Confiança Quebrada



A mente de Rony estava entorpecida, ‘HARRY ESTA VIVO!’ Sua mente gritava para ele. E parado a alguns metros de distância. Não conseguia reagir, se mexer, sentia lágrimas correrem pelo seu rosto sem nem lembrar de tê-las liberado. Todo o mundo a sua volta parecia paralisado. Era como se um sonho, o maior de todos, aquele que ele nem se atrevia a pensar que poderia acontecer, simplesmente se materializasse a sua frente, e era isso mesmo que tinha acontecido, ele estava bem ali, o mesmo rosto, a mesma determinação, chegou a se perguntar se era real, se não estava em sua cela ainda dormindo, mas o peso das algemas em seus punhos lhe provavam o contrario. Abriu o maior de todos os sorrisos que lembrou ter dado na vida, queria olhar nos olhos dele, chamar sua atenção, mas ele não olhava em sua direção, não desviava os olhos da Ministra, ‘mas por que ele não olha para mim?’ pensou:

Harry continuava parado perante a Ministra Dolores Umbridge, esperado sua reação, que não demorou muito a acontecer.

-Impossível! – disse ela após alguns segundos de um silêncio ensurdecedor e completo choque – isso só pode ser uma espécie de armação, alguma brincadeira! – exclamou agora se exaltando e levantando-se da cadeira – o que vocês estão pretendendo com isso?

-Não existe brincadeira nenhuma Ministra – exclamou Harry com uma calma que nem ele mesmo acreditava que possuía – estou bem aqui, vivo, como sempre estive.

-Então prove! – respondeu ela em voz alta – não sou ingênua a ponto de acreditar nesta palhaçada, esta é uma tentativa patética de inocentar o Sr. Weasley, e eu como Ministra da Magia não vou admitir que esta encenação continuar.

-Ministra - interrompeu Claire levantando-se – O Sr. Potter está disposto a submeter-se a qualquer feitiço ou procedimento que possa viabilizar a sua identificação, se o ministério tem tanta necessidade de comprovar a veracidade de...

-Cale a boca menina! – gritou Umbridge – Este tribunal não precisa comprovar NADA! Essa história é um absurdo, e mesmo que estivéssemos dispostos a realizar tais procedimentos, eles seriam ilegais para este julga...

-Ora Ministra! – Começou Harry agora sarcástico – se bem me lembro, estar dentro da lei nunca foi uma preocupação da senhora, mesmo por que acho que tentar lançar uma Maldição Imperdoável em um aluno em plena Hogwarts não seja exatamente o modelo de honestidade. Lembra-se daquela tarde? pois eu não vou esquecer nunca.

Se é que poderia ser possível, Umbridge parecia ainda mais possessa, ele tinha razão, ela quase usara Cruciatos nele enquanto era professora em Hogwarts, e se ele sabia disso, aquela história maluca poderia ser verdade afinal.

Claire, por outro lado, estava surpresa, ‘como o Harry sabe dessas coisas? será que ele está se lembrando?’.

-Além disso – recomeçou Harry tomando novamente a atenção de todos – a senhora fez o favor de não deixar somente marcas em minha mente, mas em meu corpo também – disse tirando a luva da mão direita – ‘NÃO DEVO CONTAR MENTIRAS’ - falou alto mostrando uma das faces de sua mão - lembra-se das noites em que me obrigou a escrever estas palavras com meu sangue e marcá-las na minha pele? A senhora pode até esquecer, mas eu não esquecerei NUNCA!

O tribunal explodiu agora, gritos indignados foram escutados por todos os lados, palavras acusatórias vinham até mesmo dos membros da Suprema Corte que pareciam perplexos. Umbridge tinha que dar um jeito na situação, e tinha que fazer isso agora.

-Não sou eu que estou sendo julgada aqui Sr. Potter, mas sim seu amigo, que será condenado sim, nem que eu...

-Não será não – exclamou Quim ainda surpreso, mas mesmo assim determinado – este julgamento acaba de tornar-se inválido, como meu cliente pode ser acusado de assassinato, se não há uma vítima, eu exijo que ele seja libertado, imediatamente!

