Culpa



Capítulo 10 – Culpa

Ao chegarem a Toca, Rony, Hermione, Matt e Harry a encontraram quase vazia. Somente a Sr. Weasley estava presente cozinhando como de costume. Quando ela os viu emergindo da lareira com Harry inconsciente, exigiu, muito nervosa, saber o que estava acontecendo.

-Ele está bem mãe – dizia Rony, sem parar para a matriarca – não se preocupe, tivemos que trazê-lo para cá para sua própria proteção, ele não concordou muito com a idéia, por isso precisamos, bem, nocauteá-lo.

-Matt – disse Hermione – coloque-o no sofá, vamos acordá-lo.

-Ok! – disse virando-se para a Sr. Weasley – desculpe pela invasão Sra., não queria ser inconveniente.

-Não seja bobo – disse ela com seu jeito tipicamente maternal – já que você é amigo de Harry, também é nosso amigo.

Matt sorriu agradecido, fora a primeira palavra carinhosa que recebera de um Weasley, estava começando a achar que ia gostar desta família também, talvez não de Rony, mas... colocou Harry cuidadosamente no sofá e observou.

-ENERVATE – disse Hermione.

Harry abriu os olhos no mesmo momento, estava meio zonzo, mas sabia exatamente com quem queria falar.

-Cadê a Claire? – perguntou zangado.

-Harry, por favor, tente entender o que ela está fazendo, ela só está tentando te proteger – começou Matt.

-Caramba, eu não preciso de proteção, não sou uma criança, mas que DROGA, NÃO SOU UM BEBÊ. SOU CAPAZ DE ME DEFENDER.

-Não é não – disse Rony taxativo – até que tenha sua memória de volta, você não vai conseguir se defender sozinho, precisa de ajuda, e quanto mais cedo admitir, menos irá se machucar, ou obrigar seus amigos a estuporar você.

A sala ficou silenciosa por um momento. Harry era uma mistura de vergonha e chateação. Não gostava da forma como a morena o estava tratando, mas Rony tinha razão, ele precisava de ajuda, não tinha idéia de como se defender dos bruxos que o perseguiam, nem sabia o que eles usavam para se defender...

-Desculpem – disse por fim – eu não queria ser chato, mas não gosto desta sensação, de estar me sentindo tão vulnerável, gosto de estar no controle.

-Pode crer – disse Rony saudoso – nós sabemos

Depois de alguns minutos de um silêncio incômodo, a Sra. Weasley resolveu se pronunciar.

-Vamos para a cozinha, vocês precisam comer alguma coisa.


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Uma hora já havia se passado desde que o quarteto havia chegado a Toca. Estavam todos na sala depois de um lanche caprichado preparado pela Sra. Weasley. Mas ao invés de estarem todos relaxando depois da refeição como de costume, todos pareciam tensos, principalmente Matt, que andava de um lado para o outro na sala.

-Se você continuar assim cara, eu vou ficar tonto – disse Rony – o que é que foi?

-A Claire já devia ter ligado, já devia ter dado notícias sobre o papai. Será que... – não teve nem coragem de continuar a frase, o simples pensamento de que alguma coisa pudesse ter dado errado o amedrontava. Sentou-se com as mãos na cabeça.

-Calma cara – continuou Rony – sua irmã deve estar bem, não deve ter acontecido nada.

-Tomara que... – começou Matt, mas foi interrompido pelo celular que começara a tocar.

-Alô – respondeu Matt apressado, ladeado pelos outros quatro integrantes da estranha vigília.

-Filho? – falou Jeff do outro lado da linha

-Pai? – exclamou Matt aliviado – caramba, o Sr. está bem?

-Filho, eu estou no hospital...

-O que aconteceu?

-A sua irmã, explico quando chegar, estamos no hospital dos bruxos, ela precisa de ajuda filho, e acho que só você vai poder ajudar agora, venha para cá, o mais rápido possível, por favor.

-Estou a caminho pai – completou Matt desligando o telefone.

Ficou paralisado por um momento, sua respiração rápida e descompassada, a única coisa que conseguia pensar era que sua irmã estava ferida e ele tinha que agir, e rápido.

-Matt – chamou Harry trazendo-o de volta a sala da Toca – o que houve? O Jeff está bem?

