Um jogo as pressas



––––CAPITULO VINTE––––

O jogo as pressas

Quando Kyo chegou na sala comunal, pouco antes do almoço foi abordado por Julian que, de acordo com Tiago, apareceu de detrás de um quadro. Ela vinha falando um monte de coisas de uma vez que nem Sarah, que conseguia computar tudo o que o baixinho Flitwick dizia, conseguiu entender.

–Calma ai, Julian, fala uma coisa de cada vez! –exclamou Kyo, segurando a capitã do time da Grifinória pelos ombros.

–Tá... tá certo... –disse a garota se acalmando.

Eles se sentaram nas poltronas próximas a janela, de onde se podia ver o campo de quadribol. Julian parou para respirar, Kyo, Tiago e Sarah prestando atenção em cada movimento dela.

–É o seguinte, –começou ela –Dumbleodore chamou os capitães dos times de quadribol das quatro casa para conversarmos, ele nos explicou que metade dos times da Sonserina e Lufa-Lufa é de alunos do sétimo ano que precisarão de um tempo muito grande para organizar sua formatura, por isso nos últimos dois meses de aula estarão impossibilitados de jogar, por isso ele teve que adiantar alguns jogos de quadribol.

–Tá, e qual é o problema, são só dois meses. –tentou argumentar Kyo, mas Julian lhe agarrou pelo colarinho da camisa.

–Qual é o problema? –gritou ela –Qual é o problema? O problema é que nós vamos jogar contra a Corvinal no dia vinte e três de dezembro!

Kyo petrificou, jogar contra a Corvinal em três semanas, sem ter um treino há dois meses era como jogar sem vassoura e, de acordo com o que Julian lhe dissera, Tathiane era umas das melhores apanhadoras a voar no campo de Hogwarts. Ele fez força para respirar.

–Mas não tem como adiar? –perguntou Kyo –Não tem como treinar o suficiente para um jogo desse em três semanas.

–Eu já tentei, mas Dumbleodore disse que era essa data ou perderíamos de W.O. –disse Julian, inclinando a cabeça. –E ainda tem mais, Corvinal é bom demais!

–Mas que droga! –exclamou Tiago, furioso. –Não tem como ganhar!

–Lógico que tem, o Kyo é ótimo! –exclamou Sarah parecendo ofendida –E alem do mais o time da Corvinal terá o mesmo tempo que vocês para treinar.

–Quase não há tempo, –disse Julian, melancólica –só poderemos treinar uma vez por semana, as sextas de manha, e cada um fará um treino individual por semana. E a Corvinal

–Mas eu não tenho outro dia livre pela manha! –protestou Kyo –Meus dias vagos são só à noite, a não ser na sexta.

–Cara, –disse Julian, apertando o braço do garoto –você tem que arrumar um jeito.

–Só se eu treinar a noite! –exclamou Kyo, fazendo uma careta.

–Dane-se! –gritou Julian, se erguendo. –Eu quero você em ponto de bala para o jogo!

E ela saiu andando a passos duros sem olhar para trás, deixando os três garotos plantados no chão, olhando para o buraco na parede com cara de bobos.

–Ela é histérica, não é? –perguntou Tiago, sem se mexer.

–Deve ser, mas eu nunca vi ela gritando desse jeito. –disse Kyo, também imóvel.

–É a pressão do jogo, foi adiantado de uma hora pra outra, –comentou Sarah, quebrando a imobilidade –ela deve ter ficado nervosa.

–E pra variar jogaram o confete em mim, que bosta! –disse Kyo, afundando numa das poltronas.

–Fica assim não, Ka, você é ótimo e eu tenho certeza de que vai se dar bem... –disse Sarah, reconfortando-o.

–Valeu. –disse o garoto.

A escola parecia ter ficado histérica por causa do adiantamento do jogo, o pessoal da Corvinal, que normalmente era tão amigável, agora tentava a todo custo estragar o dia do pessoal da Grifinória. Ele viu mais de três vezes as duas artilheiras da Corvinal encostarem Silvia Sniper e Amanda Bynes na parede. Já os trigêmeos Weasley pareciam ter ficado mais doidos que o normal, soltavam bombas de bosta até dentro do escritório de Filch.

