O Patético Preconceito
Capítulo II - O Patético Preconceito
Confirmado. Eu sou uma covarde. Uma ridícula e patética covarde. Que foge dos seus sonhos e tem medo de ser feliz. Que não consegue se animar de jeito algum e a cada dia fica mais deprimida e depressiva. Completamente desleal com os seus familiares e amigos, que na hora que mais precisaram de mim lhes virei as costas. Uma traiçoeira de primeira.
É, eu sou uma covarde. Com certeza.
- Harry?
- Hum, oi.
- Quer sair hoje de noite?
- Hoje? Hoje não dá, Amanda, eu tenho um compromisso como Capitão.. sabe?
- Ah, ok. Tchau, Harry. - Harry Potter assistiu a menina se afastar dele e soltou um muxoxo revirando os olhos.
- Elas não largam o seu pé, não é? - Perguntou Ron, que andava ao lado do amigo. De mãos dadas com esse estava Hermione Granger, os encarando seriamente, porém quieta.
- É, às vezes irrita, mas Amanda é legal.. - Harry comentou com um sorriso malicioso.
- Pelo visto você já ficou com ela. - Hermione decidiu falar, cortando Ronald antes que ele pudesse fazer qualquer elogio à menina.
- Na verdade, não. Apenas fomos a Hogsmead, mês passado.
- Então por que você a dispensou hoje, Harry? - Perguntou Ron curioso encarando o amigo com o cenho franzido.
- Eu realmente tenho compromisso como Capitão hoje.. - Harry murmurou sem querer entrar nos detalhes.
- Tem? Mas hoje nós não temos treino. - Ronald agora parecia levemente interessado, mas nada que chamasse muita atenção, pois estava mais preocupado com os meninos mais novos que passavam encarando Hermione com desejo.
- Ah, hoje eu vou fazer mais um teste. - Harry disse aquilo como se tentasse encerrar o assunto e Ronald fez uma careta de entendimento.
- Vale a pena?
- Completamente. - Harry lembrou-se de Ginny voando e perdeu-se em seus devaneios por um instante.
- Quem é? - Ronald perguntou com curiosidade.
- Ah, uma menina mais nova. - Harry fingiu desinteresse e torceu para que Ronald ficasse quieto.
- Uma menina?
- É, qual o problema?
- Hum.. entendi tudo. Você não marcou com a Amanda porque já tinha marcado com a menina o "treino". - Ronald deu ênfase na palavra treino e fez aspas com a mão, enquanto soltava uma gargalhada e dava uma tapa nas costas de Harry.
- Não.. não é nada disso que você está pensando, Ron. - Harry riu e pegou-se desejando realmente que fosse aquilo que o amigo havia falado. - Ela realmente vai fazer o teste.
- O quê? E você acha que ela tem o que precisamos?
- Sim, voa bem e é veloz. - Harry parecia orgulhoso da tal menina e isso intrigou Hermione profundamente, Ronald apenas fez cara de quem comeu e não gostou.
- Por que, Ron? Você acha que por ela não ter coisas no meio das pernas, tem menos capacidade que você, Harry ou qualquer menino? - Hermione parecia ligeiramente irritada e incomodada.
- Não é isso. É apenas o fato do homem ser mais forte e eficaz que as mulheres.
- Não, isso não é verdade. - Hermione retrucou se afastando do namorado.
- Mi, meu amor, não vamos brigar por causa disso, por favor. Você sabe que eu estou falando a verdade... - Ronald tentou se aproximar da menina, mas ela o empurrou.
- Acho melhor você ficar quieto, Ron. - Harry aconselhou, desinteressado na briga.
- Por que? Não vai me dizer que apóia as mulherzinhas agora!
- Machista! - gritou Hermione irritada, dando um tapa no namorado. Ou seria melhor dizer ex?
Pelo visto terminaria com ele, pela centésima vez.
- Ah, deixem de ser ridículos! Harry sabe que não existe mulher no Quadribol profissional, porque elas não têm a capacidade de vencer a força e resistência dos homens. - Várias pessoas pararam para assistir a discussão dos três, e dentre elas estava Ginny Weasley.
- Há-há! Nós temos algo que vocês não tem.. - Hermione disse provocativa e várias meninas gritaram em apoio.
- Ah, e o que seria? - Agora Harry havia respondido no lugar de Ronald. Pelo visto ele tinha comprado a briga e estava no lado dos machistas.
- Inteligência. - Hermione disse com prepotência fazendo uma careta me-supere-idiota.Todas as meninas gritaram em concordância.
- Oh! Dê ao menos uma explicação lógica para essa afirmação. - Ronald desafiou. Hermione já ia abrir a boca, mas alguém havia surgido no meio deles.
- Deve ser pelo fato de nós não pensarmos com a cabeça de baixo e agirmos feito máquinas ao ver um rabo de saia ou algo relacionado com peitos, bundas e derivados.. - Ginny falou aquilo para o irmão e Harry e ambos ficaram quietos, a encarando chocados.
Como é que é?
Todas as meninas começaram a gritar e desafiar os meninos que estavam a sua volta. Ginny apenas deu uma piscadela quase imperceptível para Harry e saiu de fininho, pois uma confusão estava armada.
- Meninos são idiotas e infantis! - Gritava uma ou outra que estava perdida no meio da gritaria.
- Meninas são fúteis! - Todos gritavam e discutiam.
- Meninos se acham superiores, enquanto não percebem o quanto são imbecis!
- Meninas são como copos de plástico! - Ronald gritou no meio da multidão. - Você usa e depois joga fora.
Paft.
Hermione havia acabado de dar um tapa na cara de Ronald. Todos pararam de discutir e os encararam com os olhos arregalados. Ela estava séria e seus olhos brilhavam em raiva.
- Vamos ver quem está jogando alguém fora aqui. - Hermione retirou a aliança que o menino havia dado no segundo mês de namoro. Ronald estava boquiaberto e sem reação.
Hermione mostrou para todos a aliança e depois jogou na cara de Ronald. Todas as meninas começaram a gritar e a aplaudir Hermione.
