O dia das bruxas



––––CAPITULO DEZESSEIS––––

O dia das bruxas

–Se acha só um pouco, você, não é? –zombou Kyo.

–Você acha que a Ananda não nos contou sobre aquela noite? –perguntou Uanda.

–Eu sei que ela contou, e ela está nervosa comigo por causa disso!

–Por que ela nos contou? Ela é doida?

–Não, é por outra coisa!

–O que?

–É melhor eu não contar!

–Ah, tá, então me fala o por que de você me pedir pra ficar!

–Eu queria te agradecer.

–Por que? Não fiz nada.

–Lógico que fez! Tentou me proteger, tentou me ajudar contra o Malfoy!

–Como você mesmo disse, eu tentei, não fiz!

–Mas isso já vale pra mim!

–Ah, de nada então! Agora eu posso ir embora?

–Não, espera! Eu quero te perguntar uma coisa.

–O que? –disse a garota, já impaciente.

–Por que você tá assim comigo?

–Assim como?

–Assim, me trata como se eu não fosse nada, eu já reparei!

–Sei lá, acho que não fui com a sua cara!

–Essa não cola! Eu reparei que você tá sempre preocupada comigo, e sempre que pode tenta ficar o mais perto possível!

–Ah, sei lá, não sei, talvez eu queira te provocar!

–Hm, você podia ser minha amiga, ou pelo menos tentar.

–E por que você acha que eu faria isso?

–Lembra na Madame Malkin? Você disse que eu tinha conseguido uma amiga, cadê ela?

–E como você sabe que eu estava falando de mim? Podia estar falando de Sarah.

–Isso, me chama de besta!

–Ah, qual é? Você não quer que eu fale assim, na cara larga, quer?

–Da pra você parar de brincar comigo? –rugiu Kyo.

–Não, eu não quero!

–Você tá querendo acabar comigo? Por que? Eu te fiz alguma coisa?

–Por que você tá fazendo isso comigo?

–É por que eu te amo, droga! –Gritou Kyo, se erguendo.

De repente todas as luzes do castelo se apagaram, as cortinas do leito esvoaçaram e todas as camas da ala foram jogadas para o mais distante dele possível. Os cabelos de Kyo e de Uanda esvoaçavam sem vento. Uandalini olhou para ele apavorada. Ela saiu correndo, Kyo sentiu seu coração pesado, sentou-se na cama, as luzes se reacendiam aos poucos, conforme a raiva era substituída pela tristeza.

–O que aconteceu, querido? –perguntou Madame Pomfrey, aparecendo por uma porta do outro lado da ala, tinha uma expressão preocupada.

–Acho que uma pequena desordem... –respondeu Kyo, afundando a cara no travesseiro, a dor de cabeça reaparecera com toda a força.

Com um aceno da varinha Madame Pomfrey arrumou toda a bagunça do lugar, e se aproximou de Kyo.

–Você está bem? –perguntou ela.

–Uma dorzinha de cabeça, –respondeu o garoto –a senhora me arruma alguma poção pra eu poder ir embora?

–Não sei, vou foi estuporado pela primeira vez, normalmente isso dar um bom trabalho...

–Não se preocupe, se acontecer alguma coisa, eu volto.

Depois de muitos protestos ele conseguiu sair da ala hospitalar, com um frasco de poção revitalizante e uma promessa de que a tomaria quatro vezes por dia.

Quando chegou na sala comunal encontrou Sarah, Tiago e Uandalini conversando, que chorava. Ele acenou para Tiago, com a intenção de subir direto para o dormitório. Mas Tiago o chamou:

–Vem aqui!

–Num tô afim! –disse ele, acenando para o dormitório. –Tô cansadão!

–Vem aqui agora! –disse Sarah, rispidamente, era incrível como ela conseguia impor autoridade, como seu pai, Snape.

A contragosto, o garoto foi até eles, queria ficar em pé, mas Sarah apontou para uma poltrona de tal modo que ele não pode recusar.

