O baile de natal



––––CAPITULO VINTE E UM––––

O baile de natal

Quando chegou Kyo contou todo o ocorrido para Tiago e Sarah, Tiago disse que Filch provavelmente tinha alguma doença e não tinha coragem de pedir para Snape fazer a poção, mas Kyo e Sarah estavam sentindo que alguma coisa estava muito errada.

–Mas se o Filch realmente estiver doente, não teria medo de pedir uma poção a Snape! –argumentava Sarah, apesar da teimosia de Tiago.

–Eu não teria coragem! –exclamou Tiago. –Imagina, pedir uma coisa pro Snape com aquela cara de poucos amigos dele!

–Meu pai não e tão mal Tiago, só não gosta muito da Grifinória. –exclamou Sarah, indignada.

–O Snape não é mal, é pior! –reivindicou Tiago.

–O Snape não vem ao caso, o problema é o Filch! –disse Kyo, trazendo os dois de volta. –Eu tenho certeza de que conheço a poção que ele fez... só não me lembro de onde!

–Vamos parar de discutir sobre isso, –pediu Tiago –o baile tá ai, é algo mais interessante, não é?

–Não, Ti, isso é muito mais importante! –disse Sarah num tom repreensivo.

–É melhor mesmo a gente deixar pra discutir isso depois Sarah. –aconselhou Kyo.

–Por que, Ka? Isso é muito mais impor...

Ela parou de falar, compreendera porque Kyo resolvera discutir depois, as gêmeas Patil se aproximavam dele e seus sorrisos cínicos estavam muito bem estampados em suas faces, Kyo fechou o rosto e Tiago fez uma careta, apesar de Sarah não fazer nada.

–Oi gente. –disse Pubia, com sua habitual voz melada.

–É, oi. –concordou Nancy, a voz duas vezes mais melosa que a da irmã.

–Oi. –disseram Kyo e Tiago num uníssono melancólico.

–E ai Kyo, vai com a Silvana Aligun pro baile? –Perguntou Nancy.

–Não. –respondeu o garoto secamente.

–Ouvi dizer que ela é muito bonita! –exclamou Nancy, sua voz estranhamente alterada.

–Não ligo, ela podia ser a garota mais linda de Hogwarts, ela errou meu nome. –continuou Kyo, sua voz, se é que era possível, ainda mais seca.

–Vai com quem então? –insistiu Pubia, “como é que ela pode ser tão irritante?” perguntou Kyo.

–Não te... –começou Kyo.

–Ele não está afim de ir. –atropelou Sarah.

–Por que? –perguntaram as duas, Kyo sentiu uma vontade súbita de vomitar.

–Não gosto dessas coisas, –respondeu ele, sem reconhecer a própria voz –alem de não ter roupa.

–Ah, mas roupa não é o problema. –disse Nancy, Kyo reparou que ela estava ruborizando, e Sarah também pareceu reparar:

–Se vocês forem convidar ele pro baile, eu aconselho você a fazerem agora, sabe, pra não ficar enchendo.

As duas ficaram escarlate, Kyo teve que se segurar para não rir da cara dela, o que era meio complicado, já que as garotas começaram a fazer um tipo de dancinha, envergonhadas.

–Que foi? –perguntou Sarah, sadicamente. –Acertei?

Kyo percebeu que nos olhos de Sarah havia um brilho estranho, quase que como se ela sentisse prazer em ver as duas gêmeas sofrendo de nervosismo, apesar que, ele teve que admitir, era muitíssimo engraçado.

–Er... –começou Pubia, mas foi atropelada por Nancy, que parecia um tantinho mais decidida.

–Kyo, queriraobailecomigo? –Kyo imaginou que ela tivesse engolido umas duas silabas enquanto falava, sem contar as palavras que foram atropeladas pelo meio do caminho.

–Que? –perguntou Kyo, que não tinha entendido nada, ou pelo menos era o que ele achava.

–Você... –o rosto de Nancy ficava mais vermelho a cada segundo, Kyo penou em perguntar se ela estava se sentindo bem –quer... ir... ao... baile... comigo..?

Kyo não sabia como dizer não, já que, apesar de ser chata, Nancy era bem bonitinha e dessa vez não tinha a desculpa de que ele não computara bem a informação, sentiu uma forte vontade de rir, misturada com a vontade de parecer um trasgo montanhês filhote.

–Nem da, Nancy, eu... –começou Kyo, mas foi interrompido por Pubia.

–E comigo? –a esperança estampada no rosto da garota.

–Como eu dizia, nem da, eu realmente não estou afim de ir a esse tal baile. –disse o garoto, pela primeira vez dando um motivo sincero para dizer não. –Desculpa.

Nancy e Pubia fizeram cara de quem havia comido uma lesma do tamanho de um castor e uma delas, Kyo não identificou a fonte, emitiu um som de esquilo sendo esmagado por um galho grande demais. As duas se viraram e foram embora, discutindo, Kyo teve certeza de ter escutado uma delas dizer:

–Vamos ter que ir com aqueles bobocas do terceiro ano da Lufa-Lufa..!