–Onde esses três arrumam essas bombas? –perguntou Kyo, para Tiago e sara, quando seu caminho foi cortado pelos trigêmeos correndo de Filch pelos corredores do quanto andar.

–Sei, eles devem saber alguma passagem secreta que da em Hogsmead. –sugeriu Tiago.

–Ah, tá... –disse Kyo, mas, de repente, se tocou de uma coisa –O que é Hogsmead?

–É verdade, você não sabe, Hogsmead é o único vilarejo totalmente bruxo de toda a Grã-bretanha. –Sarah se apressou em dizer.

–Bela informação...

Enquanto isso Kyo reparara que o jogo da Sonserina contra a Lufa-Lufa também parecia ter sido adiantado,já que os jogadores da Sonserina não paravam de marcar os da Lufa-Lufa, ou os que Kyo imaginava serem os jogadores, pois nunca os vira jogar.

Os professores também pareciam estar nervosos com o jogo, principalmente Minerva e Lennon, Minerva praticamente não estava dando aula para Kyo, sob o pretexto de que o garoto deveria treinar, dispensando-o de duas em três aulas, o que em certo ponto era bom, pois Kyo não precisava treinar a noite. O professor Lennon de herbologia esquecera completamente o assunto de suas aulas e passava o tempo vendo os alunos podarem as plantas.

Foi numa das aulas de transfiguração que Minerva deixou Kyo assistir que ela mostrou toda a sua preocupação com o jogo que aconteceria em duas semanas. Kyo e Tiago desenhavam planos para o jogo, o que era complicado pelo fato de ainda terem que copiar o que Minerva passava no quadro negro e de não saberem como Tathiane jogava.

–Sr. Hunter e Sr. Weasley! –exclamou Minerva, Kyo deixou sua pena cair. –Eu posso saber o que os dois tanto cochicham?

–Er... é que... que...–gaguejou Kyo.

–O que, Sr. Hunter? –a voz enérgica dela fez Kyo se encolher, Malfoy riu do outro lado da sala.

“Por que é que nós temos que ter aulas de transfiguração com a Sonserina, toda quarta?” se perguntou o garoto, vendo a cara de deboche do outro.

–É que nós estamos tentando bolar uma maneira de ganhar o jogo contra a Corvinal, professora. –Kyo olhou desesperado para Tiago, que diabo ele pensa que está fazendo?

–Bolando um plano para o jogo, hein? –disse a professora, Kyo viu o olhar de triunfo de Malfoy e soube que estava ferrado. –Bem, eu pensei que já estava dando tempo o suficiente para o senhor treinar.

–É, sim, a senhora deu, –disse Kyo, seu coração quase saltando pela garganta, se conhecia a professora estava bem encrencado –mas nós só temos quinze dias.

–Pode até ser, Sr. Hunter, deus sabe que o que eu mais quero é ver a Grifinória ganhando essa taça, mas nem por isso posso deixar meus alunos ficarem sem estudar para pensar em quadribol.

–Desculpe, professora. –disse Kyo, esperando o castigo.

–Dessa vez passa, mas mesmo assim, Accio pergaminho!

O pergaminho em que Kyo e Tiago escreviam voou até a mão da professora, que o abriu e o olhou, depois ela lançou um olhar severo para Kyo.

–Sr. Hunter, recomece a copiar o que eu escrevi no quadro, –disse ela balançando o pergaminho –que este aqui eu só entregarei no final da aula.

Kyo teve vontade de socar alguma coisa e teve que se segurar para tornar Malfoy aquela coisa, pois o risinho de Malfoy era incrivelmente irritante. A professora continuou a escrever no quadro e, desta vez, muito mais rápido do que antes.

Durante duas semanas a agitação era cada vez maior em Hogwarts, todos sabiam que o jogo mais esperado da temporada era Grifinória contra Corvinal, pois era o jogo mais disputado, apesar da lenda de que a Grifinória nunca ganhava. A todo instante Kyo se via sendo seguido por um grupo de garotas do segundo ano da Corvinal, muitas vezes, ele reparou, Tathiane estava entre elas.

