Por quê eu?
Capítulo 5 – Por quê eu?
Rony estava perplexo, abandonara o tom desafiador, agora demonstrando confusão, “o que estava acontecendo?” pensou, “isso só pode ser uma brincadeira, é loucura, não podem estar me acusando de matar o Harry, é insano”. Não podia ser verdade, simplesmente não podia.
-Acho que esta havendo algum engano aqui – exclamou ele agora apreensivo – como posso ser acusado do que aconteceu ao Harry, todos sabem que foi o...
-O senhor não está em condições de contestar Sr. Weasley – começou a falar já em tom exasperado o auror que estava a sua frente – nos acompanhe agora! – ordenou.
-Me desculpem, mas antes de prendê-lo, acho que temos o direito de saber que provas vocês tem – argumentou Hermione, que já estava ao lado do namorado e falava em seu tom sabe-tudo habitual.
-A Srt. É advogada dele? – perguntou o auror agressivo
-Não, mas...
-Então o ministério não lhe deve satisfações.
-Mas deve a mim – disse Gui que acabara de chegar a mesa agitado – posso saber o que está acontecendo aqui?
-Gui, eles estão prendendo o Rony pela morte do Harry – respondeu Gina que, ao contrário dos outros, demonstrava raiva em cada palavra.
A reação de Gui, porém, foi a mais surpreendente de todas, ao invés de raiva, havia outro sentimento em seus olhos, um sentimento que Rony não tinha lembranças de jamais ter visto em seu irmão antes. Nos olhos de Gui havia medo
-Por Mérlim – disse ele fechando os olhos – isso não pode estar acontecendo.
-Gui? – perguntou Rony demonstrando temor pela primeira vez – o que foi?
-Explico quando estivermos no ministério – disse Gui rapidamente – vocês irão levá-lo agora? – perguntou aos aurores.
-Como assim levá-lo? – exclamou Hermione com emoção na voz – você vai deixar? Não vai fazer nada?
-Mione – começou Gui, mas foi corado por Gina
-Que espécie de irmão é você? – Disse com raiva – Se você não faz nada, eu faço.
Gina sacou a varinha, mas antes que pudesse fazer uso dela, uma mão paralisou-a e, quando ela virou-se pronta para estuporar quem a tinha impedido, deu de cara com os olhos claros de Luna, olhando-a fixamente.
-Confie no seu irmão Gina, além disso, todos nós sabemos quem é o responsável pela morte do Harry, a sapa velha não vai conseguir incriminar o Rony, nós não vamos deixar.
Gina não pode desconsiderar aquelas palavras. Luna tinha razão, a acusação era absurda. Eles iam provar a inocência de Rony, custasse o que custasse.
-Vamos Sr. Weasley – disse o auror desviando-se do olhar de Gina, que ainda tinha em mãos a varinha. – Nos acompanhe até os portões. Aparataremos de lá.
-Mas antes – começou o auror – ENCARCERUS – falou no que cordas saíram de sua varinha e prenderam-se as mãos de Rony – só pra ter e certeza de que você não ira fugir.
-Diretora – disse Gui apressado – vou com eles, por favor, avise aos meus pais e ao Carlinhos, eles precisam saber, vou precisar de ajuda com isso.
-Claro Gui – exclamou a professora – creio que a Srt. Weasley e a Srt. Granger devam permanecer no castelo, espero que o senhor concorde comigo que...
-Nem pensar – disse Gina indignada sendo apoiada por uma Hermione que parecia ficar mais nervosa a cada instante – Vamos com você Gui, nem pense em...
-Não pensei em discordar de Gina, vocês podem ajudar – disse virando-se para a diretora – as mandarei de volta em breve diretora, prometo.
-Mas Gui – começou McGonagal
-Se eu pudesse poupá-las disso diretora, eu o faria, mas não posso, vamos meninas.
O salão ainda estava mergulhado em um silêncio profundo quando os aurores e os Weasley saíram apressados pelo portão, mas assim que a comitiva deixou o salão, o barulho foi quase ensurdecedor.
A professora McGonagal agora olhava para a única aluna que ainda permanecera a sua frente. Luna exclamou antes de dirigir-se a mesa da Corvinal:
-Tudo dará certo diretora, você verá.
-Espero que esteja certa Luna, espero mesmo.
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Rony estava em uma pequena cela localizada perto do tribunal que fora usado no julgamento de Harry três anos antes. A cela era fria e nada convidativa. Já chegara ali a horas e ainda não recebera nenhuma notícia. Queria ver sua família. Fora que não conseguia tirar uma coisa de sua cabeça. Porque Gui demonstrara medo? O que estava acontecendo? Abaixou a cabeça entre as mãos tentando acalmar o coração. Não seria condenado, não podia, não era culpado, ou pelo menos não diretamente. Sentia-se culpado, abandonara Harry quando ele mais precisou, deixara-o na mão uma vez, e ainda tinha deixado que ele enfrentasse Voldemort sozinho, não deveria ter deixado, deveria tê-lo seguido, feito alguma coisa.