Matt estava achando difícil organizar suas idéias, não conseguiria formular uma frase coerente, a única coisa que conseguiu dizer foi:

-Claire.

Ele nunca esqueceria o que vira a seguir, Harry perdera toda a cor do rosto com uma rapidez quase recorde.

-O que houve? O que aconteceu? Como ela está? – Perguntou Harry sem parar para respirar.

-Não sei –respondeu Matt ainda aéreo – Hospital bruxo, tenho que ir...

-Iremos todos – disse Rony também com o olhar preocupado, só esperem um instante – disse correndo escada acima. Voltou carregando uma capa de beleza quase indescritível – sua capa de invisibilidade Harry, estará seguro com ela, vamos.


_________________________X_________________________



Matt, Rony, Harry, Hermione e a Sra. Weasley chegaram ao hospital Saint Mungus em questão de minutos. Harry, já estava oculto pela capa de invisibilidade. O grupo cruzou o Hall em direção a recepção.

-Preciso saber onde esta minha irmã – falou Matt a enfermeira do balcão sem nem respirar – Claire Homes, por favor, rápido.

-Só um minuto – respondeu ela consultando uma lista – Aqui está, casos graves, 4º andar, o elevador é a direita, quarto 406.

-Obrigado – disse já se dirigindo ao elevador.

Todos seguiam Matt quando Rony foi seguro por uma Sra. Weasley aflita.

-Vou avisar seu pai – disse apressada – podemos precisar da ajuda da ordem agora, esta situação está ficando cada vez mais complicada. Eles ainda podem estar em perigo – disse referindo-se a família Homes e a Harry – você e Hermione conseguem cuidar deles?

-Não se preocupe mamãe – respondeu sério – ficaremos bem – completou apressado para seguir os outros.

Chegaram ao 4º andar o mais rápido que puderam. Matt chegou a sala de espera espiando para todos os lados a procura de algum sinal de seu pai. Jeff estava sentado em uma poltrona no final do corredor, tinha as roupas ensangüentadas, os cabelos revoltos e o rosto aflito. Matt correu até ele com os outros três em seu encalço.

-Pai? – chamou Matt um pouco mais alto do que pretendia, assustando Jeff – você está bem? O que aconteceu? E a Claire?

Jeff não disse nada, levantou-se rapidamente e abraçou o filho o mais forte que seus braços conseguiram suportar, era tão bom saber que ele estava bem, a salvo, sentiu medo em somente pensar que alguma coisa pudesse ter acontecido a seu outro filho também. Sussurrou para Matt.

-Que bom que você está bem. Vocês também – disse agora se dirigindo para Rony e Hermione e separando-se de Matt.

Matt estranhou a reação do pai, ‘aconteceu alguma coisa’, pensou aflito.

-Pai, o que houve? Por que você está assim? A Claire, ela... – não conseguiu completar, se tivesse acontecido alguma coisa com sua irmã.

-Não sei como ela está ainda – disse Jeff voltando ao estado tristonho – ainda não me deram nenhuma informação.

Jeff parou por um momento, alguma coisa estava errada, faltava alguém ali, olhou para Rony e Hermione e sentiu um estalo.

-O Harry? - perguntou alarmado - cadê o Harry? O que aconteceu com vocês?

-Eu estou aqui Sr. Homes – respondeu Harry saindo de baixo da capa – não se preocupe comigo, eu estou bem.

Jeff ficou chocado, ele nunca tinha visto nada parecido com o que tinha acabado de presenciar, Harry estava invisível? Olhou para Hermione na esperança de ouvir alguma explicação, o que não demorou a acontecer.

-É uma capa de invisibilidade Sr., não é muito comum, mas é bem útil.

Mas Jeff não tivera nem tempo de argumentar ou fazer mais perguntas, pois, perto de onde o quinteto conversava, um medibruxo saiu de um quarto com uma aparência cansada e chamou:

-Sr. Homes?

Jeff nem esperou por outro chamado, correu até onde o homem estava já seguido de perto pelo resto do grupo.

-Sr. – começou o medibruso – lamento dizer que não tenho boas notícias – disse sem rodeios – lamento informar que muitos se feriram durante o ataque ao prédio trouxa. Infelizmente alguns deles não resistiram aos ferimentos.

-O que? – perguntou Jeff desnorteado – o que você quer dizer com isso? Alguns não resistiram?

