De volta a Ordem da Fenix



Capítulo 11 – De volta a Ordem da Fenix


Haviam se passado dez dias desde que Claire acordara no hospital Saint Mungus. Durante os dias que se seguiram, o revezamento de visitas continuou funcionando. Durante este tempo, nada de muito interessante aconteceu, exceto uma conversa entre Harry e Claire, que ela demoraria a esquecer, se é que algum dia esqueceria.

FLASHBACK

-Caramba, Claire – comentou Harry frustrado – eu não aguento mais, todas as vezes que eu penso que vou ter um pouco de paz uma nova coruja chega. Acho que estou recebendo mais cartas só hoje do que já devo ter recebido a minha vida inteira!

-Eu não acredito é que você está reclamando, todos te amam oras, você deveria estar lisonjeado – comentou as gargalhadas.

-Isso é por que não é com você – disse acusador – só ontem acho que foram umas cinqüenta. Isso é...

-Tá, já entendi – cortou ela – e o que elas dizem afinal?

-Algumas são de pessoas que se dizem meus amigos, outras de repórteres querendo entrevistas, tinha até uma tal de Rita Skeeter no meio, mas a Hermione me disse pra ficar longe dela, ela parecia brava, me disse que explicaria depois.

-É, eu conheço a Skeeter também, a Hermione está certa, fique longe dela – recomendou Claire – mas, o que mais?

-Bom, tem outras cartas que dizem que eu sou a pior coisa que já aconteceu ao mundo bruxo, acho que essas pessoas não gostam tanto assim de mim, e ainda tem umas que, bom... – parou de falar visivelmente constrangido.

-Sim... – incentivou Claire

-Bom, umas mulheres que – hesitou ficando púrpura – dizem que querem casar comigo, que são apaixonadas por mim, sabe, essas coisas.

-Mérlim – exclamou Claire rindo – esse povo não perde tempo! E você respondeu a alguma delas?

-É claro que não – respondeu rápido, como se precisasse se justificar – isso é um absurdo completo, eu nem as conheço.

-Bom – ponderou Claire já mais séria – talvez essa seja a oportunidade de achar alguém, aposto que pelo menos uma dessas garotas é uma pessoa legal.

Harry, que estava sentado próximo a porta do quarto, levantou-se e foi até a cama da morena, concentrado em manter os olhos pregados nos dela, sentando-se de modo a ficar a com o rosto a centímetros do dela.

-Eu não preciso achar uma garota Claire – disse sem interromper o contato visual – eu já achei.

Claire desviou o olhar visivelmente desconcertada, sabia o perigo que aquela situação lhe trazia, estava apaixonada por Harry, e apesar de tentar negar isso para si mesma, com o passar do tempo, ficou impossível ignorar. Apaixonara-se desde a primeira vez que o tinha visto, ele era tão especial, e conseguira conquistá-la só com o olhar, caramba, ela o amava, mas isso não era nada bom, eles não podiam ficar juntos, era uma realidade que ela sabia que nunca poderia acontecer.

-Harry, acho que precisamos conversar sobre o que aconteceu aquele dia – começou ela, referindo-se ao dia em que acordara, mas ainda sem olhar o moreno – você precisa entender que existem coisas sobre mim que você ainda não conhece...

-E o que você poderia dizer que me faria pensar algo diferente sobre você do que eu penso agora? – perguntou levando a mão delicadamente em direção ao rosto da morena e virando-o para que ela olhasse para ele novamente – Você me ajudou em um momento em que eu estava chateado, me ouviu, me consolou, me aconselhou, e eu me apaixonei, por uma garota linda e meiga que me conquistou desde o primeiro toque e abraço, não sei como isso poderia ser mal para você, mas eu não vejo nada de ruim nisso.

Claire ficou temporariamente paralisada, será que ela estava escutando bem, ele estava dizendo que gostava dela? Que estava apaixonado por ela? Era como se fogos de artifício estivessem explodindo em seu coração, tamanha a sua felicidade, mas a sua mente gritava chamando a razão, era impossível, ele iria odiá-la, assim que soubesse. Ela não podia fazer isso com ele, era cruel demais.

-Harry, você precisa entender...

-Não – interrompeu ele colocando o dedo dobre os lábios dela – nada do que você me disser agora vai conseguir me impedir de fazer o que eu quero fazer.

