Estado Lastimável
Capitulo I - Estado Lastimável
- Eu quero ir com você! - Falou uma voz fininha e feminina. Era uma menininha ruiva, baixinha, que tinha os olhos amendoados e brilhantes por culpa das lágrimas que gostaria de derramar.
- Você não pode, Gi. - Respondeu um menino ruivo de mais ou menos onze anos, com os olhos no tom castanho-escuro e várias sardinhas no rosto. Deu um sorriso e fez com que duas covinhas aparecessem em suas bochechas, o dando um ar travesso.
- Fred, por favor. - A menina implorou deixando que apenas uma lágrima rolasse pelo seu rosto angelical. O tal Fred apenas fez uma careta e olhou para a irmãzinha com pesar e sofrimento.
- Ginny, nós já conversamos sobre esse assunto! - Ele ralhou seriamente, enquanto a menina fazia bico e dava a entender que armaria um berreiro para impedir o irmão.
- Eu sei, mas não quero ficar aqui sem você. - Ginny abaixou a cabeça e soltou um longo suspiro.
- Você é forte, meu anjo. - Ele disse antes de abraçá-la. Ela não chorou mais e segurou as lágrimas com força e dedicação. Odiava chorar, isso a fazia se sentir fraca.
- Eu não vou conseguir, Fred. - Ginny disse perto do ouvido do menino em um fio de voz. Ele colocou algo no bolso do casaco da menina e deu um beijo na testa dela.
- Você vai ter que tomar cuidado, papai ficaria uma fera se descobrisse. - Ele disse olhando para os lados, como se temesse que alguém escutasse.
- É a chave? - Ginny perguntou com os olhos arregalados.
- Sim, e agora ela está em seu poder. - Fred disse com um sorriso maroto. Ginny sentiu a vontade de chorar a abandonando e se animou um pouco. Podia ser que nem tudo estava perdido.
- Vou poder voar a hora que eu quiser, Fred?
- Não, não. Papai não pode saber, então voe de noite, ou quando todos estiverem ocupados. - O ruivo se levantou e fez um gesto para o pai o esperar, e depois voltou sua atenção à irmã.
- Mas.. - Ela começou a falar, mas foi interrompida pela chegada da mãe.
- Fred, eu não consigo encontrar a chave do armário de vassouras, você viu? - Ela perguntou com um olhar curioso e até mesmo intimador. Molly Weasley podia ser uma mãe adorável e até mesmo carinhosa, mas também era muito exigente.
- Não, mãe. - Ele murmurou com convicção e quando a mãe saiu, ele apenas deu uma piscadela para a irmã.
- Você tem mesmo que ir para Hogwarts? - Ginny falou com um bico de tristeza, mas ao colocar a mão dentro do bolso e sentir a chave fria e metálica, permitiu-se dar um sorriso.
- Tenho, mas não se preocupe, o Natal vai chegar rapidinho. - Fred disse com um sorriso simpático.
- Ginny! Vá ajudar a sua mãe na cozinha! - Era o grito de seu pai, ela apenas revirou os olhos e deu um rápido abraço no irmão, antes de virar as costas e sair saltitando com o barulho da chave brincando em seus ouvidos.
- Vamos poder ir à estação se despedir de Fred e Jorge, mãe? - Era outro ruivo que estava perguntando, esse com uma cara mais nova e infantil. Era Ronald Weasley e ele estava abraçado a um pomo de ouro de pelúcia.
- Você e seus irmãos vão, eu e Ginny ficaremos aqui arrumando a casa. - Molly estava lavando louça e ao perceber que Ginny já estava ali apenas a chamou com a cabeça e a menina já se postou em seu local, secando os talheres e pratos.
Ficou ali ajudando a mãe por mais ou menos uns trinta minutos, até que o relógio apitasse avisando que já eram dez horas. Ela sentiu-se desanimar e uma tristeza a abateu, não queria que a hora de Fred partir chegasse. Odiava despedidas.
Todos se postaram frente à casa e os gêmeos abraçavam um a um, todos desejando-lhes boa sorte no ano letivo, apenas Ginny parecia estar triste e abatida. Fred se abaixou e deu um abraço apertado na irmã. Sentiria falta dela e das escapadas que eles deram para ela conseguir aprender a voar, mas agora estava na hora de começar a pensar em Hogwarts e não no que deixaria em casa.
- Boa sorte, Fred. - Ela murmurou no ouvido do irmão dando um beijo na bochecha deste e um sorriso confortante.
- Não se esqueça nunca: Você pode tudo. - Ela o assistiu caminhar lentamente em direção ao carro mágico de seu pai, e acenou lentamente. Parecia que uma parte de si mesma estava indo para Hogwarts com ele. Quando o carro já tinha arrancado e estava longe das vistas, ela deixou as lágrimas rolarem. Nunca se perdoaria se seu irmão a visse chorando, pois para ele, ela sempre seria a menina forte e alegre que um dia ele ensinou a voar. Não seria uma pessoa triste e fraca.
Por que a vitória tinha que cheirar tanto uma derrota?
Eu não conseguia nem ao menos dar um sorriso de felicidade e falar uma palavra de comemoração, só tinha espaço para a tristeza em meu peito. Ela me dominava e fazia pensar nas piores lembranças de minha vida, ou seriam as melhores?
