Convite Inesperado
Os alunos da Grifinória caminhavam até a sala de Defesa Contra as Artes das Trevas, aula essa que compartilhariam com os alunos da Lufa-Lufa.
Emmeline e Dorcas andavam calmamente, entre risinhos, corredor acima. Remus e Sirius passaram por elas, na metade do corredor. Sirius piscou para ambas, mas reteve seu olhar em Remus, que se demorou mais do que de costume em Emmeline. Esperou que as meninas apressassem os passos, puxando Remus para outro canto do corredor, parando de andar. Havia entendido tudo: Remus estava a fim de Emmeline Vance.
- Que foi, Six? – Remus o mirou, aturdido, assim que parou de andar.
- Já entendi! - Siriu deu um riso engraçado, batendo as duas mãos e fazendo um barulho estalado antes de prosseguir. - Emmeline! Remus! Você virou homenzinho!
Remus ficou ruborizado. Seu rosto parecia consumido por chamas e o riso do amigo parecia insuportável naquele momento.
- Para de bobeira, Sirius!
- Ah, Remito! Que lindo! – Sirius falava com ar de apaixonado, as mãos ainda unidas, dando ar romântico ao rapaz alto. – Emmeline é linda, meiga, fofa... Perfeita pra você!
- Para! – Remus repetiu, estava começando a se irritar.
- Remus, fala com ela! Aposto que ela adoraria um cara sensível como...
- Como um lobisomem? – ele o cortou friamente. – Olha, Sirius... Emme é perfeita! Ela é linda, estou realmente... digamos... apaixonado por ela, mas ela não precisa de um namorado que suma todas as noites de lua cheia!
Sirius revirou os olhos.
- Remus, se ela namorasse você, ela namoraria o cara mais legal e inteligente de Hogwarts. O cara mais amigo e sincero que eu já conheci.
Remus sorriu para Sirius, em despeito da irritação inicial. Queria mesmo que fosse tão simples assim. Na verdade, não era nada simples. A garota que ele gostava, que era a mais linda e meiga de Hogwarts em seu julgamento, não poderia sequer saber de seu interesse por ela. Não mesmo. Era um lobisomem, não se atreveria arriscar a vida de Emmeline nisso, e mesmo se declarando, deveria ser honesto com a menina e contá-la seu segredo, o que queria dizer que ele escutaria um “Sem chances!” dela, ou, mais estilo Emmeline Vance: “Olha, você é muito fofolético, Remus, mas eu tenho alergia a pêlos desde pequena...”
- Obrigado, Sirius... você sabe como me fazer sentir-me melhor...
- Ah, então! Você vai falar com ela! – Sirius se animou.
- Ah... – ele fingiu pensar por um momento. - Não mesmo...! – Remus piscou e saiu andando em direção à sala de aula.
- Remus, seu tratante! Volta aqui! – Sirius saiu rindo atrás do amigo.
De outro canto do corredor, Lily olhava para todos os lados, procurando qualquer vestígio de Marlene e James. Nada. Suspirou com raiva e decidiu mudar o foco da procura para Emmeline e Dorcas. Nada difícil achá-las, Dorcas falava tão alto que Lily nem precisou enxergá-la para saber onde estavam. Saiu correndo atrás das duas.
- Ei, dá pra me esperarem? - gritava a ruiva.
- Lily, pensamos que estava perdida... - Dorcas a mirou, curiosa.
- Cadê a Lene? - Emmeline olhou para os lados, como se procurasse a amiga.
- Eu ia perguntar isso para vocês, se a viram por aí...
- Ué, Lily, ela estava com você! - Dorcas arregalou os olhos
- Mas Potter a chamou para conversar e os dois sumiram...
- POTTER? - Emmeline e Dorcas falaram juntas, indignadas, como se o Lily houvesse falado um palavrão.
- Potter... - Lily revirou os olhos verdes. - Qual o espanto?
- O que será que eles estão conversando? - Emmeline franziu a testa
- Não sei, mas acho que... - Dorcas começou, mas não terminou
Lily e Emmeline olharam para a amiga, esperando que ela concluísse seu pensamento, contudo, Dorcas manteve o olhar fixo num determinado ponto, com uma expressão de boba. As duas amigas olharam para onde seus olhos claros apontavam e viram Edgar Bones, caminhando para sua direção, com alguns amigos da Lufa-Lufa.