Ele se aproximou dela devagar, sentindo que ela ficava tensa a cada milímetro conquistado. Encostou os lábios nos dela de forma gentil e sentiu que ela ainda hesitava, mas não por muito tempo.

Depois do contato estabelecido, ela começou a corresponder. Ela era tão maravilhosa, pensou Harry, era alguém tão especial e aquele momento ficava cada vez mais inesquecível. Ela colocou a mão sobre o rosto dele, o que acabou como sinal, interpretado por ele como verde para aprofundar ainda mais o beijo.

Claire estava nas nuvens, senti-lo tão perto a fazia sentir-se a mulher mais feliz e realizada do mundo, queria tê-lo mais perto, senti-lo mais seu. Mas a mente dela continuava a gritar tentando fazer a sua razão superar o que ela estava sentindo. Então, uma avalanche de lembranças preencheu seu pensamento, a razão pela qual, ela tinha certeza, um dia ele ainda a odiaria, existiam verdades em seu passado que ele precisaria saber algum dia, e ela não podia abusar da confiança dele neste meio tempo, usou então todas as forças que ainda tinha e interrompeu o beijo, afastou-se dele com pressa, levantou-se da cama saindo de perto do moreno.

-O que foi? - Perguntou ele visivelmente confuso.

-Isso está errado, não pode acontecer – dizia ela mais para si do que para Harry e ,virando-se para ele, completou – não é justo com você, por favor, me desculpe.

-Desculpar o que? – respondeu ainda confuso – Claire, eu não entendo.

-Mas um dia vai entender – interrompeu dando um ponto final à discussão – por favor, vá para casa.

-Mas Claire...

-Por favor, apenas vá, prometo que conversaremos depois.

Harry, parecendo ainda confuso, mas agora um pouco bravo, olhou para Claire uma última vez antes de sair, deixando-a remoendo os próprios pensamentos.

FIM FLASHBACK

Claire foi desperta de suas lembranças por Matt, tinha recebido alta aquela manhã e agora estava apenas esperando pela comitiva que a escoltaria a casa dos Weasley.

-1 dólar pelos seus pensamentos – disse Matt sarcástico.

-Como se você não soubesse – respondeu Claire a altura.

-Poxa, você não pensa em outra coisa a dias, que chata.

-Valeu irmãozinho pela força, não sei o que eu faria sem você, você me ajuda tanto. – respondeu chateada.

-Já disse o que você precisa fazer para consertar tudo isso, mas você não me escuta.

-A muita coisa em jogo aqui Matt, não somente o que eu sinto por ele.

-Não entendo como – respondeu desafiador – sabe muito bem que não foi sua culpa, e eu duvido que ele pense diferente, você deveria contar pra ele, isso sim, aí essa história poderia acabar e você poderia ter paz de novo.

-Quer saber – disse ela levantando-se da cama – essa conversa não vai me levar a lugar algum. Mudando de assunto, fez o que eu te pedi? Falou com o Sr. Weasley?

-Falei sim – respondeu agora com um tom eficiente – ele marcou para hoje, logo depois do almoço, lá n’A Toca mesmo.

-Ótimo – exclamou ela – espero que todos possam estar pre... – mas não conseguiu completar, uma pontada em suas têmporas impossibilitou que sua mente concluísse seu pensamento, levou as mãos a cabeça imediatamente e soltou um grito agudo que ecoou pelo quarto.

-Que foi? – perguntou Matt preocupado, indo até ela no mesmo instante.

-Nada – respondeu apressada – só uma pontada, já estou legal.

-Legal uma ova – disse ele agora adotando um tom de censura – Eu ainda acho que você não deveria sair daqui tão cedo, é evidente que ainda não está bem.

-Por Mérlim Matt – falou ela exasperada – eu estou aqui a quinze dias, vou enlouquecer se ficar aqui por mais uma hora.

-Mas Claire...

-Você melhor do que ninguém sabe que eu já passei por coisa pior. Não se preocupe comigo, vou ficar bem.

Matt ainda parecia incomodado quando, com um aceno de cabeça, concordou com a irmã.

-Tudo bem, você é tão teimosa.

-Tive a quem puxar – respondeu com um sorriso maroto.