–Nós vamos sair e vocês vão conversar, tá bom? –disse Sarah, de um modo muito parecido com o de Snape falar.

–Eu não quero! –disseram Uandalini e Kyo, em uníssono.

–Ah, mas vocês vão, senão... –Sarah sacou a varinha.

Ninguém nunca vira Sarah fazer um único feitiço, fora os que Flitwick ensinava, mas, apesar disso, ela sempre acertava qualquer feitiço na primeira tentativa, o que já era um sinal de que ela provavelmente era uma grande bruxa.

–Depois a gente conversa. –disse a garota, saindo com Tiago.

Kyo e Uandalini se encararam por alguns instantes. Kyo achou que aquela seria a hora perfeita para beija-la, era só se aproximar e beija-la. Se não desse certo e ela o rejeitasse tudo bem, ele já estava queimado no filme dela mesmo. Ele tentou se aproximar dela, mas seu corpo não obedecia, por mais forca que ele fizesse, não conseguia chegar perto dela.

–Aquilo que você disse... –começou ela.

–O que é que tem? –Kyo tentou parecer o mais frio possível.

–É verdade?

–É, mas de que isso importa, você não gosta de mim?

–Você já pensou em lutar pelo meu amor?

–Num tô afim, acho que já lutei demais por um dia!

–Você sabe do que eu tô falando!

–Sei, mas não tô afim de conversar.

O garoto se levantou e se dirigiu ao dormitório, não estava nem um pouco afim de conversa, muito menos com Uandalini.

Ele abriu a porta do dormitório e encontrou Tiago sentado no chão.

–Então você se declarou? –perguntou ele, com um sorriso malicioso.

–Mais ou menos, a gente começou a discutir e eu deixei escapar...

–Você deve ter falado de um jeito pesado, a menina chegou aqui se acabando de chorar!

–Eu gritei... –disse Kyo, se deitando, ainda com os óculos e as vestes da escola.

–Você é bem violento, mas tá arrasando corações.

–Por que? Ela não gosta de mim...

–Não, mas ficou mexida com o que quer que você tenha dito.

Aquilo foi reconfortante, saber que mexera com os sentimentos de Uanda, quaisquer que sejam, fora à única coisa que lhe fizera dormir aquela noite.



Depois de duas semanas de depressão e a perca de quinze pontos para a Grifinória, por falta de atenção nas aulas de Snape (ele estava começando a pegar no pé do garoto), Kyo finalmente acordara feliz, era trinta e um de outubro, dia das bruxas, o dia predileto no ano, para o garoto.

Kyo desceu para o salão principal feliz da vida, alem da data ser ótima para ele, os acontecimentos também o agradaram, era segunda e ele teria dois tempos de poções com Snape à tarde, mas naquela data não haveria aulas, por isso passaria uma tarde livre de Snape.

Ele comia biscoitos de água e sal, quando a nuvem de corujas irrompeu pelas janelas mais altas do salão. Naturalmente ele olhou para cima, a procura de Edwiges, a coruja normalmente lhe trazia cartas de Harry. A coruja branca veio voando de encontro ao garoto, que ergueu o braço para ela pousar.

–E ai, garota? –disse ele, acariciando as penas da coruja e lhe servindo alguns biscoitos –Beleza?

A coruja apertou carinhosamente o braço dele. Kyo pegou o bilhete que ela tinha amarrado na perna. Quando abriu teve uma surpresa, não vira a caligrafia de Harry, mas sim outra, que sabia conhecer de algum lugar, só não sabia de onde...

Oi Kyo,

Faz tempo que a gente não se fala, acho que você não me escreveu por que achou que não deveria incomodar o ministro da magia.

–De fato... –disse Kyo.

Pois bem, eu te digo que pode me incomodar o quanto quiser. Snape me mandou uma coruja dizendo que sua poção polissuco saíra simplesmente perfeita. Parabéns, eu mesmo queria vê-la ,as acho que não vai dar. A Uanda me contou uns rolos entre vocês. Não se assuste, eu adorei saber que você gosta dela, só queria te dizer que seria uma ótima idéia ter você como genro. Espero receber em breve uma coruja sua.