Kyo se virou para os amigos, que tinham as sombracelhas erguidas, não se podia dizer se de espanto ou simplesmente porque acharam a cena engraçada. Depois de mais ou menos um minuto de silencio eles caíram na gargalhada.

–Imagine só a cara dos meus irmãos se vissem a minha popularidade com as garotas aqui!!! –riu-se Kyo.

–Por que? Perguntou Sarah, curiosa, mas sem parar de rir. –Você não pode ser tão ruim com as garotas!

–Só pra você ter uma idéia eu me sentava no fundo da sala porque nenhuma queria chegar perto de mim! –se eles riram antes não foi nada, Tiago precisou de ajuda pois engasgara de tanto rir, Sarah socava o chão tentando parar de rir, Kyo sentiu que se não parasse logo teria fraturas serias em suas costelas.

Depois de finalmente pararem de rir eles começaram a se perguntar com quem o pessoal da Grifinória iria, eles sabiam que Archie iria com uma garota da Corvinal, uma amiga de Lilian, John dissera que convencera uma garota do terceiro ano a ir com ele, mas o que estava matando Kyo eram Tiago e Sarah, os melhores amigos dele e ele não sabia com quem eles iriam ao tal baile.

–E vocês, com quem vão? –perguntou Kyo, depois de um tempo conversando.

–Ahn... –gaguejou Tiago.

Mas algumas batidinhas na janela chamaram a atenção deles, que pararam instantaneamente de falar, Kyo olhou rapidamente para a janela e avistou uma coruja branca, muito parecida com a sua, apesar de ser muito velha. Ele correu para abrir a janela, para que a coruja entrasse.

A coruja piou carinhosamente quando o garoto abriu a janela e deu uma bicadinha carinhosa no dedo dele.

–Edwiges? –perguntou ele e a coruja piou em tom de afirmação.

Kyo reparou que ela carregava um embrulho mole com um bilhete amarrado, reconheceu a caligrafia de Harry instantaneamente, ele abriu o pacote o mais rápido que pode, rasgando o papel e quase rasgando o conteúdo. Ele encontrou uma veste dentro do pacote, era muito parecida com as de Hogwarts, só que um pouco mais comprida e azul celeste, o tecido era fino como o mais puro cetim, Sarah Tiago olhavam surpresos.

–O que é isso, o novo uniforme de Hogwarts? –perguntou Kyo, em tom brincalhão.

–São vestes de gala, –explicou Sarah, se aproximando –para festas, são tão lindas...

–Cara, é cetim! –exclamou Tiago impressionado. –Nossa se você fosse ao baile com isso realmente iria arrasar corações!

–São um pouco mais escuras que seus olhos, nossa deve ficar lindíssimo! –exclamou Sarah, a excitação vazando por sua voz.

Kyo pegou o bilhete que viera com o embrulho, a coruja se esfregava em seu braço, enquanto ele afagava as penas dela, parecia muito com sua Edwiges.


E ai Kyo, beleza?

Viu só como é linda a minha Edwiges? A sua é filhote dela, são muito parecidas, te dei para que mantivéssemos a semelhança entre nós, e até o nome delas é igual, parece até uma dinastia.

Estou te mandando essas vestes de gala porque fiquei sabendo do baile de natal, e como não compramos nada no Beco Diagonal achei melhor te mandar alguma coisa, considere presente de natal. Comprei dessa cor porque a Cho (minha esposa) viu uma foto sua e disse que você ia ficar lindo nela, assim como eu fiquei com minhas vestes verde-esmeralda no meu primeiro baile em Hogwarts. A Lily me disse que você anda arrasando corações, cuidado, se você magoar uma garota vai ficar marcado com o grupinho dela até sua formatura.

Boa sorte no jogo contra a Corvinal, eu sei que eles são muito fortes, mas você é o melhor, pelo menos é o que a Lily disse sobre você, se sobreviver ela disse que queria ficar com você. Eu sei que as garotas não falam isso com os pais, mas eu andei escutando por detrás da porta.

Um abraço,

Harry.

Kyo se surpreendeu, releu a parte que não acreditara ter entendido direito e se surpreendeu ao ver que havia entendido, olhou de novo para as vestes, se imaginou dentro delas, o que era meio complicado, não conseguia imaginar as vestes de Hogwarts azuis.

Deu o bilhete para que Tiago e Sarah o lessem enquanto fazia um carinho na coruja de Harry, como ela era linda, não tanto quanto a sua Edwiges, que era mais nova, mas ainda assim ela era incrivelmente linda. Passou os dedos por entre as penas dela, e se surpreendeu com a maciez destes. Tiago e Sarah terminaram de ler o bilhete e se entreolharam.

–Mais uma! –exclamaram em uníssono.

Na manha seguinte o castelo parecia estar preste a explodir, principalmente para as garotas, que corriam de um lado para o outro. Elas trocavam maquiagem, cremes para cabelos, dicas de beleza. Sarah e Ananda eram as piores., gritavam toda vez que alguém olhava diretamente para elas, corriam como duas desesperadas pela salão comunal.

–Aaahhhhhhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!

Kyo se enganaram as piores não eram Ananda e Sarah, e sim as gêmeas Patil, as duas gritavam com tanta freqüência que qualquer um diria que as duas estavam sendo ameaçadas de morte. Pela quinta vez em dez minutos três garotos do segundo ano foram verificar se elas estavam bem

–Essas duas são completamente piradas... –disse Tiago, que estava lustrando o sapato pela quinta vez consecutiva.

–Para que tanto lustre nesse sapato? –perguntou Kyo, surpreendendo Tiago.

–Nada, só quero parecer bonito... –disse o outro ruborizando.

–Pra quem?

–Pra ninguém... –disse o outro, e de repente mudou de assunto –Você tem certeza de que não quer ir?

–Tenho, e eu nem convidei ninguém.

–Mas isso não é problema, qualquer garota que você convidar vai largar o par rapidinho pra ir com você.

–Mas isso já é trairagem, eu não, vou ficar aqui, olhando a neve cair...

Kyo sorriu de leve observando o cair gracioso da neve através da janela. Tiago deu uma ultima lustrada nos sapatos.

–Então você vai comigo até o saguão de entrada?

–Pra que?

–Pra não me deixar sozinho, oras!

–Ah, e eu volto sozinho? É isso?

–É, o que tem demais?

–Você nem é folgado, né?

–Só um tantinho assim...

O garoto fez um sinal com a mão indicando que era só um pouco. Kyo riu e saiu do dormitório deixando o outro lustrando o sapato. Na sala comunal era o único que já não usava pelo menos parte do traje parra o baile. Os trigêmeos usavam vestes exatamente iguais, negras como as de Hogwarts, mas bem mais longas. Sarah e Ananda chegavam a estar cômicas, os cabelos cheios de creme, sem nenhum penteado definido, a maquiagem bem feita e as vestes largadas ao lado delas.

–Kyo! –gritou Sarah. –Ka, vem cá!

O garoto se aproximou das garotas, se segurando para não rir daquela cena bizarra. As garotas estavam arrumando os vestidos.

–Pois não, senhoritas? –disse o garoto pomposamente.

–Ah, para, seu besta! –disse Ananda, vermelha.

–É serio, o que vocês querem? –insistiu o garoto.

–Ver se tem como dar uma mãozinha aqui. –perguntou Sarah mostrando um vestido meio rasgada, era quase imperceptível.

–O que vocês querem que eu faça? –perguntou Kyo, olhando para o vestido –Eu não sei costurar!

–Não, não tem nada a ver com costura! –Sarah se apressou em dizer. –É que você é o único que pegou as manhas daquele feitiço de remendar que o Flitwick passou no começo das aulas.

–Você também pegou! –exclamou Kyo.

Mas Sarah mostrou o vestido, o rasgo não era tão pequeno quanto parecia. Ela torceu o rosto.

–Mas não tão bem quanto deveria... –disse ela.

–Beleza, –concordou ele –é só isso, né?

–É. –disseram as duas em uníssono.

Kyo pegou o vestido das mãos de Sarah, olhou-o bem, qual era mesmo o encantamento? Ele puxou sua varinha de dentro das vestes da escola.

Reparo! –disse o garoto tocando as vestes com a varinha, a parte rasgada das vestes voltaram a se costurar uma na outra. –Eu não me lembrei do outro encantamento...

Remendo. –disse Sarah, olhando para a cara do garoto. –Mas esse também é bem útil.

–Falo, eu vou dar uma volta.

O garoto girou nos calcanhares e já ia indo em direção ao buraco do retrato quando Sarah o chamou mais uma vez:

–Ei, Kyo, –o garoto se virou –se eu fosse levava suas veste contigo.

–Para..? –perguntou ele.

–Quem sabe você não da sorte de achar uma gatinha solitária. –ela inclinou a cabeça, como um sinal de duvida.

–Nem, num tô afim de ir, mesmo. –completou ele ao ver a cara de desconfiança de Sarah.

–Você é quem sabe.

O garoto resolveu que não iria sair, quem sabe ficaria no quarto, olhando a neve cair, como dissera a Tiago que faria. Entrou no dormitório e se largou em sua cama.

–Que foi? –perguntou Tiago, ao avista-lo.

–Nada, só tô com sono...

Apesar de ter dormido muito bem aquela noite, ele se sentiu invadido por uma súbita onda de sono. Não queria dormir, mas o sono foi mais forte, ele mal se virou na cama e já estava dormindo.

Estava tendo um sonho estranho, estava no saguão de entrada, sozinho, de repente escutou passos, alguém se aproximava, girou nos calcanhares e viu uma pessoa se aproximando, era mais ou menos da altura de Kyo, ele apertou os olhos para ver melhor, reconheceu pelo louro prateado dos cabelos, era Malfoy. Vinha com seu costumeiro sorriso e carregava consigo alguma coisa, apertava com muita força na mão esquerda um lembrol. Ele veio até Kyo e lhe ofereceu o lembrol, Kyo não quis.

