Capítulo 3
Capítulo 3 - As primeiras complicações
Tiago ficou muito mais tempo acordado do que os outros. Não conseguia dormir, nem ao menos sentia sono. Seu coração batia mais forte do que o normal; estava ansioso.
Ficou mais de hora acordado, e quando já tinha os dois olhos fechados, quase pegando no sono, se deparou com o ronco de Sirius. Sim, Sirius Black roncava. Abriu os olhos, já vermelhos, quase desistindo daquela tarefa dificílima, e tentou apertar o travesseiro contra os ouvidos. Sem sucesso: Sirius Black roncava, e roncava MUITO.
- EI RAPAZ! - Não agüentando mais, jogou a primeira coisa que viu na cama do colega. Ele se remexeu. - SERÁ QUE DÁ PRA FECHAR O RALO? - Gritou.
- Ralo? - Perguntou. Tiago podia ver a silhueta do garoto, e ele coçava os olhos com os nós dos dedos. - Eu nem ronco!
- Háháhá. - Fingiu rir. - Seu ronco é igual ao grito de um rinoceronte com dor de estômago, Sr. Black.
- Eu já pedi para não me chamar de Black, ok?
- Ei, os dois! - A voz de Lupin se intrometeu na conversa. Ele parecia estressado. - Será que dá pras duas senhoritas se deitarem e dormirem logo? Desculpem se EU quero dormir.
- Não sei se a senhorita percebeu, Sr. Lupin, mas os roncos do seu outro coleguinha de quarto não deixam ninguém dormir a uma distância de dois quilômetros quadrados. - Reclamou Tiago, levantando-se e ligando a luz.
- Alguma solução plausível? - Perguntou o garoto pálido. Era óbvio que ninguém tinha, então se virou para o lado. - Boa noite, criançada.
- Você não vai dormir. - Ameaçou Tiago pausadamente. - Enquanto Sirius não parar de roncar, NINGUÉM dorme.
- Certo, Sr. estressado. - Lupin se sentou. - Então faça sua mágica incrível e faça-o parar.
- Ninguém vai usar magia experimental em mim, não! - Falou Sirius.
- Alguém ta acordado? - Pedro se virou, acabando de abrir os olhos. - Já é de manhã?
- Êta sono pesado. - Tiago revirou os olhos, o gorducho não entendeu e Sirius riu.
- O que faremos? - O garoto de cabelos compridos se levantou; também não estava com sono. Se espreguiçou e, na ponta dos pés, caminhou até a porta. - Ei! Será que os monitores rondam o corredor de noite?
- Não sei. - Remus deu de ombros. Ainda estava acordado e não conseguiria dormir a menos que todos se calassem e a luz fosse desligada. Só tinha uma solução. - Ok, eu me rendo. Vamos fazer alguma coisa antes que eu enlouqueça.
- Que tal... - Sirius sorriu, de modo arteiro. - Uma visita ao salão comunal? - Ao ouvir, Tiago repetiu o gesto do amigo: adou pé-ante-pé até a porta. Remus revirou os olhos, mas os seguiu. Pedro, se virou e continuou a dormir.
- O que nós vamos fazer lá? - Lá veio Lupin, com suas perguntas chatas.
- O que der na telha, que tal?
- Boa! - Sirius abriu a porta, e olhou cautelosamente para fora; ninguém guardava o corredor.
Tiago foi atrás dele. Os dois andaram depressa e silenciosamente até as escadas, e as desceram. Estava tudo escuro no salão comunal. Nenhuma lareira estava acesa. Se olharam e sorriram.
- E então? - Tiago olhava para todos os lados, procurando algo o que fazer. Fixou o olhar só quando, por seu ângulo de visão, passou outra escada, do outro lado da peça. - Que tal...
- O dormitório feminino? - O garoto de cabelos compridos caminhou até a escada. - Não era proibida a entrada de garotos aqui?
- Era, e daí? - Os dois colocaram a mão na boca, antes de rir.
Quando se preparavam para subir, ouviram um barulho, vindo de tal escada. Correram e se esconderam atrás dos sofás mais próximos; apesar de amedrontados, também estavam curiosos. Queriam saber quem estava a descer àquela hora da madrugada.
- Ai, Alice, tem certeza que é correto? - Tiago reconheceu a voz antes de descerem. Era a voz de Lílian. Logo, pôde ver as duas garotas.