Até a próxima,

Neville.

–É, Neville, você não sabe como eu queria te ter como sogro... –disse Kyo, só pra si mesmo.

–Então vai lá e xaveca ela! –disse alguém as suas costas.

Ele se virou e deu de cara com os trigêmeos Weasley, os três sorriam.

–Então, que tal uma ajudinha? –se ofereceu Ciro.

–Temos poções de amor! –disse Renan.

–Ou se quiser podemos te ensinar uns vecos! –completou Felipe.

–Eu prefiro tentar sozinho! –disse Kyo, jogando Edwiges ao ar para que ela pegasse impulso para voar.

–Mas nós queremos ajudar! –disseram os três em uníssono.

–Não, valeu, mas eu não quero. –insistiu Kyo.

–Ah, deixa, vai... –insistiram, ainda em uníssono, Kyo se perguntou como é que eles conseguiam.

–Me ajudem com uns xavecos, então... –disse ele a contragosto.

–Beleza, você quer ficar com a Uanda, não é? –perguntou Ciro.

Kyo concordou com a cabeça.

–Pelo que percebi, ela gosta de ser impressionada. –prosseguiu Renan.

–Mas você tem que ter cuidado, para ela não perceber que você está tentando impressiona-la. –completou Felipe.

–E como eu faço isso? –perguntou Kyo.

–Mostra para ela que você é corajoso, que você é bom! –disseram os três, mais uma vez em uníssono.

–Tá, mas e como? –insistiu Kyo.

–Sei lá. –disse Ciro.

–Já te demos a dica. –Continuou Renan.

–Agora se vira que você não é quadrado! –completou Felipe.

Eles saíram, primeiro Ciro, depois Renan e por ultimo, mas não menos importante, Felipe. Era incrível como tudo o que eles faziam era nessa ordem.

–Eles me ajudaram tanto... –disse Kyo dobrando o bilhete de Neville e guardou-o no bolso.

Kyo ia recomeçar a comer, quando alguém lhe cutucou.

–Era meu pai? Eu quero ler!

Era Lilian, como sempre ela queria ler as mensagens de Harry para o garoto, o que Kyo achava muito inconveniente.

–Não, era o Neville, deu azar! –disse ele.

–Ah, então tá...

A garota sumiu do mesmo jeito que apareceu, do nada. agora ele poderia comer direi...

–Kyo, vamos ver os enfeites que o Flitwick colocou no terceiro andar? –era Tiago, dessa vez, estava muito agitado e usava um boné em forma de asas de morcego.

–Eu posso terminar de tomar meu café? –sugeriu Kyo. –Estou tentan...

–Vamos à biblioteca? –desta vez era Sarah –Fiquei sabendo de uma aquisição de uma nova edição de Hogwarts uma historia!

–Eu juro que se mais alguém aparecer aqui e me impedir de tomar meu café da manha, eu soco ela! –exclamou Kyo, apertando com força um biscoito, fazendo-o virar apenas pó.

Sarah e Tiago se entreolharam e deram de ombros, rindo. Kyo se sentou novamente e quando pegou o cálice de suco de maca...

–Kyo eu posso conversar com você?

–Ah, mas eu avisei... –disse levantando-se e fechando os punhos.

Kyo sentiu vontade de socar a si mesmo. Ananda esperava para conversar com ele, ela tinha nas mãos um pedaço de pergaminho amassado.

–Avisou o que? –perguntou ela, inocentemente.

–Nada, deixa pra lá... –disse ele, envergonhado.

–Otário. –zombou Tiago.

Ananda olhou para Sarah e Tiago depois se voltou para Kyo.

–Er... a sós, por favor. –disse ela.

–Ah, foi mal, vambora, Ti. –disse Sarah, pegando agarrando Tiago pelo braço e o arrastando.

–Mas eu quero ver... –relutou ele –e se rolar outro beijo?

