Assassino



A estação estava anormalmente cheia aquela manhã, reparou o patriarca Weasley. Ele olhou ao redor curioso, seu interesse por trouxas já conhecido aparecendo, até que seu olhar se reteve em sua esposa, que já lhe lançava olhares desaprovadores. Ela bufou:

- Nem pense nisso Arthur, estamos aqui para embarcar nossos filhos e nada mais, entendeu?

-Claro querida – respondeu ele – eu não ia fazer nada – acrescentou maroto.

-É, sei – ela exclamou descrente – vamos logo, os garotos já estão nos esperando.

Rony, Gina e Hermione já estavam perto da coluna entre as plataformas 9 e 10 quando um grito lhes chamou atenção. Algo estava acontecendo a alguns passos deles, um homem gritava por outro que parecia desmaiado, mas eles não conseguiam distinguir quem eram. Estavam longe, outros trouxas já estavam ao redor parecendo dispostos a prestar socorro. Rony virou-se para Hermione perguntando:

-Mione, acha que devemos ajudar? Nós poderíamos...

Mas a resposta não veio de Hermione, a Sra Weasley que já os alcançara falou:

-Nem pensar, eles vão sobreviver, além do mais, vocês já estão atrasados, andem, vão logo – concluiu ela.

Rony olhou para a irmã e a namorada. Gina deu de ombros e passou pela pilastra tendo os outros dois em seu encalço.


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Ao contrário da estação, a plataforma 9/2 estava exatamente como o trio esperava. Corujas piando enlouquecidas, pais de um lado para o outro em meio a despedidas e a correria de sempre.

Ao final da plataforma Rony avistou quem procurava. George, Gui e Carlinhos já estavam a espera da comitiva Weasley com sorrisos e abraços.

-Ainda nem acredito que tudo vai voltar ao normal – dizia Carlinhos após abraçar a caçula Weasley – Vocês vão para a escola depois de tudo! Que bom que Hogwarts sobreviveu a guerra.

-É filho – disse o Sr. Weasley – também estou feliz com isso, mas Gui – dirigiu-se ao outro filho – você disse que tinha uma novidade de última hora, o que houve?

-Bom pai, recebi uma proposta de trabalho que não pude recusar.

Gui virou-se para os dois irmãos menores e Hermione antes de prosseguir.

-Bom mulecada, vocês estão diante do mais novo professor de Defesa contra as Artes das Trevas de Hogwarts – Ele observou os rostos chocados se seus três novos alunos antes de continuar – Mcgonagal me convidou para assumir o cargo a dois dias e como a Fleur também aceitou continuar com o trabalho em beauxbatons, achei que seria uma ótima oportunidade – concluiu.

A primeira a reagir foi Gina, ela pulou nos braços do irmão.

-Isso é maravilhoso, nem acredito Gui, caramba, eu amei!!!

-É cara, parabéns – disse Rony com um sorriso – pelo menos minhas notas em DCAT já estão garantidas...

-Rony – exclamou a Sra. Weasley chocada – que absurdo é esse? Como você ousa...

-Calma mãe – interpôs Gui – não se preocupe, me influenciar nunca foi um talento do Roniquito aqui – concluiu bagunçando os cabelos de Rony.

-Bom, parabéns filho – disse o Sr. Weasley – espero que você tenha sucesso por lá.

-Eu também Gui – disse Hermione que falava pela primeira vez – Espero que dê tudo certo, aposto que você será um grande professor.

-Valeu Hermione – disse Gui – mas confesso que tem um Weasley que pensei que tiraria o maior sarro da minha cara, o que foi George, está vendendo alguma gemialidade para os estudantes é?

-Hã!? – Exclamou George – A, desculpa, Gui, hum... parabéns cara – disse meio desconcertado – gente, me desculpem, mas tenho que voltar a loja ok! Bom ano letivo crianças, vejo vocês depois – disse desaparatando em seguida.