- Qual é o problema, Lílian? - Alice fez cara feia para a amiga. - Ta com medo? - A ruiva se sentiu ofendida com a pergunta.
- Claro que não! Lílian Evans não tem medo de nada.
- O que duas garotas estão fazendo aqui? - Sirius imitou uma voz mais rouca, e as duas soltaram um grito de susto. Ele e Tiago caíram na gargalhada.
- Ei, vocês! - Alice correu até os dois; eles estavam atirados no chão, segurando a barriga. Ver as duas apavoradas era deveras engraçado.
- Mas o que é que VOCÊS estão fazendo aqui? - Lembrou Lílian. Também não era para os garotos estarem no Salão Principal, à essa hora.
- É culpa do Sirius! - Tiago apontou. O garoto revirou os olhos. - Ele ronca demais, não dá pra dormir.
- Claro, claro. A culpa é sempre minha.
- Mas vamos nos sentar, não quero ficar de pé. - Alice procurou a primeira poltrona vermelha e se atirou. - Isso cansa a minha beleza?
- Isso o quê? - Tiago também se sentou. Sirius, se atirou num Puff.
- Vocês.
- Nós não somos isso! Somos estes! - O garoto de óculos redondos cruzou os braços, fingindo estar ofendido.
- Vocês definitivamente são Isto. - E apontou pra baixo. Ela e Lílian riram.
- E vocês?
- Nós o que? - A ruiva levantou uma sobrancelha.
- O que fazem aqui? - Repetiu a pergunta.
- Ah, nós... - Lílian olhou para a amiga. - O que viemos fazer aqui mesmo, Alice?
- Nós viemos... fazer alguma coisa! O nosso dormitório tava um marasmo, todo mundo dormindo. Daí puxei a Lily para cá, pra gente poder conversar, ao menos.
- E cá estamos nós. - Completou a ruiva.
- Então... vamos conversar? - Sirius perguntou, e os outros três concordaram com a cabeça. Passaram o resto da madrugada conversando, até amanhecer.
***
Quando o Sol tomou conta dos céus, e tudo podia ser muito mais facilmente visto - ainda mais com os óculos de Tiago consertados -, perceberam que estavam de pijamas e, vermelhos, correram para o quarto, para trocar de roupa. Nos corredores, ainda não havia movimento algum.
Entraram com cuidado no quarto 110. A luz estava novamente apagada, e quando procuraram algo para vestir, Remus abriu os olhos. Sem perceberem, continuaram pegando seus uniformes, e os colocando em cima da cama.
- Vocês ficaram acordados até agora? - Lupin não conseguia acreditar. Quando falou, os dois garotos pularam no lugar em que estavam.
- Erm... Sim? - Sirius pegou uma calça preta, e a vestiu. Tiago sorriu para Lupin.
- "Parece minha mãe" - pensou. - "E eu sei contornar minha mãe."
- Parabéns. - O garoto pálido também se levantou, começando a se vestir. - Agora, vão dormir na aula, ou seja, onde não deveriam.
- Isso ta com cara de sermão. - Sirius revirou os olhos e aumentou o ritmo em que se vestia.
- E quem vai pagar com isso? - Não esperou eles pensarem para responder. - A grifinória, claro!
- Ok, ok. Obrigado por nos lembrar de que somos péssimos alunos. - E os dois saíram juntos, novamente, deixando os outros dois ocupantes do quarto sozinhos.
Agora haviam alguns - poucos - grifinórios no corredor, inclusive o monitor. Ao passar pelos garotos, sorriu, e eles devolveram-no o sorriso.
- Gente fina, esse... - Tiago não lembrava do nome do monitor, o sono já começava a fazer efeito.
- Boonie. - Sirius o lembrou. - Só não sei o nome dele.
- Mas isso já basta. Ainda não preciso dele. - Ironizou o garoto de óculos redondos. Os dois desceram as escadas. Não tinha muita gente pelo Salão Comunal. Os que estavam acordados, já estavam a sair em direção ao Salão Principal, em busca do café da manhã.
Ficaram esperando algum conhecido descer alguma das duas escadas, mas ninguém descia, só os alunos mais velhos. Será que Lílian e Alice tinham dormido? Se perguntavam, sempre olhando para os lados.