Entrementes junto com a agitação do jogo uma outra coisa causava excitação em Hogwarts, principalmente entre as garotas. O baile de inverno. Todas as garotas da Grifinória pareciam querer mostrar o quão bonitas podiam ser, e o pior é que conseguiam. Tiago e John não paravam de babar para as garotas, e até mesmo Archie, que sempre parecera alheio ao resto do mundo, parecia ter posto os pés no chão para observa-las.

Kyo nunca reparara na existência de tantas garotas em Hogwarts, até mesmo Emily Bulstrode parecia ter ficado bonitinha. Tiago não para de reclamar, uma hora sobre as garotas, outra sobre o comportamento delas, outra sobre o jeito de andar delas, mas sempre tinha relação com elas:

–Por que elas só andam em bandos? –perguntava ele, após uma especialmente chata de historia da magia –Nunca vi grupos menores do que cinco ou seis, e os risinhos? Elas riem de tudo, pedi para falar com a Julian e mais ou menos dez garotas riram por uns dez minutos sem parar!

–Sobre o que você foi falar com a Julian? –perguntou Kyo, curioso, ele parecia ser o único a não ligar para esse tal baile.

–Ah, fui ver se os meus irmãos estavam treinando, eles parecem só pensar em soltar bombas de bosta!

–É para aliviar a tensão. –disse Sarah, que os alcançou a alguns metros da sala de historia da magia.

–Eu quero aliviar minha tensão também, –protestou Kyo –mas ainda não soltei nenhuma bomba de bosta!

–Você não é um baderneiro por natureza, né, Ka? –disse Sarah, que pareceu se ofender com o comentário.

–Eu queria tomar coragem para convidar uma garota... –reclamou Tiago.

–E por que não convida? –perguntou Sarah esperançosa.

–Sei lá, da um frio na barriga, e se ela recusar.

Kyo mal estava escutando Tiago, estava pensando se realmente queria ir ao tal baile. Já fora convidado por algumas garotas. Uma do terceiro ano da Lufa-Lufa, era até bonita com suas marias-chiquinhas, mas Kyo dissera que não antes mesmo de poder computar a informação, sentiu um tanto de pena da garota. Uma outra do quinto ano da Sonserina, era duas vezes maior que Kyo e o garoto sentiu medo de ser esmagado se dissesse que não. Até recebera um bilhete anônimo dizendo que a remetente queria convida-lo mas não tinha coragem e, se ele descobrisse quem era, para por favor convida-la.

–Kyo, você quer ir comigo ao baile? –essas palavras trouxeram o garoto de volta a tona.

–Ahn?

–Quer ir comigo ao baile? –era Lilian quem o convidara, a garota aparecera de repente na frente dele.

–Nem vai dar, já tenho com quem ir... –disse Kyo sem pensar.

–Ah, então tá, tchau. –ela meio que torceu o rosto, Kyo não conseguiu identificar se por raiva ou desapontamento.

A garota se virou, Kyo sentiu um pouco de pena dela, pensou em dizer que estava mentindo, mas agora era tarde demais. Então perguntou uma outra coisa:

–Lilian?

–Por que você me convidou? –perguntou ele. –Sempre pensei que você não gostasse de mim.

–E não gosto mesmo. –disse ela displicente.

–E então?

–É que, apesar de não gostar de você, não posso negar que você seja um gato –ela piscou marotamente para ele– e todas as garotas da minha turma iriam morrer se me vissem com você.

–Ah, obrigado, agora e sinto completamente oco. –respondeu ele, com ironia.

–De nada, gatinho!

Kyo se virou para Tiago, que olhava espantado enquanto Lilian se distanciava.

–Da pra acreditar? –perguntou Kyo, a ofensa estampada na cara.

–Mais uma, né, Sarah? –disse Tiago se virando para a garota.

–Acho que no nosso livro de formatura vai estar escrito que você foi o arrasador de corações da turma. –disse Sarah, dando leves cotoveladas nas costelas de Kyo.

–Lá vem vocês de novo! –exclamou Kyo, confuso –Do que é que vocês tão falando?

–Você ainda não reparou? –perguntou Tiago, em tom de zombaria.

–O que?

–Que quase todas as garotas de Hogwarts se joga aos seus pés? –disse Sarah, e continuou, num tom brincalhão –Até eu arrasto uma asinha pra você...