Ela saiu andando rebolando deixando o namorado para trás. Ele ainda estava sem palavras, ficou ali parado sem exibir nenhuma reação. Quando todos já haviam se dispersado ele abaixou e pegou a aliança.
- Ela não sabe o duro que dei para comprar esse anel. - Ron falou tristemente para Harry, que ainda estava parado a seu lado. - Não podia simplesmente jogá-lo na minha cara.
- Você a provocou, Ron. E você conhece a namorada quem tem.. - Harry deu um sorriso confortador para o amigo. Ronald apenas o esnobou e saiu andando sem dizer mais nada.
Às vezes a melhor coisa que temos para fazer é ficar quieto. E Ronald havia aprendido isso..
Harry havia acabado de sair do banho e ainda estava com os cabelos molhados e grudados em seu rosto. Havia se trocado no banheiro e se preparava para poder ir fazer o teste em Ginny Weasley, porém ao sair do banheiro deparara-se com uma menina em seu quarto.
Hermione Granger.
- Agora você vai me contar, Harry Potter. - Ela disse em desafio.
- Contar o quê, Hermione? 'Tá louca?
- Que menina é essa que você vai fazer o teste?
- Ah, uma menina daqui da Grifinória... - Harry disse desconversando e passando a mão pelos cabelos, em um ato nervoso.
- Jura? Achei que era uma menina da Sonserina, Harry. - Hermione disse com sarcasmo, depois soltando uma risadinha.
- Hum... - Harry fingiu que estava procurando algo em sua cômoda para não encarar a amiga nos olhos.
- Fale logo.
- Nem lembro o nome dela.. - Harry passou a mão nos cabelos novamente, algo que não passou despercebido.
- Se você não lembrasse não ficaria tão nervoso em falar sobre ela. Eu percebi que você tentou fugir do assunto hoje no corredor. - Hermione Granger, como sempre curta e direta.
- Eu? Nervoso? Claro que não. - Passou a mão mais uma vez.
- Você está com tique nervoso, Harry.
- Tique? Não mesmo. - E mais uma vez.
- Tsc.. Tsc. - Harry ia levar a mão ao cabelo novamente, mas parou na metade do caminho.
- Ah, o Ron estava certo eu estou indo me encontrar com uma menina.. - Harry não pensou e falou a primeira coisa que lhe veio em mente.
- Verdade? E quem seria a escolhida?
- Hum... Amanda Woods. - Errado, Sr. Potter..
- Amanda? Você a dispensou hoje, não está lembrado? - Hermione marca gol..
- É, mas... Ok, Hermione, eu falo. - Harry levantou os braços e mostrou que estava rendido.
- Estou esperando. - Hermione disse após uns segundos de silêncio.
- Eu vou fazer um teste de Quadribol com a Ginny. - Harry disse de uma vez e um pouco rápido demais, Hermione não esperava por aquela e ficou com os olhos arregalados, encarando o amigo.
- Ginny.. Weasley? - Hermione falou algum tempo depois.
- É, ela é realmente muito boa. - Harry falou com um ar sonhador, e ao ver a expressão da amiga, acrescentou. - No Quadribol, claro.
- Ela que se candidatou para a vaga? - Hermione parecia curiosa demais para o gosto de Harry.
- Não.. eu a peguei voando esses dias e a praticamente forcei a fazer um teste. - Harry parou um instante e encarou Hermione. - Ela parecia diferente voando, como se amasse fazer aquilo acima de qualquer coisa..Parecia eu.
- Isso não me surpreende, Harry.
- Por que diz isso?
- Fred que a ensinou a voar, sabia? Ela me confidenciou isso no terceiro ano. - Harry havia ficado chocado. Então tudo se explicava, o porquê do amor pelo Quadribol e a insegurança em relação a isso..
- É estranho vê-la daquele jeito.. tão frio e fechado, sabe? - Harry comentou com tristeza.
- Queria tanto poder ajudá-la, Harry, mas vejo que não consigo. Vejo que falhei.
- Você? Não, não pudemos nos culpar pela depressão dela, tem certos problemas que nos metemos, em que devemos sair sozinhos.
- Você tem razão, mas isso não alivia o peso no meu coração. - Hermione soltou um soluço e abaixou a cabeça.
Harry aproximou-se da amiga e abraçou fortemente. Hermione chorava e molhava a sua camisa, mas ele não ligava. Era para isso que os amigos serviam.
- Eu achei que nós íamos voltar depois da Guerra. - Harry falou tentando apoiar a amiga, e até mesmo desabafar.
- Todos achavam, Harry, até mesmo ela.
- Às vezes acho que o destino conspira contra a minha pessoa. Parece que ele nunca quer que eu seja totalmente feliz. Sempre alguém em minha volta tem que estar sofrendo.
Harry perdeu-se em pensamentos, mas ouviu o relógio apitar avisando que já eram 20h, aquilo o despertou de seu transe.
- Preciso ir.. Depois agente se fala, Mi. - Harry deu um beijo na testa da amiga e saiu correndo.
Ginny o mataria, com certeza..
- Antigamente você era pontual, pelo menos. - Ginny estava apoiada na parede, com as mãos cruzadas em frente ao peito. Usava um shorts curto e uma blusa colada, porém o sobretudo estava por cima, a deixando com um ar misterioso e completamente sexy.
- Desculpe o atraso. - Ele murmurou, enquanto abria a porta do vestiário, mas logo em seguida parou e ficou a encarando. - Para que essas roupas?
- Eu vou fazer um teste.. não vou pra um show ou mesmo pra Hogsmeade, Harry. - Ginny disse com um meio sorriso. Harry sorriu e confirmou com a cabeça, entrando no vestiário sem olhar pra trás.
Ginny sentia a mão que estava segurando a ex vassoura de Fred tremer, e seu coração estava acelerado. Se não fosse por seu orgulho, ela já estaria bem longe dali. Mas o que Harry diria?
Que ela era uma covarde estúpida.
O pior de tudo isso, é que ela sabia que na realidade, era exatamente nisso que ela havia se transformado. Passou a mão nos cabelos, nervosamente e soltou um longo suspiro. Harry voltou do vestiário carregando a Goles, com um sorriso prepotente.
