele é o novo patrão por aqui. — Ergueu a mão. — Não comece. Não vou dar calote numa dívida de jogo, você sabe.
— Não entendo, pai. Como pode deixar uma vida de trabalho árduo e lembranças acabarem assim, sem lutar?
— Não vou discutir isso com você, filha. Agora, vamos parar por aqui.
Hermione expressou desgosto.
— Fique calma e venha conhecer Sally — convidou Pete.
Uma mulher de rosto meigo e cabelos grisalhos passou da cozinha à sala. Sally estava levemente enrubescida, porém Hermione não percebeu sua ansiedade em conhecer a filha de Pete.
As duas se cumprimentaram.
— Espero que o pão seja para o almoço. Estou salivando desde que abri a porta.
Sally sorriu ao elogio.
— Para dizer a verdade, o almoço está pronto. Venha se sentar.
À mesa, o casal mais velho trocou um olhar. Hermione observou o semblante do pai. O que estava acontecendo ali?
Pete escolheu aquele instante para pigarrear.
— Hermione, querida, há algo que eu e Sally queremos que saiba.
Hermione sentiu um aperto no peito. Fitou o casal por cima da borda do copo de chá gelado.
— Nós dois… Sally e eu… estamos nos fazendo companhia.
Fazendo companhia? Aquilo significava o que ela achava que significava?
Antes que Hermione questionasse, Pete se levantou, contornou a mesa e pousou as mãos nos ombros de Sally. Os dedos pareciam velhos e retorcidos contra a estampa florida da blusa de algodão.
— Sally estava morando aqui no trailer e cozinhando para mim. Com Harry assumindo a sede e tudo, bem…
Sally e Pete agora viviam juntos.
Enquanto ela criava o filho longe da fazenda, aguardando o momento de voltar para casa de vez, o velho Pete Harryler se apai¬xonara. Por um lado, estava magoada por Sally ter tomado o lugar de sua mãe. Por outro, estava contente por ver o pai feliz.
Mesmo assim, descobrir que o pai tinha uma amante era um choque. Pior, agora não tinha como se hospedar no trailer, agora que Pete tinha uma amiga.
Outra meia hora se passou até o término do almoço, e Hermione encontrou uma desculpa aceitável para deixar o trailer. Graças a Harry e a seu pai, tinha muito em que pensar. E o único lugar que lhe restara era o estábulo.
Um longo corredor cortava o estábulo ao meio, entre as duas fileiras de baias. No inverno, podia-se fechá-lo, mas naquele dia o ar primaveril refrescante circulava livremente, carregado do cheiro dos cavalos e do feno. Hermione absorveu o aroma como se fosse de rosas. Um eqüino esticou o pescoço para fora da terceira baia e relinchou em saudação.
— Taffy… — Hermione passou a mão no focinho aveludado. Égua especialista na prova dos três tambores, Taffy fora sua amiga fiel na adolescência.
Hermione ergueu a tranca e entrou na baia, buscando automati¬camente a escova pendurada na parede. Com movimentos lentos e firmes, escovou o animal, acalmando-se com a tarefa ritmada.
— Está com fios embaraçados aqui — comentou, passando a escova na crina. — E eu também.
Infelizmente, o problema da égua era mais fácil de remediar do que o seu. Não podia partir enquanto não resolvesse a ques¬tão da posse da fazenda, mas também não tinha onde ficar.
O trailer não era opção, sobrando apenas a casa, o estábulo ou o banco traseiro do carro, nada convidativos. Chegara com a certeza de que encontraria seu antigo quarto aguardando-a, como sempre.
Era um tormento imaginar que poderia nunca mais se deitar em sua cama de infância e observar as estrelas cadentes no vasto céu texano, nem ver as brumas da manhã se erguerem sobre o lago. James merecia conhecer aqueles prazeres também.
Sentiu um arrepio ao pensar no filho. Desde o nascimento de James, já passara por muitas situações desagradáveis e não recuaria diante da mais importante.
Fez pausa mantendo a mão sobre o pescoço aquecido da égua.
— Esta é a minha casa, e a herança de James. Ninguém vai tirá-la de nós, muito menos um caubói que pode partir nova¬mente para os rodeios… ou atrás de uma mulher… a qualquer momento.
Se Harry esperava que ela voltasse humilhada para Oklahoma CiHarry, iria se decepcionar. Nem que tivesse de implorar, roubar ou mentir, asseguraria o futuro de seu filho. Mesmo que isso implicasse morar com o inimigo.