Kyo sentiu seu rosto corar e baixou o rosto.

–Pior, –continuou Tiago –quando você entra no salão principal metade das garotas se inclinam pra te olhar. Eu tenho certeza de que já vi a Carla Malfoy cair do banco de tanto esticar o pescoço.

–Nah, é zoeira de vocês! –disse o garoto, levando, ou pelo menos tentando levar na brincadeira.

–Eu ouvi as meninas da Corvinal dizerem, lá na biblioteca, que era por causa do seu jeito largadão.

Kyo engoliu em seco, não que não gostasse de ser popular, mas achava que era ridículo, nunca em toda a sua vida fora famoso, talvez fosse por ser o Menino Que Sobreviveu, nenhuma garota jamais gostara dele, talvez exceto por Jaqueline Boss, ou de Pámela Ninington, ou Andréa Paulian. Kyo se surpreendeu em pensar que sempre tivera uma garota, por mais que ele fosse mal visto por ser rebelde, que estava afim dele, que gostava dele. Ele se lembrou duma festa de um colega de escola, dois anos antes de vir para Hogwarts, fora a única festa da qual ele participara, havia uma garota muito bonita, ela lembrava muito uma pessoa em Hogwarts, mas ele não lembrava quem, tentaram fazer um esqueminha para que ele ficasse com ela, mas Kyo não quis, dissera que não estava afim, a garota pareceu ficar decepcionada.

–É cara, você é bem visado por aqui, –zombou Tiago –me da um pouco desse mel que você já tem todas as garotas de Hogwarts.

–Menos a que eu quero...


Na manha de vinte e três de novembro Kyo acordou sem saber direito porque acordou tão nervoso, sentia o corpo todo tremes e suas mãos suavam a toa, ele se sentou e olhou a volta, ainda estava escuro, só se lembrou o porque daquele nervosismo quando avistou suas vestes de quadribol e sua vassoura, bem ajeitadas ao lado de sua cama.

Eles vestiu suas vestes, demorou algum tempo para perceber que estava tentando por a camisa nas pernas e que seus pés não caberiam nas luvas. Olhou na cama de Tiago, os cabelos ruivos de Tiago jogados em sua cara suada. Os roncos de Archie ecoavam pelo quarto. Ele saiu do dormitório e desceu para a sala comunal, encontrou Uandalini e Sarah dormindo em poltronas lado-a-lado, com grossos livros no colo.

Ele passou direto por elas e seguiu em direção ao buraco do retrato, a mulher gorda também estava dormindo. Ele até penou em ir pelo curto caminho da passagem secreta, mas seria rápido demais e ele queria pensar um pouco, para que não ficasse estressado por causa do jogo.

Os corredores de Hogwarts estavam vazios, ele se lembrou da ocasião em que saíra a noite para passear pelo castelo. As armaduras pareciam ranger enquanto ele passava, os quadros apontavam e cochichavam entre si, no primeiro andar teve certeza de que um deles o xingara, se virou e viu que ele carregava consigo o brasão da Corvinal com sua enorme águia negra.

No salão principal encontrou treze pessoas, o time de Corvinal, que comiam agitados e pareciam muito confiantes, e o pessoal da Grifinória, Kyo estranhou que nem mesmo os trigêmeos mostravam algum animo, Kyo se sentou ao lado de Amanda, defronte a Silvia.

–Qual é pessoal? –perguntou ele. –Por que o desânimo?

Kyo tentou passar animo, mas ele mesmo não se animaria aquela voz.

–É simples, –disse Julian, emburrada –não vencemos a Corvinal há sete anos!

–E sempre levamos um coro, –desta vez quem falara fora Amanda –tínhamos esperança que com você e sem a Tathiane pudéssemos ganhar.

–E nós vamos ganhar! –Kyo falara com tanta determinação que nem mesmo ele acreditara, pode perceber que as bochechas dos trigêmeos recuperaram seu tom rosado.

–É isso ai! –gritou Felipe.

–Nós vamos arrebentar! –completou Ciro.

–E soltar bombas de bosta para comemorar! –terminou Renan.

–Bombas de bosta? Mas eu deixei meu estoque no dormitório... –disse um garoto de cabelos roxos entrando no salão principal.

