Acusação



Capítulo 4 – Acusação

A manhã estava chuvosa. O outono chegava com tudo trazendo a já conhecida temporada das tempestades. Hogwarts, como a anos não se via, permanecia calma. Calma esta somente ameaçada pela aproximação da temporada de quadribol. Os jogos começariam dali a alguns dias e o castelo já exalava a natural aura de excitação que o esporte trazia. O primeiro jogo seria Grifinória versus Sonserina trazendo a tona toda a rivalidade já conhecida entre as casas.

Os testes foram realizados na semana anterior, mas sem muitas surpresas. Rony e Gina foram aprovados com louvo pelo novo capitão. Gina assumira novamente o cargo de apanhadora e Rony o de goleiro. Demelza Robins, Natália Mcdonald e o capitão, Dino Thomas, assumiram os postos de artilheiros e Cadu Coole e Evan Abercrombie os de batedores, claro que nenhum deles chegava perto da qualidade que o time da Grifinória tinha a alguns anos, mas foi a melhor escola que se poderia fazer. Os testes tinham durado um dia inteiro e, por um momento, Rony chegou a sentir pena de Dino. Se existia um cargo que Rony nunca ansiara, este era o de capitão.

Após um banho “despertador”, Rony desceu as escadas para a sala comunal com o familiar ronco no estômago. Esperou por Hermione e Gina que desceram quinze minutos depois imersas em conversas.

-Dia Mione! – disse Rony dando um selinho na namorada – Dia Gina!

-Dia Rony – respondeu a ruiva – você sabe se hoje vai ter treino?

-Bom, não vi o Dino hoje, mas se ele marcou, não vejo porque não.

-Que tal olhar pela janela Ronald – exclamou Hermione – olha a chuva que ta caindo, vocês estarão encharcados antes mesmo de levantar vôo – concluiu exasperada.

-Amor – disse Rony analítico – no dia provavelmente vai estar chovendo também, é bom estarmos preparados pra qualquer situação.

-HAAAA..., pode parar – interrompeu ela – chega, eu desisto, vocês não vão deixar de gostar de quadribol nunca né?

-Mas é claro que na – respondeu Gina enfática – pe a única oportunidade que eu tenho de bater nos meus irmãos com uma desculpa – disse entre gargalhadas – e o melhor é que se eles revidarem, acho que a mamãe os mata.

-AHA! – disse Rony zombando – então é por isso – disse pegando uma almofada e jogando na irmã – pra seu azar maninha, esse ano você não terá uma goles na mão, e pra minha sorte também, sevo admitir.

-Ai, como vocês são chatos – disse Hermione tentando esconder o sorriso – vamos de uma vez, temos aula com o Gui logo depois do café, não podemos nos atrasar.


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Já eram meados de outubro, todos já estavam mais do que habituados as aulas do novo professor de DCAT. Rony, Hermione e Gina iam em direção a sala de aula quando esbarraram em alguém que imaginaram que nunca veriam novamente:

-Malfoy? O que você está fazendo aqui? – perguntou Rony rancoroso – pensei que tivesse fugido ou se perdido no mundo, devo admitir que era uma esperança, mas vejo que me enganei.

-Calma Weasley – exclamou o loiro com cinismo – Se você ficar demonstrando o seu amor por mim assim no corredor, as pessoas podem pensar coisas ERRADAS sobre você, não acha?

-Ora seu...! – avançou Rony em direção ao sonserino, mas Hermione foi mais rápida se interpondo entre os dois.

-Não vale a pena amor – disse se virando em seguida para Malfoy – ainda não escutamos sua resposta Draco, podemos saber o que faz aqui?

-Vamos lá Granger, imaginei que você fosse a menina mais inteligente deste lugar, e não sabe responder algo tão simples, estou desaponta...

-O que está acontecendo aqui? Perguntou Gui, que vinha do café também indo em direção a sala.

-Nada professor – respondeu Draco com desprezo – estava apenas batendo um papinho com meus velhos amigos – Ele conseguiu concluir antes de ser interrompido

-Pois eu sugiro que você vá pegar o seu material para a minha aula Sr. Malfoy, porque ela começará em 10 minutos e eu descontarei 20 pontos da sua casa por minuto que você atrasar.

Todo o sorriso do sonserino desapareceu antes dele dar meia volta e sair em direção às masmorras.

Gina foi a primeira a recuperar a voz e perguntou:

-Gui, você sabe por que o Malfoy está aqui? Ele voltou para a escola? É isso?

-Os Malfoy fizeram um acordo com o ministério, eles têm o perdão oficial do ministério em troca de parte da fortuna deles e informações sobre você-sabe-quem e os outros comensais. Por isso o Draco pôde voltar.