Queria poder superar todas as perdas e as dificuldades que encontramos na Guerra, mas acho que certas feridas nunca se fecham. Principalmente, quando tratamos de um membro da família, e no meu caso, o meu irmão preferido. Não que eu não gostasse dos outros, mas esse era especial e esteve comigo em todos os momentos de estripulia e loucura, que me apoiou e me deu ombros para chorar em uma casa onde o preconceito masculino reinava.
Eu gostaria de voltar no tempo e fazer tudo diferente, poder mudar as palavras, as ações e até mesmo aproveitar mais o momento, pois agora eu só consigo lembrar das brigas, dos problemas e tudo o que eu fiz de ruim para ele.
Fred Weasley foi muito mais que um irmão para mim, foi aquele que me mostrou que eu podia ser feliz do jeito que eu era, me ensinou que ninguém podia dizer o que eu podia ou não fazer, me ensinou a ser forte e principalmente, me disse que eu posso tudo.
Eu posso tudo, ou pelo menos podia, agora vai ser bem mais difícil continuar.
É como se o chão sumisse de meus pés e tudo virasse de cabeça para baixo. Eu sinto que posso morrer de dor e como se meus ossos tivessem sendo esmagados por um trator. Queria ser engolida pelo chão nesse exato momento e deixar de existir, mas isso seria covardia e o meu irmão me ensinou a ser forte.
- Achei que você estaria comemorando, Ginny. - Hermione disse dando um sorriso e se aproximando da ruiva. Ginny estava sentada na janela do Salão Comunal da Grifinória, que estava vazio no momento, todos estavam comemorando a vitória sobre Lord Voldemort.
- Comemorando? - A ruiva falou secamente, nem se dando o trabalho para se virar e encarar a amiga.
- Finalmente Harry vai poder ficar com você. - Hermione disse como se fosse o fato mais óbvio, mas Ginny não deu ao menos nem um sorriso.
Harry.
Havia lutado tanto pelo menino e agora parecia tudo tão pequeno e insignificante, como se todo o amor que sentisse por ele se perdesse no meio da tristeza e solidão.
Fred estava morto, nada mais valia a pena.
- É, talvez. - Ginny disse com a voz baixinha, apenas para não magoar a amiga. Ela só queria ficar sozinha e permanecer se atormentando pela morte do irmão.
- Eu sei que está sendo difícil, Ginny, mas você vai superar. - Hermione disse com um sorriso. Ela estava cheia de machucados e roxos, mas parecia não se importar, como se a vitória valesse tudo aquilo. Para Ginny pareceu que ela estava pouco se importando para os mortos e só tinha em mente o fato de que poderia viver em paz.
Egoístas!
Não conseguiam nem entender o sofrimento, achou que Hermione fosse inteligente e até mesmo instruída, mas naquele momento ela sentiu nojo da amiga. Estava com vontade de gritar e xingar, mas ficou calada, engolindo a raiva que estava entalada em sua garganta.
- É. - Ginny disse com incerteza.
- Tem alguma coisa que eu possa fazer por você? - Hermione perguntou amigavelmente, pegando a mão da amiga e acariciando levemente.
- Você pode me deixar sozinha? - Ginny foi um pouco fria, mas não se importou. Queria apenas continuar ali desfrutando de sua solidão e dor.
Pensou em toda sua família e não ficou com vontade de apoiar ninguém. Ninguém precisava do apoio dela, ela era apenas aquele peso que eles deviam sustentar, era praticamente empregada, pois a única coisa que servia para fazer eram tarefas domésticas.
A vida toda ela desejou jogar Quadribol ou até mesmo ser Auror, mas não conseguia nem imaginar a cara dos pais ao falar aquelas palavras. Ok, com o tempo eles se acostumaram com o fato dela ser diferente e não demonstravam preconceito, mas ela sabia que no fundo, eles torciam para que tudo desse errado.
Quem iria querer uma filha que joga Quadribol?
É uma profissão masculina, minha querida. Sua mãe sempre lhe falava, mas ela nunca dava ouvidos. Ela podia tudo! Ninguém podia dizer nada daquilo para ela. Ela não nascera para ter uma penca de filhos e ficar cozinhando e limpando o dia todo. Era uma pessoa ativa e lutaria por seus direitos.
A imagem de Harry matando Voldemort veio a sua cabeça e ela permitiu-se dar um sorriso. Pelo menos ele não era egoísta e sabia como era perder uma pessoa. Tinha total merecimento da vitória e da alegria. Queria tanto poder estar o abraçando nesse momento, mas parecia que não tinha forças e nem vontade.
Queria ficar sozinha.
O barulho do quadro se abrindo chamou a atenção de Ginny e ela se virou para ver quem entrava. Era Andrômeda Tonks, e essa segurava o pequeno Ted em seu colo. Andrômeda estava com os olhos inchados e os cabelos desgrenhados, Ginny sentiu pena da mulher e quando percebeu já estava de frente para ela, encarando o pequeno bebê.
- Oi, lindinho. - Ela falou com uma voz infantil dando um sorrisinho para o bebê. Ele riu gostosamente e fez uma careta. Levantou os braços em direção à menina como se pedisse colo e Ginny o pegou em seus braços.
- Ginny? - Perguntou Andrômeda com a voz rouca e baixa. Ginny sorriu em direção a mulher e a encarou. - Acho que Nimphadora ficaria feliz se você fosse a madrinha de Ted.