A balbúrdia continuou, a Ministra se viu encurralada, não poderia condenar o Weasley, Quim tinha razão, não havia mais acusação. Ainda olhou para os lados, na esperança de ter algum apoio, mas só viu rostos nada amistosos ao seu redor, deu-se por vencida e declarou:

-Pois então, que seja, eu declaro o réu inocente de todas as acusações, tribunal dispensado.

Houve uma explosão no tribunal, as pessoas se levantavam e se encaminhavam em direção ao centro da sala, na esperança de ver Harry e Rony mais de perto, mas os planos do moreno eram diferentes.

Era o sinal que Harry esperava, agora tinha que continuar o plano, tinha que sair do tribunal o mais rápido que pudesse, por isso precisara decorar o mapa, precisava sair rápido, e tudo teria dado certo, se ele não tivesse se virado para Claire e acidentalmente cruzado o olhar com o réu. Então o mundo parou. Não conseguiu mais reagir, se mexer, olhava nos olhos marejados do ruivo e sentia algo estranho, uma felicidade misturada com medo, uma alegria e, ao mesmo tempo, lhe trazia uma dor quase insuportável. As sensações eram tão intensas, e só pioraram quando ele desviou o olhar para quem julgava serem os familiares dele, todos tão familiares, com certeza amados, e Hermione, tão... na verdade nem conseguiu mais pensar em nada, estava atordoado, eram muitas emoções para somente um momento, sentiu que sua mente não conseguiria suportar aquela situação por muito tempo, estava ficando tonto e ficou feliz ao sentir uma mão conhecida segurar seu braço com firmeza.

-Calma, já estou aqui – disse Matt com uma voz firme, mas reconfortante – Temos que seguir o plano, temos que sair daqui, agora.

Harry nem ousou discordar, concordou com a cabeça e se deixou conduzir pelo meio da multidão que já se aglomerara ao seu redor.

Teriam uma dificuldade fenomenal para sair de lá, mas tinham que tentar, pelo menos tinham que chegar até as escadas. O plano era infalível, mas só se eles chegassem lá.


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Rony ainda não conseguia se mexer, por algum motivo, quando Harry finalmente o olhou nos olhos, ele parecia perdido. Era como se o moreno não o reconhecesse, como se estivesse sentindo-se sozinho. Aquilo era tão estranho. Mas no momento seguinte um homem tinha chegado ao se lado e começava a conduzi-lo em meio à multidão em direção a saída do tribunal. Rony reagiu imediatamente, não tirariam Harry dele novamente, nunca mais.

Levantou-se da cadeira com um pulo e foi em direção a Harry, mas foi impedido pela mesma garota que sentara a seu lado momentos antes, Claire apenas pôs-se a sua frente claramente tentando impedi-lo de chegar ao moreno, mas Rony não estava aberto a negociações, disse ríspido:

-SAIA – gritou tentando tirá-la do caminho.

-Sr. Weasley, por favor, me escute...- começou Claire.

-Escuto depois, preciso chegar até o Harry, saia da minha frente, agora. – Exclamou ele a empurrando com força.

-Não, Sr. Weasley, por favor, o Sr. precisa me escutar – berrou na tentativa de chamar a atenção do ruivo e segurando o seu braço com toda a força que conseguiu reunir.

-ESCUTAR NADA! – gritou nervoso – Saia do meu caminho, eu preciso...

-Por favor – disse Claire que agora já estava aos prantos – deixe ele ir, é perigoso.

-Rony – chamou Hermione que já cruzara o espaço do tribunal, sendo seguida de perto pelo resto dos Weasley, e chegara até o ruivo – cadê o Harry? Quem era aquele homem? O que está acontecendo? – perguntou histérica.

-Por favor Srt. Granger – falou Claire agora mudando o alvo de suas súplicas – vocês precisam me escutar, precisam nos deixar tirar o Harry daqui, este lugar é perigoso, ele não está seguro aqui!

-Como assim? – Perguntou o Sr. Weasley que entrava na conversa – Como assim não está seguro? Precisamos de explicações mocinha, e precisamos agora!