- Pronta?
Definitivamente não.
- Óbvio. - Ela respondeu secamente. Devia dar graças a Merlin por saber esconder os seus sentimentos verdadeiros quando era necessário.
Harry a assistiu captando todos os detalhes, a forma com que ela subia na vassoura e dava o impulso. Observou o sorriso de prazer e satisfação que brotou nos lábios vermelhos e chamativos da ruiva. Montou em sua vassoura e a seguiu.
- Dê uma volta no campo, que eu vou cronometrar. - Harry disse enquanto retirava uma espécie de relógio trouxa do bolso. Ginny balançou a cabeça e saiu em disparada.
Em dez segundos ela conseguiu dar a volta no campo. Ela exibia um sorriso diferente nos lábios.
Sentia que estava finalmente em casa.
Harry jogou a Goles para ela e pediu para lhe passar, visando ver o equilíbrio e até mesmo a precisão do passe da menina.
Ela era perfeita em todos os aspectos, Harry ficara abismado, mas Ginny Weasley era exatamente o que ele estava precisando... no time, claro.
Ficaram trocando passes um bom tempo e a menina já estava ofegante e suava, enquanto Harry continuava normal.
- Está tudo bem? - Ele perguntou temeroso. Ela assentiu e levou a mão ao peito. Aqueles tempos que ela ficara em depressão tiraram todo o seu condicionamento físico.
Maldito sedentárismo.. Pensou com amargura, enquanto passava a mão nos cabelos, retirando alguns rebeldes que lhe tapavam a visão.
- Continue, Harry, eu não vou morrer. - Ela disse com raiva. Por que todos tinham que ter todo o cuidado com ela?
Ela não era de vidro! Não quebraria a qualquer momento.
Sentiu a raiva aflorando em seu peito e uma imensa vontade de gritar e chorar. O alarme depressivo apitava em sua cabeça. Várias lembranças invadiram a cabeça da menina. Desde a primeira vez que voara, até o jogo que assistira de Fred... que acontecera naquele mesmo local.
Sentiu uma gota de chuva cair em sua face e despertou de seus devaneios. Harry a encarava em choque sem saber o que fazer. Sabia que teria um ataque a qualquer momento e aquilo a apavorou e fez com que ela se desesperasse.
Não podia demonstrar insegurança e fragilidade na frente de Harry.
Sem pensar deu um mergulho rápido e ao se aproximar do chão, pulou, caindo no gramado. Harry continuava na mesma posição de antes, sem saber o que fazer, parecendo paralisado. Ginny sentiu que todo o seu jantar revirava em seu estômago e que sairia a qualquer momento.
Foi correndo cambaleando em direção ao vestiário, trancando a porta e dirigindo-se a privada, rapidamente. Vomitou tudo o que havia comido. Já não ficava nervosa quando isso acontecia, havia virado rotina.
Toda vez que ficava nervosa ou lembrava-se de seu irmão, ia para um banheiro próximo e despejava todo o alimento comido. Era um hábito novo de Ginny Weasley.
Sentiu as lágrimas molhando o seu rosto e as mãos tremendo. Sentou-se ao lado da privada e abaixou a cabeça.
Queria poder deixar toda aquela tormenta para trás e poder apenas virar a página e recomeçar, mas estava sendo difícil e praticamente impossível.
Batidas na porta.
- Abra a porta, imediatamente, Ginny. - Era Harry, e ele não parecia estar brincando. Em sua voz ela pode perceber um toque de preocupação.
- Eu já vou voltar para o teste.. preciso de apenas um tempo sozinha. - Ginny falou com a voz falhando e fraca. Harry socou a porta com mais força e bufou em impaciência.
- Você não vai voltar para o teste, Ginny. - A menina sentiu as lágrimas vindo com mais força e soltou um soluço. Havia fracassado, nunca conseguiria voar sem lembrar-se do seu irmão.. era impossível. - Abra a porta.
- Me deixa em paz, Harry! - Ela gritou em raiva, soluçando. Chorava de raiva e decepção consigo mesma. Ela conseguia ser dominada e até mesmo controlada por lembranças e tristezas, era uma pessoa fraca e estúpida.
Você pode tudo... A frase lhe chegou em sua mente, como se Fred estivesse a soprando em seus ouvidos no mesmo momento.
Ela chorou mais e mais e fingiu não escutar as batidas desesperadas de Harry na porta.
- Desculpe, Fred, mas eu não posso. Eu sou uma inútil e ridícula covarde. - Ela disse em voz alta. Harry no mesmo momento parou de bater na porta e ficou calado por um momento.
- Você não é covarde, Ginny. - Harry parecia ter sentado, com as costas encostadas na porta. A chuva agora era forte e constante.
- Eu sou, e nada muda esse fato. - Ginny foi se arrastando e sentou com a cabeça apoiada na porta.
Se o objeto de madeira não existisse, eles estariam sentados de costas um para o outro.
- Por que você acha isso?
- Eu.. eu.. - As palavras lhe faltaram na boca. E ela sentiu o ar lhe faltar, fechou os olhos e soluçou.
- Eu sei como você está se sentindo. - Harry falou calmamente.
- Não, não sabe. - Ela falou rudemente.
- Não sei? Ginny se você não se lembra eu perdi praticamente todo mundo nessa Guerra, mas não é por isso que abaixei a cabeça e desisti. Você não pode desistir.
- Por que não? Parece tão mais fácil..
- Você vai ter que escolher entre o que é fácil e o que é certo.. - Harry falou, lembrando-se da frase que Dumbledore havia lhe falado com a volta de Voldemort.
- Eu sou fraca, Harry.. - Ela murmurou chorosa e infantil.
- Não, Ginny. Você não é.
Ela levantou e abriu a porta. Harry quase tombou para trás, estava todo encharcado e tinha a vassoura de Fred em suas mãos.
Ginny não pensou em nada, apenas o abraçou com força e chorou em seu peito. Harry fechou a porta e sentou-se com ela no chão, a embalando como se fosse uma criança inofensiva e amedrontada.