- Olá, seus chatos! - Alice chegou correndo e gritando. Pulou nas costas de Sirius, que tentou a segurar, mas estava desprevenido. Os dois caíram no chão, naquele momento. Lílian e Tiago começaram a rir da cena, e todos os outros grifinórios que a viram, também.
- O que se passa por aqui? - Lupin estava descendo as escadas, quando perguntou. O garoto de cabelos compridos estava retomando o fôlego, enquanto Alice ainda estava estatelada no chão. Quando terminou de desce-las, os garotos puderam ainda ver Pedro atrás dele.
- Nada, só imprevistos. - Respondeu Tiago, ainda rindo.
- Enfim, vamos tomar café ou vamos ficar aqui, conversando mais um pouco? - Sirius deu a mão para a garota, que ainda estava deitada no chão. Ela o segurou, e ao invés de se levantar, o puxou.
Os dois caíram novamente.
- Vamos parar de brincadeiras? - Pediu Lílian, começando a andar. Tiago foi com ela, e eles foram os primeiros a descer para o café. Aproveitaram para conversar.
- Quem era aquele garoto que parecia que já ia desmaiar? - Perguntou a ruiva, levantando a sobrancelha. - Um tanto intrometido, não?
- Ah, é Remus Lupin. - Tiago mostrou um sorriso amarelo. - É nosso colega de quarto, por isso se meteu no assunto.
- Legal. - Ela olhou para as escadarias; ainda tinham mais três lances para descer.
- EI, VOCÊS! - Imediatamente, os dois olharam para cima. No sexto andar, Alice, Sirius, Remus e Pedro desciam correndo os lances de escadas. - ESPEREM PELA GENTE!
- Ok, não precisam se apressar. - Gritou Tiago de volta ao grupo.
Não demoraram muito até os alcançar. Mais calmo, o grupo foi conversando enquanto não chegavam no salão principal para o café. No trajeto, uns poucos alunos passavam correndo por entre eles, e algum sempre quase que caía.
Quando finalmente chegaram ao Salão Principal, procuraram um lugar na grande mesa da grifinória para que o grupo de seis alunos pudessem tomar café juntos. Acharam-no, próximo aos professores. Quando Tiago já ia pegar uma torrada, da mesa, foi interrompido.
- Sr. Potter? - Chamou-o uma voz conhecida. O garoto olhou.
Minerva Mcgoonagall o encarava, fazendo-o gelar.
- Sim?
- Primeiro ano? - Agora que percebera; a professora tinha em mãos muitos papéis. Tiago acenou que sim, com a cabeça. - Tome. Os horários da semana. - Ele pegou, e começou a ler.
- Uma aula de feitiços, uma de herbologia... - Começou, enquanto os outros recebiam papel igual. - Duas de poções e uma de Transfiguração. - Sorriu ao terminar; não sabia de nada das matérias. Lílian fez o mesmo.
- Argh, duas de poções! - Reclamou Sirius. - Logo no primeiro dia de aula! - Os dois o olharam, sem saber o porquê daquilo tudo. - Vocês não sabem o quão difícil é fazer poções, é por isso.
- E você por acaso sabe?
- De tudo. - Ele revirou os olhos.
- Por mim, tudo bem. - Remus guardou o papel no bolso, e começou a se servir.
Tiago ergueu os olhos, para buscar a cafeteira, que estava longe dele. Quando direcionou o olhar para o portão do salão, viu o garoto de nariz empinado entrar no Salão Principal.
- Ei, Sirius, olha lá o... - O garoto de óculos cutucou o amigo, que o avistou na hora.
- LULOSO! O SENHOR POR AQUI! - Gritou, começando a rir. Quase todos os primeiranistas o seguiram, e Severo ficou tão vermelho quanto um tomate. - COMO ANDA SUA NAMORADA, A LULA GIGANTE?
- Por Merlim, garotos! - Lílian olhou feio para os dois. - Não façam isso, vocês não sabem o quão vingativo ele é.
- Oh, estamos morrendo de medo.
- Garotos. - Lupin interrompeu a conversa, tocando o ombro dos dois. - Vamos para a aula, ou nos atrasaremos.
- Como assim? - Sirius mantinha um pedaço de pão na boca, que acabara de pegar da vasilha. - Nós acabamos de chegar!
- Nossa primeira aula é de feitiços. - ele pegou seu papel do bolso, e o levantou. - Alguém aqui presente por acaso sabe onde teremos aula de feitiços com o professor... - abaixou-o e leu. - Flitwick?