-Eu explicarei tudo – respondeu ela após constatar que, apesar de com dificuldade, Harry e Matt já tinham abandonado o tribunal – Mas não agora. Por favor, preciso que confiem em mim de novo – disse agora dirigindo-se a Gui – vou contar tudo a vocês em breve, muito em breve.

-EM BREVE NADA! Quero uma explicação AGORA! – disse Rony explodindo – você não vai deixar este tribunal antes de nos dizer o que está acontecendo – Concluiu segurando o braço dela com força.

-Desculpe – disse Claire se desvencilhando de Rony com habilidade e pegando algo no bolso esquerdo das vestes – entrarei em contato em breve, prometo.

Quando terminou de falar, Claire desapareceu com uma luz azulada. Rony não conseguia acreditar, o que quer que ela tenha procurado nas vestes fora uma chave de portal, ela tinha conseguido escapar sem dizer uma única palavra. Um medo assustador tomou conta de sua mente, tinha perdido Harry de novo, ele escapara entre seus dedos, não conseguia e não queria acreditar. Olhou Hermione e não pode deixar de notar a dor que seus olhos demonstravam. Ele a puxou para uma abraço apertado. Olhou para o pai por um momento buscando respostas, o viu abraçando uma Sra. Weasley que, assim como Hermione, chorava pesadamente. Reparou que Fleur também chorava, abraçada ao irmão mais velho. Não tinham escolha, precisariam esperar, esperar por repostas, esperar por Claire. Como que lendo seus pensamentos, ouviu o pai dizer:

-Vamos para casa, lá poderemos conversar.



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Claire acabara de chegar a casa de Matt. Os acontecimentos de segundos atrás gravados em seus olhos como uma fotografia, Rony chorando, Hermione também, o Sr. e a Sra. Weasley, suas emoções também a flor da pele agora, se sentia mal por estar fazendo aquela família tão amada por ela passar por um momento tão difícil. Não conseguiu suportar estes pensamentos, começou num choro quase silencioso, mas mesmo assim sofrido, e ficou aliviada ao sentir os braços do irmão a envolvendo num abraço apertado.

- Como foi lá? – perguntou num misto de pena e carinho.

-Exatamente como esperávamos, horrível – disse ela secando os olhos – e o Harry?

-Chegamos a uns 10 minutos, não foi fácil sair de lá, quase tive que bater nas pessoas pra poder tirá-lo do tribunal, mas assim que chegamos as escadas eu consegui usar a chave de portal e chegamos aqui. Ele estava muito nervoso, achei melhor dar um calmante pra ele, acho que vai acordar em umas quatro horas, acha que dá tempo?

-Espero que sim, quando mais cedo formos, mas cedo voltaremos.

-Tem certeza que quer fazer isso? Não acha melhor descansar um pouco?

-Não – respondeu taxativa – temos que ir agora, antes que eu perca a coragem.

-Esta com medo dele ficar chateado?

-Ele vai me odiar, os Weasley são como uma família para mim, eles amam o Harry, não é justo que eles não saibam pelo menos o que aconteceu.

-Mas você não vai trazê-los aqui não é? – perguntou sério – você prometeu pro Harry que não faria isso.

Claire hesitou por um momento antes de responder:

-Ainda não sei, mas não temos tempo de discutir isso agora, já está com ela?

-A chave de portal? Sim está aqui.

-Então vamos de uma vez – terminou ela pegando a pequena garrafa que o irmão tirara do bolso – está pronto?

-Estou – disse a abraçando – Não se preocupe, vai dar tudo certo.

-Espero que você esteja certo – respondeu ela – espero mesmo. Pronto? – perguntou e o irmão concordou com um aceno – 3, 2, 1



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Quando Claire abriu os olhos já estavam no jardim amplo d’a Toca. Matt a seu lado já a envolvera em outro abraço antes de perguntar:

-Pronta?

-Vamos, e seja o que Mérlim quiser.