-Sr., Por favor, acalme-se – recomeçou no medibruxo agora com mais cautela – os ferimentos foram graves, alguns nem tiveram a chance de resistir, eu lamento, mas não pudemos fazer nada para ajudar.

-Eu não acredito – disse Jeff tateando o corredor a procura de uma cadeira, se não se sentasse logo desmaiaria.

-Calma Sr. Homes – disse Rony que tratou de conduzi-lo logo para o banco mais próximo.

Ao sentar-se, Jeff sentiu a mão forte do filho em seus ombros. Sabia que Matt devia sentir-se tão mal quanto ele, eram amigos daquelas pessoas a tanto tempo.

-Quantas pessoas? – perguntou Matt seco ao medibruxo.

-Foram 17 mortos e 35 feridos – disse sentido – 3 em estado grave, 15 já foram obliviados e liberados e os outros 17 ainda estão em observação, mas não correm riscos.

Jeff não conseguiu pensar mais com clareza, 17 pessoas que trabalhavam com ele, pessoas que considerava familiares, mortos, era um pesadelo, ele queria acreditar que era.

-Mas e a Claire? – perguntou Harry que também parecia a beira de um colapso nervoso – como ela está?

-Bom, a Srta. Homes – começou o medibruxo hesitante – ela... não está bem, na verdade, o caso dela é um dos mas graves.

Todos reagiram das piores maneiras possíveis. Jeff enterrou a cabeça nas mãos tentando desesperadamente manter-se são. Matt parecia paralisado com mais esta informação. Hermione, que até então tentava conter as emoções, agora já nem tentava conter o choro e era consolada por Rony, que também parecia pálido, mas Harry fora o que parecera mais abalado. Olhava o vazio e começou a tremer, aquela sensação era tão familiar, a possibilidade de perder alguém, aquela dor era tão conhecida. Não podia acontecer de novo, não podia.

-O que aconteceu com ela? – perguntou sem saber realmente por que.

-Na verdade – respondeu o medibruxo – não sabemos, e este é exatamente o problema, ela parece esgotada, nada com o que a tratamos da certo, é como se ela tivesse gastado uma enorme quantidade de magia e o corpo não conseguisse suportar, repor. Não sabemos o que fazer para ajudá-la.

-Pois eu sei – disse Matt surpreendendo o medibruxo.

-Como é? – perguntou descrente

-Sei o que fazer – disse novamente – me leve até ela, agora.

-Sr. – começou o medibruxo na tentativa de parecer compreensivo – sei que estão passando por um momento delicado, mas o Sr. precisa confiar em nosso traba...

-Me desculpe, mas se eu entendi direito o que está acontecendo aqui, vocês não fazem a menor idéia de como ajudar a Claire, do que fazer para ajudá-la, para fazê-la melhorar, então, por favor, me leve até ela, antes que eu tenha que obrigá-lo a fazer isso.

O medibruxo pareceu chocado, fechou a cara e indicou o caminho para um decidido Matt.

Jeff ainda estava de cabeça baixa quando sentiu as mãos de Harry em seus ombros, levantou o olhar encontrando o rosto preocupado do moreno, sabia o que viria agora, teria que relembrar os momentos que passara a pouco, sabia que era necessário, mas não era nem um pouco confortável.

-Sr. Homes – começou Harry – o que aconteceu?

Jeff suspirou antes de começar.

-Eles chegaram mais ou menos 15 minutos depois que a Claire ligou dizendo que eu deveria liberar todos na redação e sair de lá o mais rápido possível – parou para respirar e continuou – Ela falou que iria avisar vocês, mantê-los protegidos e que depois viria a meu encontro, para me ajudar a tirar as pessoas do prédio.

-Mas, Sr. Homes, do que eles estava atrás afinal? – perguntou Harry.

Jeff hesitou por um instante antes de responder.

-De você – respondeu direcionado ao moreno.

Harry temia esta resposta, não queria continuar a ser responsável por tantas mortes, tanto sofrimento. Se sentiu tão pequeno, tão incapaz, e como se lesse seus pensamentos, Jeff acrescentou.

-A culpa não é sua – disse baixo, mas firme – a culpa é deles e somente deles.

-Mas... – começou Harry, mas foi cortado.