–Pode ficar frio, não vai rolar! –gritou Ananda, quando ele já estava distante.

–Vamos dar uma volta no lago? –sugeriu Kyo. –Eu posso levar umas torradas...

–Torradas no lago é legal, vamos então.

Kyo pegou algumas torradas e seguiu com a garota em direção ao lado de fora do castelo. O sol brilhava com força lá no alto, e o lago parecia muito bonito ao refletir aquele brilho. Eles já estavam na segunda volta quando Kyo falou:

–O que você queria falar comigo?

–Ah, eu queria me desculpar com você.

–Se desculpar por que?

–Porque eu fui egoísta, achei que você tinha que gostar de mim, só por que você me beijou.

–Não, o egoísta fui eu, me deixei trair por um impulso e acabei te iludindo, eu não tinha o direito de fazer aquilo.

–Mas você, sem querer, cedeu, eu fiz aquilo porque quis, achei que podia te ter pra mim se fizesse aquilo.

–Foi seu primeiro beijo?

A garota não disse nada, apenas fez que sim coma cabeça. Kyo sentiu um enorme peso sobre sua consciência.

–Foi mal, eu...

–Tudo bem, pelo menos foi com alguém de quem eu gosto muito...

–Sabe, também foi o meu primeiro. –disse Kyo, tentando consolar a garota.

–Serio? Eu nunca pensei que você...

–É, aqui eu posso até ser, digamos, popular, mas de onde eu vim eu sou um belo de um panaca!

Os dois riram muito e continuaram seu passeio. Conversando sobre a escola e sobre suas dificuldades, Ananda dizia morrer de medo de Snape, Kyo contou que achava que Snape não gostava dele.

–Ah, eu não acho, ele pega no pé de todos da Grifinória, –discordou a garota –eu acho que é pra fazer charme para os alunos da Sonserina.

–Ele é meio doido mesmo, parece idolatrar o Malfoy! –zombou Kyo.

–É, e o Malfoy também parece idolatra-lo.

–Mas que ele pega no meu pé, ele pega, onde já se viu descontar dez pontos por fazer esquecer uma poção no fogo? Isso porque eu estava ajudando ele a passar as notas do bimestre passado pro diário!

–Ah, ele deve querer que você seja um aluno melhor.

–Melhor?!? Eu sou o melhor aluno em poções da sala! Fui o único que tirou dez!

–Ah, é que o Neville fez você adorar poções!

–E o Snape tá me fazendo odiar!

Kyo jogou um ultima torrada no lago, o mais longe que pode. A torrada boiou por alguns instantes, mas de repente um tentáculo roxo emergiu e afundou, logo em seguida, levando a torrada consigo.

–O-o que era aquilo? –perguntou ele.

–A lula gigante, você nunca a viu? –perguntou Ananda.

–Eu não saio muito do castelo, sabe? Só pra treinar.

–Sedentário.

–Sedentário nada! Eu sou um grande esportista!

–Você é um apanhador.

–E isso não é grande? O jogador mais importante do time!

–O mais importante não, o que decide o jogo, só isso!

–Ah, como se decidir o jogo fosse uma coisa simples...

Eles passaram o dia andando pelos terrenos da escola, eles assistiram ao treino de quadribol da Grifinória, Julian liberou Kyo do treino, dizendo que era melhor que ele passasse um tempo longe das vassouras, já que ele se machucara muito no ultimo jogo e o próximo jogo só seria em janeiro.

Quando já eram mais ou menos sete horas eles entraram para a festa do dia das bruxas, Ananda não queria, mas Kyo a convenceu, já que era seu feriado favorito no ano.

O salão principal estava esplendido, alem das costumeiras velas centenas de abóboras, com caras sombrias, flutuavam, alem das nuvens de morcegos que de vez em quando passavam pelas mesas para pegar comida.

O salão já estava apinhado de gente de todas as casas, principalmente da Grifinória. Kyo se sentou com Ananda ao lado de Tiago e Sarah, os dois os olharam estranhamente.