- Olá, garotas! - O rapaz abriu um sorriso simpático. - Como foram de férias?
- Tudo bem, Ed! - Emmeline sorriu, ainda meio confusa com a reação de Dorcas.
- A minha também foi legal, e as suas, Ed? - Lily olhou de Dorcas para o menino, tão confusa quanto a outra amiga.
- Ah, eu me diverti um bocado! Viajei com a minha família... - Edgar comentou empolgado, desviando o olhar para Dorcas - E você, Dorcas?
Silêncio.
- Dorcas...?
- Ah.. - Dorcas balançou a cabeça, como se fizesse esforço para se concentrar. - As minhas férias... Foram legais...
- Ah ,que bom! Estamos no último ano! Incrível como passou rápido, não? - Edgar olhou para os amigos, que se adiantavam em direção à sala de aula. - Bom, aula de Defesa Contra Artes das Trevas juntos, não é? Então, até depois!
O rapaz mantinha um sorriso no rosto, ao se despedir das garotas, logo depois, saiu correndo em direção aos amigos. Dorcas parecia ter acabado de levar um choque de alta voltagem. Estava estática.
- Ele é um amor, não é? - Emmeline comentou num suspiro.
- É mesmo... - Lily concordou.
- Ele é lindo... É tudo... - Dorcas tinha brilho nos olhos. - É perfeito! Já repararam os olhos dele? São castanhos-dourados, e os cabelos... ah, os cabelos... cor de mel. O sorriso é tão branco e perfeito que... - mais um suspiro e ela não completou a frase, mas ficou olhando para a parede, como se estivesse vendo uma miragem.
As duas amigas se entreolharam, ambas com um risinho maldoso no rosto.
- Dorquitas... Apaixonada! - a loira comentou, com cara de apaixonada
- Cala a boca, Emme! - Dorcas trocou o ar sonhador por uma fúria homicida.
- Qual o motivo da raiva? - Marlene chegara perto das amigas, curiosa.
- Lene! Dorcas está apai...
- CALA A BOCA!
Dorcas avançou para Emmeline, que se esquivou, fazendo a amiga correr atrás dela. Enquanto ia correndo, a menina ria e ia cantarolando “Dorquitas apaixonada, ela está amando!” Dorcas encarou a carreira e sua face estava rubra de raiva enquanto tentava alcançá-la. Marlene olhou para Lily, com as sobrancelhas arqueadas, não entendendo nada, mas Lily estava mais preocupada com outra coisa.
- Então, Lene, o que Potter queria com você? – perguntou sem rodeios.
- Err... Potter? – Marlene olhava para as amigas correndo, como se tentasse disfarçar.
- É... Potter... – Lily estava impaciente. – O que ele tinha de tão importante para tratar com você?
- Ah... E qual seu interesse nisso, Lily? Se ele quisesse que você soubesse, contaria na sua frente, não?
Lily deixou o queixo cair, como se Marlene houvesse acabado de chamá-la de sangue ruim.
- Como assim meu interesse? Eu só estou perguntando por que... por que... – ela procurava uma palavra pra se justificar, mas os gritos de Emmeline não a ajudavam. – Por que... Oras...! Somos amigas e sempre contamos tudo umas as outras!
Marlene abriu a boca para falar algo, mas no mesmo momento viram Dorcas erguer a varinha e apontar para Emmeline, gritando com vontade “quietus”. Emmeline ficou afônica, mas ainda continuava movendo os lábios e fazia mímicas, como desenhar corações no ar e ainda mantinha um sorrisinho maldoso no rosto.
- Ui, Emmeline Vance! Você está me irritando profundamente! – Dorcas deu um grito de impaciência.
Emmeline, por sua vez, colocou a mão no peito, do lado esquerdo, e fez como um coração batendo. Em seguida, fez um sinal de “paz e amor” para a amiga e balbuciou sem voz “precisa de paz, amor já tem”.
- Emme é doente... – Marlene comentou num sorriso com Lily, mas a ruiva estava com a cara amarrada e ela fechou seu sorriso na hora.
- Você não vai me contar mesmo, não é?
- Lily, não foi nada...
- Como não foi? Desde quando você tem segredinhos com aquele biltre com ar de superior?
- Desde hoje – Marlene deu de ombros, com um risinho sem graça nos lábios.
- Então é assim, não é? – Lily cruzou os braços.
