Capítulo 4
Capítulo 4 - Os segredos de Johnzinho.
As aulas seguintes foram desinteressantes, não só por já terem conhecido Horácio Slughorn, diretor da Sonserina e professor de poções, mas também porque a última aula era de Transfiguração. A professora Mcgoonagall, mesmo dando mais da metade de seu raciocínio ao resto da turma e, conseqüentemente à aula, usava parte de sua atenção só nos garotos Tiago, Sirius e Lupin, que em tal aula, só lhes faltava a auréola.
O último sinal tocou, e como um ato reflexo se levantaram, mas sem nem ao menos abrir a boca, a professora fez sinal coma mão para os garotos, que olharam para o chão, se sentando em suas classes novamente. Sirius bocejou ao mesmo tempo que ela fingiu uma cara feia.
- Estou totalmente desgostosas, senhores. - Mcgoonagall colocou as mãos nos bolsos, olhando de Tiago para o colega de cabelos compridos. - E o senhor também, não deixou para trás. - Fixou o olhar no couro cabeludo de Lupin; ele tremia. - Mesmo se mostrando um ótimo aluno, terá de participar da detenção também.
Após um pequeno sermão sobre as políticas de boa vizinhança da casa grifinória, e outros blá-blá-blás que entraram por um ouvido e saíram por outro, sua tarefa real foi reorganizar os livros, das prateleiras particulares do professor de Feitiços. Por ser extremamente baixo, era uma tarefa árdua, e que doía as costas.
Assim que chegaram, aquilo mais parecia um poleiro. O que menos havia, eram livros no seu lugar. O restante, vivia ou amontoado ou jogado, aberto, pelo chão do escritório.
- Professor esculachado. - Comentou Lupin aos amigos, pegando a varinha do cós das calças. - Mas eu arrumo isso em um instante. - Sorriu, mas quando já ia executar algum feitiço organizador, alguém bateu na porta.
- Senhores. - A diretora da grifinória sorriu, em deboche. - Creio que esqueci de avisar-lhes que não poderão usar magia para isso. - Tiago e Sirius deram um tapa em suas respectivas testas. - Portanto, como prefiro fazer qualquer-coisa-que-não-isso a fazer isso, dêem-me logo suas varinhas, para que eu possa sair daqui.
Contragostos, entregaram suas varinhas à mão da professora.
- Boa sorte. - Completou, fechando a porta.
- O pior de tudo é ela debochar da gente por não podermos usar magia. - Sirius revirou os olhos. - Mas vamos lá, né.
- É para pensarmos no que fizemos e... - O garoto pálido pegou alguns livros do chão e desdobrou as páginas. - Ah, que se dane. Fizemos o que era certo, não tem o que pensar. - E atirou-os em uma pilha de livros já arrumados.
- Remus Lupin se revelando. - Tiago fingiu estar boquiaberto. Lupin revirou os olhos. - Ah, mas pense pelo lado bom, nós temos objetos magníficos ao nosso auxílio: Panos. - E bateu com o seu no ar, levantando muito pó.
- Exatamente. - Sirius sorriu, maroto. - Sem este material indispensável, teríamos de limpar os livros com a Língua! - E simulou tal objetivo, sem realmente encostar a língua no livro "Como evitar trasgos de um jeito prático".
- Oh! Como seria minha vida sem um PANO. - Completou Remus, aos risos. - Definitivamente, eu não sei como estaria aqui sem vocês.
- Nos conhecemos há um dia e ele já ta cheio de intimidades. - Sirius olhou para o outro amigo.
- É. Eu quem tenho de ter intimidades com você, Black. - O cabeludo arqueou uma sobrancelha ao escutar seu sobrenome. - Já nos conhecemos há DOIS dias. - enfatizando o número dois.
- Claro. - Como se não fosse óbvio.
- Eu tou falando sério, seus idiotas. - Lupin sorriu aos dois. - Provavelmente estaria emburrado agora, se tivesse de limpar e organizar estes livros sozinho.
- Ele já não vive sem a gente. - O garoto de óculos redondos puxou uma bochecha do pálido. - Que bonitinho. - Sirius começou a rir.
Não fora tão difícil - graças as piadas que os três soltavam, um por vez. - organizar o escritório de Flitwick. O tempo passara correndo naquela detenção, e logo já era hora de recolherem-se.