Os Weasley se olharam constrangidos, sabiam por que George estava tão distraído, de todos os Weasley, George era o que tinha mais sentido a morte de Fred. Parecia que lhe faltava um pedaço, parecia incompleto. Durante segundos a tristeza da família foi palpável, até que o apito do Expresso de Hogwarts ecoou pela plataforma despertando-os de seus devaneios.

-Vão – apressou-se em dizer a Sra. Weasley – Mandem notícias.


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A viagem no Expresso transcorrera normalmente. Luna e Neville dividiram uma cabine anormalmente quieta com Rony, Hermione e Gina. Todos pareciam absortos em lembranças, mas ninguém parecia querer compartilhá-las, sendo com grande satisfação que todos obedeceram quando Hermione sugeriu que trocassem de roupa dizendo que chegariam logo ao castelo.

Assim que o trem começou a desacelerar, um afobado Dino Thomas entrou pela cabine exibindo um lustrado distintivo de monitor-chefe e outro de capitão de quadribol.

-Oi gente – disse sorridente – Rony, Hermione, porque vocês não foram para vagão dos monitores, esperamos vocês a viagem inteira, vocês precisam acom...

- Hum, Dino – interrompeu – Na verdade nós renunciamos a monitoria, avisamos a diretora a umas semanas, pensei que você soubesse.

-Ual, não – exclamou Dino – Não sabia, mas porque?

-Digamos que este ano queremos ser apenas simples estudantes – respondeu Rony – Deixaremos a monitoria para os mais jovens – disse irônico – e parabéns pela monitoria e pelo cargo de capitão, já sabe quando serão os testes.

-Ainda não cara – respondeu Dino – mas não se preocupe, você saberá, afinal é o melhor goleiro da Grifinória – concluiu sorrindo – vou indo então, até mais tarde – despediu-se.

-tchau Dino – responderam todos.


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Rony estava deitado em sua cama na Torre da Grifinória, a noite tinha sido tão agradável e familiar, a seleção dos alunos do primeiro ano, o discurso do diretor, onde fora pedido um brinde em homenagem aos mortos na guerra do ano anterior, o jantar que fora delicioso como sempre. Mas algo faltava, ele faltava. Rony não pode deixar de sentir, como Harry Potter fazia falta.


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A enfermaria número três do Hospital Mertopolitan tinha uma aparência acolhedora, várias camas estavam distribuídas pelo espaço bem decorado, com obras de arte e esculturas discretas, tornando o lugar luxuoso. Contudo, apenas uma das camas estava ocupada. Um rapaz de cabelos negros e cicatriz dormia profundamente na última cama do aposento

Matt entrou na enfermaria acompanhado de uma linda jovem, que aparentava cerca de 21 anos de idade, tinha cabelos negros longos que ameaçavam bater na cintura, tinha uma altura média e estonteantes olhos azuis. Os dois se aproximaram da cama de Mark enquanto conversavam:

-ainda bem que você pode vir Claire, preciso muito de sua ajuda.

-To aqui pra isso maninho, pedi a Fleur para me cobrir lá na escola, ela vai das as minhas aulas enquanto eu estiver aqui, só espero que os alunos sintam minha falta, se não to sem emprego.

-Falando nisso Claire, parabéns pelo cargo, estou feliz por você ter conseguido a vaga em Beauxbatons.

-É maninho, é pra quem pode – disse zombeteira – mas e aí? Quem é o tal cara que o papai falou?

-Na verdade, espero que você possa me dizer, ele está na última cama, atrás do biombo.

Os dois se aproximaram da cama e, ao MAtt retirar o biombo, a reação de Claire nunca mais seria esquecida.

-Ai Meu... Por Mérlim – disse ela virando-se para irmão – Matt, este é Harry Potter!

-Quem??? –perguntou Matt confuso

-Harry Potter Matt – reafirmou ela – o grande herói do mundo bruxo inglês, eu não acredito – disse virando-se para Mark – ele esta morto, quer dizer, era pra estar, ele... eu fui ao enterro dele, minha nossa... eu – disse ela se sentando – acho que vou vomitar.

-ou, ou, ou, calma Claire, respira, se acalma e me conta direitinho essa história.