-Você vai me decepcionar se pensar assim, não seria o homem que pensei que fosse, sentir pena de si mesmo não vai resolvera sua vida, agir vai. – completou Jeff – mas agora só o que importa é que vocês estão a salvo – terminou esboçando um sorriso.

-Nem todos – disse Harry mais para si do que para os outros – se algo acontecer a Claire, eu...

-Não vai acontecer nada cara – disse Rony tentando demonstrar confiança – vai dar tudo certo, a Claire vai sair dessa.

-Tomara – desabafou Jeff.

-Sr. Homes – começou Hermione insegura se aquele era o melhor momento para perguntar, mas indo em frente – o que aconteceu no jornal? O que aconteceu a Claire?

-Tudo aconteceu rápido, eles estavam ameaçando a vida de uma das minhas funcionárias quando a Claire chegou. Eles me usaram, como isca, eu acho, eles queriam que a Claire aparecesse. Usaram um feitiço nela, várias vezes – continuou Jeff agora com a voz trêmula só em lembrar-se da cena – parecia que ela sentia muita dor, mas, no final, ela conseguiu assustá-los de alguma maneira. – terminou evasivo.

-Mas, e então? – voltou a perguntar Hermione.

-Depois chegaram uns homens, disseram ser aurores e nos trouxeram para cá, e a Claire já estava... ela já estava... – Jeff não conseguiu completar, abaixou a cabeça novamente.

-Ela vai ficar bem Sr. Homes – disse Hermione se aproximando – o Matt está com ela, ele vão conseguir ajudá-la.

O silêncio pairou na sala depois do relato de Jeff. Todos pareciam absortos em seus próprios pensamentos e indispostos a compartilhá-los. Uma hora já havia se passado desde a chegada do quinteto, onde a única coisa que se ouvia era alguém perguntando as horas, e o único movimento foi a chegada do Sr. e da Sra. Weasley que, depois de ouvir a história completa, também se juntaram a vigília silenciosa.

Algum tempo depois, Matt, acompanhado do medibruxo, saiu de uma sala próxima e se aproximou do grupo. Observou o pai por um instante, antes de se aproximar, ajoelhar-se a sua frente para ficar na mesma altura, o que alertou o patriarca Homes que de imediato perguntou.

-O que foi Matt? Como ela está?

-Ela vai ficar bem – respondeu sorrindo aliviado – Dei o coquetel de poções que ela precisava tomar. Ela não corre mais riscos.

O alívio foi geral. Jeff não conteve o sorriso de alegria e abraçou o filho ainda mais forte. Um abraço longo que tentava expressar o contentamento que tomara conta de sua mente.

-Podemos vê-la? – perguntou Harry que se aproximara da dupla.

-Ainda não – respondeu Matt olhando-o – ela tem que ficar isolada por algumas horas, para melhorar mais rápido, mas assim que vocês puderem entrar, eu venho avisar. Tenho que acompanhar o progresso do quadro dela, vim só para tranqüilizá-los.

-Obrigado filho – disse Jeff olhando-o nos olhos.

Matt acenou com a cabeça antes de levantar-se, despedir-se de todos e seguir para a porta que ainda era guardada pelo medibruxo.



_________________________X_________________________



Lucius Malfoy não parava de sorrir a caminho da sala de seu mestre. Ele e Umbridge andavam pelos corredores da luxuosa mansão quase saltitando, tiveram sucesso em sua missão, finalmente poderia apresentar um bom resultado a seu amado mestre. Bateram na porta com cuidado e receberam a permissão de adentrar o recinto. Lucius não se conteve e fez questão de apresentar as boas novas.

-Mestre, nós conseguimos, o teste foi feito, o recipiente ainda é válido, tudo saiu como planejado.

-Bom Lucius – respondeu o mestre levantando-se e indo em sua direção – mas quero saber de cada detalhe.

-Minha memória está a sua disposição mestre, quer assisti-la agora?

-Em breve Lucius – respondeu o mestre abrindo um sorriso quase indiscreto – nada pode dar errado agora entenderam? Finalmente terei o poder que tanto desejei – falou agora mais para si do que para os dois discípulos – Não vai demorar muito e ele estará em minhas mãos. Vão agora, depois os chamarei para ver a memória. Preciso pensar no próximo passo.