–Pega, Hunter, você vai precisar... –disse Malfoy com aquela voz pomposa.

Kyo pegou o lembrol e apertou, este ficou vermelho. Kyo esquecera alguma coisa.

–Acho melhor correr, Você-Sabe-Quem não vai esperar muito e eu não posso te ajudar.

De repente Kyo reparou que Malfoy estava com as pernas persas em enormes bolas de aço e seus braços estavam algemados. Do nada tudo começou a balançar...

–Kyo! Ei, Kyo! –dizia alguém à frente de Kyo.

Kyo abriu os olhos e deu de cara com Tiago, o garoto deu um pulo para sair, assustando o outro.

–Que foi, cara? –perguntou Kyo.

–Você dormiu, cara! –disse Tiago.

Kyo reparou que ele já estava trocado, suas vestes brancas davam um brilho estranho ao seu cabelo muito vermelho e seus sapatos negros muito lustrosos contrastavam perfeitamente com as vestes.

–Tá, isso eu acho que já percebi... –bocejou Kyo, cocando os olhos.

–É que você ficou de ir até o saguão de entrada comigo. –disse Tiago, ajeitando as vestes.

–E você tinha que me acordar?

–Qual é? Já são dez pras sete! –exclamou Tiago.

–E daí?

–E daí que nós vamos demorar uns quarenta minutos para chegar até o saguão de entrada.

–E então serão sete e meia, vamos ficar esperando meia-hora de bestas.

–Não, ainda vai ter o encontro com o par, e vamos demorar mais uns dez minutos para sair.

–Então e deixa dormir mais dez minutos, tá legal?

–Levanta logo!

Kyo se levantou, ou melhor, foi jogado de sua cama e ajeitou suas vestes, que estavam amassadas graças as suas horinhas de sono.

–Vamos ficar no salão comunal, ao menos... –bocejou Kyo.

Eles desceram as escadas, Tiago muito devagar para não amassar as vestes nem sujar os sapatos. A sala comunal estava ligeiramente bagunçada, não havia nenhuma garota, mas todos os garotos da Grifinória estavam lá, alguns sentados nas poltronas, mas a maioria de pé, para na amassar as vestes.

Os trigêmeos andavam para lá e para cá, em fila, Kyo riu ao ver a cena.

–Pô, Kyo, você me decepcionou! –exclamou Ciro.

–É, pensamos que você fosse catar alguma gatinha! –concordou Felipe.

–Mas você não me aparece nem com uma baranga! –completou Renan.

–Não me encham o saco. –disse Kyo asperamente.

Os três ficaram quietos, mas de repente olharam para Tiago, sua próxima vitima.

–E o Tiaguinhozinho? –perguntou Ciro.

–Quem foi a doida? –continuou Felipe.

–O que você deu pra ela? –completou Renan.

–Não lhes interessa! –exclamou o garoto, nervoso.

–Ah, conta vai!!! –pediram os três em coro.

Tiago não disse nada, talvez porque foi impedido por Archie e John que o puxaram de repente para conversar. Archie ria a toa e John parecia estar nas nuvens.

–E ai, cara, como será esse tal baile? –perguntou John, olhando para o nada.

–Você vem perguntar pra mim? –exclamou Tiago.

–Sei lá...

–Que tal a gente descer? –perguntou tediosamente. –Quanto mais cedo chegarmos, mais cedo eu subo de volta.

–Beleza! –disseram Archie, John e Tiago em uníssono.

Eles saíram pelo buraco do retrato, Archie, John e Tiago tomando o máximo de cuidado para não sujarem ou amassarem suas roupas, já Kyo passou de qualquer jeito se jogando e quando caindo no chão. Os corredores do castelo estavam cheios de garotos que andavam de um lado para o outro ajeitando os topetes, refazendo os penteados, enfeitiçando partes das vestes para não rasgarem ou amassarem.

Kyo teve vontade de vomitar quando viu um garoto usando um feitiço para limpar os dentes e mantê-los brancos e brilhantes. Não havia nenhuma garota pelo castelo todo, o que Kyo estranhou, mas ignorou, pensando que as garotas sempre demoravam a se arrumar.

Quando chegaram no saguão de entrada Kyo tentou voltar, mas Tiago disse que daria um Galeão pra ele se ele ficasse. Kyo ficou, não por causa do Galeão, mas porque achou que não deveria deixar Tiago sozinho daquele jeito, o garoto suava pelos cotovelos e estava quase tão branco quanto suas roupas. Olhou a volta a procura de Archie ou John para cuidarem de Tiago, mas estes evaporaram.

–Cara, você não quer dar uma passada na ala hospitalar? –sugeriu Kyo, olhando para Tiago, que aquela altura já estava cor de mingau de aveia.

–N-n-não... valeu... –disse o outro, sem conseguir respirar direito –eu... tô legal...