Arrepiava-se à simples idéia de dormir sob o mesmo teto com Harry Potter. Reação que não entendia. Temia o que ele poderia fazer se descobrisse que James era seu filho? Esse tinha de ser o motivo. Não confiava nem um pouco nele. E com certeza não permitiria que a vontade de Harry prevalecesse. Novamente, não.
Hermione inspirou o ar saturado do aroma de feno, riu de leve e abraçou o pescoço da velha égua. Harry que se preparasse. Estava para receber uma hóspede inesperada.
— Vamos, Taffy, dar uma volta e ver se Potter está cui¬dando bem da minha propriedade.
Pendurou a escova, tomou os arreios e abriu a portinhola. Vol¬tou-se ao som de botas sobre palha quando passava ao corredor.
— O que pensa que está fazendo? — O caubói desagradável aproximou-se dela.
Hermione empinou o nariz.
— Vou dar uma volta.
— Não, não vai.
Ignorando-o, Hermione puxou a égua pelas rédeas. Harry a segurou pelo braço com tanta força que ela teve de parar, e fitou os dedos enterrados em sua carne.
— Tire as mãos de cima de mim!
Tentou se desvencilhar. Harry não a soltou. Em vez disso, em¬purrou-a de volta à baia junto com a égua. No cubículo, Hermione viu-se presa entre dois corpos familiares, um quente e receptivo, o outro, duro e inflexível.
— Mas é um troglodita mesmo! — provocou Hermione, ainda mais zangada com a eletricidade que surgia entre ambos. — Rouba velhinhos e empurra mulheres com a metade do seu tamanho. Impressionante…
Harry afrouxou um pouco a mão. Devia saber. Talvez não se lembrasse tanto do temperamento de Hermione quanto deveria. Ela se desvencilhou, cerrou os punhos e passou a golpeá-lo no tórax, aliviando seis anos de dor e raiva.
— Seu miserável, mentiroso, trapaceiro, ladrão… — As acu¬sações prolongaram-se por um minuto inteiro. Hermione o sovou de todos os lados possíveis. Xingou seus parentes, desprezou seu intelecto e até o relacionou a formas inferiores de vida, e só então percebeu que Harry não tentava aplacá-la. Relaxado, man¬tinha-a segura contra a égua, franzindo o cenho somente quan¬do um bofetão passou perto demais de seu rosto.
— Hermione… — chamou, calmo demais quando ela diminuiu o ritmo para recuperar o fôlego.
Ela lhe deu mais um soco no ombro.
— E se acha que pode vir aqui e me impedir de cavalgar na minha própria égua…
— Hermione — chamou Harry novamente, quase divertido.
Desta vez, ela se deteve o tempo suficiente para notar o sor¬riso torto no rosto bonito.
— O quê?
— Taffy sofreu um corte atrás do joelho esquerdo. O veteri¬nário veio hoje cedo e lhe deu uns pontos, mas ela ainda não pode sair.
— Oh… — Hermione estava sem jeito.
Raios. Por que Harry sempre levava a melhor? Ela acabara de dar um show, quando ele só queria proteger a égua.
Sabia que devia pedir desculpas. Tentava engolir o orgulho e encontrar as palavras quando Taffy se cansou de ficar parada no mesmo lugar e deslocou-se mais para o fundo da baia. Su¬bitamente sem apoio e pressionada pelo corpo másculo, Hermione caiu deitada no feno, com Harry por cima.
Os olhos castanhos dele brilhavam a poucos centímetros de distância. Hermione sentiu a carícia do hálito quente de Harry no rosto enquanto estavam lá deitados, ofegantes de surpresa.
Ele perdera o chapéu na queda, e os cabelos úmidos se lhe colavam à testa. Hermione sentiu o coração descompassado. Harry con¬tinuava tão lindo quanto em seus sonhos, a atormentá-la desde que o vira pela última vez. Pior, continuava terrivelmente se¬melhante àquele que contemplava todas as manhãs. James pa¬recia-se com o pai. Como que hipnotizada, ergueu a mão para afastar aqueles cabelos errantes da testa. Ao ser tocado, Harry deixou de sorrir e procurou seu olhar.
— Hermione? — sussurrou, parecendo tão inseguro quanto ela.
Ela sabia que devia se mexer, levantar-se e sair do estábulo e da fazenda o mais rápido possível. Mas não conseguia mover um músculo sequer. Estava enfeitiçada por aquele rosto more¬no, pelas ruguinhas no canto dos olhos e pelas linhas de ex¬pressão adornando o sorriso.
Então, Harry beijou-a, e sentiu-se arrastada de volta no tempo, para uma lembrança tão saborosa quanto algodão-doce. Era loucura. Estupidez. Não o desejava em absoluto. Mas seu corpo não se esquecera da mágica que brotara entre ambos, anos antes.