Conversaram por mais 15 minutos antes da comitiva chegar ao quarto, sendo ela composta pelo Sr. Weasley, Harry, Rony, Hermione, Quim e Carlinhos.

-E o papai? – perguntou Claire ao Sr. Weasley enquanto se encaminhavam para a área de aparatação.

-Ele ficou na Toca, a sua espera, quando saímos, ele e Molly estavam arrumando as coisas para a reunião.

-Desculpe por isso Sr. Weasley, não queria causar nenhum inconveniente para o Sr. ou sua família, mas não consegui pensar em outro lugar onde ela pudesse acontecer.

-Sem problemas filha – disse ele de forma carinhosa – fico satisfeito em saber que confia em nós.



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Chegando A Toca não demorou muito para que a Sra. Weasley anunciasse que o almoço estava servido.

Claire quase não comeu, sentia-se nervosa para o que viria, sabia que aquela reunião exporia partes de sua vida que ela queria esquecer, que ela até queria esconder, partes das quais não se orgulhava. Iria contar coisas que somente sua família e mais raras pessoas tinham conhecimento, o que não tornava a conversa mais fácil em nada.

Ela começara a sentir-se mal novamente, sua cabeça dava pontadas incômodas mais freqüentes agora, mas estava decidida a ignorar os sinais, não queria pensar em nada mais do que na reunião que viria. Tentando desesperadamente não deixar que mais ninguém notasse seu mal estar, a morena continuou firmemente a beliscar a comida.

-Está tudo bem querida? – perguntou a Sra. Weasley ao observar que a morena mal tocava na comida – não está gostando da comida? Quer que eu faça alguma outra coisa pra você...?

-Não Sra. Weasley – Claire apressou-se em responder – a comida está ótima, não se preocupe comigo, por favor, só estou meio... sem fome.

O almoço terminou sem conversas mais sérias, mas essa aparente tranqüilidade viria a baixo quando Hermione resolveu falar.

-Claire, agora que já terminamos, será que você poderia nos dizer qual o motivo de tudo isto? O que você pretende com essa reunião?

Claire abaixou a xícara de chá que estava a meio caminho da boca e a pousou na mesa, olhou Hermione tentando achar as palavras certas para falar, mas antes que pudesse começar, ouviu-se uma batida na porta, a qual o Sra. Weasley correu para atender.

-Acredito que possamos esperar pela reunião Hermione, os membros já estão chegando – disse o Sr. Weasley pra a garota - vamos indo para a biblioteca, a reunião será lá.


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Já acomodados na biblioteca, o grupo composto pelo Sr. Weasley, Rony, Hermione, Jeff, Matt, Harry e Claire, esperou algum tempo até que a Sra. Weasley começasse a fazer os convidados entrarem. A primeira pessoa que cruzou a soleira da porta da biblioteca fora a professora McGonagal, seguida de Neville, Luna, Jorge, Gui, Percy e Carlinhos. A professora traçou um caminho direto até Harry, sem notar a presença de mais ninguém na sala, chegando perto dele falou:

-Mé
rlin, você parece muito bem Potter, não sabe como fico feliz em ver você bem desta maneira – exclamou sem conseguir conter a satisfação.

-Hum... obrigado – respondeu o moreno constrangido, não fazia idéia de quem era aquela mulher.

-É cara – completou Neville que estava bem atrás da professora – estamos muito contentes por ter você de volta, seja muito bem vindo.

-Pois eu já sabia que o Harry estava vivo – concluiu Luna de forma surpreendentemente segura.

-É, e como? – perguntou Jorge zombando.

-Ora – ela respondeu segura – meu pai descobriu a pouco tempo que pessoas que entram em contato com chifres de um Bufador de Chifre Enrugado tendem a ter uma vida longa, e como o Harry viu um quando esteve na minha casa, é lógico que ele estava bem.

A sala pareceu congelar, metade de seus integrantes parecia prestes a cair na gargalhada enquanto a outra metade estava visivelmente confusa e, antes que a reunião virasse uma zona, o Sr. Weasley tomou a palavra.

-Certo... Hum... então vamos começar logo, Molly? Falta mais alguém?

-Só o Quim – respondeu ela eficiente – ele está a caminho, estará aqui em segundos.

-Ótimo, assim que ele chegar, vamos começar.