–Você não nem um pouco legal, se você visse o que eu tô vendo...

–Pode... deixar...

Nesse instante alguns oohhh fizeram com que a conversa deles fosse interrompida, uma garota do sétimo ano da Corvinal. Apareceu vinda de um corredor a direita da grande porta de carvalho, Kyo teve que admitir que ela estava incrivelmente bonita.

Depois disso varias garotas apareciam vindas aos bando de todos os cantos da escola, Kyo reparou numas três, depois passou a se preocupar mais com Tiago. Este já saíra do tom de mingau de aveia e passara para um vermelho que lembrava muito o rosto de um bêbado, olhava cada garota que passava perto dele com uma cara de abobalhado.

Kyo olhou no relógio, já eram oito e quinze, como o tempo passara rápido, sentia vontade de saber com quem Tiago iria, mas era meio difícil identificar ela, já que ele olhava com cara de bobo para todas as garotas da escola. Kyo sentia vontade de rir de Tiago, como alguém podia ser tão mulherengo? De repente alguém cutucou Kyo pelas costas, ele se virou e deparou com uma Sarah completamente diferente do que ele conhecia, seus cabelos negros estavam presos num elegante rabo de cavalo, usava uma leve camada de maquiagem que deixava seu rosto ainda mais pálido, seu vestido negro lhe caia até os pés, os escondendo, era muito justo deixando a mostra as curvas do corpo da garota, ela teve que cutucar Kyo para traze-lo de volta.

–Sarah! Nossa... –exclamou Tiago, as costas de Kyo. –Não precisava se produzir tanto assim pra mim!

–Calma ai, Ti, daqui a pouco eu falo com você, Kyo vem cá. –disse a garota, puxando Kyo pelo colarinho.

–Tá... tá bom...

–Ei, você não disse que ia comigo? –perguntou Tiago, aos gritos.

–E vou, mas espera um pouco tá legal! –Sarah gritou de volta.

Sarah puxou Kyo até o andar de cima, subindo a escadaria de mármore pulando três degraus de cada vez. Lá em cima esperavam Ananda, que segurava um embrulho meio deformado, e as gêmeas Patil, Kyo teve uma leve impressão do que seria que elas queriam.

–Eu já disse que não vou! –ele se apressou em dizer.

–Espera a gente te explicar, tá certo. –pediu Sarah, lançando ele no meio da rodinha que as garotas fizeram.

–Tá.

–É o seguinte: todas nós já temos par para o baile, mas deu um probleminha. –explicou Sarah.

–O que foi? –Kyo quis saber.

–É que o par da Uanda não apareceu, –prosseguiu Sarah –ela tá lá embaixo arrasada, e nós queríamos saber se da pra você ir com ela.

–Nem da, eu não tô afim mesmo. –Kyo sabia que o que mais queria era ir ao tal baile com Uandalini, mas não podia dar essa brecha para que todos soubessem de quem ele gosta, principalmente na frente de Ananda.

–Por favor... –pediu Sarah, Kyo olhou para aqueles olhinhos cor de mel.

–Eu até iria, mas minhas vestes estão lá em cima e... –começou ele.

–Não, nós trouxemos! –Ananda se apressou em dizer, mostrando o conteúdo do embrulho.

–Mas eu nem me arrumei! –tentou Kyo.

–Todo mundo sabe que o seu charme é esse jeito largadão. –argumentou Sarah, quebrando as pernas de Kyo.

–E onde eu guardo as vestes que eu tô usando? –foi a ultima chance de Kyo.

–Numa sala de aula, depois a gente pega. –disse Pubia.

Kyo não havia reparado nas outras garotas, Ananda usava um vestido longo como o de Sarah, mas o dela era vinho, tinha um leve toque de maquiagem e uma flor pendurada no cabelo. As gêmeas Patil se vestiam exatamente iguais, até a ultima lantejoula das luvas, vestidos azuis rubi uma longa tranca, estavam até que muito bonitas.

–Tá certo... tá certo... –desistiu Kyo. –Mas me diz uma coisa.

–O que? –perguntou Sarah.

–Você vai com o Tiago, né?

–É... eu vou com o Ti... eu tive que convidar o lento.

–Liga não, metade do castelo me convidou, –zombou Kyo –ou pelo menos tentou.

–Há, engraçadinho!

–Você se troca numa dessas salas, a gente te espera lá embaixo. –explicou Nancy.

–Beleza.

Kyo se dirigiu a sala mais próxima. Achou melhor trancar a porta, para o caso de uma das garotas tentar espiona-lo. Com a porta fechada sentiu-se mais confortável, apesar do frio. Sentiu sua espinha congelar quando tirou a camisa, pôs as vestes o mais rápido que pode teve o máximo de cuidado para não parecer que tinha caprichado, colocou as vestes de Hogwarts no mesmo embrulho em que estavam as outras, colocou-as num canto escondido da sala e encostou sua varinha nele:

–Como é mesmo aquele feitiço... –pensou alto –ah, lembrei, Inoculo!