Era da altura dos trigêmeos, embora fosse muito mais magro, seus olhos eram negros e sua pele bem bronzeada. Kyo já o tinha visto com os trigêmeos, mas nunca imaginara que ele fosse o fornecedor. Ele se largou num banquinho ao lado de Julian.

–Daqui a pouco você sobe correndo pela passagem do saguão e pega umas trinta, vamos ter muito que comemorar, beleza Kauan! –exclamou Felipe.

Kyo se espantou, como eles sabiam da passagem secreta?

–Esquece, no ano passado foram duzentos a zero em dez minutos, –desanimou Julian –nem mesmo com toda a habilidade de Kyo...

–Eu pego o pomo antes dos dez minutos! –exclamou Kyo.

–Esquece, –agora a voz de Felipe parecia muito melancólica e suas bochechas voltaram ao tom cinzento de antes –o melhor tempo da historia de Hogwarts é quatro minutos e cinqüenta e dois, ninguém quebra o recorde do Harry...

–Se o Harry conseguiu eu também consigo! –disse Kyo, indignado.

–O problema é que naquela época o pomo tinha metade da velocidade que tem hoje, –explicou Julian –e metade do tamanho também.

–E contra quem foi esse recorde? –perguntou Kyo.

–Cor... –começou Julian.

–Corvinal, não é? –perguntou Kyo, cada vez mais animado. –Então, se já aconteceu uma vez, pode acontecer de novo!

–Não! –exclamou alguém as costas de Kyo.

Era Tathiane, segurava uma Firebolt e tinha um largo sorriso no rosto, usava as vestes de quadribol da Corvinal, aquele preto e prata se contrastavam com seus cabelos negros, agora presos num apertado coque na nuca.

–Ninguém ganha de mim! –disse ela pomposa –Nem mesmo Potter ou você com essa sua vassoura.

Ela indicou a vassoura de Kyo, que estava deitada em cima da mesa ao lado do garoto, Kyo sorriu para ela, o que foi um incrível esforço, o desanimo de Julian parecia ter invadido ele.

–Sabe, um pouquinho de humildade não faz mal. –disse o garoto, encarando Tathiane, seus narizes quase se tocando.

–Mas eu estou sendo humilde. –riu ela.

Ela se virou e se dirigiu a mesa da Corvinal, rindo sem parar, Kyo se perguntou se ela não estaria na casa errada, ela deveria estar na Sonserina.

–Ela não pode ser tão boa. –disse Kyo.

–Pode, ela quebrou o recorde do Harry... –suspirou Amanda.

–Mas vocês disseram que o recorde era do Harry! –exclamou Kyo, indignado.

–Mentimos, –disse Felipe –estávamos tentando te animar...

–E agora?

–Sei lá...

Uma hora depois eles estavam no vestiário do time da Grifinória, todos desanimados, até mesmo Kyo. Julian se ergueu com coragem, parecia muito determinada, mas a decepção estava estampada em seu olhar.

–Time! –exclamou ela. –Bom, sabemos que a vitória é um sonho longínquo, está fora de alcance, mas vamos jogar com toda a nossa garra, vamos perder, mas perder bonito! Quatrocentos e vinte a dez é muito feio.

–Feio sou eu, isso foi horrível. –reclamou Felipe.

–Viramos motivo de chacota pela Sonserina durante dois meses. –complementou Renan.

–Não, ainda somos, Juliano Bluemoon nos zoou semana passada, lembram? –perguntou Ciro.

–Tudo bem, vamos voar lá com toda a gloria e coragem que o nome da Grifinória tem! –exclamou Julian.

Kyo sentia que suas costelas iriam quebrar se seu coração não parasse de bater nelas com tanta força. Junto com o time se preparou a porta do vestiário, que se abria lentamente, ele pode escutar o narrador falar sobre o time da Corvinal:

–E ai vem a esplendida Corvinal! –gritou ele para a torcida da Corvinal, que vibrou, mal se podia ouvir as vaias da Grifinória –Aumin Flaver nas balizas, Boll Cutler e o capitão Nowen Argênio com os balaços, Charles Hammer, Justin Megaton e Violeta Rosemary com as goles e, melhor do que nunca, bela como sempre, Tathiane Priscila com o pomo de ouro!