–E então, como foi a tarde? –perguntou Kyo, animadamente.

–Foi boa, eu acho que já conheço de cor todas as alas da biblioteca, menos a sessão proibida. –respondeu Tiago, num incrível mau humor.

–Ah, eu conheço toda a sessão proibida... –deixou escapar Kyo.

–Eu posso saber como? –perguntaram Sarah e Ananda, em uníssono.

–Eu dou os meus pulos. –desconversou Kyo.

Kyo se servia de tudo que podia alcançar, como passara o dia andando pelos terrenos da escola com Ananda, ele não comera nada desde as torradas de manha. Tiago fazia o mesmo, parecia que Sarah não o deixara comer, sob o pretexto de que estudar era mais importante.

Kyo já estava pronto para pegar um pouco mais de peru quando alguém o cutucou:

–O que quer que seja que você fez agora, é melhor ir pedir desculpas! –disse Pubia, com uma cara muito seria.

–O que? Do que vocês estão falando? –perguntou Kyo, sem entender.

–A Uanda, ela passou a tarde chorando na sala de estudos quatro! –exclamou Nancy, com falsa indignação.

–E o que eu tenho a ver com isso? –perguntou Kyo.

–Não sei, mas da ultima vez que ela estava chorando daquele jeito foi por sua causa! –exclamou Pubia.

–Faz o seguinte: –sugeriu Kyo –senta esse seu rabo ali naquela cadeira e enche essa sua boca de peru!

Disse Kyo, enfiando uma coxa de peru na cara de Nancy.

–Ai, credo, menino nojento! –exclamaram as duas quase juntas.

As duas se afastaram rapidamente, Kyo e Tiago se dobravam de rir.

–Por que você fez isso com elas? –perguntou Sarah. –Que maldade!

–Elas são duas enxeridas! –exclamou Kyo –Por que não cuidam da vida delas?

–Ah, deixa elas, pô! –disse Ananda com a voz aguda.

Kyo terminou de comer e ficou olhando os outros, principalmente Ananda, seu coração estava pesado por ter iludido a garota. Kyo sentia a falta de alguém, e não era só Uandalini.

–Cadê o Archie? –perguntou ele. –Não vi nem sinais dos mistérios dele hoje!

–Ele deixou um na minha cama! –exclamou Tiago. –Se liga: Tem bico, mas na bica e tem asas, mas não voa, e eu guardo debaixo da cama, o que é?

–Um pingüim, oras! –soltou Kyo.

–Cala a boca! –disse Tiago, lhe dando um tapa. –Onde já se viu pingüim com bico?

–Ar... lógico que pingüim tem bico, é uma ave!– disse Sarah.

–São? –perguntou Tiago.

A garota respondeu que sim com a cabeça. Kyo estava pensando, do jeito que Archie era completamente doido s resposta seria cretina e incrivelmente obvia.

–E se for o bule? –tentou ele.

–Bule? –zombou Tiago. –Você guarda o bule debaixo da cama?

–O bule é meu e eu guardo onde eu bem entender! –disse Kyo, mal podendo conter o riso.

–Bem digna do Archie... –disse Sarah, secamente.

–Há, há, há... –riu Tiago, tão seco quanto Sarah.

Kyo voltou seus olhos para a mesa dos professores, onde estava Snape? Kyo tentou olhar a volta para ver se o encontrava.

–Kyo, vem comigo. –disse Ananda, o puxando de repente.

–Ahn, peraí, eu já vou... –disse o garoto, se levantando aos tropeços.

A garota o levou até o saguão de entrada e parou, Kyo estranhou.

–Que foi? –perguntou ele.

–Kyo, você realmente gosta da Uanda.

–Infelizmente, por que?

–Eu quero te ajudar a ficar com ela.

–Hã?

–Eu vou te ajudar ficar com ela.

–Mas eu não quero.

–Como assim?

–Eu parti pra outra.

–Que outra?

–Você, Eu vou fazer de tudo para conseguir me apaixonar por você...