- Ah... Para de drama, Lily...
Mas Marlene não falou mais nada, não depois que Emmeline se jogou por cima dela, fugindo de Dorcas. A menina ria, mexendo a boca sem emitir som, enquanto Dorcas bufava e tinha a face vermelha.
- Parem com isso, estão agindo feito duas otárias! – Lily bradou com raiva.
- Ela começou! – Dorcas se defendeu, mas Emmeline fazia que não com o dedo, movendo os lábios inutilmente.
- Dorcas, até parece que não conhece a Emme... Ela tem problemas! – Marlene sacou sua varinha e apontou para Emmeline. – Agora, demente loira, cala a boca antes que Dorcas te pegue de jeito!
- Não, Doquitas só quer pegar de jeito o Bones... – Emmeline bateu na boca, sonsamente. – Ok, parei, parei... Desculpa Dorcas...
- Escuta aqui, peste 30 volumes... – Dorcas avançou para Emmeline, que se escondeu atrás de Lily. – Se seu teatrinho chegar aos ouvidos do Edgar, eu vou cortar seus cabelos à noite! Quem sabe você deixa de ser burra?
- Ah, não! – Emmeline passou a mãos pelas longas e lisas madeixas loiras. – Meus cabelinhos lindos não!
- Seus cabelinhos descoloridos sim! Ai de você se abrir a boca de novo para falar do Ed!
- Está bem, Dorcas, eu já entendi... – Emmeline falava segurando Lily pelos ombros, fazendo-a de escudo humano. – Você quer manter seu amor em silêncio, eu deixo, embora não concorde com isso...
- Meninas! – Alice chegara ali, sorridente e de mãos dadas com Frank. – Nossa, escutamos a tagarelice de longe... eu queria saber o que tanto vocês têm para falar... Frank, amor... Até de madrugada essas meninas falam!
- Ah, amor... É a volta das férias, não é, meninas? – Frank riu para as quatro amigas.
- Com certeza! Mas Emme não sabe esperar para falar, ela nos acordou Alice, desculpe... – Marlene olhou para Emmeline como quem recrimina uma criança que foi pega comendo meleca.
- Tudo é culpa da Emme, tudo é minha culpa... – Emmeline fez bico.
- Ah, dramática! A gente te ama mesmo assim! – Alice riu ejogou um beijinho para a loira. – Eu não acho ruim, imagina, mas da próxima vez, me chamem para conversar!
- Querida, eu vou deixar você com suas amigas, preciso falar com Remus – Frank deu um beijo em Alice e se despediu das meninas. – Até logo, na aula!
- Tchau, fofo... – Alice suspirou ao ver o namorado saindo.
- Acho tão lindos vocês dois! – Lily sorriu para Alice, enquanto tentava tirar as mãos de Emmeline de seus ombros. - Sei lá, parece que um completa o outro, não é meninas?
As outras três assentiram com as cabeças. Alice tinha um brilho diferente nos olhos quando as encarou novamente.
- Ah, Frank é o amor da minha vida! – disse, com um olhar sonhador – Sabe... Vamos nos casar! Eu sei... Ele e eu vamos fazer testes para Auror quando terminarmos Hogwarts e depois, de repente em dois anos... Vamos nos casar!
- Que tudo de lindo e mágico! – Emmeline tinha os olhos brilhantes – Quando será que eu vou conseguir um amor assim, heim?
- Quando você menos esperar, Emme! O amor pode estar ao seu lado e você nem percebe... – Alice falou sabiamente.
- Pois é... Mas sabe, umas e outras... – Emmeline acenou com a cabeça para Lily – não admitem isso, que o amor está ao seu lado...
- Não entendi a indireta, Emmeline... – Lily fitou a amiga.
- Lily... desculpa... Mas essa até eu sei! Potter é louco por você! – Alice riu.
- Ah... – Marlene corou. – Eu não sei não...
Mas não completou a frase. Emudeceu. Alice, Emmeline, Lily e até Dorcas, que estivera quieta até o momento, a miraram, curiosas. “Putz, ferrou!” a morena pensou.
- Não sei não o que, Lene? – Lily lançou um olhar fulminante para ela.
- Ai... Está bem! – Marlene não conseguia funcionar sob pressão das amigas. – Eu conto! Potter me convidou para o Baile das Boas Vindas!
- Potter? – Alice, Dorcas e Emmeline falaram juntas.