-Sim mestre – disseram Malfoy e Umbridge em uníssono antes de sair.



_________________________X_________________________



O silêncio no quarto 406 do hospital Saint Mungus fora presente por quase quatro dias, todos que iam no intuito de visitar Claire, acabavam barrados pelos medibruxos. Somente cinco pessoas tinham conseguido ir além dos médicos, mas sem conseguir permanecer por mais do que alguns minutos ao lado da morena. Mas sem querer deixá-la sozinha no hospital, o quinteto formado por Jeff, Matt, Harry, Rony e Hermione revezavam na permanência no prédio. Harry andava de um lado para o outro no corredor, quando um barulho dentro do quarto o sobressaltou. Ele nem esperou convite, entrou no quarto nervoso a procura da fonte do ruído.



_________________________X_________________________



Claire estava se sentindo péssima. Sua cabeça estava pesada, a respiração estava forçada e os seus olhos exigiram um esforço considerável para abrir. Olhou o quarto ao redor e constatou o vazio. Somente algumas máquinas ao seu lado registravam o ritmo de seu coração e seus níveis de magia. Ela não gostou de estar só, esperava ter seu pai ou talvez Matt por perto, ficou imediatamente preocupada. Será que havia acontecido alguma coisa com eles? pensou e sentiu um desespero invadi-la.’tenho que sair daqui’.

Mas, ao levantar-se, sua vista escureceu e ela não conseguiu manter-se de pé. Caiu no chão causando um forte estrondo. Tentava se levantar novamente quando viu Harry irromper pela porta com o rosto preocupado.

-Claire – disse indo em sua direção – o que foi? Por que você está se levantando? Você tem que ficar deitada, não sabemos que reação você pode ter se se esforçar demais, por favor.

-O que aconteceu? – perguntou ela sendo ajudada a voltar para a cama – E o papai?

-Calma, ele está bem, o Matt também antes que você pergunte, você é que acabou ficando pior, estávamos preocupados.

-O que aconteceu? – perguntou um pouco mais aliviada – a quanto tempo estou aqui?

-Bom, você já está aqui a quase cinco dias – disse visivelmente pesaroso – não sabemos exatamente o que aconteceu, mas isso não importa, não agora, me diz, como você está se sentindo?

-Eu estou... – começou ela sem saber exatamente como explicar o que sentia, olhou para o moreno registrando, pela primeira vez, que era ele quem estava lá, ficou imediatamente assustada e agitada, disse:

-Mas o que você está fazendo aqui? É perigoso, nós temos que sair daqui agora mesmo – disse tentando sair da cama novamente – você está louco? Se expondo deste jeito.

-Ei, calma – disse Harry a segurando – estamos seguros aqui, confia em mim, acha mesmo que eu seria tão imprudente?

-Não, mas...

-Relacha, estamos seguros – completou ele – está tudo bem.

-Desculpa – falou Claire baixando a cabeça – não queria ser chata, fiquei apenas preocupada.

-Pois não devia – disse interrompendo-a – agora somos nós que devemos nos preocupar com você, não me respondeu, como está se sentindo?

-Estou bem – respondeu sentindo a cabeça prestes a explodir – Onde estão o papai e o Matt?

-Na casa dos Weasley – respondeu ele – estávamos revezando aqui no hospital, para não chamar muita atenção ao fato de você estar aqui, a Ordem da Fenix está responsável pela sua proteção, e parece que pela minha também, então, agora eu ando com guardas e você tem um verdadeiro exército para mantê-la a salvo, aliás, falando nisso, prometi a seu irmão que ligaria assim que você acordasse, eu... – começou ele levantando-se, mas foi impedido por Claire que segurou seu punho com força.

Ela sentiu-se momentaneamente tão insegura, acordar depois de tanto tempo, em um lugar estranho, ficou tão mais tranqüila quando viu o moreno entrar pela porta, estava se sentindo tão estranha, que a simples perspectiva de que ele sairia de perto dela a deixou com medo. Queria tê-lo por perto.

-Por favor – disse com um olhar suplicante em direção ao moreno – eu não quero ficar sozinha, por favor.

-Tudo bem – respondeu compreendendo a carência da morena – posso ligar daqui mesmo – completou pegando o telefone no bolso interno das vestes.

-Alô – atendeu Matt

-Matt, é o Harry, A Claire acabou de acordar.