Kyo sentiu o campo pular enquanto seu estomago afundava, agora eram eles que entrariam, montou a vassoura, viu Julian disparar, seguida por Amanda e Silvia, logo depois Ciro, Felipe e Renan, e por ultimo ele que, por um segundo, viu apenas um enorme borrão. Enquanto ele dava a volta pelo campo escutava a torcida da Grifinória, duas vezes mais agitada que a da Corvinal, e o narrador, que era da Corvinal:

–E agora vem o timinho da Grifinória. –disse ele sem animo.

–Hungster! –gritou o professor Lennon. –Por favor seja parcial!

–Tá legal, tá legal! –concordou o rapaz, a contragosto –O time da Grifinória voa pelo campo, depois do coro que levaram no ultimo jogo contra a Corvinal ele voltam a toda, os trigêmeos Weasley estão loucos para enfiar aquela goles no aro da baliza. Eles tem Julian Spinner nas balizas, Amanda Bynes e Silvia Sniper nos balaços, Ciro, Felipe e Renan Weasley com a goles e, tenho que admitir, um dos melhores, senão o melhor, apanhador que eu já vi, Kyo Hunter com o pomo de ouro!

Kyo sentiu-se melhor, se o próprio narrador, que era da Corvinal o elogiara era porque realmente era muito bom. Impeliu a sua vassoura toda a velocidade que pode. Parou perto do centro do campo e esperou pelo professor Clooney.

–Você parece ser bom, maneja bem a vassoura! –disse alguém ao seu lado.

Era Tathiane, ele sorriu para ela, com o máximo de confiança que pode juntar.

–Isso porque só me viu jogar de longe e sem conhecimento de como era um jogo de verdade!

–E eu preciso de humildade? Você é bem presunçoso, sabia?

–Eu não sou presunçoso, sou realista.

–Ah, nossa, quanto modéstia...

–O narrador é da sua casa, ele mesmo disse que eu sou um dos melhores, senão o melhor.

–O Alfred não sabe o que diz.

Nesse momento Kyo avistou o professor se aproximando com a caixa das bolas, tinha em mãos um belo exemplar de Nimbus 1.0. todos pousaram em volta dele, Kyo e Tathiane mais afastados do circulo central. Ele abriu a caixa das bolas. Soltou as correias que seguravam os balaços, que voaram para longe, Kyo não viu onde, depois ele liberou o pomo, Kyo estranhou, no jogo anterior ele liberara o pomo, mas não disse nada.

–Apanhadores e batedores! –gritou o professor. Kyo viu Amanda e Silvia levantarem vôo, do outro lado Tathiane levantou vôo, também, junto Boll Cutler e Nowen Argênio. Ele mesmo levantou vôo, subindo mais alto que todos, Tathiane olhou para ele, a raiva estampada em seu rosto.

O professor pegou a goles e a lançou no ar, soprando o apito. Todos os artilheiros dispararam no ar, os trigêmeos Weasley facilmente dominaram a goles e dispararam em direção a área adversária, Kyo sentiu sua esperança crescer e seu nervosismo voar para longe.

–Não adianta ficar esperançoso, –disse Tathiane pouco abaixo dele –não vai ficar assim muito tempo.

Ela mal terminou de dizer essa frase Kyo teve que desviar de um balaço atirado por Boll Cutler. Tathiane sorriu. Kyo disparou pêra o outro lado do campo, perto das balizas da Corvinal. Sua Thunderbolt era muito rápida, mas a Firebolt de Tathiane também era, e em pouco menos de um minuto ela percorrera o quilometro que os separava.

Enquanto isso o resto do jogo esquentava, por mais incrível que possa parecer já estava setenta a cinqüenta para Corvinal, em apenas cinco minutos de jogo.

–E lá vai Weasley, qual deles? –Alfred Hungster, com o megafone nas mãos – Descubra você, porque eu não sou mágico, er... sou sim foi mal! Ele dispara para as balizas, passa para Weasley, que passa para Weasley, e devolve para Weasley, Weasley e.... GOL!!!!!! Setenta a sessenta para Corvinal! Os trigêmeos estão afiados... mas que merda! Eles já tomaram a goles? Ah, mas Violeta Rosemary pagou de volta... mas que diabos, esses Weasley já pegaram de novo!