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Rony estava sentado perto da lareira da sala de estar d’a Toca. A família Weasley e Hermione haviam chegado em casa a mais de uma hora, mas ninguém parecia capaz de dizer uma única palavra. Hermione estava sentada ao lado do namorado e apertava sua mão sem nem perceber que ela já estava roxa. O restante da família também estava estranhamente quieta, nunca se vira a Toca tão quieta antes. O Sr. e a Sra. Weasley estavam no sofá no que parecia um consolo mútuo, exemplo que Carlinhos, Gui e Fleur seguiam no sofá ao lado. George, Gina e Percy estavam mais afastados, perto da janela quando um barulho nos jardins chamou a atenção.

-Gente – disse George quebrando o silêncio – Tem duas pessoas nos jardins.

-Quê? – perguntou o Sr. Weasley – Vocês estão esperando alguém?

-Não – responderam a maioria dos Weasley da sala. Ainda surpreso, o Sr. Weasley se dirigiu a porta a tempo de ver o casal chegando a soleira e tirando os capuzes.

-Olá Sr. Weasley – disse Claire olhando-o nos olhos – podemos entrar?


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O Sr. Weasley ficou sem ação, ele não acreditava que Claire iria aparecer tão rapidamente, pensou que demoraria pelo menos um dia, não que não quisesse respostas, mas não conseguiu esconder a surpresa. Não pode deixar de sorrir perante a expectativa de finalmente saber o que estava acontecendo. Olhou o casal com sincera felicidade e falou:

-Por favor – disse dando passagem para o casal entrar na Toca.

Mas, assim que Claire entrou pela porta d’a Toca, viu que o único sorriso que veria seria mesmo o do Sr. Weasley. As reações foram diversas, mas a que mais chamara a atenção da morena fora a de Rony, ele a olhava com uma raiva pura, com repulsa, como se a odiasse desde a primeira vez que a tivesse visto. Ele se levantou com uma agilidade impressionante e venceu a distância entre os dois com poucos passos. Claire sabia o que viria a seguir, mas isso não tornava a cena nem um pouco mais confortável.

-Onde ele está? – Perguntou o ruivo sem rodeios.

-Sr. Weasley – começou Claire – preciso que o Sr. me escute antes de...

-ESCUTAR DROGA NENHUMA! – Gritou Rony para ela – não me interessa o que você tem a dizer, eu quero ver o Harry, agora – concluiu avançando mais em direção a moça.

-Sr.Weasley – pediu ela novamente – há coisas que vocês precisam saber, coisas que precisam ser esclarecidas antes que vocês possam vê-lo, precisam saber...

Mas isso foi tudo que Claire conseguiu dizer antes de Rony perder completamente a cabeça, agarrara seu braço com força na intenção de obrigá-la a lhe dar a resposta que queria. As reações foram rápidas. Matt puxou Rony pela gola das vestes tirando-o de cima de Claire em um só golpe, a morena recuou assustada. O Sr. Weasley também já se aproximava da cena para conter o filho acompanhado de Gui a Carlinhos. Já os outros Weasley e Hermione pareciam sem reação.

Matt, ainda segurando Rony disse:

-Se você colocar suas patas em cima da minha irmã novamente...

-O que você vai fazer seu idiota? – perguntou Rony desafiador.

-Eu mato você – respondeu Matt de imediato soltando-o – Só porque você é bruxo – falou colocando o dedo no rosto do ruivo - isso não o torna o dono do mundo, você não é melhor do que ninguém.

-Já chega – falou o Sr. Weasley tentando restabelecer a ordem – Rony, sente-se aí e trate de se acalmar.

-Mas pai – contestou ele – esses dois devem estar mantendo o Harry preso em algum lugar, só isso o impediria de vir falar conosco, é a única expli...

-Nós nunca vamos saber o que está acontecendo se você continuar a agir assim – interrompeu Gui gritando – cale essa boca e deixe que eles falem.

Todos instantaneamente olharam para Claire que ainda parecia paralisada, a um canto da sala. Matt foi até ela preocupado. Sabia que não era uma boa idéia desde o início, fazer aquela visita, mas Claire sabia ser persuasiva quando queria.

-Claire? – perguntou ele – Tudo bem?

Mas assim que Matt encostou na irmã, constatou que, a menos que um terremoto estivesse acontecendo naquele momento, Claire tremia quase a ponto de desmaiar.