Disse Kyo, sem conseguir se conter, enlaçando a garota pela cintura.

–Não! –exclamou ela. –Eu não quero que você tente gostar de mim, eu quero que você goste de mim... mas acho que não...

Ela empurrou o garoto e saiu correndo, escada acima, Kyo apenas olhou.

–Eu consegui estragar tudo de novo...

De repente ele escutou um grito, vindo das masmorras, um grito de menina. Ele correu para dentro do salão principal. Tiago e Sarah haviam desaparecido.

–Droga!

Kyo voltou correndo em direção a entrada para as masmorras. Não sabia por que estava desesperado daquele jeito, provavelmente era uma garota com medo de uma barata. De repente lhe veio uma coisa a cabeça que o apavorou, a sala de estudos quatro ficava nas masmorras e Uanda estava lá. Ele apertou o passo o mais que pode.

–Droga, é a esquerda ou direita? –se perguntou ele, quando chegou a uma bifurcação.

Ele chutou a da esquerda, mas mal passou por ela e escutou um rugido seguido de um grito, vindos da outra passagem:

–Socorro!!!

Kyo reconheceu aquela voz de imediato, era a de Uanda, ele correu pela passagem, sabia que estava chegando, mas o que era aquele barulho? Ele pegou sua varinha e apertou, pensando em cada dos feitiços que aprendera nos três últimos meses, alguns clandestinamente, com os livros que pegava na sessão proibida, durante a noite.

Quando finalmente chegou a sala de estudos foi seco para abrir a maçaneta, mas não havia nem mesmo porta. O garoto passou direto seu coração parou. Um lagarto de seis metros de altura com escamas do tamanho de tampas de bueiro, asas que pareciam asas delta e dentes do tamanho de bastões de baseball estava parado no meia da sala, estava maio curvado, pois, apesar de ter o teto alto, o dragão ainda era muito grande para aquela sala. Uanda estava escondida atrás de uma das mesas que ainda não haviam sido queimadas, ele tentou se adiantar, mas foi bloqueado pela asa do lagarto.

–Uanda, você tá bem? –perguntou ele.

–Tô, mas cadê a cavalaria? –perguntou ela, procurando alguém atrás de Kyo.

–Não tem mais ninguém!

–Ah, legal, eu peço ajuda e me aparece você!

–E o que é que tem?

–Nada, só o fato de que isso ai é um dragão!

–Isso complica um pouco as coisas...

–Vai buscar ajuda!

–Eu num vou te deixar sozinha com isso!

–Eu me viro!

–Mesmo!

Kyo olhou bem para o dragão, este parecia não ter tomado consciência de sua presença. O garoto aproveitou essa chance e passou pelo dragão correndo, indo se esconder com Uandalini, atrás da mesa.

–O que você está fazendo aqui? –perguntou ela.

–Vim te ajudar.

–Ah, bela ajuda, agora nós dois estamos presos!

–Não se eu puder evitar, se estou certo dragões não podem com água.

–É, e daí?

–Espera pra ver.

Ele pegou uma balde de água que estava logo atrás deles, por sorte cheio, estalou os dedos para alonga-los e se ergueu.

–Abaixa, seu doido! –exclamou Uandalini.

Ela fez exatamente o que Kyo queria, chamou a atenção do dragão, mas não as suas chamas. Quando os olhos do dragão encontraram com os de Kyo ele gritou:

Conjuctivitus!

O feitiço atingiu o dragão bem no meio dos olhos, cegando-o. O dragão se descontrolou e começou a cuspir fogo em todas as direções, Kyo não sabia o por que de ainda estar de pé, tamanho era o seu pavor. Com toda a coragem que pode juntar aguardou o dragão voltar-se contra ele, nesse momento, num jogo de reflexo que nem mesmo ele acreditou, ele jogou a água do balde contra o dragão e ainda gritou:

Impervious!