- Eu? - Ginny perguntou surpresa. Por essa ela não esperava.
- Sim, você seria a madrinha perfeita, já que Harry é o padrinho. - Andrômeda falou com um sorriso tímido.
- Acho que posso pensar a respeito, Senhora Tonks. - Ginny disse com um sorriso e devolveu o pequeno Ted para o colo de sua avó.
Os observou subindo a escada lentamente e sentiu um peso em seu coração. Eles também sabiam como era perder alguém importante e crucial. Imaginou como seria difícil a vida para Ted Tonks, órfão de mãe e pai.
Igual ao Harry. A mente a menina gritou. Harry, sempre o Harry. Ela revirou os olhos e sentou-se de volta a janela, enquanto fechava os olhos e tentava descansar por um momento.
A vida era uma merda. Uma grande e mal cheirosa merda!
- Um galeão pelo seu pensamento, Menino-que-Venceu. - Ronald falou enquanto entrava na Torre de Astronomia e encarava o amigo. Nos jardins todos pulavam, dançavam e gritavam, comemorando a vitória perante o lado das Trevas.
- Isso é real? - Harry perguntou com um sorriso nos lábios, como se estivesse sonhando e não quisesse ser acordado. Tudo estava tão perfeito, como ele sempre quisera. Trouxe paz para a comunidade bruxa, mas por que ele tinha que se sentir tão.. vazio?
Ele não se sentia satisfeito com aquela vitória, pois com ela vieram várias mortes de pessoas amadas, e mesmo que não fosse ele se sentia culpado. Mas não era momento para aquilo, ele sabia muito bem disso, precisava ser feliz como um menino normal. Sem Voldemort, Horcruxes, Cobras... ou qualquer coisa que esteja relacionado as Trevas.
- Tão real quanto eu e você. - Ronald sentou-se ao lado do amigo e bateu nos ombros de Harry como se quisesse o parabenizar e até mesmo apoiar.
- Você sente a sensação de dever cumprido, Ron? - Harry perguntou com a voz um pouco vaga, como se ele estivesse com o pensamento longe.
- Não, eu apenas sinto que agora vou poder viver em paz. - Ronald disse com sinceridade, fechando os olhos lentamente e suspirando.
- Sem preocupações ou proteções. - Harry completou, fechando também os olhos, com as lembranças o invadindo.
- Sem loucuras ou fugas. - Hermione disse enquanto entrava na Torre e sentava ao lado dos amigos. Os três soltaram uma risada e sentiram-se felizes e despreocupados. Como adolescentes normais.
- Finalmente vou poder me preocupar apenas com Quadribol, Escola e Mulheres... - Harry estava com um sorriso malicioso, Ron deu um soco no braço do menino.
- Se nessas mulheres não estiver incluída a minha irmã, Potter. Se não você terá que se preocupar com os seis irmãos dela, também. - Ronald o encarava em divertimento, mas sabia que no fundo era verdade. Hermione e Harry soltaram uma gargalhada.
- Será que vamos finalmente passar um ano sem entrar em encrencas que coloquem nossas vidas em risco? - Hermione perguntou enquanto abraçava os dois, e apoiava a cabeça no ombro de Ronald.
- Espero que sim. - Harry disse com um sorriso, ao olhar os amigos sentados tão intimamente.
- Como estão todos, Hermione? - Ronald perguntou, trazendo-a mais para perto com os seus braços brancos e musculosos.
- Tristes, mas aliviados. - O clima ficou um pouco mais tenso, e Harry percebeu que ela estava escondendo alguma coisa.
- Ron? Você não tem de descer para ficar com a sua família? - O menino assentiu e nem percebeu o que Harry queria fazer, apenas deu um beijo na testa de Hermione e saiu da Torre.
- Por que fez isso, Harry? - Hermione parecia confusa e um pouco curiosa.
- O que você está escondendo, Hermione?
- Nada, nada. - Ela disse insegura, o que não soou nem um pouco convincente.
- Você não me engana. - Harry disse decidido, enquanto encarava a menina nos olhos.
- Estou preocupada, apenas isso. - Ela abaixou a cabeça e deixou escapar um soluço. Harry no mesmo instante a abraçou e consolou.
- O que foi?
- Ginny. Ela está arrasada, nem parece a mesma. Praticamente me expulsou de perto dela e nem se animou quando.. quando eu falei de você. - Ela chorava compulsivamente, e Harry sentiu um aperto no coração. Por que todos os problemas não se acabaram junto com a Guerra?
- Vai passar, Hermione, ela só está sentindo a perda de uma pessoa importante. - Harry tentou acalmar a menina, mas não foi muito bem sucedido.
- Não é. Ela parece tão amargurada.. como se ninguém ou nada a animasse. Isso não é normal, Harry.
- Ela precisa de um tempo pra pensar, tudo aconteceu muito rápido, entende?
- Eu nem imagino o que aconteceria, se você estivesse realmente morto, acho que ela enlouqueceria.
- Eu? Você acha que ela sofreria mais com a minha morte do que a do irmão? Não mesmo, Hermione.
- Harry, apenas prometa que você vai falar com ela.
- Eu prometo, Mi. - Harry abaixou a cabeça e se perdeu em seus pensamentos.