-Eu não acredito nisso! – Explodiu Rony – Eles mataram pessoas, e não foram poucas, o Draco quase matou a Angelina, quase me matou com aquele veneno, e sai impune desse jeito? É...

-Eu sei Rony, também não gosto da idéia, mas o ministério mandou, temos que acatar.

-Tudo culpa daquela megera – disse Hermione com uma raiva que surpreendeu a todos - Ainda não acredito que aquela sapa velha conseguiu finalmente ser ministra. É ultrajante.

-Ela tem seus métodos – concluiu pesadamente Gui – ela tinha metade dos membros da suprema corte nas mãos, ter informações constrangedoras pode ser bem útil. Bom, mas deixa essa conversa de lado, vamos as aulas antes que eu tenha que tirar pontos da grifinória pelo atraso de vocês.


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Os dias seguintes correram de forma apressada, a data do primeiro jogo finalmente havia chegado e Rony, a mesa do café da manhã, já apresentava o tom esverdeado que naturalmente antecedia um jogo. Mas mal sabia ele que aquele dia seria inesquecível, mas por outros motivos.

O salão principal estava quase explodindo com a excitação dos alunos quando a chegada de seis homens em vestes negras roubaram a atenção dos alunos e professores.

A professora Mcgonagal apressou-se até eles e começou uma conversa nervosa. Agora o salão já mergulhara num silêncio curioso e assistia a cena. Nem um minuto havia se passado e os homens já desviavam-se da diretora e seguiam em direção a mesa da Grifinória. Algo estava acontecendo, e Rony sabia que não podia ser boa coisa. Os homens pareciam procurar por alguém e, ao cruzarem o olhar com o do ruivo, o homem à frente do grupo acenou para os outros, logo, os seis estavam postados ao redor de Rony com as varinhas em punho.

-Sr. Weasley? Ronald Weasley?

-Sim, sou eu – respondeu Rony desafiador – posso saber a que devo a honra de ter a visita de seis aurores me apontando varinhas?

-Pode sim Sr. Weasley – respondeu secamente – o Sr. Está preso pelo assassinato do Sr. Harry James Potter, por favor, nos acompanhe.


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Harry estava em uma floresta densa. Tentava localizar alguém ou alguma coisa, mas a visibilidade era zero. Estava muito escuro e o ambiente parecia a cada instante mais ameaçador. O silêncio parecia impenetrável, contudo, depois do que pareceram horas de apreensão e aflição, uma risada alucinada cortou o ar. Todos os cabelos do corpo de Harry se arrepiaram, havia uma certa loucura naquela risada, parecia felicidade misturada com excitação. Um sentimento que nem ele soube definir se apoderou de seu corpo o empurrando em direção a fonte das gargalhadas. Andou por alguns instantes e parou ao avistar uma clareira bem iluminada.

Ao aproximar-se da clareira, viu em espelho com escritos estranhos em sua moldura. Se aproximou sem conseguir conter a curiosidade, “será que era dali que vinha a risada?” se perguntou, por algum motivo parecia plausível naquele momento, o espelho parecia vivo. Se aproximou ainda mais dele, a excitação crescendo. Quando ficou exatamente a frente do espelho, sua visão foi aterrorizante.

Não era o seu reflexo, era o de um homem muito branco, com um rosto ofídico, veste negras longas e olhos de um vivo vermelho. Havia tanto ódio naqueles olhos, mas ao mesmo tempo algo que lembrava triunfo. O reflexo sorria, mas o sorriso era frio e sarcástico. Harry queria desviar os olhos, sair dali, mas algo o atraía, prendia. Ele não conseguiu e, como que respondendo a suas indagações mentais, o reflexo disse:

-Eu consegui Potter! Você se tornou igual a mim!

A gargalhada aumentava agora. Harry não conseguia pensar, tinha que parar aquilo, precisava de ajuda, aquilo precisava parar, ele não agüentava mais, gritava por ajuda.

Acordou com uma enfermeira ao lado de sua cama tentando acalmá-lo, sentia a garganta falhar pelos gritos e os olhos marejados ainda revivendo o pesadelo de segundos atrás. A enfermeira apressou-se em colocá-lo novamente de forma confortável na cama antes de falar:

-Acalme-se Sr. Falcon, vou chamar o Doutor Homes, aguarde aqui está bem?

Harry concordou com a cabeça ainda tentando acalmar as batidas do coração. Fora tão real, tinha que ter um fundo de verdade naquilo, alguma lembrança talvez, alguma coisa. Queria se lembrar, mas ao mesmo tempo não queria. Não sabia o que pensar.

-Posso saber como você está? – perguntou um Matt preocupado acordando-o de seus pensamentos.