A professora, pela primeira vez no ano letivo, deu-os as congratulações por tão bem cumprida a detenção, e os liberou para irem ao salão comunal. O primeiro dia de aula havia acabado de terminar, e eles estavam um caco. Nunca sonharam tanto com uma cama. Entre todas as partes do corpo, o que mais doía, em consenso dos três, eram as costas e os braços.
- Onde estavam? - Zombou Lílian, sentada em uma das poltronas do Salão Comunal, quando os garotos passavam pelo retrato da mulher gorda. Ela tinha em mãos o livro padrão de feitiços da primeira série.
- E aí, a McGoonagall foi gentil com vocês? - Alice entrou na brincadeira. Ela estava ao lado da ruiva, e tinha um pergaminho em mãos. As duas riram.
- Foi um amor. - Tiago também riu, enquanto Lupin começou a correr, com cara de preocupado, em direção à escada do dormitório dos garotos. - Nossa! - Exclamou, ao sentir o garoto quase bater nele. - Onde vai com tanta pressa, Sr.?
- Tarefa de Feitiços! - Gritou, parecendo mais anormal do que de costume. - Como esqueci da tarefa de feitiços! - E desapareceu.
- Que se dane o Flitwick. - Sirius se atirou em outra das poltronas, e foi acompanhado pelo garoto de óculos redondos. Agora os dois só queriam saber de descansar.
- Acho melhor, antes, vocês aprenderem o Wingardium Leviosa. - Lílian avisou, em tom amigável. - Digo, ele vai cobrar na próxima aula.
- Wingardiuquê? - Perguntou Tiago.
- Elementar, meu caro Watson. Wingardium Leviosa. - Lupin já descia as escadas, demonstrando o feitiço em um tinteiro que estava sobre a mesa de centro, na saleta em que os outros se encontravam.
- O nome é o mais difícil de se decorar. O resto do feitiço, na prática, é bem fácil. - Lílian os acalmou, sorrindo. - Deste jeito: Wingardium Leviosa! - E fez um livro, ao lado do tinteiro, começar a levitar, ultrapassando o objeto anterior.
- Você é boa! - Se impressionou o garoto pálido, guardando a varinha. O tinteiro caiu com um baque, e quebrou na mesa, fazendo uma grande sujeira.
- Essa é fácil! - Alice agora se manifestou, chacoalhando a varinha. - Tinta Evanesco! - E todo o nanquim preto desapareceu. Ela sorriu, guardando-a.
- Ok, vamos fazer a tarefa logo antes que fique tarde. - Lupin se sentou, e começou a escrever uma extensa redação sobre os usos do Wingardium Leviosa, além dos lados positivos e negativos de tal feitiço, se comparado a outro de levitação. - o outro feitiço, à escolha do aluno.
Quando os responsáveis - leia-se Lílian, Remus e Alice - terminaram tal tarefa, Tiago e Sirius já dormiam, ou melhor, babavam no sofá. O garoto pálido sorriu, e guardou a folha no meio de seus materiais, se espreguiçando.
- Bem, acho que é hora de nos retirarmos. - Alice e a ruiva fizeram o mesmo, mas já se levantando, em direção à escada do dormitório feminino.
- Certo. Boa noite, garotas. - Acenou Lupin, sorridente. Poucos segundos depois, quando as silhuetas femininas já desapareciam, ele cutucou os colegas.
Os dois apenas se remexeram.
- Vamos, acordem logo! - Ralhou, baixinho. Apesar de ser tarde, haviam muitos grifinórios no salão comunal. Os dois pareceram não escutar. - ACORDEM! - Gritou, e todos olharam para ele. Remus ficou imediatamente vermelho, mas os garotos, pelo menos, acordaram. - Hora de dormir, bebês. - Disse, por fim bravo, correndo em direção às escadas.
Os dois não se demoraram muito pelo Salão Comunal e, logo subiram para o dormitório. Quando entraram no quarto cento e dez, se depararam com o mesmo garoto pálido de antes, sentado em sua cama lendo um livro e Pedro, que já dormia, de barriga para cima.
- O que faz ainda acordado? - Perguntou Sirius, mas agora notara que o colega tinha um livro em mãos. - Ah, exercendo a função de Nerd. - E abriu sua cômoda, à procura de algo.