Ginny. Ela não tinha a mínima noção da falta que fizera, das piadas bobas, do jeito animado e sapeca, dos beijos, dos abraços, de tudo. E agora ali, escutando o que Hermione falara tudo ficava tão.. distante.
A Guerra contra Voldemort havia terminado, mas a briga para encontrar a Ginny que ele amava, estava apenas começando. E ele sabia muito bem disso.
- O que vamos fazer agora? - Hermione perguntou enquanto enxugava as lágrimas e dava um sorriso.
- Não sei. Acho que tenho que resolver alguns problemas que estão pendentes.
- Por exemplo?
- Agora mais do que nunca meu afilhado precisa de mim, pois não vou deixar que Ted tenha a mesma infância que eu, vou fazer com que ele seja o mais feliz possível.
- Não tenho dúvidas disso, Harry.
- E você, Hermione Granger?
- Acho que vou me dedicar aos estudos e pensar seriamente em que carreira seguir.
- Será que o meu amigo Ronald terá um lugar na sua agenda tão cheia?
- Não fale asneiras, Potter. - Hermione revirou os olhos e se levantou, corando fortemente.
- Asneiras? Na hora eu não falei nada, mas que beijo foi aquele, huh?
- Harry! - Hermione ficou mais vermelha do que antes e apenas olhou indignada pro amigo.
- O quê? Beijou, agora vai ter que casar.
- Casar? Eu e Ronald? Nunca daria certo! Ele é o legume mais insensível que eu conheço, acredite.
- E é por isso que você gosta dele, não estou certo?
- Não tenho nada a declarar. - Hermione disse enquanto soltava um risinho. Harry deu uma gargalhada e começou a balançar a cabeça.
- Mulher gosta de ser maltratada, não é possível! - Harry riu mais ainda, e Hermione deu um soco no braço do menino.
- Eu acho que está na hora de você cuidar da sua vida amorosa, que por sinal está bem mais complicada do que a minha.
- Quem te viu, quem te vê, Hermione Granger.
- Sem comentários, Harry Potter.
- Ah, não se esqueça, eu quero ser o padrinho. - Harry foi recebido com muito tapas e xingamentos.
Olá alegria. Adeus sofrimento. Será mesmo?
- Ginny! - A ruiva revirou os olhos e deu um sorriso ensaiado. Hermione vinha saltitando em seu encontro, e para infelicidade da menina, logo atrás dela estavam Harry e Ronald.
- Oi. - Ginny falou sem nenhum entusiasmo.
- Você não vai acreditar. - Hermione parecia tão eufórica e feliz que causou um certo enjôo em Ginny. Estaria ela ficando louca? Ela não conseguia agüentar ficar ao lado de alguma pessoa alegre ou sorridente, pois lhe causava um leve desconforto e enjôo. Isso não era normal, estava alguma coisa acontecendo com ela.
- O que aconteceu dessa vez?
- Nós vamos voltar para Hogwarts. - Hermione começou a dar pulinhos, enquanto Harry e Ronald também sorriam de orelha a orelha, porém encaravam a amiga com uma expressão estranha.
- Ah, legal. - Ginny virou-se para sair. A pouca comida que ela comera há uma hora parecia estar implorando para sair.
- Não, você não escutou a melhor parte. - Ginny forçou um sorriso e se virou para a amiga. Hermione era tão inteligente, por que não conseguia entender que ela não estava a fim de conversar?
- Fale logo, antes que eu morra de curiosidade. - Ginny disse ironicamente. Harry e Ronald ficaram sérios ao perceberem o estado de Ginny. Ela não parecia mais a alegre e falante Ginny, agora era uma pessoa sem vida, apagada e completamente deprimente.
- Nós estamos na sua sala! - Aquilo pareceu como uma bomba para Ginny. Ela sentiu todo o alimento que estava em seu estômago subindo pelo mesmo caminho que entrara. Colocou a mão na boca e saiu correndo.
Não esperava aquilo. Durante toda a sua vida ela sempre quisera ser incluída no trio maravilha, mas agora parecia que ela só queria distancia deles, pois eles a faziam lembrar-se de Fred a cada palavra, gesto ou expressão. Principalmente Harry.
Por que não conseguia viver a sua tristeza tranqüilamente?
Entrou correndo no banheiro e antes que pudesse ao menos alcançar o vaso, ela vomitou. Ficou caída por um tempo, sentindo-se fraca e infeliz, mas pode perceber que alguém a encarava.
Ronald Weasley não expressava sentimento algum, mas Ginny pode ver no fundo dos olhos do irmão um pouco de compreensão. Ficou ali caída o encarando, sentindo-se o ser mais repugnante do mundo.
- Ele não gostaria de te ver nesse estado, Ginny. - Ronald falou com a voz áspera e seca.
- Fred morreu, Ronald! Não tem como saber o que ele gostaria ou não. - Ginny estava com raiva entalada na garganta e sentia que a qualquer momento explodiria e começaria a gritar todas as verdades que viessem em sua mente.
- Você está agindo como uma covarde. Uma droga de uma covarde. - Ronald a encarou com desprezo e aquilo fez com que Ginny sentisse uma imensa vontade de chorar.
- Talvez eu seja uma mesmo. - Ela levantou-se e percebeu que estava trêmula.