- Terceiro andar, à esquerda. - Gritou um grifinório do outro lado da mesa; Remus não esperava que sua voz chegasse até lá.
- Obrigado. - Sussurrou. Era muito envergonhado para coisas assim.
- Mas acho melhor que saiamos agora daqui, mesmo. - Tiago se levantou, levando consigo três torradas. - Vamos... dar uma volta no jardim, que tal?
- Começar a temporada de reconhecimento da área? - Os outros dois garotos se levantaram, deixando Alice e Lílian para trás.
- Vamos com eles, Lily! - A segunda se levantou e puxou a ruiva, que quase caiu, mas permaneceu na mesa.
- Eles vão arrumar confusão, escreva o que tou dizendo. - Disse, calma. - Quanto a nós, vamos tomar café direito.
Os quatro andaram por os jardins, sem rumo certo. Avistaram novamente o lago - embora os barquinhos já não estivessem mais lá. -, a floresta proibida - ao longe -, e a cabana do gigante.
- Que tal... - Sirius olhou para os demais, rindo. - Irmos à casa do gigante?
- Ele não é um gigante. - Lupin, outra vez. Todos olharam, bravos, para ele. - Desculpem se eu quero enriquecer sua cultura. - E ficou quieto.
- Mas diga-nos como que um ser daquele tamanho não é um gigante?
- Ele é um meio-gigante. - A voz da razão. - Filho de um dos pais gigante, e o outro, humano.
- Legal! - Exclamou Tiago, animado. - Vamos lá conhecer ele, então?
- Hã... não? - Lupin se virou de costas; a maioria dos alunos já começava suas funções de ida ao destino da sala de aula que teriam, na primeira hora. - Acho que é para a gente seguir para o terceiro andar, agora.
- No mais, a gente vai ter todo o tempo do mundo pra ir visitar ele. - Sirius deu de ombros
- Pessoal, vamos dar uma passadinha no Salão Principal antes? - Todos olharam para Pedro; ele quase nunca falava nada. - Estou com fome.
- Você acabou de tomar café!
- Mas ainda assim tenho fome. - E cruzou os braços.
- Vá sozinho então, Pedro. - Os três garotos começaram a andar em direção ao Hall de entrada. O garoto gorducho fingiu irritação por mais alguns minutos e, vendo que não tinha efeito algum, desistiu e correu atrás dos companheiros de quarto.
O terceiro andar não era lá muito diferente dos outros. Quadros falantes e móveis, escadas, objetos estranhos durante o percurso e diversas portas, mas só uma à esquerda.
Não havia ninguém lá ainda, e a porta estava fechada. Resolveram, então, esperar alguém chegar para não ficarem sozinhos na sala de aula. - junto com o professor, o que é mais constrangedor. - E, para passar o tempo, ficaram a conversar.
Quinze, trinta, quarenta e cinco minutos.
Foi quando, de repente, a porta da sala se abriu, com um estardalhaço. Os quatro, assustados, olharam para dentro. Todos já estavam em aula, e o professor Flitwick, um bruxo anão e com aparência de duende caminhou aos seus passinhos até lá.
- Cabulando aula, não? - Disse, estressado. - Pois saibam que Mcgoonagall será contatada, e os cinco pontos que a garota... Evans ganhou, acabaram de ser perdidos. - Lá dentro, a ruiva fez cara feia.
- Mas... quando chegamos não tinha mais ninguém, achamos que estávamos adiantados! - Se justificou Lupin, nervoso. Nunca tinha se metido em algo assim.
- Isso significa que já estávamos atrasados quando chegamos. - Sirius ficou rindo. - Cara, isso é engraçado. - Lupin o olhou com cara de "Obrigado pelo auxílio".
- Vamos, garotos. Vou leva-los até sua diretora. - E andou rápido. - Vocês - se virou novamente para os alunos dentro da sala de aula. - fiquem exercitando o Wingardium Leviosa.
- Aula inútil. - sussurrou o garoto pálido, quase que só para si. Mas o professor se virou.
- Sou baixinho mas escuto muito bem, senhor...
- Lupin. - ele ficou vermelho, imediatamente.
- Por que chama minha aula de inútil? - O questionou. Lupin pegou sua varinha do cós das calças naquele exato momento.
- Veja. - Chacoalhou a varinha. - Wingardium Leviosa. - E o castiçal, antes apoiado em uma pequena mesa, começou a flutuar. Flitwick soltou um sorriso.