- Amanhã é um novo dia... - Tiago parecia mais cansado do que nunca; mesmo Sirius também estando acordado na noite passada, não apresentava tantos sinais de desgaste. Parecia ter dormido - e muito. - Acho que ta na hora de descansar. - E se atirou em sua cama, com roupa e tudo, já adormecido.
- Só sobramos nós dois. - O garoto de cabelos compridos riu, fechando a cômoda da gaveta. Lupin abaixou o livro.
- Então boa noite. Sirius. - Remus sorriu simplesmente para o colega, que se deitou. - Descanse, ontem você quase não dormiu. - E o outro retribuiu o sorriso, fechando os olhos.
O garoto pálido se perdeu em seus devaneios. Encostou a nuca na madeira da cama, fechando os olhos. Aquela era a sua primeira semana em Hogwarts e ele já se encontrava preocupado com o que viria pela frente. Nunca havia arrumado amigos tão rápido, estes ele sabia que podia confiar, de algum modo. Mas nunca, nunca contaria nada sobre seu maior problema de todos, o que provavelmente os afugentaria. Ele era uma ameaça, e jamais deixaria que os outros soubessem, menos Dumbledore. O diretor era o único que sabia de sua existência, não só como bruxo, mas também com uma... aberração.
Não tinha alguma solução. Na verdade, nunca teve, e de nada adiantava queimar neurônios à toa, ou se preocupar precipitadamente. Foi escorregando pela cama, até ficar completamente deitado. Decidiu tentar dormir e, após um longo bocejo, juntou os braços e caiu no sono.
TRIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM
Tiago se acordou tão assustado que bateu com a testa na madeira superior da sua cama. Esfregando-a com os nós dos dedos, abriu os olhos e, com a outra mão, colocou os óculos. O que pôde ver foi um despertador, em cima do criado-mudo do colega de quarto pálido, pulando e gritando. Aparentemente, o mesmo havia sido encantado para ter boca.
- O QUE É ESTE TRECO? - Perguntou, aos berros, atirando um travesseiro no objeto. Ele, porém, não parou de gritar. - LUPIN! - O colega se remexeu na cama, abrindo os olhos.
- Meu... despertador? - Ele arqueou uma sobrancelha, rindo da cara de Tiago. Ele estava um caco. - Vamos, vamos levantar que daqui a pouco temos aula.
- Mas já? - Fez bico. Parecia uma criança crescida, e isso só fez Lupin rir mais ainda. Resolveu ceder e ficou de pé. - Só se... - Tiago correu em direção ao banheiro, fazendo o colega, que era o único outro acordado, protestar aos berros - ...eu tomar banho primeiro! - E, dando gargalhadas, abriu o chuveiro, tirando a roupa.
Não pensou em nada no banho, exceto em amaldiçoar o bruxo que criara as aulas matutinas. Se tinha algo pior do que levantar às sete horas, com certeza seria levantar-se às seis. Com um muxoxo, terminou o banho e fechou o registro, vestindo uma toalha. Seria um resto de semana difícil.
***
A semana, ao contrário do que o garoto de óculos redondos pensara, passou tão rapidamente quanto um piscar de olhos. Era domingo, e o que mais se falava era na eleição dos novos jogadores de Quadribol da grifinória. Tiago, Sirius, Remus ou Pedro sequer tentaram entrar; nunca, em muito tempo, um jogador tinha entrado no time no primeiro ano. Era mais fácil, então, tomar aulas de Vôo antes de tentar a sorte, e então no segundo ano fazer tal teste.
Todos pareciam normais, exceto o colega pálido. Dormia cada vez menos nos últimos dias, sua pele estava mais branca do que de costume e as fendas dos olhos apareciam muito mais. Com certo interesse, Tiago se aproximou mais dele.
- Remus? - Chamou-o calmamente; queria saber qual o motivo para tantas mudanças, mas sem dar sinal disso. O garoto sequer o olhou. - Lupin! - E o olhou na hora. Provavelmente, não o havia escutado da última vez.
- O que quer? - Deitou o livro "Desviando de trasgos em fúria", um romance muito conhecido por entre os primeiranistas, que estava em uma das leituras referenciais de uma das tantas folhas coladas no mural do Salão Comunal, no peito e olhou o colega. Tiago o fitou por entre os óculos redondos.