Ele saiu da sala, encontrou as gêmeas Patil paradas próximas a porta, elas estavam muito vermelhas, teve a leve impressão de que elas haviam tentado abrir a porta.

–Demorou, tava caprichando, né? –zombou Nancy.

–Se relaxo é o meu charme eu tinha que dar um trato, não é? –tirou Kyo.

Eles se dirigiram a escadaria de mármore, encontraram Sarah sentada no patamar, uma expressão estranha.

–Que foi, Sarah? –perguntou Kyo.

–Nada, não, vamos descer? –disse ela, um tanto desanimada.

Eles desceram as escadas lentamente, Kyo fazia o máximo de esforço para não mostrar sua excitação, como ele estava gostando daquilo. Mas, ao chegar ao meio da escada, ele tivera uma surpresa um tanto quanto desagradável, para não dizer horrível. Uandalini e Malfoy passaram pelo saguão de entrada, de mãos dadas, rindo abertamente, a garota olhou para Kyo, mas rapidamente se voltou para o parceiro. Kyo não sabia onde enfiar a cara. Sarah, que já estava ao pé da escada olhou para cima, desolada. Kyo teve que fazer um enorme esforço para não parecer decepcionado.

–Ka, não fica assim, a gente não podia prever. –disse Sarah, tentando consolar Kyo.

–Tudo bem, –disse ele o mais naturalmente que pode, mas mesmo assim achando que saíra falso –ela já tinha um par, eu só era o substituto.

Sarah subiu a escada correndo e se sentou ao lado dele, Ananda do outro lado. As gêmeas Patil já estavam ao pé da escada.

–Não fica triste, não, –disse Ananda ao pé do ouvido –se ela te trocou pelo Malfoy é porque ela não te merece.

–Ela não me trocou, Nanda –disse Kyo, com um sorriso forçado no rosto –não me trocou porque eu nunca tive ela...

–Ka, desculpa, é culpa minha, –se desculpou Sarah –eu pensei que, se você ao baile ela percebesse o quanto você é legal e ficaria com você.

–Do que é que você tá falando? –perguntou Kyo, sem entender.

–Que você gosta dela Kyo. –disse Sarah, com um meio sorriso.

–E quem é que te falou isso? –perguntou Kyo, olhando para Ananda por cima dos óculos.

–Não, não foi a Nanda, –disse Sarah, livrando Ananda –você sabe o que são farejadores da verdade?

–Você é uma? –agora Kyo na estava entendendo nada.

–Para você ver, mundinho pequeno, né? –disse a garota, ninguém achou graça.

Nesse momento Tiago e um garoto do segundo ano apareceram a porta do salão principal, Tiago parecia um tanto bravo. O outro garoto era louro e usava vestes verde-rubi, Kyo ainda pôde reparar que os olhos dele eram da cor do mel.

–Como é que é? Vocês vem, ou não? –perguntou Tiago, numa voz irritadiça.

–Já vamos! –disse Sarah, e virou-se para Kyo –Fica triste, não, tá bom?

–Tá certo... –disse o garoto, melancólico.

Ananda fez um carinho nos cabelos de Kyo e Sarah deu um beijo no rosto de Kyo, ou deveria ter sido. Kyo tinha certeza que, sem querer, Sarah encostara seus lábios no dele, na hora de beijar seu rosto, tentou ignorar aquilo, mas foi ligeiramente difícil, pois ele achou que, de alguma maneira, estava traindo sua amizade com Kyo, apesar de não ter culpa.

Ele ficou ali sentado por mais ou menos vinte minutos, vendo as pessoas nos retratos passarem para outros para conversarem com outras pessoas, ouvindo a musica vinda do salão principal, sentiu vontade de quebrar a cara de Malfoy. Mas sua raiva estava concentrada mesmo em Malfoy, o garoto passara todo o tempo que eles estiveram em Hogwarts zoando o pai dela e ela simplesmente vai só baile como ele, como ela pôde?

De repente ele avistou uma figura sair correndo do salão principal, usava um vestido azul celeste, assim como o dele, os cabelos negros estavam presos num apertado coque na nuca onde havia um laço da cor do vestido, de relance os olhos castanhos dela cruzaram com os dele. Ela parou, se virando para ele, sem erguer os rosto.

–Também foi trocado? –perguntou Tathiane, apesar de chorosa, a voz dela tinha um tom brincalhão

–Diria que meus serviços como substituto foram dispensados. –disse Kyo, também em tom brincalhão.

Ela ergueu o rosto, a maquiagem estava manchada pelas lagrimas, mas ainda estava muito bonita, ela subiu os degraus na direção dele e se sentou ao lado dele.

–Eu não entendi. –disse ela, cinicamente.

–Uma amiga minha pensou que tinha sido dispensada pelo garoto com quem ela ia e pediu pra que a acompanhasse... –começou a explicar, Kyo.

–E o cara apareceu na hora H?

–Na mosca.

Ele olhou para o rosto dela.

–E você? –perguntou ele –Por que as lagrimas?