- Então, senhor Lupin! - Falou, com sua vozinha esganiçada. Correndo de volta para a porta de sua sala. - O senhor merece ficar na aula, é inteligente demais para se desperdiçar. - O garoto sorriu e, com uma expressão, desejou sorte aos demais, entrando na sala. - Quanto aos demais... - O bruxo fez uma careta para os três, e tomou a dianteira novamente, indo para o outro extremo do andar.
O lado direito era totalmente tomado pelas cores azul-e-bronze, e o lado esquerdo, pelas cores vermelho-e-dourado. Cada lado tinha duas portas, e Flitwick foi diretamente para a superior, onde podia-se ler "Sala de Transfiguração", em letras douradas.
- Sim? - Não demorou muito até Minerva Mcgoonagall, a diretora da grifinória, aparecer, abrindo a porta com expressão de desgosto. Viu os dois, olhou para baixo e viu o colega, o que fez só piorar sua cara. - Logo no primeiro dia de aula? - Reclamou.
- Chegaram quarenta e cinco minutos atrasados, professora. - O professor ajeitou o pequeno colete, fingindo indignação. - Quarenta e cinco!
- Então, detenção? - Perguntou ela, logo adivinhando a resposta. O rosto dele se iluminou em um sorriso. - Ta certo. Senhores...
- Potter. - Tiago levantou o braço, sorrindo.
- Black.
- E... Petti... - O garoto gorducho tremia à cada letra pronunciada. Achava que perderia um braço ou algo do gênero por ter se atrasado. - Pettigrew. - A diretora soltou um muxoxo de impaciência.
- Certo. Senhores Potter, Black e Pettigrew, depois das aulas, aqui. - Sem esperar alguma reação de Flitwick, ela simplesmente fechou a porta dos quatro, quase batendo no nariz do colega.
- Agora... - O professor de feitiços tornou a andar, mas agora com um sorriso triunfante. - Aproveitem o fim das férias, senhores. Na minha aula, hoje, vocês não entram mais. - E correu até sua sala, posteriormente a fechando. Tiago fingiu chutar uma pedra. Sirius, começou a cantarolar e Pedro não se continha, e tremia dos pés à cabeça.
- Relaxa, Pedro. - O garoto de cabelos compridos sentiu a tensão, ou a respiração alterada do gorducho que vinha direto no seu rosto. - Afinal, você é um homem ou um rato?
- Ainda não sei ao certo. - Respondeu sem pensar, arrancando gargalhadas dos outros dois.
O sinal tocou sem demoras, e logo os primeiranistas da grifinória saíram da sala de Flitwick. Remus, Lílian e Alice se aproximaram dos garotos, curiosos. Mas pelo jeito dos três, totalmente descontraídos, não seria nada sério.
- E aí, o que ganharam por terem se atrasado para a aula? - Ironizou Lupin, rindo, como se ele tivesse chegado no horário.
- Seu tratante! Nós nos atrasamos por sua causa! - Ralhou Sirius, se levantando do banco que estava sentado.
- Temos aula de quê, agora? - Lílian olhava para os lados, preocupada. - Sabe, eu não quero perder os pontos que os OUTROS ganharam para minha casa. - Disse, e os outros perceberam a indireta totalmente direta.
- Oh, desculpe-nos minha gloriosa e esplendorosa ruiva. - Tiago se ajoelhou, em um bizarro pedido de perdão. Lílian, como sempre, teve suas maçãs do rosto tomadas por uma coloração vermelho-vivo. - Olha como ela fica gata com essas bochechas vermelhas. - Brincou o garoto de óculos, se levantando. A ruiva, por sua vez, lançou-o um olhar mortal.
- Aula de... - Remus verificou o horário, ainda em seu bolso. - Herbologia. - E o guardou denovo.
- Estufas? - Perguntou, incrédula, Alice.
- Você chama aquele treco imenso, que ta de pé por um milagre da natureza de estufas? - Lílian olhou para o prédio. Não queria de jeito nenhum entrar lá. - Então nossa, você vai ficar maravilhada com a arquitetura trouxa.
Rindo, os dois foram para a aula de herbologia. Foram os cinqüenta minutos mais chatos da vida de Tiago, enquanto a professora Sprout explicava algo muito complexo sobre plantas, que ele não estava muito afim de saber. Prestou mais atenção nos rabiscos de seu pergaminho, que fazia de tempos em tempos.