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A conversa na sala estava tensa, todos murmuravam já na expectativa da conversa que viria. Assim que Quim atravessou a porta e posicionou-se, a professora McGonagal tomou a palavra.

-Por favor, preciso da atenção de todos – disse ela tomando a atenção dos presentes imediatamente – acredito que alguns de vocês não saibam exatamente o porquê de estarem aqui, e admito que me incluo neste grupo, mas a pedido da Srta. Homes, nos reunimos nesta tarde, então, sem mais demora, passo a palavra a ela.

-Obrigada professora – começou Claire se levantando – vamos direto ao assunto.


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Claire olhou atentamente para todos os presentes antes de continuar:

-Acredito que muitos de vocês conhecem a teoria de que existe muito mais por trás da suposta morte do Harry e da tentativa de condenar o Sr. Weasley por este assassinato do que nós tivemos a oportunidade de tomar conhecimento. Mas espero que hoje possamos chegar a algumas conclusões e, se necessário acharmos, começar a agir.

Claire olhou novamente para os presentes e pôde distinguir ansiedade em quase todos os rostos, resolveu continuar já que ninguém se pronunciou.

-Informações, acredito ser isso que devemos buscar agora.

-E como vamos conseguir informações sobre alguém que nem sabemos se existe! Que nem sabemos quem pode ser! – comentou Gui sério – como podemos ir atrás de alguém assim?

-Desculpe Claire, mas acho que isso tudo é uma loucura – completou Carlinhos – estamos aqui apenas especulado, não temos certeza de que todos esses eventos tenham mesmo ligação, pode ser que tenha sido somente uma coincidência, ou, sei lá, o que quero dizer é que sabemos que Voldemort está morto, quem mais teria interesse em nós?

Claire entendia plenamente a resistência dos Weasley, a tão pouco tempo eles haviam eliminado uma ameaça de suas vidas e agora ela iria lhes apresentar outra, sabia o quanto era injusto, o quanto, na verdade, daria de tudo pra não ter que envolvê-los em mais estas verdades, mas ao mesmo tempo sabia que não podia deixá-los no escuro, tinha a obrigação de informá-los e lhes apresentar a verdade, para sua própria segurança.

-Lamento ser eu a portadora de notícias tão ruins, gostaria muito de dizer que isto é uma obra do acaso, que todos vocês estão seguros, mas isso seria mentira, e uma mentira que poderia custar a vida de algum de vocês, o que eu não estou disposta a arriscar – comentou séria – por isso insisti nesta reunião e insisto novamente em colocar todos aqui a par da situação que iremos enfrentar.

-Se você acredita tanto nisto Srta. Homes – disse Quim – nos diga o que sabe.

Claire hesitou por um instante, tinha imaginado e formulado diversas formas de começar esta conversa, mas mesmo assim ainda não tinha coragem de fazê-lo. Respirou fundo e começou.

-Bom – começou a falar – vamos começar onde todos nós possamos entender, acredito que todos aqui detêm algumas informações sobre o passado de Voldemort, a sua trajetória, correto? – perguntou no que foi respondida pelo aceno de cabeça de todos os presentes – Mas, mesmo com toda a pesquisa que o professor Dumbledore fez para descobrir um pouco mais sobre Voldemort, um período de sua vida ainda era um mistério para o professor.

-O período entre o emprego dele na Borgin & Burkes e a ida dele a Hogwarts para pedir emprego certo? – perguntou Hermione ansiosa por mais informações.

-Tá, mas se eu me lembro bem Claire, você nos disse que esta outra pessoa perseguindo o Harry não tinha nada a ver com o Voldemort, então, por que isso agora? – perguntou Rony em tom acusador.

-Eu disse que esta pessoa que estava atrás do Harry não tinha nada a ver com os objetivos de Voldemort, e não com a pessoa. – respondeu Claire calma.

-Eu ainda não entendo o que... – começou Rony

-Rony, deixa a Claire falar – repreendeu o Sr. Weasley – continue Claire.

-Bom, como a Hermione lembrou, houve um período em que o mundo bruxo inglês não teve notícias do que acontecera a Voldemort, pois bem, alguns meses depois da morte do Professor Dumbledore eu finalmente consegui uma resposta para esta pergunta.