–Meu namorado terminou comigo, –explicou ela –disse que preferia a Malfoy.

–E você gosta dele?

–Gosto... quer dizer, gostava... ah, sei lá!

–Como assim, sei lá? –zombou Kyo.

–É que, tipo assim, eu gostava dele, mas de repente eu me senti atraída por um outro cara e ficou tudo confuso.

–Sabe, somos dois trocados por Malfoys!

–Por que? Você ia com a Longbotton?

–Falou bem, ia!

–Eu detesto a Sonserina!

–Por que?

–Eles estão sempre ganhando tudo, e é sempre roubando ou prejudicando o as outras casas.

–Não, te garanto que, se comparado comigo, você adora a Sonserina.

–Agora perguntou eu, por que?

–Sabe o que é olhar para um grupo e simplesmente não gostar deles, e ainda por cima descobrir que as duas pessoas que você mais odeia no mundo pertencem ou pertenceram aquela casa?

–Nossa, você é mau!

–Não, sou pior. –disse Kyo, e da ponta de sua varinha voaram algumas fagulhas.

–E quem é que você odeia tanto?

–Willian Malfoy e Voldemort.

Tathiane tremeu a menção daquele nome, kyo se esquecera que os outros temiam até o nome de Voldemort.

–Foi mal, é que eu esqueci que vocês... –se desculpou Kyo.

–Tudo bem, –disse a garota, ainda branca –Eu ainda vou perder esse medo idiota.

–É, afinal, é só um nome, não é?

–Vamos entrar no baile? –sugeriu Tathiane do nada.

–Pra que? –perguntou Kyo, sem entender o que ela queria.

–Você pode achar que não, mas tá bastante frio aqui, a gente pode beber algumas cervejas amanteigadas e dançar um pouco pra esquentar.

Kyo pensou um pouco, realmente estava frio, mas ele não sabia dançar.

–Eu aceito as cervejas amanteigadas, mas não quero dançar. –disse ele se levantando e dando o branco para Tathiane.

–Eu não ligo, eu quero é dançar! –disse a garota, alegremente, enquanto se levantava e segurava no braço dele.

–Mas eu vou acabar pisando nos seus pés.

–Tudo bem, se você for tão gracioso dançando quanto é na vassoura quem vai acabar pisando no seu pé sou eu.

Kyo ficou muito vermelho, sentiu suas orelhas esquentarem.

–Espera. –pediu Kyo.

A garota se virou.

–Que foi?

–A maquiagem tá borrada. –disse ele, passando a mão no rosto dela, que fechou demoradamente os olhos –Realce!

A maquiagem do rosto dela voltou ao normal, Kyo reparou que ela ficara incrivelmente bonita.

–Onde você aprendeu isso? –perguntou ela, assombrada, mas de uma forma carinhosa.

–Eu leio muito.

Ela riu e beijou-o na bochecha, Kyo desejou internamente que ela cometesse o mesmo erro de mira que Sarah. Eles seguiram até o salão principal de braços dados com Tathiane, estava um tanto envergonhado, já que nunca andara assim com uma garota.

Kyo queria entrar discretamente no salão, mas se decepcionou ao ver que todas as garotas do salão olharam para ele, algumas sorriram para ele ou para Tathiane, outras fizeram caretas, ele viu as gêmeas Patil fazerem cara de nojo ao verem Tathiane de mãos dadas com ele.

A organização estava muito diferente do convencional, ao invés das quatro mesas das casas haviam dezenas de mezinhas onde cabiam doze pessoas cada. Os professores estavam sentados numa mesa equivalente a duas das outras. Kyo viu a prof ª Minerva e Dumbleodore dançando animadamente no meio do salão, perto dos trigêmeos, Julian, Silvia e Amanda. Tiago, Sarah Ananda e o garoto do segundo ano. Sarah acenou para que eles se sentassem com ele.

Quando eles se sentaram Kyo reparou que Sarah parecia muito sem graça e evitava olha-lo nos olhos.

–Vocês formam um belo casal. –brincou Tiago.

–Não chegamos aos seus pés. –disse Kyo, em replica.

As orelhas de Tiago ficaram muito vermelhas enquanto Sarah apenas riu.

–Por que vocês não quiseram me contar? –perguntou Kyo, interessado.

–Sei lá... –respondeu Tiago, coçando a cabeça.

–Preferimos manter o segredo, –respondeu Sarah, olhando severamente para Tiago, mas evitando Kyo –como você não vinha no baile, preferimos te deixar curioso.

–Disse bem, não vinha! –disse Tathiane, entrando no papo.

–É verdade, por que você resolveu vir? –perguntou Ananda, corando ligeiramente.

–Eu nem vinha mas ai a Tathiane me chamou... –ele parou de falar –Putz, olha a mancada! Eu esqueci de apresentar ela pra vocês! Tathiane...

–Da pra me chamar de Tathy? –perguntou a garota.

–Ah, claro, da sim... –disse Kyo, sem graça –Tathy essa é a Sarah, a ruiva é a Ananda, o ruivo é o Tiago e o outro é... peraí, eu também não te conheço!