- Eu estou aqui, Gi.. - Harry disse, fazendo carinho na cabeça da menina. Ela havia parado de chorar, mas permanecia quieta, perdida em lembranças e sentimentos.
- Harry? Harry, cadê você? - Ops! Sempre tem alguém para quebrar o momento, huh? Era a voz de Ronald Weasley.
Harry gelou e colocou a mãos nos lábios de Ginny, a impedindo de fazer qualquer som.
- Ronald, eu acho que Harry já deve ter voltado para o Castelo... - Era Hermione ela parecia ligeiramente desesperada para retirar o ruivo dali.
- Não, ele deve estar aqui ainda. - Ronald disse decidido.
Ginny levantou-se e ficou muda, encarando Harry sem saber o que fazer. O menino deu os ombros e começou a procurar algum lugar para esconder a menina, quando sentiu a maçaneta sendo girada, encarou a ruiva e lhe jogou a Capa da Invisibilidade. Ela cobriu-se no mesmo instante que Ronald invadia o vestiário.
- Ron! - Harry fingiu-se de assustado. - Que susto.
- O que você está fazendo aqui, Harry?
- Bom, eu acho que estou arrumando tudo, para poder voltar pro Castelo. - Harry falou com tranqüilidade. Hermione entrou no vestiário e soltou um suspiro de alívio ao constatar que Ginny não havia sido pega.
- Viu? Eu te falei, Ronald, que não era nada do que você estava pensando. - Hermione falou secamente, o encarando com prepotência.
- O que ele estava pensando dessa vez?
- Ele estava pensando que você estava fazendo o teste com Ginny. - Hermione falou aquilo e caiu na risada e Harry depois de um momento de surpresa, começou a rir também.
- Que absurdo. - Harry comentou sem graça.
- Saiba, Potter, que eu ficaria imensamente bravo se minha irmã fizesse a porcaria desse teste.
- Por quê? - Harry parecia assustado e sentiu seu coração acelerar. Torcia para Ginny não fazer nenhuma loucura, que incluía se descobrir.
- Você sabe muito bem que esse esporte é para homens e eu não aceitaria ver a minha irmã jogando. - Ronald parecia agressivo e realmente bravo.
- Você não se importou muito no nosso sexto ano, quando ela ganhou a taça para gente. - Harry estava revidando a provocação e aquilo fez com que Hermione se desesperasse.
- Mas aquela era uma situação de emergência, onde não conseguiríamos outra solução. Depois de pensar muito no assunto eu cheguei a conclusão que nenhuma mulher devia jogar Quadribol.
- Essa é uma conclusão um tanto preconceituosa. - Hermione falou como se estivesse ofendida, mas não querendo dizer que gostaria de jogar.
- Você está vendo Ginny em algum lugar, Ronald? Não! Então, por que simplesmente não pode voltar ao Castelo? - Harry disse, indo guardar a Goles no lugar onde ficavam as bolas. Aproveitou e escondeu a vassoura de Fred.
- Eu vou te esperar, Harry. - Ronald falou com um sorriso cínico.
- Esperar? Não precisa. - Harry disse em desespero, desejando mais que tudo que Ronald simplesmente saísse dali.
- Harry já é bem crescidinho para encontrar o caminho do Castelo sozinho. - Hermione disse em apoio.
Os três ficaram se encarando e Ronald deu um sorriso venenoso, analisando bem o vestiário não desistindo do fato que sua irmã estava ali.
- Parece que vocês são cúmplices, não é?
- Ron, vamos embora logo, antes que você fique mais paranóico. - Harry disse com um sorriso. O ruivo pareceu satisfeito e saiu do vestiário. Harry lançou um olhar de desculpas para o local onde Ginny estava parada, escondida com a Capa de Invisibilidade.
Ele desligou a luz e trancou a porta. Ronald deu um sorriso para Harry e começou a andar em direção ao Castelo. Hermione fez uma careta e deu os ombros, como se dissesse silenciosamente que eles não poderiam fazer nada.
Maldito seja Ronald Weasley.
All these years gone by
Now you're asking me to listen
Well then tell us bout everything
No lies we're loosin time
Cause this is a battle
And it's your final last call
It was a trial, you made a mistake, we know
But why aren't you sorry, why aren't you sorry, why?
This can be better; you can be happy, try!
- Pelo visto você não dormiu bem. - Comentou Luna Lovegood com um sorriso nos lábios. Ginny jogou-se ao lado da amiga na mesa da Corvinal, estava abatida e tinha grandes olheiras debaixo dos olhos castanhos.
- É aí que você se engana, Lu. Eu nem cheguei a dormir. - Ginny afundou a cabeça nas mãos e soltou um longo suspiro.
- Oh! Por que não dormiu? - Luna parecia a mesma lunática e perdida como sempre. Comia animadamente, sem dar muita importância ao fato de sua amiga ter passado a noite acordada.
- Culpa de ninguém menos que Harry Imbecil Potter. - Ginny lançou um olhar mortífero para o menino que estava entrando nesse momento no Salão Principal. Ele parecia estar bem disposto e até bem humorado, como se tivesse uma ótima noite de sono.
- O que Harry fez para você, Gi? - Perguntou Luna, ainda alheia a tudo ao seu redor.
- Nada.. nada. - Ginny bufou, enquanto pegava uma torrada e enfiava em sua boca.
Harry era um idiota, puxa-saco. Tudo bem que ele não queria brigar com Ronald, mas tinha que deixá-la trancada a noite toda naquela sala fria e escura?
Isso era covardia! E dessa vez, milagrosamente, não vinha da parte de Ginny.
Nem esperou o sinal e levantou-se indo em direção a sala de aula. Teria que chegar cedo para conseguir um lugar no fundo, onde poderia dormir tranqüilamente, sem nenhuma interrupção.
Aula de História da Magia. Podia querer coisa melhor?
- Como foi a noite, Ginny? - Era Harry. Estava com um sorriso nos lábios e não parecia nenhum pouco constrangido.
Cara de pau! Ginny o xingou mentalmente.