A sala congelou por alguns segundos, todos olhavam surpresos para o rosto da morena que, sem hesitar, continuou:

-A muito tempo eu e o professor Dumbledore suspeitávamos de algumas coisas, mas eu só consegui ter certeza depois de sua morte, Voldemort... – começou agora hesitante – ele... – parou novamente e tomou fôlego – ele encontrou alguém que o encaminhou na trajetória que ele queria.

-Eu não entendo – começou George colocando em palavras a confusão da maioria – Você está dizendo que o Você-sabe-quem teve um parceiro? Um discípulo que agente não conheceu? Mas o que tornou esse cara diferente?

-Não era um discípulo ou um parceiro George – respondeu Claire com visível pesar na voz – Voldemort encontrou um mestre.

A sala caiu em um silêncio profundo, nem mesmo Harry, que entendia somente parte da história se atrevia a dizer uma palavra.

-Você está querendo dizer – começou o Sr. Weasley de forma lenta e chocada – que Voldemort teve um mestre? Mas ele odiava a todas as pessoas, ele não conhecia um só sentimento bom, até os que o serviam o faziam por medo, e não por lealdade, como ele pode ter tido um mestre? Isso exigiria no mínimo alguma espécie de submissão, o que simplesmente era absurdo para a sua mente deturpada, como...?

-O que este mestre deu a Voldemort não foi um aprendizado comum Sr. Weasley – respondeu Claire – Voldemort saiu da Inglaterra sedento por poder, por glórias que uma educação formal nunca o daria, este homem, este mestre apenas mostrou a Voldemort tudo que ele poderia fazer, realizar, conquistar e destruir para alcançar os seus objetivos obscuros, ele deu ao Lord o que ele precisava , o combustível para concretizar as próprias idéias.

-Mas isso não faz o menor sentido – disse Hermione exasperada – por que esse tal mestre faria isso? Qual o interesse nele em Voldemort? Ou em nós? O que ele queria afinal?

-Poder Hermione – respondeu Claire simples – a mesma coisa que motivou o Lord, motivou o seu mestre. Para governar uma nação não é necessário ser o seu governante oficial.

-Mas quem é esse homem? E por que isso é importante? Você esta sugerindo que este mestre é que está atrás do Harry? Que ele quer vingança ou algo assim? Pelo Voldemort? – perguntou Quim

-Sendo sincera – voltou a falar Claire – não faço idéia do por que do interesse deste mestre em Harry, mas tenho absoluta certeza que ele está por trás dos últimos eventos. Entendam, este mestre não tinha nenhum compromisso para com Voldemort, não existia fidelidade entre eles, isso não é uma vingança, acho que o Harry tem ou sabe de alguma coisa que o mestre quer ter ou saber.

-Tudo bem, então vamos lidar com os fatos, o que sabemos é que tem alguém atrás do Harry por um motivo que não temos idéia e que já esteve ligado a Voldemort, mas a questão principal é, você sabe quem é esta pessoa Claire? – perguntou Mcgonagal.

-Acho que sei – Começou a morena de forma claramente triste – e acredito que a senhora também se lembrará dele, acho que o tal mestre... é Oreon.

Todos permaneceram parados, para a maioria dos membros da Ordem, a revelação daquele nome nada significava, mas quatro das pessoas presentes na sala tinham plena consciência do peso que o nome Oreon trazia.

Hermione estava confusa, para ela, aquele nome nada significava, era um desconhecido, e ela esperava ansiosa por alguma explicação vinda da morena, mas nada acontecia, ela já estava impaciente quando resolveu perguntar:

-Mas quem...?

Mas ela não conseguiu concluir.

Professora McGonagal colocara as mãos no rosto e negava veementemente com movimentos de cabeça, até que um suspiro forte vindo dela alertou a todos e calou Hermione. Ela falou ainda com as mãos no rosto:

-Mérlim, não pode ser – desabafou com a voz embargada – por favor, não pode ser, ele não – concluiu tirando as mãos do rosto e olhando Claire nos olhos – isso é uma loucura, ele nunca se interessou por nós depois que ... Por que agora? O que ele quer de nós afinal?

-Eu adoraria saber professora, mas também não consigo entender o que está acontecendo aqui...