-Oi Matt, estou bem, foi só um pesadelo, ou melhor, acho que a minha vida está virando um pesadelo. Eu, bruxo, e ainda por cima em suposto herói que mata pessoas... por favor Matt – disse com um tom que beirava a súplica – essa história é um pesadelo, não é?

-Desculpa cara, mas não é. Depois que você apagou, a minha irmã foi buscar uns Profetas antigos que ela tinha guardados. Tem fotos suas em quase todos eles, você tem uma história e tanto.

-Profetas? O que é isso?

-Hã? A ta, desculpa por isso, é o jornal dos bruxos.

-Eles também têm jornal?

-VOCÊS também têm um jornal Harry, não esquece que este é o seu mundo também.

-Bem que eu gostaria de esquecer – disse mais para si do que para Matt.

-Hum, Harry, a Claire pediu que eu conversasse uma coisa com você – começou Matt constrangido – bom – continuou tomando coragem – creio que você entenda que tinha uma vida antes, você sabe, de perder a memória, e consequentemente tinha amigos, uma família, sabe, pessoas que se importavam com você, então achamos que talvez você quisesse...

-Não – disse Harry cortando o amigo

-Não o que? Eu ainda nem...

-Não quero vê-los, não quero esta vida de volta Matt, quero ser Mark Falcon e ninguém mais.

Matt não conseguia esconder o choque, esperou todas as reações do amigo, menos essa.

-Harry, entendo que o momento é difícil, que você deve estar confuso, mas...

-Mas nada Matt, eu não quero essa vida de novo, sou um assassino como Harry Potter, mas sou normal como Mark, tenho um trabalho, uma vida, uma nova chance, e não vou abrir mão disso de jeito nenhum.

-Me desculpe Harry, mas eu vou insistir – disse Matt já nervoso – Você tem pessoas que te amam de verdade como Harry, caramba, a Claire me contou que seus amigos ainda sofrem por causa da sua suposta morte. Eles se importam com você, DROGA, é quase uma traição de sua parte pensar em você agora, é tão egoísta. Eu nunca pensei que você pensaria desta...

-Eu estou pensando neles também Matt, sou um cara sem memória que passa mais tempo no hospital do que em qualquer outro lugar e não faz idéia de quem foi ou o que fez nos últimos 18 anos de sua vida, quando me lembrar, de como minha vida era, aí poderei pensar em vê-los, mas agora sou só o Mark, e, se você me faz o favor, pare de me chamar de Harry – concluiu ele aborrecido.

-Quer saber – disse Matt se levantando e se dirigindo para a porta – faz o que você julgar certo, mas se fosse comigo, se eu fosse esse amigo, nunca te perdoaria.

Matt saiu sem olhar para trás, deixando um Harry pensativo para trás.


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Um mês havia se passado desde o incidente na estação, Harry estava cada vez melhor no trabalho e Vincent estava mais do que satisfeito. Harry parecia ter um faro especial para as notícias, como se algo o atraísse para os acontecimentos mais bizarros e interessantes que ele já vira.

-Você tem um talento e tanto sabia? – disse Vincent para Harry uma manhã – nunca vi ninguém escrever tão bem em tão pouco tempo. O Jeff vai ficar feliz quando eu mostrar a próxima matéria. E falando no chefe – disse virando-se para o diretor que vinha em sua direção – Bom dia chefe! Tudo bem? Olha, a nova matéria...

-Depois Vincent – exclamou Jeff nervoso – por favor Mark, me acompanhe – disse olhando para Harry.

-Senhor, está tudo bem? – perguntou Vincent preocupado.

-Nada de mais Vincent, não se preocupe, vamos Mark, agora.

Harry lançou um olhar questionador a Jeff antes de segui-lo, não tinha idéia do motivo pelo qual o seu chefe estaria tão nervoso. Alguma coisa devia ter acontecido, e pelo jeito, não era boa coisa.

-Entre – disse Jeff ao chegarem a sala, mas para a surpresa de Harry, ela não estava vazia, uma aparentemente ainda mais nervosa Claire aguardava por ele dentro da sala – vou deixá-los a sós – Disse o diretor fechando a porta.

-Oi Harry, desculpa o mau jeito, mas tinha que encontrá-lo o mais rápido possível.

-Ok! Tudo bem – disse Harry com um sorriso sincero – mas, por favor, me chame de Mark, sabe que não gosto do outro nome, mas o que há de tão urgente?

-Isso – disse ela mostrando um jornal para o moreno – saiu hoje, acho que vai lhe interessar.

Harry pegou o jornal e não teve dificuldade em identificar a notícia que abalara tanto a morena. Uma manchete com a foto de um ruivo incrivelmente familiar ilustrava a frase que dizia:

“Preso Ronal Weasley pelo assassinato de Harry Potter”

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