Harry era maravilhosamente familiar, mas diferente ao mesmo tempo. Hermione experimentava uma centena de emoções conflitan¬tes. Ele parecia certo e, ao mesmo tempo, totalmente errado para ela. Amara-o demais e depois o odiara na mesma proporção.
O feno, o cavalo, o homem, tudo evocava lembranças da úl¬tima noite que passaram juntos. Desesperada, acreditara tola¬mente que, se o amasse bem o bastante, ele não a deixaria. Mas ele partira mesmo assim. Enquanto o filho crescia em seu ventre, Harry já estava bem longe dali, nos braços de outra mulher.
Hermione recuperou o foco.
O que estava fazendo? Voltara para recuperar a fazenda, não para se deixar seduzir por Harry Potter. Já não aprendera a lição?
Embora sentisse dor no coração e o corpo reagisse de prazer, Hermione lembrou-se do preço terrível que pagara pela falsidade de Harry.
Ele percebeu a mudança, pois cessou o beijo e manteve o rosto junto a seu pescoço. Sentindo o pulsar errático dele sob a palma da mãos, Hermione o afastou, querendo distanciar-se, antes que a tentação fosse forte demais.
Vários segundos se passaram antes que ele rolasse para o lado e colocasse o braço sobre os olhos, ainda ofegante. Hermione perma¬neceu deitada no feno, os sentidos e os pensamentos frenéticos.
Enrubescida, Hermione sentou-se e espanou a palha das roupas. Harry fez o mesmo. Ela queria sair dali correndo.
— Hermione, espere.
Ela se deteve ante a voz rouca.
Embora temerosa do que ele pudesse dizer, esperou. Ele co¬meçou a remover a palha de seus cabelos, e ela estremeceu involuntariamente. Permitir que ele a tocasse não era uma boa idéia. Com um movimento brusco, esquivou-se e levantou-se, ansiosa para sair dali. Taffy voltou a cabeça castanha e a cu¬tucou no ombro.
Harry permaneceu onde estava, apoiado num cotovelo, fitando-a.
— Pediria desculpas, mas não me arrependo.
Ela esfregou os lábios intumescidos com as costas da mão. O gosto da boca cálida de Harry não desaparecia.
— Claro que não. Você acha que tudo o que faz é justificável.
Sem dúvida, o miserável presunçoso acreditava que alguns beijos e uma boa rolada no feno a suavizariam, e ela voltaria para a cidade e o deixaria com a fazenda. Mas estava enganado. Não se deixaria ludibriar por alguns beijos e doces mentiras novamente.
— Pretende me seduzir e convencer a não brigar pelo direito de meu filho?
— Nunca me ocorreu isso. — Ele fitou os seios que se ele¬vavam a cada inspiração dela. — Principalmente porque nunca tive de seduzir você antes.
Hermione ficou tensa e cerrou os punhos. A verdade das palavras era mais humilhante.
— Seu egoísta…
Harry ergueu a mão num gesto de paz e meneou a cabeça, triste.
— Desculpe-me. Foi quem querer. — Pegou o chapéu e o bateu contra o joelho. — Encare os fatos, Hermione. Mesmo que a fazenda fosse sua, não poderia administrá-la de Oklahoma CiHarry.
— Eu pJamesjava voltar para casa.
— Quando a propriedade estivesse em ruínas? Já deu uma volta por aí? Sabe quanto trabalho precisa ser feito?
Hermione não sabia, mas não daria o braço a torcer.
— Eu dou conta do recado — afirmou, teimosa.
— Desculpe-me por discordar, srta. Granger, mas não pode administrar uma fazenda nos fins de semana. De qualquer for¬ma, nunca se importou com este lugar. Com certeza, não podia esperar para se livrar dele.
— Já lhe disse. Eu tive meus motivos.
— Eu sei. — Harry colocou o chapéu na cabeça, os olhos casta¬nhos cintilantes. — Josh Riddley, não é? O pó que deixei na estrada ainda não tinha assentado quando começou com ele. Tantas promessas de devoção infinita. A mim e à fazenda.
Hermione estava chocada por ele saber o nome de seu ex-marido. Mas achou bom. Que Harry Potter pensasse o pior dela, pois assim seu segredo estaria a salvo. Era evidente que ele nem desconfiava de que Josh não era o pai de James.
— Você também quebrou algumas promessas, caubói. Não que isso importe agora. — Ela apontou-lhe o dedo. — Quero esclarecer uns pontos. Vou ficar. Na minha própria casa, no meu próprio quarto, e não vou embora enquanto você não me devolver a escritura desta fazenda.

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