-Minha nossa, você está tremendo, vamos voltar pra casa agora mesmo, isso foi uma má idéia, e não é bom pra você ficar tão nervosa, você tem que descansar um pouco, dormir pra se recuperar, anda, vamos logo – completou tentando conduzi-la para a porta sob o olhar de todos os Weasley – onde está...?

-Não Matt – disse decidida apesar dos tremores terem se intensificado ainda mais – vamos ficar e acabar logo com isso, eles merecem saber.

-Mas Claire...

-Não Matt, não vamos antes dessa história estar explicada, ele tem razão em se zangar, é justo que eles saibam.

Ao ouvir a discussão entre os irmãos, a Sra. Weasley se aproximou e disse com uma voz que pretendia ser compreensiva.

-Querida – disse referindo-se a morena – por que você não se senta um pouco, vou buscar algo para você beber tudo bem? Acalme-se.

-Obrigada Sra. Weasley – respondeu Claire sentando-se na cadeira que a matriarca indicara. Virou-se para Matt – Você conhece o início desta história melhor do que eu, por favor, você pode começar?

Matt esperou a Sra. Weasley voltar a sala antes de começar, parecia desconfortável com a situação, mas não viu outra saída. Se era para acabar logo com aquela visita ‘que assim seja’ pensou. Aproximou-se mais da irmã de forma protetora e tomou a palavra.

-Em outras circunstâncias diria que é um prazer, mas...

-Se me permite fazer uma pergunta Matt? – falou o Sr. Weasley, esperando a confirmação do nome, o que Matt respondeu com um aceno – nos conte como vocês conheceram o Harry.

-Na verdade eu não o conheci de uma forma tradicional, eu não o achei, ele me achou. Ele estava internado em um hospital num vilarejo perto de Londres, mas como o estado de saúde dele era grave, ele foi transferido para o Hospital Metropolitan, onde sou o chefe da emergência.

-Mas o que o Harry tinha? – perguntou a Sra. Weasley aflita – o que aconteceu? Como ele se feriu?

-Sra. – respondeu Matt – não sei o que aconteceu e confesso que esperava que VOCÊS me dissessem – disse tentando afastar o tom acusatório, mas falhando miseravelmente – a única coisa que posso afirmar com certeza é que o estado dele era muito grave, o Harry ficou em coma por três semanas e teve graves fraturas por todo o corpo, e foi justamente por isso que achei que tinha alguma coisa estranha com o caso e comecei a observar. Por algum motivo, os ferimentos dele não melhoravam com o nosso tratamento. Daí comecei a desconfiar que o Harry não era trouxa. Peguei alguns livros de medicina bruxa na casa da Claire e comecei o tratamento com poções nele, e finalmente comecei a ver alguns resultados, aí tive a certeza da origem dele.

-Mas como você conseguiu? – perguntou Hermione com um tom levemente acusador – fazer poções é difícil até mesmo para os bruxos, para trouxas então.

-Na verdade – interrompeu Claire – a culpa disso é minha, eu o ensino a anos como fazer poções, afinal de contas é a minha especialidade. Achei que, algum dia, poderia ser útil – concluiu evasiva.

-Pois é – recomeçou Matt – Por isso soube ministrar as poções certas e pude ajudá-lo. Ele acordou depois de um tempo, mas com uma seqüela.

-Mérlim – exclamou a Sra. Weasley já chorado – O que aconteceu com ele? O que houve?

-Ele teve o que nós trouxas chamamos de surto de memória, não se lembra de nada que aconteceu antes de acordar no hospital.

A sala silenciou um instante para que os Weasley e Hermione absorvessem a nova informação.

Isso explicava tudo, pensou Rony, o porque do Harry parecer tão perdido no tribunal, ‘Ele não se lembra de nós’, ‘Caramba, isso só pode ser um pesadelo’.

-Espera aí! – falou Carlinhos com clara dúvida na voz – você está querendo dizer que o Harry tem amnésia?

-Bom, não deixa de ser um tipo de amnésia – explicou Matt didático – Mas não tenho certeza de ser um sintoma físico.