- Ótima! Dá próxima vez por que você não me tranca no Congelador? Assim eu morreria mais rápido. - Ginny o olhou em desafio e torceu o nariz. Harry riu e encostou-se na parede a encarando com as íris verdes brilhando.
- Fico me perguntando como você conseguiu sair de lá?
- Ah! Então você assume que realmente tentou me matar, Potter? - Ginny perguntou indignada, enquanto estapeava o menino. Harry ria que nem um bobo.
- Explique logo.
- Fiquei acordada a noite toda tentando arrumar um jeito de sair, mas às oito horas um elfo decidiu que tinha de limpar o local e ele me soltou. - Ginny parecia irritada e mal humorada, enquanto Harry debochava.
- Eu ia te soltar de madrugada, mas o seu irmão ficou colado em mim. Não entendo como ele descobriu. - Harry parecia pensativo e até mesmo inquieto.
- Você devia me agradecer por não estragar a sua preciosa Capa, pois se dependesse da minha irritação ela já estaria no fundo do Lago com a Lula Gigante. - Ginny deu uma piscadela para Harry e saiu andando em direção a sala.
- Você sabe que a culpa não foi minha, Ginny. - Harry disse na defensiva, enquanto seguia a menina.
- Não, Harry. Foi minha. - A ruiva respondeu irônica, sentou-se no canto mais isolado da sala que era até um pouco escuro.
Perfeito para um cochilo.
- Ah! Você queria que eu fizesse o que? - Harry engoliu um seco e revirou os olhos. - Falasse: Espera deixa sua irmã sair para eu poder trancar. Eu não podia fazer absolutamente nada!
- Enrolasse mais um pouco, sei lá! Você podia ter falado a verdade, que tal? - Ginny jogou seu material no chão e enterrou a cabeça entre as mãos.
- Não, Ginny. Não poderia.
- E por que não? Tem medo de perder a amizade do seu precioso Ronald?
- Você não entende! Você é uma cabeça-dura, Weasley!
- E você é um idiota, Potter! - Ela levantou a cabeça e deu um olhar cortante para ele. - Você poderia ao menos me deixar em paz para poder descansar um pouco?
O barulho do sinal fez com que Harry se afastasse e sentasse o mais longe possível de Ginny.
As pessoas começaram a invadir a sala com uma velocidade incrível e em menos de três minutos todos já estavam acomodados em seus respectivos lugares. Era aula com a Corvinal, por isso Ginny não se assustou ao perceber alguém sentado ao seu lado.
Luna Lovegood conseguia ser uma pessoa nada discreta.
- Está melhor?
- Estou sim, Lu, só preciso descansar mesmo. - Ginny sorriu para amiga e fechou os olhos.
- Ah, antes que eu me esqueça. - Ginny abriu os olhos e viu a amiga pegando um bilhete em seu bolso. Ela estendeu a mão e entregou para Ginny.
<>Você passou no teste. Estarei te esperando hoje a noite para um treino particular. HP;
Ginny revirou os olhos e procurou o moreno pela sala, ao avistá-lo ela apenas lhe mostrou o dedo do meio e deu um sorriso cínico. Harry desatou-se a rir e a encará-la em diversão.
Harry Potter era o ser mais irritante do mundo.
Ginny apenas abaixou a cabeça e deixou-se levar pelo sono. Finalmente poderia dormir.
- Olá.
- Tudo bom?
- Acho que sim.
- Por que você apenas acha e não tem certeza, Srta Weasley?
- Ah, eu me sinto estranha..
- Estranha? Fale mais a respeito.
- Eu.. eu sinto falta do meu irmão.
- O que aconteceu com ele?
- Ele.. ele morreu na Guerra. Ele morreu na Batalha Final.
- Hum..
- Não sei, às vezes me sinto tão presa ao passado, como se ele me puxasse e me impedisse de seguir em frente.
- O que você deseja fazer, Srta Weasley?
- Eu desejo poder ser feliz novamente e voltar a ser quem eu era.
- E como você acha que irá conseguir isso?
- Acho que tenho que deixar o Passado para trás, porque ele já passou.
- Exatamente.
- Mas falar é tão fácil. O problema é fazer, eu simplesmente não consigo. Tudo o que me lembra Fred Weasley faz com que eu tenha enjôos e ataques depressivos.
- Você está passando por um momento difícil, querida, mas você vai ter de superá-lo.
- É difícil. É como se eu o sentisse aqui do meu lado, entende? Como se ele ainda fosse preso a mim.
- Você tem que deixá-lo ir, Ginny, e seguir em frente com a sua vida. Pois querendo ou não, Fred Weasley já não faz mais parte dela.
- Eu não consigo.. É tão injusto! Ele era apenas um jovem que não havia aproveitado nada da vida! Por que Deus ou Merlin ou Diabo que fosse, tiraria a vida dele? Eu não consigo entender!..
- Ninguém consegue entender os mistérios da vida, Ginny..
- Eu quero seguir em frente, mas simplesmente não sei como.
- Tente se focar em algo que você gosta muito e por meio disso se livrar de todo o seu sofrimento. Tente encontrar felicidade nas coisas mais simples. Tente voltar a achar graça e prazer na vida, pois ela está muito longe de acabar.
- Hum, mas é difícil, pois tem tantas coisas.. Queria poder ser a velha Ginny sapeca e sorridente, mas vejo que isso está longe da realidade e da nova Ginny. Sou tão.. patética.
- Oh! Não fale asneiras. Você é forte e vai conseguir.
- Certeza?
- Absoluta.
- Ok, Doutora. É só me focar em algo que gosto muito, certo?
- Sim, Ginny. Corra atrás de seu maior sonho, qualquer que seja.
Sonho..
Essa palavra estava punida e completamente longe de meu vocabulário. Fico quebrando a cabeça em busca de algo que eu ame fazer mais que tudo, porém apenas o que me acerca são lembranças trágicas da minha vida.
Sinto-me em uma bolha impenetrável, lotada de tristeza e solidão, onde ninguém consegue perfurá-la de qualquer maneira. Ou seja, terei que sair sozinha.