–Er... –Ananda ficara muito vermelha –eu acho que também dei mancada... esse aqui é o Julius Raikinnin.

–Prazer, eu sou o... –começou Kyo.

–Kyo Hunter, –interrompeu o garoto –já tirei uma figura sua nos sapos de chocolate.

Kyo ficou sem graça, mas mesmo assim sorriu. Sarah, Ananda, Tathiane e Tiago caíram na risada.

Aquela estava sendo a melhor noite da vida de Kyo, ele comeu e riu junto com seus amigos. Sarah e Tiago se atrapalharam bastante numa dança em que os trigêmeos abriam passagem dançando extravagantemente com suas parceiras.

–Julius, vamos dançar? –perguntou Ananda, agarrando o braço do garoto.

–Ahn... ah, é, vamos! –disse o garoto se erguendo e dando o braço para Ananda.

Eles saíram da mesa deixando Kyo e Tathy sozinhos, sem graça e sentados lado a lado. A garota olhou para Kyo com um meio sorriso, que

Kyo não conseguiu retribuir.

–Sozinhos... –disse Kyo, erguendo o rosto para Tathy.

A garota escoou o corpo dela em Kyo, que sentiu seu rosto ruborizar.

Os dois ficaram ali por um instante sem falar nada. Kyo se sentia bem, pela primeira vez na vida estava num baile e com uma garota. Ele suspirou.

–Kyo, você quer dançar comigo?

Ele ficou sem resposta, não sabia dançar. O que fazer? Olhou para a pista de dança a procura de Tiago, Sarah ou Ananda, mas ao invés de vê-los viu Uanda e Malfoy, dançando, agarradinhos. Kyo se levantou segurando a mão de Tathy, sem querer entrecruzando seus dedos nos dela.

–Vamos! –disse ele com um largo sorriso.

–Isso! –exclamou ela, levantando também.

Eles quase correram até a pista de dança, quase atropelaram um casal de alunos do segundo ano da Lufa-Lufa. No meio da pista, Kyo agarrou a garota com força, a segurando pela cintura. Ela olhou assustada para ele, mas logo em seguida relaxou e repousou sua cabeça no peito dele.

Eles ficaram ali, dançando ao som lento da musica. Não falavam nada, só dançavam talvez Kyo não estivesse falando nada porque estava ocupado demais encarando Uandalini, a garota o olhava de um modo estranho, tão seco e ao mesmo tempo tão carinhoso.

Quando Malfoy avistou Kyo fez um sinal com a sobrancelha e sorriu presunçoso. Kyo retribuiu com apenas uma piscadela.

–Ei, eu posso? –perguntou alguém as costas de Kyo, uma garota.

Kyo se virou e se viu encarando Lilian, ou Lily como Harry mesmo a chamava, sorria levemente. Ela estava muito bonita, com um vestido verde como seus olhos, não usava maquiagem, e seus cabelos negros e rebeldes estavam soltos, indo até o meio de suas costas.

–Ah, Lily, tudo bem? –perguntou Tathy, com um sorriso.

–Tudo ótimo, ‘brigada. –respondeu a outra, com um sorriso ainda maior,

Kyo reparou que havia uma fina camada de batom rosa.

–Você perguntou se podia, não é? –perguntou Tathy. –É claro, é todo seu!

Tathiane estendeu o braço de Kyo para Lilian que, com um sorriso, enlaçou com o seu. Kyo ficou meio sem graça.

–Você está me dispensando? –perguntou ele, sem entender.

–Não só fazendo um favor a uma amiga. –disse Tathiane, e empurrando: –Agora vai!

Kyo, meio que tropeçando no nada, seguiu atrás de Lilian até um canto mais reservado e escuro do salão, onde não havia ninguém dançando. A garota segurou a mão de Kyo e o abraçou com o outro braço, Kyo pode ver uma careta no rosto de Uandalini ao longe, por isso enlaçou Lilian pela cintura, a garota riu pelo nariz.

–Sabe, pra quem me detesta você parece tá gostando bastante de ficar agarradinha comigo... –zombou Kyo, ao ouvido dela, nem mesmo ele acreditou no que estava fazendo.

–Mas quem disse que eu te odeio? –disse ela, também ao ouvido dele, Kyo sentiu um arrepio na espinha.

–Você..? –chutou Kyo.

–Mas eu sempre gostei de você, desde aquela hora na porta da sua casa.

–Por que?

–Meu pai sempre fio meu ídolo, eu sempre adorei ele, e de repente me aparece você, que é meu pai aos quinze anos, não teve como evitar.

–Evitar o que?

–Eu tentei me enganar, tentei te detestar pra não deixar isso crescer, mas cresceu...

–Mas seu pai disse que você queria ficar comigo!

–Disse?!?

–Disse, numa carta.

–Droga!!

–Por que? É verdade?

–É, é claro que é!

Kyo não disse nada, só olhou para a garota, sem reação.

–Será que é tão difícil entender que eu te amo?

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