- Você acha que só você está sofrendo, não é? Acha que o mundo gira apenas em volta da sua cabeça, mas isso não é verdade, Ginny. Pare de agir como uma menina mimada e fraca, pois você sabe que você não é assim.
- Você acha que sabe o que eu estou sentindo. Todos acham que sabem, mas não sabem de porcaria nenhuma.
- Você está tão cega pelo seu egoísmo que não consegue perceber que estamos passando pela mesma situação que você. Fred também era meu irmão, lembra?
- Ele não era apenas um irmão para mim, ele era o meu irmão preferido. Que sempre esteve ao meu lado. Ele era tudo para mim. - Ginny segurou o choro com toda a sua força restante e ficou encarando os olhos azuis de seu irmão, esses foram tomados de uma profunda tristeza.
- Então fique vivendo com lembranças do seu irmão preferido, porque acabei de perceber que você é um caso perdido. - Aquilo foi como um tapa na cara de Ginny. Ronald se virou e saiu do banheiro sem falar mais nada.
- Ron! Ron, eu não queria dizer aquilo! - Ela sentiu as lágrimas escorrendo pelo seu rosto.
Por mais que tentasse trazer as pessoas para perto, havia um certo bloqueio e agora ela se via só. Sem ninguém para lhe apoiar.
Não tinha o Ronald. Harry. E principalmente, não tinha o Fred.
Ela se olhou no espelho e conseguiu ver profundas marcas de olheiras de baixo dos olhos e uma expressão abatida e cansada. Parecia uma caveira ambulante, os cabelos não eram tão vermelhos, pareciam desbotados e gastos. Os lábios estavam secos e mal cuidados, já não chamavam a atenção pela sua cor avermelhada ou até mesmo pelo seu brilho. Os olhos estavam ocos e vazios. Tentou buscar algo que a lembrasse da antiga Ginny, mas não achou nada.
Solidão.
Por que essa palavra agora lhe parecia tão familiar? Ela sentia como se todos lhe virassem as costas, e não conseguia enxergar que na realidade ela quem estava virando as costas para todo mundo.
Sentia todos os seus antigos sonhos, sua família, seus amigos, e tudo que tinha antes, tão longe. Como se eles fizessem parte de uma vida de outra pessoa. Ela era apenas um corpo vazio, sem alma e sem alegria. Alguém que só estava vivo por um acaso, mas que se sentia morta por dentro.
Não vale a pena viver sonhando, e se esquecer de viver.
Será mesmo? Sentou-se no chão e sentiu as lágrimas secando. Com um sorriso nos lábios, ela apoiou as costas na parede e fechou os olhos, deixando as lembranças felizes a invadir. Sabia que mesmo com toda aquela tormenta, ela daria a volta por cima. Sentiu-se encher de esperança, como se Fred estivesse ao seu lado, a apoiando e a mandando seguir em frente.
Sentiu como se estivesse voando.
Said I was sent straight down from heaven
You'd hold me close in your arms
I loved the way you felt so strong
I never wanted you to leave
I wanted you to stay here holding me
Ginny se encarou no espelho de seu dormitório e deu um sorriso satisfeito. Agora que a profunda depressão havia passado ela podia finalmente se encarar sem se ver como um ser ridículo e conseguia sentir-se livre novamente. Com uma tremenda ajuda de Luna Lovegood Ginny conseguira voltar a sorrir, mas o nome Fred Weasley era proibido em seu vocabulário, era apenas alguém falar para que toda a tristeza e dor no seu coração voltar. Ronald e Ginny ainda não estavam se falando, e Hermione não procurara mais a ruiva para contar novidades ou até mesmo partilhar segredos. E Ginny sentia-se satisfeita com isso.
Tudo estava em ordem era só colocar o sobretudo para poder finalmente descer para o café da manhã, aquela manhã de Dezembro estava realmente congelante, mas isso não desanimava nenhum estudante da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, todos pareciam animados e até mesmo alegres com a aproximação do feriado de Natal.
Desceu as escadarias em direção ao Salão Comunal e ao chegar lá embaixo sentiu vários olhos a fitando. Nos últimos tempos ela estava sendo muito falada na escola por culpa de suas loucuras na sua época depressiva. Tentara se matar duas vezes e sem Voldemort ou qualquer Guerra a vista as pessoas não tinhas mais o que fazer, o que levava a apenas uma coisa: Fofocas.
Empinou o nariz e passou por elas com um sorriso brincando em seus lábios. Há quanto tempo não se sentia assim? Era um alívio poder caminhar sem o peso da dor e sofrimento em seu coração.
O caminho até o Salão Principal nunca fora tão tranqüilo e alegre. Ela encontrou-se com Luna e a abraçou fortemente, como se a agradecesse por tudo.
- Uau! Caprichou hoje, não é? - Luna tinha o hábito de falar as coisas e depois pensar, mas Ginny pela primeira vez em muito tempo riu com o comentário da amiga.
- É, até tomei banho hoje. - Ginny falou, enquanto sentava-se à mesa da Gifinória, rindo.
- Isso sim é um avanço. - As duas riram e começaram a se servir.
Serviu-se de torradas e suco de abóbora, algo que não passou despercebido por Luna, há alguns dias atrás ela nem ao menos comia no café da manhã. Sentiu as mãos suando quando percebeu que vários olhos a encaravam e que as pessoas apontavam indiscretamente, mas não podia desistir agora. Estava decidida a mudar.