-Você está querendo dizer que o Harry está assim porque quer? Você está sugerindo que ele está ficando maluco? É isso? – Perguntou Rony se exaltando novamente – Quem você pensa que é para...?

-Sou o médico e principalmente AMIGO dele Sr. Weasley – Respondeu Matt tentando ao máximo conter a raiva que estava sentindo do ruivo, mas estava ficando difícil – e esclareço que não estou o chamando de louco ou nada parecido, só acho que algo aconteceu na vida dele, principalmente nos últimos meses que fez com que a mente dele tivesse a necessidade de recorrer a amnésia para mantê-lo são. O que quer que tenha acontecido na tal ‘batalha final’, na noite em que o Harry matou o tal do Voldemort, que a mente dele não conseguiu suportar.

-Por favor Matt – disse o Sr. Weasley tentando acalmar os ânimos da conversa – continue, o que aconteceu depois?

-Assim que o Harry acordou, sem memória, achei que devia descobrir alguma coisa sobre ele, investigar o passado, e pra isso precisava da Claire.

-Por isso vim a Londres- continuou agora Claire – e quando cheguei, o Harry já estava no hospital novamente.

-Mas o que tinha acontecido agora? – perguntou Hermione.

-Ele estava trabalhando, um artigo numa inauguração de trem, ou alguma coisa assim, aí, sem aviso, sem motivo aparente, desmaiou e foi levado para o Hospital às pressas.

-Estação? – perguntou Rony – que estação?

-Hum... – murmurou Matt fazendo força para lembrar – Kind across, ou King across, eu não...

-King’s Cross? – arriscou Rony

-É isso! – disse Matt concordando – mas como você...?

-Lembra-se da data? – perguntou agora Hermione, sabendo exatamente onde Rony queria chegar com aquelas perguntas.

-Acho que dia primeiro de Setembro, mas porque? Significa alguma coisa para voc...

-É o dia do embarque a Hogwarts – concluiu Claire em voz alta acompanhando os pensamentos dos outros – ele deve ter visto vocês, por isso desmaiou, ele viu vocês na estação.

-Vocês se lembram da confusão na estação que nós vimos aquele dia? - Disse Rony virando-se para a família – era o Harry, caramba, ele estava tão perto o tempo todo, e nós nem... – Não conseguiu terminar, enterrou a cabeça entre as mãos ignorando os outros presentes.

-Mas por que? Por que ele teve essa reação? – Perguntou o Sr. Weasley voltando a conversa para Matt.

-Nada de grave, provavelmente uma reação da mente dele as lembranças que devem ter surgido quando ele os viu. É comum em casos como o dele.

-Mas, e então – questionou Gui – o que aconteceu depois?

-Assim que o vi – começou Claire – o reconheci, falei para o Matt quem ele era e conversamos com o Harry assim que ele acordou.

-E como ele reagiu? – Perguntou Gui novamente.

-Mal – resumiu a morena – contei a ele tudo o que eu sabia sobre o ‘Harry Potter’, mas hoje acho que não deveria ter feito isso. Ele, bom, apesar de ter ouvido tudo o que eu disse, acabou se apegando somente a pior parte da história.

-Como assim? – perguntou Carlinhos

-Apesar de ter falado sobre a infância nada feliz dele, de sua adolescência nada tranqüila, procurei falar das coisas boas da vida que ele levava, dos amigos, de Sirius, da família, mas quando comecei a falar da Guerra, e do seu final – hesitou por um instante antes de continuar – Quando contei a ele sobre Voldemort, ele não gostou muito do que ouviu.

-Você contou a ele sobre a morte de Voldemort não é? – perguntou Rony só para confirmar as suas suspeitas.

-Contei – continuou Claire – Vocês devem entender que a reação dele não foi das melhores, ele ficou relutante em voltar, não queria uma vida onde fosse um assassino, ninguém quer algo assim – concluiu pesadamente.

-Mas então por que agora? – perguntou o Sr. Weasley na tentativa de manter a conversa e extrair mais informações dos irmãos – Porque no julgamento.