- Você está bem? - Lupin se sentiu apreensivo; sabia o porquê da pergunta, e não queria responde-la no momento, mas não podia fugir. - Digo, você não parece bem. - Achou melhor ir sem rodeios, era o melhor e mais ingênuo método da tentativa. Se tentasse algo mais complexo, provavelmente o mini-gênio descobriria.
- Por que não estaria? - Fingiu não entender, arqueando uma sobrancelha.
- Ah, sei lá. Você parece... - Mediu as palavras, para não ser mal interpretado. - Doente?
- É período de lua cheia. - Lembrou Lílian. A ruiva acabara de chegar ao Salão Comunal, com uma pilha de livros, pergaminhos, uma pena e um tinteiro. - Normalmente as pessoas ficam doentes durante a lua cheia. - Explicou simplesmente, e Tiago entendeu.
- Viroses. - Suspirou Lupin, suspeitando levemente se a ruiva sabia do seu segredo ou não. Mas não podia, ele não tinha virado lobisomem uma vez sequer no castelo, era impossível descobrir, pelo menos por hora.
- E aí, pessoas! - Sirius descia as escadas do dormitório masculino, e se dirigia diretamente para a saleta onde estavam os amigos. - O que vamos fazer neste dia inútil? - E sorriu.
- Quem sabe os deveres? - Agora a ruiva começara o sermão; Tiago e o garoto ainda não tinham feito um dever sequer, e por isso a Grifinória deixava de ganhar pontos, e eles deixavam de aprender.
- Ou então, um pequeno duelo. - O garoto de óculos redondos puxou a varinha do bolso, sorrindo de um jeito moleque que só ele sabia. Ele e Sirius.
O outro repetiu o ato, os dois se aproximaram. Lupin deu um leve tapa na testa, enquanto Pedro, em um lugar mais afastado, começava a bater palmas.
- Vocês não vão fazer isso realmente, vão? - A ruiva parecia abismada. - Vocês podem machucar alguém que não tenha nada a ver com isso.
- Talvez nós façamos. - Tiago ameaçou um feitiço, com um chacoalhar da varinha. Lílian se assustou, e os dois caíram na risada.
- Idiotas. - Ela logo juntou os materiais e foi em direção às escadas do dormitório feminino, onde provavelmente Alice estaria. Ela era a única que não tinha se juntado aos outros naquele dia. Tiago tentou intervir na saída da ruiva, mas não conseguiu. Quando se aproximou da escada, quase que todas as meninas o olharam e ele ficou envergonhado; era regra e ele não podia entrar lá.
- Droga, cara. - Tiago fingiu chutar uma pedra invisível, e se atirou no sofá mais próximo. - Nada para se fazer.
- Já ta ficando tarde... - Lembrou o garoto de cabelos compridos, ao que fez Lupin também olhar pela janela, fechando seus materiais. - Acho que... vou dar uma volta por aí. - Sirius e Tiago arquearam uma sobrancelha ao ouvir o garoto; ele quase nunca saía, e muito menos sozinho.
- Onde vai? - Perguntaram, como se de nada quisessem saber. O garoto assumiu, então, a evasiva.
- Andar por aí. - E se levantou, colocando os materiais sobre a mesa. - Até mais, pessoal. - E com um aceno, saiu.
- Aonde acha que ele vai? - Perguntaram-se os dois ao mesmo tempo, no exato momento em que o outro desapareceu pelo retrato da mulher gorda. Riram depois disso, pela coincidência.
- Vamos segui-lo? - Sirius deu a idéia, e Tiago pareceu gostar. Logo, saíram também pelo salão comunal, à procura do colega.
Andaram por vários corredores e não o acharam. Sétimo, sexto, quinto e quarto andares estavam totalmente vazios, e provavelmente os alunos já descansavam àquela hora, em um domingo. Era normal que os alunos, à essa hora, ficassem ou nos salões comunais, ou no Salão Principal. Nem os professores, que normalmente percorriam os corredores atrás dos alunos mais levados, que de vez em quando lançavam bombas de bosta só por pirraça, faziam sua vigia naquele domingo. Hogwarts parecia morta.
Deixaram-se conduzir, então, ao que a sorte das escadas móveis dissesse. Desceram em uma, e esperaram elas se moverem. Se não fossem achar Remus, pelo menos queriam desvendar mais um pouco da escola, que para eles ainda parecia mais um grande ponto de interrogação.
- Por aqui ou ali? - Haviam duas portas, em extremos opostos. Tiraram na sorte, e de algum jeito, tomaram a porta à esquerda.