Rony foi desperto de seus pensamentos por um aperto em seu ombro, olhos para cima e viu a imagem preocupada do pai.
-Rony? – perguntou – tudo bem filho?
-Pai! – exclamou levantando-se e abraçando-o – você demorou, o que está acontecendo?
-Filho, sente-se um pouco e me escute com atenção está bem? Vou te contar toda a situação.
O Sr. Weasley tomou fôlego antes de continuar:
- Filho, o ministério abriu um caso sobre a morte do Harry assim que a guerra acabou. Desde então eles procuram desesperadamente por um culpado, alguém para responsabilizar além de você-sabe-quem – Rony confirmou com a cabeça sinalizando entendimento – Pois bem – continuou o Sr. Weasley – Eles queriam um bode expiatório...
-E me acharam – interrompeu Rony – mas porque eu pai? O que eles tem contra mim?
-Rony, tem algo que você precisa saber. O ministério, durante as investigações nos interrogou, e, bem, eles te métodos para saber das coisas. Eles usaram VERITASSERUM em nós, em mim, no Carlinhos e no Gui, o Carlinhos e eu não dissemos nada de mais, mesmo porque nós não sabíamos de nada, mas o Gui, por outro lado...
-Eu contei tudo pra ele – completou Rony mais para si do que para o pai – Sobre a busca pelas Horcruxs, sobre as brigas com o Harry, sobre tudo, pai, eles sabem de tudo? – perguntou Rony assustado.
-Sabem sim, mas esse não é o pior dos nossos problemas, eles sabem sobre a briga no acampamento, sobre a sua partida, as coisas que disse para o Harry, e que você foi a última pessoa a vê-lo com vida. Arranjaram a desculpa, o motivo perfeitos para te acusar.
-Mas pai, eu voltei, concluímos a destruição das Horcruxs juntos, ficou tudo bem depois.
-Eu sei, e é isso que iremos provar, eles não podem te condenar, e não vão.
-Já perdi meu melhor amigo pai – disse exausto olhando-o nos olhos – não quer perder vocês também, não suportaria – concluiu pesaroso.
-Você não vai nos perder Rony, não vai.
-Já marcaram a data? Perguntou o ruivo
-Depois de amanhã – disse surpreendendo Rony – Umbridge quer um julgamento rápido. Mas não se preocupe, Quim vai te representar, já estamos preparando a sua defesa, tudo dará certo, prometo.
-Obrigado pai.
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Harry estava paralisado, alguém estava sendo acusado por sua morte. Era como um pesadelo. A vida que ele tanto tentava abandonar, deixar para trás, parecia sempre arranjar um jeito de voltar a atormentá-lo. Levantou os olhos do jornal e deparou-se com o rosto aflito de Claire que o fitava. Ela claramente esperava a reação de Harry. Ele abaixou a cabeça novamente para ler o restante da notícia:
“Ronald Weasley, 18 anos, foi acusado da morte do herói de nossa sociedade, Harry Potter, morto à alguns meses na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. As circunstâncias da morte do ‘eleito’ até então incertas parecem ter sido finalmente esclarecidas pelos aurores do ministério após exaustivas investigações. A Excelentíssima Ministra Dolores Umbridge, em entrevista ao Profeta alegou:
‘Temos testemunhas confiáveis que afirmam ter presenciado momentos em que o Sr. Weasley ameaçou o Sr. Potter. Temos provas e iremos condenar este mostro pela morte de nosso amado herói. Achamos que o Sr. Weasley é tão culpado quanto aquele-que-não-deve-ser-nomeado. O ministério tem a obrigação de fazer justiça, em memória de Harry Potter’
O julgamento do Sr. Weasley será realizado no dia 15 de setembro com uma audiência pública. Se condenado, o réu poderá pegar prisão perpétua em Azkaban, ou ainda a pior de todas as condenações, o beijo do dementador”.
Harry levantou os olhos após terminada a leitura e fez a única pergunta que Claire nunca esperara ouvir:
-Claire, quem é Ronald Weasley?
Claire recuperou-se rápido da surpresa da pergunta e respondeu:
-Seu melhor amigo Harry. Alguém que sempre te ajudou e por diversas vezes sacrificou tudo por você, para te ajudar.
Harry parecia cada vez mais confuso e triste agora. Sentou-se na cadeira em frente à mesa de Jeff. Permaneceu em silêncio por minutos que pareceram horas intermináveis.
-Porque não posso ter uma vida normal Claire – disse para a morena surpreendendo-a – eu só queria esquecer, viver, porque não consigo?
Claire se aproximou dele, sentando-se a sua frente e segurou suas mãos, em sinal de apoio.
-Não ser porque acontecem essas coisas com você Harry, mas precisamos fazer alguma coisa, você não pode deixar que o Rony seja condenado, temos que agir – concluiu decidida.
-Eu sei Claire – respondeu ele pesaroso – vou ajudá-lo, não deixaria que uma injustiça assim acontecesse com ninguém, ser preso não é bom em nenhum mundo, nem no trouxa nem no bruxo, mas não sei o que fazer, não posso simplesmente chegar nesse tal tribunal e disser ‘lha, eu to vivo’.