-AH Claire – interrompeu a professora de novo, com a aparência tão cansada que lembrava o seu semblante durante a guerra a tão pouco acabada – por favor, me diz que aquele inferno não vai recomeçar, que isso é só uma desconfiança sua, que nada disso é real.

A maioria dos membros da olhava de Claire para a professora McGonagal chocados, pouquíssimas vezes qualquer um dos presentes havia visto a diretora tão assustada e angustiada, foi como seu um vento frio tivesse atravessado todo o cômodo, um mal estar coletivo se espalhou por todos os presentes.

Mas Hermione não estava disposta a ficar de fora desta conversa por mais tempo, perguntou imediatamente:

-Porque recomeçar? O esse tal de Oreon já fez? Não me lembro de ter visto menção de ninguém com este nome em nenhum livro que já tenha lido sobre as artes das trevas...

-E nunca veria Hermione – respondeu Claire ainda com um tom tristonho – e você vai entender que esta é exatamente a vantagem que Oreon tem sobre muitos dos maiores bruxos das trevas, você nunca ouviu nem menção dele, e ele com certeza já influenciou sua vida de alguma forma pelo menos uma vez.

-O que...? – começou a perguntar Hermione, mas foi interrompida pela diretora McGonagal

-Eu vou explicar Srta. Granger – disse limpando a garganta e se endireitando na cadeira, recobrando o controle – A Ordem da Fênix que conhecemos hoje, na verdade, não foi a primeira formação que a Ordem já teve, antes mesmo de Voldemort nascer, Oreon já mostrava os seus dotes como bruxo das trevas, na verdade, a idéia da Ordem como conhecemos hoje é uma formação que já estava em prática antes do professor Dumbledore se juntar a esta causa, diz-se que a ordem foi fundada pelo professor por que o nome foi dado por ele, mas a organização contra as artes das trevas já existia a muito tempo. Oreon sempre teve um jeito muito peculiar de se fazer presente, ele não é como Voldemort, ele trabalha nas sombras, domina sem realmente demonstrar fazê-lo, o que o torna ainda mais perigoso, é difícil lutar contra quem não se vê. A primeira vez que Oreon apareceu, seus objetivos nem mesmo ficaram claros, mas da segunda vez, bom, foi depois da queda de Voldemort,ele estava atrás de uma... pessoa, e a ordem ficou responsável pela proteção deste bruxo.

-Proteção? – perguntou o Sr. Weasley intrigado – proteção de quem, eu não me lembro de ninguém que...

-Desculpe Arthur, mas nem todos os membros da Ordem sabiam disso, foi para a segurança desta pessoa que o professor Dumbledore estabeleceu este sigilo. Espero que você não fique chateado com isso, não fizemos isso por pensar que não podíamos confiar nos outros, mas o professor achou que quanto menos gente soubesse, melhor. Somente eu, ele e o professor Snape tínhamos conhecimento dos planos de Oreon.

- E agora? Podemos saber do que ele estava atrás? – perguntou George claramente curioso.

-Na verdade, não acho que isto faça muita diferença no momento – respondeu a professora evasivamente – Acho que devemos nos focar no que ele quer fazer agora. Ele matou muitas pessoas no passado, é cruel, perverso, de uma maneira que nem mesmo Voldemort conseguia ser, podem acreditar, se a Claire estiver certa, estamos em mãos lençóis.

-Então, o que vamos fazer? – perguntou o Sr. Weasley sério – como podemos descobrir o que este tal de Oreon quer agora?

-Sr. Weasley – recomeçou Claire – se vocês me permitem uma sugestão, acho que a primeira coisa que deve nos preocupar é a proteção do Harry, em nenhuma hipótese ele deve ficar sem uma vigia intensa, uma proteção 24 horas, além disso, acho que ninguém além das pessoas que estão nesta sala agora deve saber onde ele está. Escondê-lo é o primeiro passo para...

-Pois eu não acho – falou Harry abruptamente interrompendo a morena – não quero proteção, não quero me esconder, quero me defender e vou ficar aqui mesmo para fazer isso, se esse tal de Oreon quer tanto o meu sangue, acho que podemos usar isso ao nosso favor.

Claire olhava Harry sem acreditar, a boca meio aberta ainda sem reação pela suposta sugestão, uma sugestão absurda, ela pensava sem parar, mas logo que a surpresa passou, uma irritação avassaladora tomou conta de seu corpo.

