Visita ao St.Mungus
Harry, após ter feito 17 anos e ter deixado Hogwarts, foi morar primeiramente em Londres. Depois que comprou a sobre-loja no Beco Diagonal, resolveu morar mais perto do trabalho. Enquanto não encontrava um lugar melhor, ficou hospedado por muito tempo no Caldeirão Furado.
Ele estava se arrumando para dar uma volta por aí, quem sabe olhar uns livros, quando a mulher do serviço de quarto entrou trazendo uma bandeja com chá e biscoitos.
-Com licença, Harry, trouxe o chá.
-Obrigado – disse Harry
-Tem uma pessoa lá em baixo querendo falar com você. – disse a mulher com ar preocupado.
-Quem é? –perguntou Harry - Não estou esperando ninguém...
-Bom, é uma mulher e não quis falar o nome, nunca a tinha visto aqui antes. E, se você quer saber, ela me pareceu muito estranha.
-Diga a ela que já estou descendo - disse Harry, pensando que poderia ser alguém do ministério para falar sobre a papelada.
A mulher deixou a bandeja em cima da mesa de cabeceira e saiu fechando a porta atrás de si. Harry terminou de se arrumar e desceu. O bar estava vazio, exceto por um homem que também estava hospedado lá. A camareira, ao ver Harry, disse:
-Ela não está mais. Devia estar com pressa.
-Tudo bem, eu estou saindo. Não precisa mandar ninguém arrumar o quarto. Tem uns papéis importantes lá e eu prefiro que ninguém mexa.- após dizer isso, saiu pela porta que dava para o mundo dos trouxas, para comprar um vinho delicioso que ele tinha encontrado numa loja ali perto.
Harry parou um táxi, mas, ao abrir a porta, viu que estava ocupado, pediu desculpas e já ia saindo quando a mulher loira de olhos castanhos que estava dentro do táxi falou:
-Oi, Harry, pode entrar.
Harry não sabia como ela sabia seu nome, mas, afinal, o que tinha a perder? Bateu a porta e viu que o carro era muitíssimo espaçoso por dentro. Tinha um freezer, sofás e até uma lareira.
A mulher que estava sentada ao seu lado mandou o motorista seguir em frente:
-E agora, sem paradas! – ela disse o motorista em uma voz arrastada. O cheiro que havia ali não era de todo desconhecido para Harry, mas o deixava tonto. Ele, como um bom auror, temia perder a sobriedade.
A mulher, que devia ter uns trinta anos, vestia-se como uma garota de quinze, com um vestido preto curtíssimo e botas roxas de bico fino. Em seu rosto, só se via maquiagem. Para ele, se a intenção era ser atraente, ela tinha conseguido exatamente o oposto.
Ela olhou para Harry com interesse, acendeu um cigarro e estendeu-lhe a mão apresentando-se:
-Sandrah Trelawney, muito prazer.
Harry hesitou por um momento, mas apertou aquela mão magra, com um anel em cada dedo.
-Prazer.Vejo que já sabe meu nome…
-Ah!Sim! Claro que sei – ela parou de falar e fez uma expressão completamente falsa de mistério. Levou o cigarro até a boca, inspirou e soltou a fumaça bem devagar-. Como não saberia?
-O que quer de mim?- perguntou Harry querendo sair logo dali.
-Minha mãe deseja lhe ver.
De repente, Harry sentiu estar sendo puxado pelo umbigo, o carro balançou todo. “Não se preocupe. Isso é só uma passagem mais rápida instalada pelo governo”., ele ouviu alguém dizer, antes de, um segundo depois, estarem bem em frente à loja de departamento grande e antiquada chamada Purga & Sonda LTDA. Nas portas havia os mesmos letreiros de anos atrás: FECHADO PARA REFORMA.
-Sibila Trelawney está internada?- perguntou Harry.
Ignorando a pergunta, Srta. Trelawney aproximou-se do vidro bem na frente de um manequim horrível.
-Bom dia, viemos visitar Sibila…
Harry enfiou as mãos nos bolsos e começou a observar as pessoas em volta. Estava absorto em seus pensamentos, quando foi puxado pelo braço.
Entraram numa recepção movimentada e seguiram direto para o elevador. Trelawney apertou o número seis. “Ela conseguiu!” , pensou Harry com um toque de saudade e de felicidade.
Esperaram em silêncio; ela o observando de alto a baixo e ele fingindo que não percebia.