O primeiro passo que tenho que tomar é me aproximar de minha família. Pode ser que eles tenham muito mais a me oferecer do que uma casa e comida. Percebi que o que necessito no momento é carinho e atenção.
O segundo passo é recuperar a autoconfiança, qual já me abandonou há um tempo. Sinto-me incapaz de executar qualquer tarefa simples e completamente inútil em vários aspectos.
O terceiro passo é expulsar esse medo de dentro de mim e voltar a ser a mesma menina corajosa que pertence a casa dos Leões. Ser covarde é algo tão não-Ginny, que chega até a machucar em meus ouvidos essa palavra. Com medo ninguém chega a lugar algum.
O quarto passo é voltar a ser feliz, porém esse só vai ser a conclusão. Espero com todas as minhas forças que eu consiga, pois do jeito que as coisas vão a tendência é só a piorar, mas eu vou reverter isso. Você vai ver.
Deseje-me boa sorte.
- Ela disse isso nessas mesmas palavras, Ginny?
- Sim, Luna. Ela disse: Corra atrás de seu sonho, qualquer que seja.
- Ora! Isso não é muito difícil!
- Fale baixo, Luna. - A loira havia entrado escondida no Salão Comunal da Grifinória e estava enrolada em um sobretudo de Ginny com as cores vermelho e dourado. Estavam sentadas em um canto afastado da sala e falavam aos cochichos para ninguém perceber.
- Desculpe. - Murmurou a loira constrangida.
- Não é difícil para você, que vive lotada de sonhos e loucuras, mas para mim é uma Missão Impossível!
- Como assim? Fale a primeira coisa que lhe vem na cabeça. -Luna olhava sério para a ruiva e Ginny ficou pensativa por um momento.
- Sapos de Chocolate.
- Ginny, o seu sonho é trabalhar na fábrica de Sapos de Chocolate. - As duas desataram-se em risos.
- Estou falando sério, Lu. Não tem nada que eu ame acima de tudo. - Cada uma perdeu-se em seus devaneios e permaneceram-se caladas.
Por que Ginny tinha que ser tão anormal?
Tudo bem que ela estava passando por uma fase difícil, mas ficava realmente complicado tentar ajudá-la sendo tão neurótica e maluca. A cada momento era uma idéia mais retardada e até mesmo infantil que a outra.
- Harry! - Luna gritou. Ginny virou-se para ver se o menino estava ali perto, mas não. Nada de Harry Potter.
- Quê? Ele não está aqui, Lu.
- Não, não. Tem uma coisa que você ama acima de tudo: Harry. - Ginny encarou a amiga com um olhar você-está-brincando-não-é. Luna deu um sorriso amarelo e assentiu como se quisesse reafirmar o que estava dizendo.
- Harry James Potter é passado. - Ginny falou emburrada.
- Harry é tão passado quanto Fred Weasley. Você não consegue os esquecer. Rá! - Luna fez uma dancinha ridícula que fez a ruiva rir, mas logo após uns instantes ela já estava séria novamente.
- Harry é um idiota, eu não melhoraria com o fato de falar com ele, ou qualquer coisa relacionada a ele.
- Você está mentindo, Ginny. - Luna encarou a amiga em desafio e Ginny revirou os olhos, levantando os braços.
- Ok! Eu me rendo! - Ela gritou. Todos pararam para olhá-la, mas logo desviaram a atenção. - Harry é lindo, gostoso e tudo de bom. Mas não é isso, entende? Eu sinto que tem algo maior.
- Maior que o seu amor por Harry Potter? Impossível! - As duas riram e Ginny pegou uma almofada e jogou na cabeça da amiga.
- Você não está entendendo onde quero chegar, Luna Lovegood! - Ginny falou com impaciência, porém com um sorriso nos lábios.
- Você que não explica direito, Ginny Weasley.
- Não é o fato de amar alguém ou algo mais que o Harry, é simplesmente o prazer que eu teria e o sentimento de realização..
- Ter mais prazer com outra coisa do que namorando Harry? Impossível! - Luna disse novamente no mesmo tom de deboche. Ginny deu uma risadinha e deixou escapar um sorriso malicioso.
Depressivas também têm olhos.
- Luna! Você está me confundindo! Vou tentar explicar de outra maneira. - Ginny mordeu o lábio inferior e calou-se, enquanto Luna ficava quieta a encarando em expectativa.
Cinco minutos se passaram e nenhuma resposta vinda de Ginny..
- Explica logo. - Murmurou Luna dando um bocejo.
- Ah, não sei.
- Explica, Ginny.
- Eu quero uma sensação de conquista, Luna. Por exemplo, quando eu jogo Quadribol em me sinto em outro mundo, como se ninguém pudesse me alcançar. Me sinto Indomável.
- Ah! Agora eu entendi. - Luna disse com um sorriso.
Ginny parou e ficou em choque, sem reação.
- É isso! - Ela gritou em felicidade.
- Isso o quê?
Ela levantou e começou a correr e pular e fazer coisas estranhas. Todos nos Salão Comunal apenas a encaravam como se ela fosse alguém completamente insano.
- Ah, Luna! Você é demais!
- Fale logo o porque da comemoração! - Luna parecia anormalmente impaciente e curiosa.
- É isso,Luna. Não consegue entender?
- Não!
- Eu vou jogar Quadribol! Profissionalmente, sabe? - Ginny parecia encantada com a idéia e completamente extasiada. Caminhou em direção a janela e ficou encarando o lago.
Luna a encarava com uma careta, tentando pensar se aquilo era uma brincadeira ou não. Seria realmente difícil para Ginny conseguir jogar Quadribol nem que fosse na escola, imagine Profissionalmente.
- Eu amo voar e jogar Quadribol, por que eu não poderia tentar? - Ginny disse com um sorriso nos lábios, enquanto se levantava decidida e encarava a janela do Salão Comunal.
- Esses sonhos de meninas.. - Murmurou um menino que passava entre Ginny e Luna.
- Não sei, Gi. Vai ser bem difícil, sabe?