A água que estava no balde foi lançada diretamente na boca do dragão, que ao sentir aquilo se engasgou, começou a tremer e cuspir fumaça, caindo, logo depois, desacordado. Kyo sentiu seu corpo tremer. Não soube se pelo fato de o dragão ter feito o chão tremer ou se era seu próprio corpo.

–Toda a escola deve ter sentido esse tremor... –disse Uanda, seus olhos lacrimejando.

–Daqui a pouco os professores chegam. –disse Kyo, tentando esconder o pavor na voz, sabia que agora seria expulso, não tinha chances de se salvar.

E não deu outra, dentro de cinco minutos Minerva McGonagall, Severo Snape, Adamastor Pitaco e Alvo Dumbleodore apareceram à porta da sala, a prof ª Minerva parecia que ia ter um treco.

–Algum dos dois pode me informar o que aconteceu aqui? –perguntou a prof a Minerva.

–Er...–começou Kyo.

–Vamos, Hunter, não temos tempo a perder. –apressou-o Snape.

–É que eu estava no saguão de entrada e escutei um grito, –começou a explicar Kyo –achei que fosse alguma menina com medo de algum inseto e por isso fui ver, mas quando cheguei aqui, deparei com a Uanda e... isso.

Ele indicou o dragão inerte no chão, sangue lhe escorria pela boca. A prf ª Minerva levou a mão ao coração. Snape soltou um muxoxo de impaciência.

–E o que o você fez com o dragão, Sr. Hunter? –perguntou Dumbleodore, parecendo interessado.

–Eu usei o Conjuctivitus para cegar ele e joguei água na boca dele com o Impervious. –explicou Kyo.

–E como o senhor soube que devia atingir o olho dele? –seguiu Dumbleodore.

–Eu raciocinei, –disse o garoto –com essas tampas de bueiro que ele chama de escamas deve ser difícil machucar ele, então eu pensei nos olhos, não tem como ter escamas nos olhos.

–Bem pensado, mas porque o Conjuctivitus? –insistiu Dumbleodore.

–Para cegar ele, –Continuou Kyo –eu lembrei do meu duelo com o Malfoy, quando eu vi que não podia ver onde ele estava, senti vontade de sair lançando feitiços para todos os lados.

–Mais uma boa idéia, suponho que para a água você pensou na relação fogo-água? –sugeriu Dumbleodore.

–Isso.

–Muito bem, Sr. Hunter, pelo seu ato eu concedo cinqüenta pontos a Grifinória! –exclamou Dumbleodore.

–Mas professor, ele destruiu uma sala de estudos! –replicou Snape.

–Para salvar a vida de uma colega, Severo, perfeitamente compreensível. –explicou Dumbleodore.

Snape bufou.

–Você é incrivelmente sortudo, Hunter, –disse Snape, com seu habitual tom de voz letal –mas não ache que essa sorte vai durar para sempre..

–Pode ser, severo, –disse Dumbleodore, pondo a mão no ombro de Snape –mas saber confiar na própria sorte é uma virtude que se deve ser valorizada.

–E saber que a sorte nos abandona quando mais precisamos é uma outra. –resmungou Snape.

–Sr. Hunter. –disse a professora Minerva, num tom enérgico de voz. –Você ou a Srta. Longbotton se feriram, querem dar uma passada na ala hospitalar?

–Acho que não, eu pelo menos não. –disse Kyo. –Você quer ir lá, Uanda.

Kyo desejou de todo o coração que ela dissesse que não.

–Não, eu tô legal. –respondeu a garota, e Kyo quase deu um pulo de alegria.

–Então acho que os dois devem ir imediatamente para o dormitório. –disse Dumbleodore. –E sem desvios por passagens secretas, ouviu Sr. Hunter?

Kyo se sentiu aliviado, pensara que seria expulso, mas, ao invés disso, ganhara cinqüenta pontos para a Grifinória. Sentiu o respeito e admiração que sentia por Dumbleodore crescer dentro de seu peito, alem de perceber, que assim como ele gostava de Dumbleodore, o diretor também parecia gostar dele, e isso era quase tudo o que ele queria para terminar a noite bem.

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