- Te convidou para o baile? – Lily completou, com ar de incredulidade.
- Ai, droga! Eu e minha língua grande!
Num outro canto, Frank acabara de encontrar-se com Remus e Sirius, e estavam conversando sobre os N.I.E.Ms. James os avistara de longe, se unindo aos amigos.
- Reunião? – ele ajeitava os óculos ao se aproximar dos três. – Nem me esperaram...
- Nossa, James... Onde você estava? – Sirius o olhou como se nunca o tivesse visto antes.
- Estava com a McKinnon até agora? – Remus perguntou.
- Com a McKinnon? – Frank ficou confuso. – Não era a Evans o alvo dele?
- Sabe o que os exércitos fazem quando eles vêem que a tática de guerra não está funcionando muito bem nas batalhas? – James questionou os amigos.
Os três ficaram em silêncio, talvez avaliando se o caso do rapaz era reversível ou perdido, olhando para ele sem entender nada. James entendeu o silêncio como um “não” coletivo. Daí, explicou.
- Eles mudam de tática. Analisam as possibilidades e modificam completamente a estratégia de ataque. É exatamente o que estou fazendo...
- Espera... Espera... – Sirius estava pensativo. – Então... Você está usando a amizade da Marlene com a Evans para se dar bem? O que pediu? Para Lene fazer sua propaganda positiva?
James deu um riso debochado. Sirius sentiu vontade de bater nele. Odiava aquele risinho escroto.
- Não, não... Eu convidei McKinnon para o baile do final de semana.
Remus olhou de James para Sirius, em pânico. “É agora que Six saca a varinha e estupora o Jay...” imaginou, virando o olhar para Frank. Se algo errado acontecesse, ao menos cada um segurava um deles.
- Ah, vocês estão aí... – Peter chegou correndo, como se viesse procurando os amigos por um longo tempo. – Eu estava...
- Você o que, Jay? – Sirius interrompeu Peter, ou não o notou ali.
- Que houve? – Peter olhou de Sirius para James, e deles para Remus.
- Eu convidei a Marlene McKinnon para o baile – James repetiu.
- Nossa! Que legal, Jay! – Peter comemorou.
- Eu não estou acreditando! Jay, você... Você vai usar a Lene! – Sirius estava inconsolado.
- Ah, não... não... – James balançou a cabeça, falando em tom irônico. – Eu não... Sabe, eu não estou iludindo a McKinnon, como uns e outros aí... Eu só a convidei, e ela aceitou. Só isso.
Sirius riu dissimuladamente. Remus, Peter e Frank se entreolharam, confusos. James não se surpreendeu, Sirius era assim mesmo, ria para não chorar. Ou para não matar alguém.
- James, eu não sei o que você está pensando, mas... Também não me interessa saber...
- Claro que não te interessa... Agora, você não precisa mais pensar em quem vai levar ao baile, não é? Só sobrou a surucucu loira...
- Quem é essa? – Peter olhou confuso para Sirius. Sirius olhou furioso para Remus. Remus levou a mão à testa decepcionado. Frank ficou boiando.
- Você contou para ele! – Sirius rosnou, os olhos eram duas fendas.
- Ele não contou nada! Eu não sou idiota, Sirius Black! – James falou calmamente – Para me enganar, você tem que nascer de novo!
- Gente, do que vocês estão brincando? – Peter olhava para os amigos, como se estivesse perdendo alguma parte da história.
- Parem já com isso! – Remus fez sinal de “calma” para os dois amigos. – Isso não é hora nem lugar! Temos uma aula agora, vamos!
Sirius sequer falou. Apenas girou em seus calcanhares e seguiu furioso para a sala de aula. James riu, vitorioso.
- Nossa, vocês são sempre assim? – Frank perguntou, meio timidamente.
- Mais ou menos... – Remus riu, sem graça.
- Eu não entendi nada... – Peter balançou a cabeça.
- Eu estou cada dia mais certo que esse negócio de psicologia reversa funciona mesmo! – James comentou entre risinhos.
- Psico... O quê? – Peter o fitou questionador.
- Esquece... Finge que eu não disse nada... Vamos, rapazes? Aula!
James saiu rumo à sala. Peter olhou para Remus em busca de explicações, mas o garoto apenas fez sinal de cansaço. Entender a mente louca de Sirius e James era desgastante demais.
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