- Era isso o que eu estava precisando, Luna! Um desafio para que eu possa voltar ao normal! Eu vou conseguir.
- Eu sei que vai, Gi. Eu tenho fé em você. - Luna disse com sinceridade.
Ginny sorriu e aproximou-se da amiga a abraçando com força. As duas começaram a gritar e pular em felicidade, porém com isso a capa que cobria Luna caiu no chão, a revelando.
- Ei! Você não é da Grifinória! - Gritou um menininho do Primeiro ano.
- Cala boca, pivete. - Ginny falou com um sorriso vitorioso.
As cartas foram lançadas à mesa, agora faltava apenas uma coisa: Jogar.
And they won't change their minds
Now its over
And I'm feeling like we've missed out on everything
I just hope it's worth the fight
Cause this is a battle
And it's your final last call
It was a trial, you made a mistake, we know
But why aren't you sorry, why aren't you sorry, why?
This can be better; you can be happy, try!
Primeiro passo: Aproximação da Família.
- Esse jantar foi uma ótima idéia, Ginevra. - Tia Muriel e seus papos cafonas de sempre. Apenas sorri e fingi que estava realmente feliz por a ver ali.
Coitada. Nem imagina o quanto eu desejo que ela vire, vá embora e nunca mais volte...
A abracei educadamente e dei um beijo em cada bochecha velha e flácida dela.
Não sei onde estava com a cabeça para inventar um jantar tão estúpido como aquele! Quero dizer, o que me ajudaria ficar ali em uma noite tediosa conversando com os meus familiares que são chatos e assustadoramente vermelhos.
Não via nenhuma possibilidade daquilo me ajudar a sair da depressão ou quer que seja o estado que eu me encontrava..
Meu tio chegou com meus primos e eles me lançaram um sorriso. A mulher dele apertou minhas bochechas fortemente e me abraçou.
Saí andando pé ante pé em direção a sala de estar onde todos estavam reunidos. Sentia-me um peixe fora d'água. Pois não conseguia ver graça nenhuma e animação naquela reunião.. Estava perdendo o meu precioso tempo, sendo que podia estar deitada, praticamente dormindo.
Talvez o meu primeiro passo não fosse um dos melhores e fosse completamente dispensável.
Quem me dera...
- Ginny, venha ver o seu afilhado! - Gritou minha mãe da porta. Aquela sim era uma noticia boa.
Praticamente corri e encarei o sorriso brincalhão e fofo do meu afilhado Ted Tonks. Ele deve ter uns dois anos e ficou me encarando com aqueles olhos brilhando. Óbvio que havia me reconhecido; sou a pessoa que mais o agarra e o aperta..
Tirando minha mãe, claro.
O peguei no colo e o enchi de beijinhos. Ele tentou puxar o meu cabelo e morder a minha bochecha, algo típico para um menino pequeno. Com toda a euforia de estar com o meu afilhado, não havia percebido quem havia o trazido. Não era ninguém menos que o padrinho dele.
Sim, eu estou falando de Harry Potter.
Não quero reparar, mas já reparando.. Ele está absolutamente lindo com essas roupas. E ah.. Por que diabos ele tem que ser tão perfeito e lindo? Eu devia odiá-lo!
Como eu poderia gostar ou ao menos conversar como uma pessoa que te deixa trancada a noite inteira em um vestiário frio e gelado? Não havia como! Era ódio na certa!
Ele sorriu pra mim. É com aquele sorriso eu-sei-que-você-está-feliz-em-me-ver. Apenas deu um sorriso forçado e me distanciei com Ted em meu colo. Mesmo o achando a pessoa mais linda e atraente do mundo, eu não tinha coragem o suficiente para sorrir ou até mesmo me declarar.
Mas o pior de tudo é que eu não tinha animo para fazer.
Tirando o fato de eu estar morrendo de vergonha pelo fato de ter chorado no colo dele. Não sei o que é pior: A minha covardia ou infantilidade.
Eu sou patética. Não precisa nem perder o seu tempo pensando nisso. Eu simplesmente sei.
- Vai ficar parada aí? - Ouvi uma voz me acordando de meu pequeno transe.
- Sim, vou ficar aqui com Ted. - Respondi, sem nem me preocupar com quem estava falando.
- Ele já é quase um hominho, não é Ted? - Falou Hermione com a voz de bebê forçada. Eu apenas dei um sorriso e assenti.
- É, o tempo está passando rápido.. - Falei meio que sem pensar. Hermione me deu um sorriso confortador e me abraçou.
Senti-me feliz por um momento, mas logo veio o vazio e a solidão novamente.
- Às vezes tenho pena do Ted, mas logo chego a conclusão que ele foi apenas uma vítima. Que ainda pode ser feliz, mas e você Gi? Ainda vai conseguir ser feliz? - Aquelas palavras me chocaram bastante e tiveram um grande impacto.
A palavra sim estava na ponta da língua, mas porque eu não conseguia pronunciá-la?
Dei um sorriso sem graça e me afastei. Deixando Ted com Hermione.
Nunca quis pensar dessa forma, mas sempre tive tanta certeza que tudo voltaria ao normal, mas ali naquele momento senti-me insegura. Ninguém mais tinha confiança em mim, era como se todos tivessem medo do que eu faria ou se tentaria me matar de novo.
Eu era uma desconhecida.
Senti medo e fiquei assustada. Estava perdida dentro de mim mesma. Eu queria poder me achar e me sentir livre novamente, mas parecia impossível.
Só há um jeito.. Minha mente me falava.
E por mais estranho que fosse eu sabia que jogando Quadribol todos os meus problemas sumiriam e virariam apenas más lembranças.
Fiquei sentada até o momento do jantar, quando minha mãe apareceu toda animada me chamando. O estranho e chato dos jantares de família era que os pais das crianças ficavam se gabando do futuro de seus filhos, e por meio dessa discussão formava-se uma pequena guerra a e rivalidade. O engraçado é que eu sou a única menina da família, o que me torna como um foco de atenções.
Não que eu goste ou me gabe por isso.