Não demorou muito para receber um bilhete do 'animado' Sirius, que forçava para não fechar os olhos. A primeira noite em Hogwarts, que não fora dormida, agora surtia seus reais efeitos.
Você vem sempre aqui? HAHAHAHA - Ass: Sirius
Tiago molhou a pena no tinteiro, sorriu e começou a escrever, com sua caligrafia muito mais difícil de ler que a do colega.
Pára de bobagem, Sirius. Não sabia que as aulas eram tão chatas assim. - Ass: Tiago
Olhou para o lado. Na aula inteira, eles eram os únicos que não olhavam atentamente para a professora gorducha, com cabelos muito loiros e encaracolados, vestindo algo que parecia um saco de batatas envolvido por raízes grossas e segurando um vaso com uma planta esquisita, cujas flores brilhavam no escuro e cantavam músicas das Britney Spears.
Parece que só nós dois achamos isso, meu caro amigo. - Ass: Sirius
Leu e releu, concordando com a constatação. Molhou a pena no tinteiro e, quando ia escrever, teve o bilhete puxado por ninguém mais ninguém menos que Remus Lupin. Ele molhou a pena e também escreveu.
Até parece que vocês não estão notando como é interessante essa planta. Digo, ela canta as músicas da Britney Spears! Isso é incrível não? (Estou sendo irônico. A aula está um saco, acreditem). Ass: Remus
Quando o papel voltou para a mesa de Tiago, Sirius o roubou, enquanto o garoto fazia um protesto silencioso, para a professora não notar.
Super. Agora imagine uma horta de vegetais cantantes. HAHAHA Deve ser ótimo. E quem diria, nosso saudoso, estudioso e NERD Remus Lupin, dando mais atenção a um papel sujo do que ao professor. Ass: Sirius
Tiago finalmente pegou o papel e quase rosnou para o garoto pálido, quando este ameaçou pegar o papel.
Que decepção. Achávamos que você era um garoto correto. Ass: Tiago.
O sinal não esperou a resposta de Lupin, que já a escrevia no papel, mas ao ouvir, o amassou. Todos pegaram seus materiais e rumaram aos jardins de Hogwarts. Era meio dia e a barriga da metade dos alunos já roncava, desde o meio da aula com as plantas.
- Garotos... - Lílian limpou o suor da testa, mas ainda não conseguira parar de tremer. Alice, do lado da ruiva, ainda ria da amiga. - eu jurava que aquele teto malfeito iria cair sobre nossas cabeças a qualquer momento. - Os outros riram também da preocupação da garota, e começaram a ir para o salão principal.
No meio do caminho, porém, encontraram quem não queria. Acompanhado de dois garotos, - um loiro, de cabelos quase brancos e magricela, olhos verdes que brilhavam e um sorriso malicioso estampado na face, e uma morena de cabelos encaracolados, com cara de esquizofrênica ou algum tipo de doença nos nervos. - estava Severo Snape. Os três, com suas roupas verde-e-prata, embora andassem com uma aparência lastimável, tinham um ar de superioridade, o que era comum para Sonserinos, e Tiago já se acostumara com isso.
- E aí, Luloso! - Sirius levantou o braço, chamando atenção. A expressão do sonserino mudou de "Sou superior" para "Droga, mais idiotas". - Voltou ao lago para visitar sua namorada ou agora preferiu namorar este trasgo ao seu lado? - E riu, mas ninguém entendeu direito o fim. Eles não conheciam a garota, pelo menos os outros. Alice engoliu a seco.
- Sirius. - A garota mediu a palavra, como se imitasse uma cobra. - A aberração da família Black só podia estar na grifinória, mesmo. A casa dos desclassificados. - E olhou para a ruiva, que só prestava atenção na conversa, ainda tremendo. - E dos sangues-ruins. - Snape e o loiro riram, e Sirius deu um passo à frente. Alice abraçou Lílian, que falsara um passo em direção ao castelo, para fugir do assunto.
- Bellatrix. - O grifinório a olhou dos pés à cabeça. - Você piorou MUITO nos últimos tempos ou é impressão minha? Parece uma maníaca do coraçãozinho verde-e-prata ou algo assim. - A garota se enfureceu.