-Quando li a notícia no jornal – contou Claire – fui falar com o Harry. Eu sabia que o ministério tentava achar um culpado pela ‘morte’ do dele, alguém para colocar em Azkaban e tentar mostrar serviço para o mundo bruxo. Quando conversamos, concordamos que tínhamos que ajudá-lo – falou agora direcionada a Rony – não tive que convencê-lo nem nada, ele sabia que o certo era lhe ajudar, então armamos um plano.

-Você me disse no tribunal – começou Rony para ela – que o Harry estava em perigo, que ele precisava sair do ministério logo, o que você quis dizer com...

-Acho que, além dos motivos óbvios, digo, todo o tribunal iria cair sobre ele se tivesse chance e ainda tinha Umbridge que poderia querer prendê-lo ou coisa parecida, eu tenho uma preocupação que não consigo desconsiderar. Posso estar errada, mas acho que a sua acusação não foi apenas o efeito de um desespero ministerial. Acho que tem alguém por trás disso, alguém que fez questão de nos fazer achar que o Harry estava morto e sumir com o verdadeiro.

-Você esta querendo dizer – começou Hermione – que ainda tem alguém por aí atrás do Harry?

Claire concordou com a cabeça e a casa pareceu vir a baixo, todos pareciam querer protestar ao mesmo tempo e foram necessários vários gritos do Sr. Weasley para restabelecer a ordem.

-Mas isso é apenas uma desconfiança, certo? – falou dirigindo-se a Claire.

-É sim Sr. – respondeu Claire

-Mas ela não costuma se enganar Sr. – disse Matt entrando na conversa.

Rony abaixou a cabeça novamente. Aquilo tinha que ser um pesadelo, por que eles nunca tinham paz? Voldemort estava morto e mesmo assim parecia que a guerra contra as trevas seria eterna.

-Onde ele está agora? – Perguntou Rony

-Em minha casa, em Londres – respondeu Matt – depois do julgamento, achei melhor...

Mas um barulho interrompeu a fala do médico, uma música que sinalizava que o celular dele começara a tocar, sentiu-se idiota por não tê-lo desligado para uma conversa tão importante, e tirando-o do bolso, não atendeu a chamada, não poderia ser nada importante, não tão importante quanto o que estava fazendo agora.

-Desculpem-me por isso – disse levantando os olhos para os presentes, mas imediatamente abaixou novamente, todos pareciam olhá-lo com curiosidade, principalmente o Sr. Weasley, encantado com o aparelho.

-O que é isso? – perguntou ele com interesse para Matt

-É um celular Sr. Weasley – respondeu Hermione mais rápida que Matt - mas como você consegue fazê-lo funcionar aqui? – perguntou ela.

-Eu o enfeiticei para que funcione em lugares mágicos também – respondeu Claire – as vezes preciso falar com o Matt quando estou em algum lugar mágico, esse era o meio mais seguro que eu pensei para manter esse contato.

-É útil quando estamos... – recomeçou Matt, mas foi interrompido novamente pelo toque do aparelho, olhou Claire antes de ouvir:

-Acho que você deveria atender, está insistindo, pode ser importante.

Ele pediu licença para os presentes e saiu da sala da casa, indo em direção ao corredor, deixando Claire ainda em meio a explicações de que tipo de feitiços ela usou para fazer o celular funcionar.

-Alô – disse inicialmente

-Sr. Homes?

-Sim, sou eu.

-Aqui quem fala é o detetive West, estou ligando para informar sobre uma tentativa de roubo a sua casa.

-O QUE? –perguntou Matt sentido o chão quase sumir sob seus pés.

-Foi a alguns minutos Sr., fomos avisados por seus vizinhos.

-Mas tinha gente na casa, estava em um dos quartos, o que...

-Não se preocupe Sr., o Sr. Mark Falcon está bem, esta ao meu lado agora mesmo.

-Graças a... – disse aliviado – Estou a caminho, chego em minutos. – Concluiu desligando o telefone

Entrou novamente na sala de forma abrupta alertando todos os presentes. Claire que estava de pé foi até ele preocupada.

-O que foi Matt? Algum paciente?

-Um policial acabou de me ligar – respondeu direto – minha casa foi invadida.