Kyo sorriu ao ver o professor Lennon correr atrás de Alfred, este segurava o megafone e gritava alguns palavrões, e riu ainda mais quando p professor descontou quinze pontos da Corvinal para fazer o garoto parar, como o som das palavras do professor ecoou por todo o campo a torcida da Corvinal vaiou muito alto.

Kyo resolveu procurar o pomo com um pouco mais de vontade e disparou em direção ao centro. Tathiane voava bem baixo, vedo se o pomo não estava próximo ao chão. Kyo baixou um pouco, ficando mais ou menos cinco metros acima de Tathiane. De repente seu coração parou, ele avistou o pomo, estava um metro abaixo de Tathiane e uns três à frente. Se ele voasse direto na direção do pomo Tathiane ela perceberia e o pegaria antes dele com certeza, o que ele poderia fazer, então?

Não podia se demorar em pensamentos, resolveu arriscar ir direto na direção do pomo, a garota estava distraída olhando para baixo, ele deitou na vassoura e a jogou na direção do pomo, sem pensar em conseqüências. Como ele previu Tathiane reparou seu ato graças ao grito da torcida, Kyo tentou imprimir toda a velocidade a sua vassoura, mas antes que pudesse algo entrou em sua frente muito rapidamente.

–O que foi? –perguntou Kyo, irritado.

–Nada, só achei que você não devia pegar o pomo agora. –disse Tathiane com um sorriso malicioso.

Kyo tentou ver se o pomo ainda estava lá, mas sumira. Olhou nervosamente para Tathiane, sentiu vontade de soca-la.

Kyo ia dar a volta na vassoura, mas naquele momento avistou o pomo, batia as asas um metro acima de onde estivera antes, Kyo fingia encarar Tathiane, mas observava o pomo. Este parou um pouco e mergulhou, ficando a mais ou menos meio metro do chão.

–Quer saber? –disse Kyo, sorrindo e assustando a garota –Acho que vou pegar sim.

–Como assim? –perguntou a outra, espantada.

–Você sabe mergulhar?

Com isso o garoto mergulho em direção ao chão, sabia que Tathiane não iria atrás do pomo, e sim dele, pois não sabia onde a bolinha de ouro estava. O garoto olhava para a bolinha, que estava em sua diagonal, mas ia em direção ao solo, Tathiane o seguia de perto. Kyo sabia o que ia fazer, só estava rezando para ela não mergulhar tão bem quanto ele. Ele diminuiu um pouco a velocidade para que Tathiane pudesse alcança-lo, estavam a dois metros do chão.

–Vai... vai... –dizia Kyo, pensando alto. –Agora!

Kyo puxou a vassoura com toda a força que conseguiu reunir, saindo do mergulho a menos de dez centímetros do chão, sentiu a grama roçar a ponte de seus pés e escutou um baque oco que só podia significar uma coisa, Tathiane não se recuperou a tempo. Um grande oooohhhhhhhhhh ecoou pelo campo vindo da torcida da Corvinal, escutou o capitão da Corvinal gritar um palavrão e, simplesmente esticando a mão, pegou o pomo.

–E Kyo Hunter captura o pomo! –exclamou Alfred na arquibancada –E a Grifinória ganha de duzentos e quarenta a duzentos e trinta! E, eu não sei se vi direito, mas aquilo que o Hunter fez foi uma Finta Wronsky! Fenomenal! Eu estava certo, ele realmente é o melhor!

Eles ouviram uma batida oca, que deveria ser Alfred levando um soco de alguém.

Kyo disparou para o alto com o pomo bem preso em sua mão, a torcida da Grifinória vibrava, Lufa-Lufa ia ao delírio com o jogaço que tinham acabado de assistir, Corvinal e Sonserina se matavam de vaiar. Kyo viu o resto do time pulando de alegria, mesmo os que estavam em cima da vassoura, os trigêmeos já preparavam as bombas que Kauan Wood.