-Cara, que alívio, estamos indo para o hospital agora mesmo, fica com ela até chegarmos certo?

-Pode deixar – concluiu Harry – até mais tarde.

-Até – terminou Matt desligando o telefone.

Assim que Harry desligou o telefone e guardo-o novamente em suas vestes, olhou nos olhos de Claire e não gostou nada do que viu. Os olhos de Claire estavam repletos de culpa. Ele sabia que provavelmente ela se sentiria culpada pelo que aconteceu, sabia que ela precisaria conversar com alguém sobre o assunto, e parecia que ele havia sido o sorteado.

-Quantos? – Ela perguntou baixinho, com um claro medo da resposta.

-Quantos o que? – desconversou ele

-Quantos de machucaram?

-Claire, eu não acho que isso seja importante agora, por que você não descansa e depois falamos sobre...

-Harry, por favor, me fala o que aconteceu, por favor, quantos se machucaram?

Harry respirou fundo, sentou-se ao lado dela na cama e começou a falar.

-19 pessoas não sobreviveram e outras 32 se machucaram, algumas com ferimentos mais graves do que outras, mas já estão todas bem, recuperadas, obliviadas e em casa.

Harry viu as lágrimas brotarem nos olhos de Claire antes dela cobrir o rosto com as mãos e se deixando levar por elas. Ele aproximou-se da morena e a abraçou forte. Sabia que tinha que dizer alguma coisa, consolá-la de alguma maneira, mas não conseguiu elaborar uma única frase que fizesse algum sentido ou pudesse significar alguma coisa para ela naquele momento, então limitou-se a dizer:

-Sinto muito

-Eles não tinham culpa – respondeu ela entre as lágrimas – se eu tivesse chegado mais cedo, eu poderia...

-Não é culpa sua – disse Harry aos sussurros – você fez o que pôde, quase morreu lá também, por um momento pensamos – hesitou – pensamos que perderíamos você, não é culpa sua, não havia nada que você pudesse fazer.

-Eu me sinto tão pequena – admitiu ela com uma dor na voz que fez Harry abraçá-la ainda mais forte – tão inútil, por não ter conseguido ajudar mais, fazer mais, se eu soubesse...

-Mas você não sabia – disse ele seguro – não se culpe por isso, a única pessoa que deveria se culpar em toda esta história deveria ser eu, afinal de contas, eles estavam atrás de mim. Mas o seu pai está certo quando diz que a culpa é somente das pessoas que estão fazendo isto conosco. Nem eu nem você temos culpa de sermos perseguidos por esses lunáticos.

Claire desvencilhou-se do abraço de Harry e olhou-o direto nos olhos antes de dizer:

-Obrigada, por estar aqui.

-Não estou fazendo nada de mais – respirou fundo e continuou – Claire, não sei se este é o melhor momento, mas eu – hesitou – eu queria te pedir desculpas pelo que eu disse no dia do julgamento do Rony, sabe, eu fui muito injusto com você, não era sua culpa o que estava acontecendo e eu, bom, estava nervoso, confuso, e acabei descontando em você tudo que eu estava sentindo – parou novamente para respirar antes de continuar – só queria dizer que lamento o modo como agi, você não merecia ouvir o que eu te disse.

-Você teve seus motivos – disse a morena com mágoa na voz – eu não culpo você, sei que quebrei a promessa que te fiz, mas espero que você estenda meus motivos, seus amigos sempre foram tão importantes para você, o Rony e a Hermione, sempre foram partes importantes da sua vida, por isso tive que falar com eles, tive que levá-los até você, esperava que você entendesse, mas talvez eu tenha me precipitado mes...

-Estava certa – disse ele interrompendo-a – está sendo importante para mim estar com eles agora, me sinto bem estando com eles, e como estar com minha família.

-Eles são a sua família – completou a morena – é bom ter pessoas que se ama por perto.

-É, eu sei – disse pensativo – então, estou perdoado?

-Completamente – disse Claire olhando-o nos olhos.