- Posso saber o motivo dessa mudança? - Luna disse com a boca cheia de torrada.
- Apenas uma palavra: Quadribol. - Ginny disse simplesmente, como se fosse o fato mais óbvio do mundo.
- Não me diga que você decidiu fazer os testes para o time da Grifinória. - Luna parecia empolgada, mas do jeito dela. Um jeito muito diferente. Calmo e animado ao mesmo tempo.
- É, eu adoro voar e eu me sinto tão bem. Mal não vai fazer, certo? - Ao ouvir o sinal de longe, Ginny deu um beijo na bochecha de Luna e saiu correndo.
Conforme as horas iam se passando o frio na barriga ia aumentando e Ginny ia se sentindo mais nervosa e empolgada. Sempre amara Quadribol, mas não voava há tanto tempo, devia estar tão enferrujada e também aquele esporte lembrava tanto o seu irmão que chegava a doer. Mas ela faria aquilo, por ele e principalmente, por ela.
Lembrava como era boa a sensação do vento batendo em sua face. Como se sentia livre e feliz. Quando estava em cima de uma vassoura e voando, ela sentia-se inalcançável e inatingível, como se lá ninguém pudesse mandar nela, ou até mesmo tentar controlar o que ela faria da vida. Ela tinha o total e pleno controle. Podia mergulhar a velocidades impressionantes e desafiar a gravidade, ou podia subir até chegar em um ponto que era difícil de respirar.
Ela sentia-se indomável.
Depois de tanto tempo presa em sua tristeza e depressão, como um animal enjaulado, ela sentia que podia dar a volta por cima e finalmente voltar a sorrir, sem magoas ou até mesmo medo. Sentia que o muro que criara em volta de si próprio estava finalmente desmoronando. E sabia que a nunca forma de conseguir alcançar o seu objetivo era fazendo a coisa que mais amara na vida. E ela não estava falando de Harry Potter, e sim do Quadribol.
Percebeu que estava sendo observada e ao virar encontrou um par de olhos verdes a fitando intensamente, como se quisesse desvendá-la. Por uns segundos o encarou, mas logo depois quebrou o contato. Como ele havia mudado, não que ela estivesse igual, porém a mudança dele não era igual a dela.. Ele mudara para melhor, ele finalmente conseguia viver em paz, enquanto a vida dela estava um tormento.. uma confusão.
Não trocara nenhuma palavra com Harry Potter depois da Guerra, porém não se sentia culpada por isso. Ele não ia querer tê-la em sua vida, ela era apenas um saco que carregava problemas e tristezas. Por que alguém ia querê-la por perto?
O sinal tocou e ela pode levantar e andar em direção a seu quarto. Podia arrumar-se e preparar-se psicologicamente para o teste. Decidira ser otimista, pois percebera que do jeito que estava não dava mais para permanecer.. Precisava voltar a ver graça na vida e alcançaria seu objetivo com toda a fome e vontade do mundo.
- Os testes vão começar daqui a dez minutos, pessoal! - Ouviu Harry anunciando alto para todos os Grifinórios interessados, e ela era uma delas. Subiu praticamente correndo para o seu quarto, com o objetivo de vestir uma roupa mais adequada.
Já trocada e pronta para descer ela virou-se e pegou a vassoura que estava trancafiada em seu malão. A vassoura de Fred. Com um sorriso lotado de esperança e expectativa, ela desceu e foi em direção ao Campo de Quadribol.
A cada passo sentia que a sua coragem sumia, como se ela tivesse ficado lá em seu quarto, quando ela tirara a roupa. Deu um suspiro cansado e parou a vinte metros do campo. Porque tinha de ser tão covarde? Quando havia se tornado essa pessoa tão desprezível que tinha medo de enfrentar os problemas e lutar pelas coisas a qual acredita?
Xingando-se mentalmente, ela seguiu por um caminho diferente, o que levava as arquibancadas. Escondendo-se ali no meio ela acomodou-se para assistir o teste. Sentiu-se fraca e inútil. Fred a odiaria naquele momento, com certeza. Devia estar xingando-a do Paraíso ou qualquer lugar que estivesse.
Fred... Ela não merecia ficar pensando nele. Ela era um tola e fraca.
O teste se iniciou e com ele começou a cair uma garoa de leve. O primeiro candidato foi caminhando com a sua vassoura e levantou voô. Ginny o assistiu comentando em voz baixa e até praguejando. Viu a expressão de desespero de Harry e sorriu levemente.
- Eu faria um teste melhor que o dele. - Comentou para si mesma, enquanto passava a mão pela vassoura de seu irmão.
Observou cada um dos candidatos e nenhum deles era excepcional. Pelo menos eles sabiam voar e desviar de balaços, o problema é que eles não conseguiam fazer gols.
Harry parou o treino por culpa da chuva que havia apertado, e estava bem forte, impossibilitando-os de ter uma boa visão em cima de uma vassoura. Observou-os indo em direção ao vestiário e depois de um bom tempo ela decidiu que poderia fazer o que tanto almejara.
Subiu na vassoura e deu o impulso. Mesmo com a chuva batendo em seu rosto com força e o frio, ela sentia uma felicidade enorme e uma grande satisfação. Deu um grito e soltou uma gargalhada, começou a aumentar a velocidade e a diminuí-la.