-Mérlim, o Harry, o que aconteceu? Ele está bem? – Perguntou aflita.

Rony, a essa altura, também já estava de pé, seguido de perto por Hermione e Gina, assim como todos os Weasley que esperavam a resposta com evidente ansiedade.

-Ele está bem – respondeu Matt imediatamente, e o alívio na sala foi geral – mas não podemos perder mais tempo, temos que ir agora.

-Vou com vocês – disse Rony decidido

-Sr. Weasley – começou Matt – não acho que isso seja...

-Não me interessa o que você acha ou deixa de achar sabia? – respondeu chateado.

-Eu também vou – começou Hermione – Somos amigos dele também, também nos preocupamos – disse direcionada a Matt – precisamos vê-lo, por favor.

-Eu também quero ir – falou Gina que até então estava só como expectadora na sala.

Matt olhou nos olhos de Claire, os dois já esperavam por essas reações, a morena sabia o que estava em jogo ali, se lembrava claramente da promessa que fizera ao amigo, mas, ao mesmo tempo, não era capaz de não atender aos apelos daquela família. Eles eram amigos de Harry, ela só podia imaginar o que eles haviam passado todo este tempo, a saudade, as lembranças, negar-lhes isso era quase desumano, tinham o direito de vê-lo. Pelo menos, era nisso que ela queria acreditar.

Respondeu ao olhar do irmão demonstrando concordar com Rony, iria levá-los até Harry, mesmo que fosse se amaldiçoar pelo resto da vida por isso.

-Eles tem o direito Matt – concluiu ela – Vamos.

-Vocês dois podem ir – Falou o Sr. Weasley para Rony e Hermione – mas você Gina, fica aqui conosco.

-Mas pai?

-Sem mais Gina – respondeu grosso – você poderá vê-lo depois, ele nem se lembra de nós, acho que alguns momentos com o Rony e a Hermione poderão fazer bem a ele. Mas talvez não seja uma visita muito fácil, por isso prefiro que você fique.

-Mas... – tentou ela novamente

-Sem mas Gina, está decidido, tomem cuidado crianças, e se precisarem, nos avisem.

-Pode deixar pai – disse Rony – vamos?

Os Homes cumprimentaram os outros Weasley com a cabeça e partiram em direção aos jardins, com Rony e Hermione logo atrás. Chegando aos limites do terreno, Claire se virou para eles e disse:

-Só vão com calma com ele está bem – hesitou – ele ainda está muito vulnerável.

-Gostamos dele tanto quando vocês – disse Hermione sincera – não se preocupe.

Claire sorriu para Hermione no que foi respondida. ‘ela é legal’ pensou, ‘o Harry é um cara de sorte’.

-Prontos – perguntou estendendo a chave de portal para que todos encostassem – 3, 2, 1



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A sala que, a algumas semanas estava bem iluminada, agora estava estranhamente negra, apesar do dia lá fora estar radiantemente bonito, com um sol forte completamente fora de estação. Mas a sala continuava aconchegante e ocupada por apenas uma pessoa, o mesmo homem, mas que agora parecia mais feliz do que o mais feliz dos homens. Ouviu batidas a porta e disse:

-Entre

-Um homem e uma mulher entraram, o homem parecia radiante, mas a mulher parecia em pânico, tinha quase certeza que não passaria daquele momento, que morreria ali, e como que lendo estes pensamentos, o homem sentado a cadeira disse:

-Não se preocupe Dolores, está tudo saíndo exatamente como eu planejei.

A Ministra Umbridge que acabara de chegar do julgamento de Rony, pareceu confusa por um momento e, apesar de todos os seus neurônios protestarem contra a sua estupidez, ela perguntou:

-Não entendo Mestre, pensei que eu tivesse que condenar o Weasley, falhei com o Sr.

-Não falhou Dolores, você me trouxe quem eu tenho buscado por todos esses anos.

Um silêncio incômodo perdurou por um momento antes do homem perguntar:

- Quais são suas ordens Mestre? O que faremos agora?

Umbridge viu um sorriso desenhar-se no rosto de seu Mestre antes dele responder:

-Agora vamos nos divertir.

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