-Na verdade Harry, eu tenho um plano – respondeu ela – vamos para a casa do Matt, ele já está nos esperando, explicarei tudo para vocês dois lá, precisaremos da ajuda dele também.
-Mas o trabalho, não posso sair assim, o Vincent...
-O papai te liberou, já conversei com ele, não se preocupe – finalizou a morena.
Harry olhou para Claire, ela estava o ajudando tanto, estava sendo tão maravilhosa, tão prestativa, compreensiva, ele não sabia como iria retribuí-la. Sem saber o que dizer, disse simplesmente:
-Obrigado Claire, por tudo.
Claire sorriu para ele em retribuição. Caramba, como ele era lindo, e aquele olhar perdido era tão maravilhoso, tão ingênuo, tão puro, tão verde. Teve que se beliscar para voltar a realidade antes de dizer:
-De nada Harry, vamos indo.
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Harry, Matt, Claire estavam sentadas na bem decorada e aconchegante sala de estar do apartamento de Matt, era ampla, com janelas altas que se estendiam por todas as paredes, com uma lareira a um canto e um tapete que convidava qualquer um a tirar os sapatos e andar descalço sem demora. Com um sofá que se estendia por toda uma parede e uma estante cheia de livros, Cd’s e DVD’s, além de uma grande televisão e todos os aparelhos eletrônicos que qualquer pessoa sonha em ter.
Harry e Claire haviam chegado a menos de 10 minutos e Claire já tratava de deixar Matt a par da situação. Quando Claire terminou, a primeira coisa que Matt conseguiu fazer foi virar-se para Harry e perguntar:
-Caramba cara, e agora? O que você vai fazer?
-Sinceramente Matt, não faço a menor idéia, ainda estou tentado digerir essa história toda.
Harry parou por um momento, desde que chegara a casa de Matt, quis fazer uma pergunta a Claire mais não teve coragem, mas agora, tinha que saber, então, tomando coragem começou:
Claire, preciso fazer uma pergunta, e, por favor, seja sincera comigo ok, preciso saber, você tem certeza que esse tal de Rony não tem mesmo nada a ver com a minha suposta morte? Quero dizer, você tem certeza que ele era meu amigo certo?
-Tenho Harry – respondeu taxativa – você pode não se lembrar, mas confiava nele incondicionalmente, confie no seu próprio julgamento. Além disso, o Rony simplesmente ama você, sua simples memória ainda o emociona. Tenho certeza que ele é inocente.
Harry sorriu com a demonstração de certeza da morena, respondeu simples:
-Lembro que confio em você, e se você confia nele, não tenho por que duvidar – concluiu deixando Claire púrpura – mas você disse que tinha uma idéia, pode nos contar?
-Posso – respondeu Claire voltando à tonalidade normal – acho que não devemos te envolver a menos que não haja outro jeito.
-E como vamos fazer isso? – Perguntou Matt sarcástico – Vamos deixar o tal Rony morrer e depois vamos ao ministério e falamos ‘olha! Vocês mataram um cara inocente, que pena né?’
-Não Matt – respondeu Claire a contragosto – quando digo último momento, me refiro ao julgamento, e se você está aqui só para criticar, não sei mais se quero te envolver nisso.
Matt fechou a cara e não teceu mais nenhum comentário, mas Harry por outro lado estava curioso e perguntou:
-E como você pretende fazer isso então?
-Bom – disse Claire virando-se para o moreno – nós vamos ao julgamento.
-O que? – perguntaram Harry e Matt ao mesmo tempo.
-É isso mesmo, nós vamos ao ministério e, dependendo do resultado, aí resolvemos se é preciso revelar que você está vivo ou não – concluiu direcionada para Harry.
-E como você pretende colocar o Harry dentro do ministério sem ninguém notar, posso saber? – perguntou Matt
-A audiência é pública, o problema não será colocar o Harry lá dentro, será tirá-lo de lá caso tenhamos que expô-lo.
-Qual o seu medo Claire – perguntou Harry que gostava cada vez menos desse tal plano.
-Temos que admitir que sua repentina aparição não será algo que passará despercebido, as pessoas vão enlouquecer quando te virem de pé e vivo, além disso tem outra coisa que me preocupa.
-O que? - Perguntou Matt.
-Quem quer que tenha armado essa para o Rony, com certeza não tem muito apresso pelo lado da luz. O que quer dizer que, assim que o Harry aparecer, ele será um alvo novamente. Talvez precisemos protegê-lo e devo admitir que é com isso que eu estou preocupada.
Todos se calaram por um momento pensativos. Harry agora sentia um medo crescente, não queria colocar Matt e Claire e perigo, mas também não tinha idéia de contra o que teria que se proteger, não fazia idéia das ameaças que poderia sofrer, nem fazia idéia de que inimigos ele deveria ter medo. Não sabia o que fazer e, parecendo que lendo os seus pensamentos, ouviu Claire falar:
-Não se preocupe Harry, estamos com você, vamos dar um jeito.
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