Harry havia ficado dentro do vestiário, pensando no que faria com aqueles candidatos que não serviam nem para voar direito. Após um bom tempo ele saiu e enfrentou o frio e a chuva, porém percebeu que ainda havia alguém no céu. E não era nenhum dos candidatos de antes, pois voava bem... muito bem.
Pegou a sua vassoura e subiu nela, com a intenção de descobrir que era aquela pessoa, e ela lhe era tão familiar. Conforme ia ganhando altitude o frio ia aumentando e ele já tinha perdido a sensação nos dedos.
Não conseguiu acreditar em quem estava ali voando, era a mesma coisa que lhe falar que Dumbledore havia ressuscitado ou os seus pais..
Ginny Weasley sorria radiantemente e parecia estar serena e tranqüila.. e ele podia até dizer feliz. Parecia que a antiga Ginny estava de volta, mas logo abandonou as esperanças e deu um sorriso triste.
- Ei!
Ginny gelou no ar e virou-se rapidamente para quem estava a chamando. Surpreendeu-se ao encarar as íris verdes de Harry Potter.
- O que você está fazendo aqui? Não devia estar no castelo? - Ginny parecia surpresa e até mesmo irritada com a presença dele.
- O que eu estou fazendo aqui? Eu sou o capitão do time da Grifinória e nós tivemos testes hoje.- Ele falou aquilo como se fosse o fato mais óbvio do mundo.
- Eu sei, mas o teste já acabou faz tempo, Harry. - Ela gritou para o menino, e já ia aumentar a velocidade, porém escutou a voz dele em deboche.
- Ah, então você ainda lembra o meu nome! - Harry deu risada da própria piada.
- Esse tempo só aumentou o seu senso de humor, né Harry? Mas quem ri das suas piadas? Só o meu irmão, para puxar o seu saco. - Ginny parecia uma pessoa completamente diferente da que ele conhecera e até mesmo namorara. Porém havia algo que nunca mudaria: O jeito Weasley de ser.
Se é provocado, compra a briga.
- Você devia ter feito o teste.. - Harry nem se deu o trabalho de responder o que ela havia falado, apenas falou aquilo como se comentasse do tempo com alguém.
- E por que você diz isso? - Ela havia parado, e Harry aproximou-se com a sua Firebolt.
- Você é boa.. - Ele comentou com um sorriso. Ao ver o olhar espantado dela ele acrescentou. -.. no Quadribol.
- Você acha?
- Sim, ganharia facilmente a vaga que precisamos. - Ele estava bonito com aquele cabelo molhado mais desgrenhado por culpa do vento, e as íris verdes brilhando..
- Hum..
- Não acha melhor nós continuarmos essa conversa lá embaixo? - Harry levou as mãos aos braços. Estava sem casaco e todo arrepiado por culpa do frio.. e de Ginny.
- Conversa? Isso não pode ser chamado de uma conversa.
- Não? Então o que isso seria?
- Hum.. sei lá. Uma intimação.
- Intimação, Ginny?
- É, você veio me intimar por estar voando na chuva e por não ter feito o teste, e eu respondi a altura.
- Eu não vim te intimar.. - Hary queria rir da hipótese dela, mas achou melhor não, pois naqueles tempos Ginny era uma menina completamente e perigosamente imprevisível.
- Hum, sei. Por que está me olhando desse jeito, Harry?
- Que jeito?
- Esse. Como se estivesse com medo de mim.
- Não fale bobagens.
- Tem medo que eu pule da vassoura? - Ginny deu uma gargalhada do que ela própria dissera. Uma risada fria e sem vida. - Não se preocupe, já passei dessa época.
- Ginny.. - Harry tentou suavizar a situação, mas Ginny o interrompeu.
- Não fale nada, às vezes é melhor. - Ela já ia se afastar dele e ir em direção ao solo, mas ele a brecou.
- Você está bem?
- Boa sorte nos testes, Harry. - Ginny disse sem responder a pergunta e se afastando com velocidade em um mergulho em direção ao solo. Harry ficou espantado com a agilidade da menina.
- Uau. - Murmurou baixinho com os olhos arregalados. Mordendo o lábio, pensativo. Chegou ao solo um tempo depois e pensou em gritar para a ruiva, mas a voz lhe falhou na garganta...
Será que ele voltara a admirar Ginny Weasley?
Quem sabe... tudo é possível em Hogwarts.
I miss your smile
And I still shed a tear
Every once in a while
And even though it's different now
You're still here somehow
My heart won't let you go
And I need you to know
I miss you, sha la la la la
I miss you
- Como foi o teste? - Ronald perguntou com um leve interesse, enquanto terminava de fazer seu dever no Salão Comunal.
Harry não respondeu, apenas sentou ao lado do amigo e ficou quieto encarando o fogo da lareira que queimava. Por que ela tinha de ser tão misteriosa e linda? Por que tinha de ter um humor completamente maligno?
Ah, por que diabos Ginny tinha que existir?
- Mundo mágico chamando Harry Potter. - Ronald disse com um sorriso enquanto dava um tapa na cabeça do amigo.
- Hã? - Harry perguntou ainda completamente desligado e perdido. Será que a menina com o nome de Ginny não seria a culpada?
- Como foi o teste? - Ron repetiu a pergunta com um pouco de impaciência.