Deixaram o elevador e viraram à direita, num corredor longo e claro. Foram andando por ele até que pararam em frente ao quarto 333. A mulher parou e bateu de leve na porta. Uma voz doce, muito conhecida veio de dentro:
-Entre.
Aquela voz tinha feito Harry sentir a conhecida sensação estranha na boca do estômago. Entraram.
Bem no meio do cômodo, havia uma cama, nas paredes alguns quadros de exímio mau gosto e prateleiras com vários objetos estranhos, os quais Gina já tentara lhe explicar um sem número de vezes, mas que ele ainda não entendera exatamente para que serviam.
Deitada na cama, havia uma senhora com muitas rugas e olhos caídos. De costas parar ele, arrumando uma prateleira, estava uma ruiva, branca, alta, com vestes de curandeiro e um rabo de cavalo bem apertado na altura das orelhas.
Harry fechou a porta e a ruiva se virou derrubando um pote que estava em uma prateleira mais baixa. O pote, que estava cheio de um pó branco, quebrou-se e seu conteúdo espalhou-se pelo chão.
-Reparo!Accio pote! Limpar!- os cacos se juntaram, o pote foi parar na mão da ruiva e o pó branco desapareceu. Ela levantou os olhos e Harry reparou que as orelhas dela estavam vermelhas.- Olá Srta. Trelawney, olá Harry!
-Oi Gina!- ele respondeu.
-E então, você está bem? – ela perguntou extremamente interessada em seus branquíssimos sapatos brancos.
-Vo… cês… pode… riam… me deixar a sós com… o senhor… Pot… ter?- pediu Sibila com uma voz rouca.
-Claro.-responderam Gina e Sandrah. Antes de sair, Gina deixou uma poção para a velha tomar, para que sua voz melhorasse.
-Sente-se!
Harry andou até uma cadeira branca ao lado da cama e sentou-se. Observou a antiga professora por um tempo, enquanto ela tomava alguns goles da poção.
Era impressionante como ela estava velha. Nove anos não eram suficientes, pelo menos no entender de Harry, para deixar uma pessoa naquele estado. Em seus olhos, a vida quase se extinguira. Não se via seu rosto, apenas rugas. Ela olhou bem dentro de seus olhos e ele teve a impressão de que, a qualquer momento, ela desabaria e morreria.
-Realmente…o tempo passou rápido demais para mim…- sua voz melhorara consideravelmente, adquirindo aquele tom misterioso. Harry permaneceu calado evitando o olhar da velha.
-Diga-me como está, Harry?
-Eu?Bem… estou indo - ele começando a achar que estava perdendo seu tempo. Mas, ao longo dos anos, ele tinha aprendido a respeitar quem tinha mais experiência que ele e sempre dar uma chance para as pessoas. Assim, resolveu ter paciência e conversar com ela.- Na verdade…estou muito bem.
-Ah! E como estão aqueles seus amigos… Sr.Weasley e aquela garota que eu sempre soube que nunca seria boa na arte da Adivinhação.
-Hermione Granger.
-Esta mesma.
-Agora ela também é uma Weasley.
-Oh! É claro que eu já sabia, não é mesmo? Só estava mesmo puxando assunto.
Apesar de velha como estava, pensou Harry, continua sendo Sibila Trelawney!
-Senhora - começou Harry-, desculpe-me, mas eu tenho que ir…
-Prometo que não tomarei muito mais de seu tempo - parou um pouco e olhou para Harry como se o examinasse, - Queria lhe ver para saber se está preparado…
-Preparado para…?
-Harry, preste atenção!- ela parou mais uma vez, olhou para os lados e continuou, agora sussurrando - Alguém fez isso comigo!
-Isso, o quê? – ele perguntou começando achar que ela estava tendo alguma espécie de delírio.
-Desculpem, mas o horário de visita terminou.
Um homem que parecia japonês entrou no quarto falando com um sotaque que Harry jamais ouvira.
-Mas…
-Sinto muito, senhor, nossa paciente precisa descansar - disse o homem ordenando que ela tomasse uma poção cor de musgo.
Harry foi obrigado a sair. Foi andando sem pressa pelo corredor, quando viu Gina saindo por uma porta.
-Até.- ela disse.
-Até.- ele respondeu.
Ele abaixou a cabeça e foi andando vagarosamente ao longo do corredor com as mãos nos bolsos. Virou à esquerda, como se fosse para o elevador, bem de-va-gar, quando ouviu uma voz atrás de si:
-Me paga uma cerveja amanteigada?
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