A porta que tomaram dava direção a um longo corredor, que os garotos seguiram diretamente, sem fazer muito barulho. Filch tomava conta de todo e qualquer lugar nas dependências de Hogwarts e, mesmo do jeito em que a escola se encontrava, ele podia aparece a qualquer momento.
Tiago suspirou; estava cansado de tanto andar. E ainda mais, gastar sola do sapato à toa. Eles estavam a mais de quinze minutos em um corredor reto, que não tinha saída para nenhum dos lados.
Quando já pensava em desistir, viu uma porta, ao fim do corredor.
- O que será que é? - Perguntou Sirius, mas nem precisava fazer o questionamento. O outro garoto também se perguntara o mesmo.
- Tanto faz. - O garoto de óculos redondos fingiu estar confiante e, dando de ombros, abriu a porta.
Com um rangido, pôde-se ver todo o conteúdo da sala. Na verdade, não era nada que fizesse os olhos dos dois brilharem instantaneamente, mas quase isso: era como que um resguardo da biblioteca antiga de Hogwarts, com livros que já passaram de sua época.
- Olha isso! - Um dos dois tirou um livro empoeirado do meio dos outros, que se denominava: feitiços avançados, de Rowena Ravenclaw.
- Livros lançados pelos fundadores da escola? - Tiago tirou outro do amontoado, e pôde-se ler, em letras douradas: Diário GG. Assoprou-o e pôde ver um rubi encrustado na capa. - O que será isso?
- Se diz que é um diário, então é um diário. - Disse o óbvio, segurando alguns livros que achasse interessante. - Olha! Tem um monte de livros de feitiços antigos!
- Isso é realmente legal. - Riu-se ele, pegando também alguns outros, todos escritos pelos fundadores.
- Acho melhor a gente selecionar alguns logo e voltarmos depois. - Sirius olhou pela porta, em direção ao extenso corredor. Mas ninguém estava lá.
- Beleza. - Tiago catou alguns que achava o título interessante, e passou pela porta. - Nós não íamos atrás do Remus?
- Ele deve estar bem. - Resmungou o outro, fazendo o mesmo que o colega.
***
Não fora tão difícil esconder os livros de Alice que, curiosa, tentava olha-los a todo o custo e dos outros, que também pareciam intrigados ao vê-los com livros em mãos, enquanto os dois subiam para seu quarto. Deixaram para lê-los depois, e logo desceram novamente.
- O que era aquilo? - Perguntava Alice, enquanto Tiago dava de ombros e Sirius tentava contornar.
- Livros necessários para os nossos trabalhos. - Disse, seguindo rapidamente o colega.
- Mas aqueles livros são antigos demais para... - Ela foi os seguindo até o retrato da mulher gorda, e foi interrompida quando a passagem se fechou.
Caminharam rápido, já sem rumo. Queriam voltar até o lugar onde tinham pegado os livros mas, quando chegaram finalmente ao terceiro andar novamente, o lugar por onde haviam entrado não estavam mais lá, de algum modo esquisito. Se olharam e, sem entenderem muito, ficaram a procura-la por um longo tempo. Quando já estavam quase no fim do andar, foram interrompidos.
- Senhores... - Eles se viraram rapidamente; a professora de coque apertado e expressão rígida, Minerva Mcgoonagall os olhava. - O que estão fazendo fora dos salões comunais a essa hora da noite? - Perguntou, e Tiago e Sirius se olharam.
- Estávamos...
- Procurando nosso colega Lupin, professora! - Completou o garoto de óculos redondos, e o outro colega consentiu.
Ela ajustou os seus, e fixou seu olhar para o nada, soltando ligeiramente um sorriso, que logo se abafou em sua nova expressão.
- Vim mesmo para falar com os senhores. - Ela se virou de costas para os dois, e começou a andar. Tiago e Sirius se olharam novamente. - Me acompanhem, senhores.
Não fora uma caminhada muito longa, mas que parecera durar a eternidade para os primeiranistas. Desta vez, ao contrário das outras em que eram chamados, não tinham um motivo exato; nem sequer sabiam por que a professora de transfiguração os estava procurando.
Logo, chegaram em um corredor com muitas estátuas, que não tinha outra saída que não a entrada. Na outra ponta, um grande gárgula, mas com asas. A professora, sem pestanejar, começou.