- Muito melhor que você, Sirius. - Ela sorriu, maníaca. - Sou uma puro-sangue genuína, que não traiu sua própria família. - E pegou a varinha. - E se quiser saber quem está melhor, vamos ver.
- Claro que vamos. - Ele tirou a varinha do cós das calças.
- Três contra três. - Falaram Lupin e o Sonserino loiro, ao mesmo tempo. Queriam lutar juntos.
- Pode ser. - Bellatrix deu de ombros, e os dois sonserinos avançaram, bem como Tiago e Remus.
O que Lílian, Alice e Pedro viram pareceu meio turvo, mas para os duelistas era totalmente claro. Os três sonserinos lançaram o mesmo feitiço em direção a Black, que se desviou facilmente. Lupin, com categoria, mirou a varinha no loiro, que começou a cuspir um líquido roxo, como se vomitasse. Soltou a varinha desesperado e saiu correndo, gritando por ajuda. Quando o garoto pálido riu, foi atingido por um feitiço prateado de Snape, fazendo-o cair, como se tivessem puxado a grama do seus pés, de repente.
Tiago mirou o nariz do garoto e murmurou algo, fazendo-o crescer quase que instantaneamente. Com o nariz maior que qualquer outra região do rosto, Snape se apavorou, tocando o nariz. Tiago riu.
- Agora deixem comigo, garotos. - Sirius tocou a barriga do colega, que abaixou a varinha. Ficou, então, prestando atenção nos gritos do sonserino, que ainda corria, segurando o nariz.
- Você realmente acha que pode me vencer, garoto? - Bellatrix começou a movimentar a varinha, Sirius riu.
- Não, claro que não. Eu não venço, eu humilho. - e mostrou um sorriso que irritaria qualquer um. Bellatrix urrou e bradou algum feitiço desconhecido, que Sirius rebateu com a mesma palavra.
Dois raios azuis se bateram, e criaram uma espécie de esfera de energia, de onde podiam ver, passava uma corrente elétrica. Bellatrix, com os cabelos jogados para trás devido ao vento que era emanado da esfera, riu maníaca, com seus dentes muito brancos à mostra. Sirius se concentrou, fechando os olhos.
De repente, os dois foram jogados para trás ao mesmo tempo.
- O que está acontecendo aqui? - Gritou Mcgoonagall. Tiago olhou para ela, e viu ao seu lado um professor gorducho e careca, com roupas verde-e-prata. Provavelmente, o diretor da sonserina. Ao lado dos dois, o garoto loiro, ainda vomitando tal gosma roxa.
- Eles começaram, professora! - Se justificou Lupin, já de pé, sério. Mas quando a professora viu que eram Sirius e Tiago novamente, os olhou, reprovadora.
- Os dois encrenqueiros. - Falou, olhando para os dois, que instantaneamente acharam a grama suficientemente bonita para ser admirada. - Detenção dupla para os dois e Sr. Lupin, o senhor também os acompanhará nessa.
- Mas eu..
- Nada de "mas"! - Se virou de costas. Bellatrix riu, e Sirius sentiu uma grande vontade de mata-la sufocada. - Quanto aos sonserinos, Slughorn dará um jeito neles, não é?
- Claro, claro. - O gorducho riu amarelo para a professora, e chamou o trio da sonserina para uma conversa em particular, aparentando estresse e nervosismo.
Ficaram parados um tempo, pensando no que haviam feito. O melhor, em Hogwarts, pelo contrário do que Tiago pensava não eram as aulas, mas sim o que ocorria entre as aulas e nos momentos de folga. Em pouco tempo, já tinha um grupo de amigos, e sabia que podia contar cem por cento com eles.
- Vamos para o Salão Principal, garotos? - Lílian se levantou da grama; também estava pensando na luta que acabar a de ocorrer. - Digo, temos que almoçar o morreremos de fome nas aulas seguintes.
- É mesmo. - Alice parecia agora sair do 'mundo mágico dos duelos'. - Vamos logo, senão não vai dar tempo.
- Certo. - Os quatro garotos também se levantaram e, lembrando da cara dos sonserinos, foram para dentro do castelo, aos risos e brincadeiras, sem se importar com o que os aguardaria na detenção daquela noite.
Todos menos Lupin, que já tremia em pensar que já estava se metendo em encrencas por causa dos amigos; mas no fundo, não os culpava. Eram seus amigos e ele era deles, e os ajudaria mesmo que isso significasse mais e mais dias de detenção.
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