-Por que você é tão teimoso em? – perguntou ela – Caramba, estou tentando te manter vivo, acha mesmo que se deixar matar ou ser isca é a solução, se ele conseguir chegar até você o que nós saberemos? NADA.

-A Claire tem razão Harry – acrescentou Rony sério – você precisa de proteção cara, e não é só pela ameaça em si, mas também por causa da sua memória, você ainda não pode se defender, está vulnerável.

-Mas eu já estou cansado disto, de fugir todo o tempo – exclamou o moreno exasperado – parece que estou sempre com a faca no pescoço, isso é horrível.

-Sabemos cara – continuou o amigo – mas estamos só tentando te ajudar, será que dói colaborar um pouco conosco?

-Não mas...

-Então deixa agente agir como acha que deve, por favor!

-Ok! – disse Harry finalmente, se dando por vencido com um suspiro alto – e como faremos isso então? Aonde irão me enclausurar?

-Só existe um lugar na Inglaterra onde eu diria que você está totalmente seguro – declarou Claire séria depois de alguns segundos – Hogwarts.

-Não sei Claire – começou McGonagal apreensiva – não queria ter alguém como Oreon rondando a escola, tenho o dever de proteger os alunos de Hogwarts e por mais que eu me importe com a segurança de Potter, tenho que pensar nos alunos também, se ele atacasse a escola...

-Nada vai acontecer – disse Claire com uma segurança que imediatamente intrigou a diretora – confie em mim, não haverá ameaças a escola.

-E como você tem tanta certeza – perguntou Hermione claramente desconfiada.

-Conheço Oreon a muito tempo Srta. Granger, sei exatamente do que ele é capaz, mas principalmente, sei o que lhe interessa e o que não interessa, um ataque a escola o exporia de uma maneira que não lhe é conveniente, ele nunca mostraria as cartas tão facilmente, a estratégia é seu método de combate, todos os passos dele serão friamente calculados, e é nessa hora que eu posso pegá-lo, se preciso for, protegerei a escola eu mesma.

-Mas como?

-Tenho meu métodos – respondeu Claire com um fraco sorriso no rosto – não se preocupem, se Oreon chegar perto de Hogwarts, eu saberei e farei de tudo para detê-lo.

Claire olhou para a professora McGonagal, que ainda parecia indecisa, ponderando suas palavras, demorou alguns segundos até que um semblante determinado aparecesse em sua face e ela retribuísse o olhar decidida.

-Tudo bem, eu aceito a proposta, o Harry vai pra Hogwarts e ficará escondido lá, na verdade, acho que até já sei onde.

-Ótimo – recomeçou Claire encerrando o tópico – agora que isso já está resolvido, minha outra sugestão é que a Ordem da Fênix seja oficialmente reestruturada, mas o mais importante é que ninguém além das pessoas que participam da Ordem saiba o que estamos fazendo, ou mesmo que saibam que a Ordem está mobilizada novamente, não tenho idéia de onde os espiões de Oreon podem estar infiltrados, não podemos arriscar nem mesmo as identidades dos participantes da Ordem.

-Espiões? – Perguntou Quim claramente surpreso – Existem espiões deste Oreon aqui? Mas...

-Lamento dizer que existem sim, não tenho idéia de quantos são, nem quem são, exceto por um, na verdade, vocês o conhecem também. Este espião era o contato de Oreon dentro dos Comensais da Morte.

-Como é – perguntou Hermione aturdida – tinha alguém desse tal de Oreon entre os Comensais?

-Pois é – respondeu Claire – Lucius Malfoy sempre foi um homem bem falso.

-Malfoy? – exclamaram Rony, Hermione, Gui e Carlinhos ao mesmo tempo

-Exato, por isso peço que todos tenhamos cuidado, os espiões de Oreon estão por toda a parte, precisamos ter cautela todo o tempo.

-Está bem – começou McGonagal retomando o tom de liderança – acredito que a Srta. Homes nos tenha dado informações valiosas esta tarde com as quais a Ordem poderá trabalhar. Está resolvido, Sr. Weasley, Srta. Granger – falou ela apontando Rony e Hermione – vocês voltarão a Hogwarts comigo e com o Sr. Potter, além da Srta. Homes, é claro

Claire deu um pulo da cadeira onde sentara assim que a professora começara a falar.