- Quero falar com o diretor. - Disse e, em um instante, o gárgula começou a se movimentar, como se tivesse vida no mármore em que fora construído.
- A senha? - Pediu gentilmente, e Mcgoonagall sorriu.
- Varinhas de alcaçuz. - Com um rasante, o animal se movimentou, formando uma escada espiral. Começou a subir, e os dois garotos foram atrás.
O professor os esperava em frente às escadas, com um sorriso no rosto, que sempre usava com os alunos, pior que fosse a situação. Tiago e Sirius engoliram à seco, e com um pequeno gesto do diretor, entraram em seu escritório.
- Acho que ambos gostariam de saber o porquê de serem chamados à esta hora da noite, correto? - Mexeu em seus óculos de meia-lua, enquanto sentava-se em sua cadeira.
O escritório de Dumbledore era uma das peças mais extravagantes do castelo. Todas as paredes, embora pintadas em uma cor amarela simples, eram cheias de retratos de ex-diretores de Hogwarts, que sempre olhavam atentamente do diretor para os alunos, sem dar uma palavra. Outros, porém, pareciam dormir na moldura.
O que faltava de esquisito nas paredes, provavelmente você encontraria na mobília. Além de grandes escrivaninhas lotadas de livros, que provavelmente fariam seu colega Remus Lupin - seu objeto de procura até então - ficar com os olhos brilhando, também haviam objetos prateados por diversos armários, que rodopiavam, brilhavam e faziam sons esquisitos. Diversos também soltavam uma espécie de fumaça, em várias cores.
- Garotos...? - Os interrompeu novamente o Diretor. Eles pareciam estar maravilhados com as coisas de seu escritório. - Querem saber?
- Ahn... - Tiago pareceu acordar de um transe, ao mesmo tempo do colega. - Sim, sim.
- Vocês estão aqui por causa de Remus John Lupin. - Disse com simplicidade, juntando as duas mãos.
- John? - O garoto de cabelos compridos riu. - O Lupin tem outro nome John? - Sabe-se lá porquê, achava John engraçado para um garoto que aparentava ser tão sério. Tiago o olhou, repreendendo-o. Aquela não parecia uma boa hora para brincadeiras, e falando a verdade, o garoto nunca sabia que hora era boa para aquilo.
- Continuando... - Dumbledore olhou para os dois. - Desculpem-me incomodá-los novamente, mas vocês foram chamados para explicarmos o motivo de Remus Lupin não aparecer às próximas aulas, na semana.
- Aconteceu alguma coisa? - Tiago se levantou da cadeira; podia conhecer o colega há menos de um mês, mas já se preocupava com ele. - Digo, ele está bem?
- Sim, sim. Ele está bem. Mas ficará esta semana fora do castelo, por motivos pessoais. - Explicou-se Dumbledore, com um sorriso. O mesmo sorriso simples que fazia todo e qualquer bruxo acreditar nele.
- Certo. - Sirius se levantou da cadeira, e deu a volta nela. - Algo mais?
- Não, não. Desculpem ter tomado seu tempo. - Também se levantou, cumprimentando os dois garotos. - Agora, já podem se retirar. Mcgoonagall?
A professora estava em um canto da sala, ouvindo tudo atentamente. Ao ouvir seu nome, deu um passo à frente.
- Sim, eu os encaminharei. - Dirigiu-se até a porta e a abriu. - Por aqui, Sr. Potter, Sr. Black.
- Já disse para me chamarem de Sirius! - Reclamou o último, com um muxoxo.
Voltaram sem dar muitas palavras, não enquanto a diretora da Grifinória os acompanhava. Fora um caminho mais demorado ainda do escritório do diretor, no terceiro andar, até o Salão comunal dos leões, que habitava o sétimo.
Ao passar pelas escadarias, tentaram avistar a sala que haviam entrado anteriormente, mas sem sucesso. Ela havia desaparecido completamente.
Chegaram ao retrato da mulher gorda, onde a professora de coque apertado falou a senha, e a passagem foi aberta. Esperou os dois garotos passarem por ela e, com um aceno, se despediu, enquanto o retrato já fechava-a novamente. Já era noite, e tão tarde que não havia quase ninguém mais pelo Salão. Resolveram, em um acordo silencioso, ir diretamente para os dormitórios; aquele dia havia sido deveras cansativo para um domingo.
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