Neste momento algo aconteceu, Harry não conseguia desviar dos olhos de Claire que ainda tinha lágrimas no rosto, estava tão perto dela e só se dera conta disto naquele momento. Ela era tão linda, parecia ter uma necessidade de ser protegida, tão frágil. Ele se aproximou dela com calma, a sentindo tremer de leve perto dele, os rostos estavam se aproximando agora. Ele conseguia sentir o cheiro dos cabelos dela, um delicioso perfume de lavanda que já lhe era tão agradável. Estavam ainda mais próximos agora, ele já conseguia sentir a respiração dela no seu rosto, quando uma batida na porta fez os dois se separarem com um solavanco.

Harry olhou para trás em tempo de ver Matt aparecer na porta seguido de Jeff, Rony e Hermione.

-Mana – exclamou Matt correndo ao encontro da irmã e dando um abraço apertado – estávamos tão preocupados.

-É filha – disse Jeff acariciando o rosto da filha com cautela – como você está se sentindo?

-Estou bem papai – disse Claire tentando acalmar as batidas do coração – Mas e o senhor? Se machucou não foi? Lembro que vi sangue no seu rosto, o senhor está bem?

-Foi só um corte no rosto e um nariz quebrado, nada que os médicos daqui não tenham resolvido em segundos.

Claire abaixou a cabeça novamente na tentativa de esconder a tristeza e as lágrimas que já recomeçavam a brotar, falou:

-Eu sinto tanto papai, por não estar lá, por não ter ajudado, por ter chegado tão tarde, eu não pude...

-Ei, o que é isso? – falou Jeff enérgico – desde quando eu permito que você se sinta assim quando coisas ruins acontecem? Filha, você fez tudo o que pôde, teve seus motivos para acreditar que o Matt e os outros estavam em maior risco do que o jornal, a culpa não é sua, não gosto que se sinta assim.

-Mas papai... – recomeçou ela

-Seu pai tem razão Claire – disse Hermione entrando na conversa – você não tinha como prever qual seria o primeiro alvo, você teve que decidir pelo mais provável.

-Aliás, Claire – começou Rony depois de alguns instantes nos quais todos ponderaram as palavras de Hermione – não querendo ser inconveniente, mas, o que aconteceu lá? Como você conseguiu espantar todos aqueles bruxos? E quem eram eles afinal? Comensais?

Claire paralisou com a pergunta, no fundo sabia que era a pergunta que todos fariam assim que ela acordasse, mas isso não tornava a resposta mais prazerosa em nada.

-A primeira coisa que vocês precisam saber é que não foram comensais que fizeram isso, esqueçam qualquer nome ou objetivo que Voldemort já teve, ele e seus comensais já não existem mais. Os homens que agiram aquele dia no jornal não são guiados pelo Lord das Trevas, estavam sob as ordens de outra pessoa – disse visivelmente pesarosa – e acho que já sei quem ele é. Sobre como eu venci aqueles bruxos, acredito ter poderes que nem eu mesma entenda ainda, mas assim que eu tiver a resposta para esta pergunta, prometo que vocês serão os primeiros a saber.

Rony parou por um momento visivelmente confuso, sabia que poderia estar sendo inconveniente, mas não conseguiu conter a curiosidade e voltou a perguntar:

-Desculpa se pareço desconfiado, mas não sei se estou entendendo direito o que está acontecendo aqui, o que você está...

Mas Rony não teve tempo de concluir, foi interrompido por uma batida na porta. Sem esperar por autorização, o medibruxo que acompanhava o caso de Claire desde o início entrou no quarto parecendo possesso.

-Posso saber o que significa isto? – perguntou bufando.

-Bom – começou Matt – minha irmã acabou de acordar depois de cinco dias inconsciente e nós viemos vê-la, posso saber por que o espanto?

-Claro que me espanto – disse ele quase aos gritos – francamente Sr. Homes, o senhor como médico deveria saber que sua irmã precisa de descanso, por favor, queiram se retirar para que eu possa examiná-la.

-Ei! – começou Matt indignado – quem você pensa que é para falar comigo dessa maneira, eu não vou a lugar algum, vou ficar aqui com ela e...

-Ele já está indo – disse Jeff sério pegando o braço de Matt com força.

-Mas papai... – começou a contestar o médico no que foi interrompido pelo pai.

-Você manda no seu hospital, nesse não, vamos.

A contragosto, Matt acompanhou Jeff, sendo seguidos por Rony, Hermione e Harry que tentavam a todo o custo inibir as gargalhadas que teimavam em tentar sair.


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