-Espera um segundo – falou ela deixando qualquer traço de educação para trás – quero ajudar sim, e podem contar com qualquer informação que eu estiver apta a dar, mas não vou a lugar nenhum, acho que a Ordem e até mesmo a Armada de Dumbledore possa dar conta da proteção imediata do Harry, pelo menos por enquanto, não posso deixar a minha família aqui sem nenhuma proteção, eles são um alvo também agora, e ninguém melhor do que eu mesma pra protegê-los, não vou deixá-los sozinhos, nem pensar.

-Vai sim Claire – disse Matt que, até o momento, não se metera na discussão – você sabe o interesse que esse homem tem por você, além do mais, o Harry precisa de ajuda e não acredito que você vá deixá-lo na mão agora

-Matt, quer fazer o favor de não se meter nisso.

-Me meto sim, eu e o papai temos mais razões para temer pela sua segurança do que você tem para temer pela nossa, o ataque ao jornal só aconteceu por que eles sabiam que você e o Harry estavam em Londres, como o papai falou, eles queria te atrair, e, diga-se de passagem, eles conseguiram, nunca fomos alvos, você é, então quanto mais longe estiver, melhor será.

-DE JEITO NENHUM! – gritou ela, mandando a calma as favas – não vou deixar vocês sozinhos aqui, não vou cometer o mesmo erro duas vezes!!!

Todos na sala observavam atentos ao “duelo” entre Matt e Claire, ninguém se atrevia a intervir, mas Hermione já estava inquieta, no calor da discussão, tanto a morena quanto o médico estavam deixando escapar informações que, para ela, assim como para a maioria das pessoas da sala ainda eram desconhecidas. Por que o tal de Oreon tinha tanto interesse em Claire afinal? Que segredo ela escondia?

-Filha – começou Jeff levantando-se também e ficando entre os filhos, que estavam de frente um para o outro, os rostos próximos – você tem que entender a nossa posição nisto tudo também, por favor, não é seguro para você ficar aqui, se expôs demais depois do que aconteceu no julgamento e no jornal, Londres não é mais um bom lugar para você estar...

-E nem para vocês – respondeu ela mais calma, mais ainda desafiadora para o pai – não vou deixá-los sozinhos, não quero receber uma coruja avisando que algo...

Matt, a essa altura, perdera completamente a compostura, puxou o braço da irmã com força gritando:

- A MAMÃE ESTÁ MORTA E, PELA MILÉSIMA VEZ, NÃO FOI CULPA SUA, TENTAR SE MATAR COM CADA SITUAÇÃO QUE APARECE COM ESSE TAL DE OREON NÃO A TRARÁ DE VOLTA, ENTÃO PARE DE TENTAR.

Todos respiravam pesadamente na sala, Matt parecia que tinha participado de uma corrida de 100 milhas, respirava com dificuldade, mas nada se comparou a expressão que apareceu no rosto de Claire. O médico arrependera-se imediatamente das palavras que tinham saído em um acesso de raiva, não existia nada que magoasse mais Claire do que a menção da morte de sua mão, e ele via, pela expressão no rosto da irmã, que tinha ido longe demais

Claire tinha os olhos marejados, parecia estar tremendo, os olhos fixos no irmão, uma dor tão forte emanava da jovem que, parecia até palpável e, ainda sem desviar o olhar de Matt, ela falou:

-Acredito que tudo que eu poderia ter feito para ajudar nesta situação já fiz, vocês sabem de tudo que eu sei, então se me dão licença... lhes desejo boa sorte.

Com essas palavras, a morena deixou a biblioteca sem olhar para trás.

-Claire, espera aí... – começou Matt, mas Claire já atravessara a soleira da porta, deixando-a entreaberta. Ele a seguiu sem hesitar, ainda chamando seu nome.

Assim que Matt saiu da biblioteca, o cômodo ficou em um silêncio mortal, ninguém tinha a coragem de fazer a pergunta que todos queriam fazer e, antes que qualquer deles dissesse alguma coisa, Jeff se levantou, foi até a porta, mas, ao contrário da atitude que todos pensaram que ele tomaria, ele fechou a porta, virou-se para os presentes e começou:

-Acho que preciso esclarecer algumas coisas.


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