Ele voava normalmente até que uma coisa o fez parar a vassoura bruscamente, um cartaz erguido por um grupo de garotas da Lufa-Lufa brilhava em meio as arquibancadas, a letras eram vermelhas e douradas e havia um leão de plano de fundo, ele quase caiu da vassoura quando terminou de ler: Kayo Hunter, você é muito lindo, vai comigo ao baile? Ass: Silvana Aligun. Depois disso Kyo teve que pousar, temendo não se segurar em cima da vassoura. No chão foi prontamente abordado pelos trigêmeos.

–Olha o Kyo meu!!! –exclamaram os três juntos. –Arrasando corações!!!

–Vocês combinam? –perguntou Kyo.

–O que? –perguntaram em uníssono.

Enquanto isso o resto do time se aproximava, junto com Tiago e Sarah.

–Isso, esse negocio de falarem juntos.

–Não, é espontâneo! –disseram, mais uma vez em uníssono.

–Vocês são esquisitos...

–E você é um belo dum garanhão! –dessa vez quem falara não fora nenhum dos trigêmeos, era Sarah, ela sorria abertamente para ele.

–Ah, eu não sou tão garanhão assim! –exclamou Kyo.

–E ai, Hunter, se não for com Aligun, vai comigo ao baile? –Kyo quase engoliu a própria língua, Silvia pusera a mão no ombro de Kyo e sorria para ele.

–Ei, você não ia comigo? –exclamou Felipe.

–Você não se importa se eu te trocar, não é? –disse a garota, marotamente.

–É claro que me importo! –exclamou Felipe indignado.

–Então ele vai comigo! –Amanda apressou-se em dizer.

–Êpa! Olha eu aqui! –agora uem falara fora Ciro.

–Nem pense... –disse Renan com um olhar letal olhando para Julian.

–Eu não disse nada! –se defendeu a garota.

–Bom mesmo.

–E ai, Kyo, com quem você vai? –perguntou Tiago, ignorando os irmãos.

–Com ninguém. –respondeu o garoto, secamente.

–Mas e a garota do cartaz? –perguntou Sarah, curiosa –Ela se declarou na frente da escola toda.

–Ela não sabe escrever meu nome. –a voz de Kyo saiu de um modo letal.

O campo já se esvaziara e todos estavam voltando para o castelo, Tiago conversava baixinho com Sarah, Kyo tinha quase certeza de que sabia o motivo, os trigêmeos pulavam e soltavam fogos Dr. Filibusteiro pelo gramado.

–Ai, eu vou dar uma volta. –disse ele montando a vassoura. –Pensar se eu vou ou não no tal baile.

–Beleza, a gente se encontra na hora do jantar.

Kyo subiu com a vassoura, não tão alto quanto no jogo, resolveu dar a volta no castelo e, quem sabe, depois sobrevoar a floresta proibida. O castelo era muito maior do que Kyo imaginara, demorara quase o dobro do tempo que previra o rodeando.

–Será que eu dou uma voltinha em cima da flo... –Kyo parara de falar consigo mesmo, vira alguém conhecido andando pelos terrenos. –O que o Filch tá fazendo aqui?

Ele mergulhou devagar e se aproximou de Filch, este caminhou rapidamente até um canto próximo a parede onde uma figura encapuzada o esperava. Kyo se escondeu atrás duma arvore próxima para escutar o que eles iriam falar.

–Eu preciso de mais! –disse Filch, parecia muito agitado. –Está acabando!

–Tudo bem vai chegar via coruja no dia trinta e uma. –a voz da figura era esganiçada, quase como se ele estivesse sendo sufocado.

–Mas não sei se vai durar até lá!

–Eu só tenho isso, aqui, reze para durar até o dia trinta e um!

Ele entregou a Filch um vidrinho com um liquido verde-musgo, que mexeu e pôs alguma coisa nela, depois bebeu um pouco. Kyo conhecia aquele liquido, mas não sabia de onde, e, sem querer, deixou escapar uma exclamação. A figura encapuzada pareceu escutar.

–Tem certeza de que não foi seguido? –ele olhava exatamente para o ponto onde Kyo estava, mas não via nada, graças a arvore cheia de neve.

–Tenho, por quê? –respondeu Filch.

–Nada, acho que escutei um barulho.

–Deve ter sido um pássaro.

Tomando o máximo de cuidado possível, Kyo disparou com a vassoura para longe dali. Pensando se deveria ou não contar para Sarah e Tiago o que vira.

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