- Hum.. como sempre.
- Isso quer dizer que foi horrível? - Perguntou Ronald rindo bobamente.
- É.. acho que sim.
- Que bicho te mordeu?
Um bicho ruivo e completamente sexy. Harry quase deixou escapar, mas deu Graças a Merlin por ter ficado quieto. O que Ronald faria?
O socaria, na certa.
- Nada, só estou um pouco cansado.
- Hum, já tem idéia de quem vai entrar pro time? - Ron parecia querer arrumar qualquer motivo para fugir do seu dever e Harry era a porta de fulga.
- Não.. todos eles nem sabiam a diferença entre a Goles e o Balaço. - Harry começou a ficar irritado com todas aquela perguntas.
- Que droga. Mas você tem que escolher alguém, então quem seria?
- Ron, que desespero é esse de continuar conversando?
- Ah, Hermione disse que não me beijaria se eu não fizesse o dever e você é a minha única distração.
Harry deu uma gargalhada. Ronald se tornara o boneco de Hermione e o namoro ia de vento em poupa, o problema era o ciúme enlouquecido de Ronald e suas idiotices. Ás vezes Harry que tinha que conversar com Hermione para ela poder entender e perdoar o ruivo.
Harry era o pacificador.
- E onde ela foi? - Harry perguntou enquanto pegava a lição do amigo e dava uma olhada. Não tinha quase nada feito.
- Biblioteca, óbvio. Um dia ela ainda vai me trocar por aquele lugar sujo e fedido, você vai ver. - Ronald falou com raiva puxando o seu dever das mãos do moreno. Harry riu e revirou os olhos.
Tem certas coisas que nunca mudam...
- Não se preocupe, Ron, a biblioteca não pode dar uns amassos nela como você faz. Então, depois de um tempo ela vai voltar para você. - Harry riu mais ainda, com o seu próprio comentário, e Ronald deu um soco no braço do amigo.
- Deixa eu fazer minha lição em paz, Potter. - Ronald parecia emburrado.Sabendo que não teria mais conversa, Harry subiu em direção ao dormitório. Tudo o que precisava era um banho quente e depois uma cama macia, arrumada impecavelmente pelos Elfos Domésticos.
Porém ele mudou completamente de idéia ao chegar em sua cama e se deparar com Edwiges e uma carta amarrada na sua perna. Uma carta de Ginny Weasley. A abriu rapidamente, com o coração batendo descompassado em seu peito e a ansiedade o embriagando.
Parecia uma menina apaixonada.
Intimador,
Você falou realmente sério quando disse que eu sou boa no Quadribol?
Intimada.
Harry deu risada e releu o bilhete várias vezes. Era o engraçado como Ginny de uma menina completamente cheia de si fora se transformar numa pessoa tão insegura.
Insegura e sexy! A mente do menino gritou e ele revirou os olhos revoltado.
Passara tanto tempo conseguindo trancafiar o sentimento pela ruiva, mas ele agora voltara com força total de uma forma que ele não conseguia controlar e sentia-se tão entregue e vulnerável.
Pegou a pena e um pergaminho para responder o bilhete e sorriu. Quem sabe ele não conseguiria ajudá-la a transformar-se na menina que sempre fora?
Senhorita-que-achou-que-foi-Intimada,
Eu falei sério, você voa muito bem e como foi provado há dois anos atrás está completamente qualificada para entrar no time. O que eu peço é só para você marcar um teste comigo, que assim posso colocá-la no time da maneira correta.
Não lute contra o seu dom, Ginny.
Harry, o Intimador.
Harry - Idiota,
Posso pensar no seu caso, mas só porque você praticamente implorou para mim.
Ginny.
Ginny,
Praticamente implorei? Você está ficando louca! Eu simplesmente te convidei porque os candidatos de hoje eram péssimos! Se não fosse por isso, não gastaria o meu precioso tempo mandando corujas para você.
Harry, O não-Idiota.
H,
Nos vemos amanhã, às 20h, Campo de Quadribol.
G.
G,
Ok, mas não esqueça que eu que mando.
H.
N/A:
N/A: Primeiro capítulo! *o*
Preciso da opinião de vocês, pois essa fic é um pouco diferente como vocês perceberam. Ela é um drama. Porém contém partes engraçadas e românticas.
Então podemos dizer que ela é um Drama-Comédia-Romantica.
Preciso de reviews para me animar para o próximo capitulo! Que saíra em breve!
Espero que vocês tenham gostado.
Capitulo pequeno, até. Os próximos vão ser maiores, com certeza. Esse foi apenas uma introdução a fic. E eu espero que ela tenha mais ou menos uns 10 capitulos. Pode ocorrer de ter mais, ou menos. Só depende do número de coments e a minha criatividade que é movida pelos coments.
Agradecimentos: Laís Paiva que teve a paciência de ler o primeiro capítulo, opinar e me dar umas idéias. Amo você (L).
Juliana Andrade: POSTEI POSTEI! GOSTOU? Beijinhos!
Dhany: POSTEI! DEMOROU? GOSTOU? Beijinhos.
Música: A música que eu escrevo no meio do capítulo é I Miss you da Miley Cyrus. Achei ela tudo a ver com a fic.
Espero comentários, contendo elogios ou até mesmo críticas( Construtivas óbvio.)
Beijinhos,
Ari B.
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