Sentei do lado de meus irmãos e fiquei encarando todos se servindo sem nenhuma vergonha. As comidas de minha mãe conseguem ser deliciosas.
- Então, Ginny, por que decidiu marcar essa reunião? - Perguntou uma de minhas tias com um sorriso.
- É, filha, estamos loucos para saber. - Completou minha mãe orgulhosa.
- Hum.. achei que seria uma boa oportunidade para juntar a família. - Comentei sem graça. Péssima desculpa, eu sei, mas fazer o que?
- Oh! Ela é adorável não é, Timmy? - Falou minha tia dando uma cotovelada em um primo. O menino corou e abaixou a cabeça, eu apenas dei um sorrisinho amarelo e soltei um risinho.
Já queriam arrumar um marido para mim. Como se eu precisasse de alguma casamenteira, ou algo do tipo..
- Ah, no que Jorge está trabalhando agora, Molly? - Perguntou um tio interessado. Eu fiquei atenta na conversa para saber quando o meu nome seria citado.
- Ficou com a loja de Logros, que está indo muito bem, não é filho? - Todos sorriram para Jorge e ele apenas assentiu com um sorriso triste. Eu peguei na mão dele por baixo da mesa e fiz um carinho.
- E o seu filho, Liz? - Minha mãe perguntou a minha tia Elizabeth.
- Ele está fazendo curso para Curandeiro. - Minha tia respondeu com o peito inflado de tanto orgulho.
- Jura? - Exclamaram todas as mulheres da mesa, completamente alegres e sorridentes. Como se fosse a fofoca do ano.
- O meu vai se formar esse ano como Auror! - Gritou alguém tentando se sobressair.
- Oh! - Minhas tias e tios gritavam chocados.
Todas ficavam gritando profissões, e eu me abaixando na cadeira, tentando sumir. Por que eles tinham que conversar daquele assunto sempre?
Abaixei a cabeça e tentei me esconder.
Merlin, por favor, eu prometo ser uma boa menina, mas não deixe que eles percebam que eu estou aqui! Por favor!
- Vocês ainda estão namorando? - Foi apenas o que eu escutei, quando voltei a atenção para a conversa.
Ah, eles haviam mudado de assunto! Graças a Merlin!
- Hum.. claro que estamos. - Ronald falou com um sorriso prepotente. Eu segurei o riso. Por que meu irmão tinha de ser tão idiota?
- Estamos? Não me lembro da parte em que reatamos, Ronald. - Hermione foi seca e direta. Todos riram na mesa.
Rá! 10 x 0 para Hermione.
Resolvi até me servir um pouco de comida, pois aquela mudança drástica no assunto havia melhorado o meu apetite. Talvez aquele jantar não fosse uma idéia tão ruim.
Percebi que alguém me encarava e comecei a procurar pela mesa. Jurava que seria um par de olhos verdes, mas não. Eu estava completamente enganada. Tinha Muriel me encarava com um sorriso diabólico, como se ela tivesse me descoberto.
Ops! Acho que vem bomba.
- Gente! Esperem aí! Ginny não nos disse o que vai fazer quando deixar Hogwarts. - Maldita Muriel! Maldita!
Estou jogando uma praga em você, sua velha!
Estava entre a cruz e a espada. Eu sei quem mentir não é bom e é pecado, como diriam os trouxas, mas era um caso de urgência. Porém uma voz em minha cabeça gritava para eu falar a verdade.
Tudo bem, eles saberiam de qualquer jeito..
- Eu vou jogar Quadribol. - Eu disse para todos que estavam sentados à mesa. Nem terminei de falar e todos começaram a rir descontroladamente.
- Você está brincando, não é? - Perguntou um que praticamente chorava de rir.
- Não. - Eu disse seriamente.
- Não? - Perguntou Molly Weasley com uma expressão intimidadora.
- Não, eu vou jogar Quadribol e nada vai me impedir.
- Você nunca vai conseguir. - Gritou o meu pai, Arthur Weasley, segurando a risada. Eu apenas o encarei em desafio e ergui uma das sobrancelhas.
- É isso que nós vamos ver. - Deu um sorrisinho e levantei da mesa arrastando a cadeira.
Silêncio.
Todos me fitavam como se eu fosse o ser mais louco e idiota da face da Terra. Apenas entortei o nariz e fui para o meu quarto, emburrada.
Primeiro passo? Não, não deu nenhum pouco certo.
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N/A: Demorei muito? Bom, eu escrevi o mais rápido que consegui, ainda mais porque agora vão começar as provas, então eu precisava postar hoje!
Esse capítulo também não ficou grande, porém ele é um capítulo de inicio para a fic, depois dele vão começar todas as loucuras para Ginny alcançar o seu objetivo *o*
Música que eu usei? Battle - Colbi Caillat.
Pergunta para vocês: Vocês preferem que eu coloque as traduções da letra, ou não? ( respondam nas reviews)
Aviso: Resolvi adquirir um método que achei que nunca usaria, mas que pode me ajudar a ter inspiração; Então, lá vai.
Para eu postar o Terceiro Capitulo de Indomável, vai ter que ter que chegar a 10 comentários! É muito? Ah, espero que não ! . são só seis eu acho! QUANTO MAIS MELHOR. Conto com a ajuda de vocês, ou nada de Terceiro Capítulo.
Resposta dos Comentários :
May Lovegood Black: AH! EU TAMBEM ADORO DRAAAMAS! AHUAHUAUAUA. Ai ai, que bom que gostou! O que achou desse cap? Beijinhos
Jessica M. Adams: Ai que bom que está gostando! eu tambem imagino que tenha sido assm! Espero seu comenentário! beeijos
Aviso aos leitores de Um Hipócrita da minha vida: Desculpem mesmo pelo atraso da fic, mas é porque a Indomável está completamente na minha cabeça e eu não consigo escrever a outra. Mas ele vai sair logo logo. PROMETO! *O*
Espero que vocês tenham gostado, amores!
NÃO ESQUEÇAM: TEM QUE CHEGAR A 10 COMENTÁRIOS OOU NADA DE CAPITULO 3!
Beijos e mais beijos,
Ari B.
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