-Que história? – perguntou uma terceira voz Mark tinha acordado no meio da conversa entre seu amigo e alguém que, pelo tratamento, parecia ser irmã dele - dá pra vocês me explicarem o que está acontecendo aqui?

Matt estava sem palavras e Claire parecia igualmente muda. Ela não tinha a menor idéia de como começaria aquela conversa.

-Ei – disse Mark chamando a atenção pra ele novamente – vocês vão falar alguma coisa ou não?

Matt foi o primeiro a sair do estado catatônico em que os Homes se encontravam dizendo:

-Antes de tudo, Mark preciso saber como você está, o que está sentindo? O que aconteceu na estação?

-na verdade nem seu sei direito, eu estava bem, aí quando íamos saindo da estação achei ter reconhecido alguém, foi estranho, por segundos senti que aquelas pessoas eram familiares, aí apaguei, não me lembro de nada do que aconteceu.

-E como está se sentindo agora? - Perguntou Matt gostando que a conversa estivesse tomando outro rumo.

-Sei lá, minha cabeça está pesada, meu corpo dói um pouco, mas estou me sentindo melhor agora – disse – mas agora que eu respondi as suas perguntas, será que você poderia responder a minha? – falou desviando o olhar para Claire – que história vocês precisam contar?

Claire não conseguia desviar o olhar do moreno, ele parecia tão perdido. Antes que seu irmão tomasse a palavra novamente, ela começou:

-bom Har..., digo, Mark – ela parecia ainda menos a vontade quando continuou – meu nome é Claire Homes, sou a irmã mais nova do Matt e ele me chamou aqui por que achou que eu poderia te ajudar a , digamos, lembrar da sua vida.

-hum... entendo, e o que você é? Digo, qual a sua especialidade? Neurologia? – perguntou curioso

-Na verdade não – respondeu ela – digamos que você influenciou uma parte de minha vida, por isso eu te conheço.

-Me conhece? Ual, e o que é que eu fazia da vida? Ator? Presidente? Agora estou curioso, comentou piadista.

Claire olhou para Matt pedindo ajuda, ele deu de ombros, não poderia ajudar naquela situação, ela conhecia a verdade, Matt não, mas como ela diria aquilo? Achou melhor fazer uma abordagem direta, quando mais cedo a conversa terminasse, melhor.

-Você é um bruxo, seu nome é Harry Potter e você derrotou o pior bruxo de todos os tempos, você é um herói, ou pelo menos era.

O silêncio na enfermaria foi instantâneo. Mark mal respirava, o que ela queria dizer com aquilo? Um bruxo? Que piada era aquela? Era isso! Uma piada. Mark abriu um sorriso e apontou para Matt.

-Há ta!! Ótima essa Matt, ótima piada, agora dá pra me dizer a verdade?

-Mark, ou melhor, Harry isso não é brincadeira, eu sou uma bruxa também, nós já nos conhecíamos, a minha escola participou de um torneio da época que você ainda estudava na escola de magia de Hogwarts, você é famoso, de verdade.

O sorriso no rosto de Mark havia sumido, ele se levantou abruptamente da cama, não podia acreditar, “que loucura era aquela?” pensou. Começou a andar de um lado ao outro do quarto, sendo seguido pelos olhares preocupados do amigo e de sua irmã. Ele parou de repente e olhou para Claire.

-Me conte TUDO que você sabe – disse decidido.

-Harry – disse Matt – talvez fosse melhor você descansar...

-Descansar uma ova! – interrompeu Mark – Me conte TUDO, preciso saber.

-Está bem – começou Claire – te direi tudo que sei.

Duas horas foram necessárias para que Claire contasse a Harry o que ela sabia, sua ida a Hogwarts, a existência de Sirius, o torneio tribruxo, a profecia e a peça principal do quebra-cabeça, Lord Voldemort.

Ao terminar, ela não conseguiu descrever a expressão de Harry, era um pânico misturado com remorso e nojo. Agora ele mal conseguia ficar de pé, quando soube da última parte da história antes de sua suposta morte.

-Eu matei esse homem? – Ele perguntou com lágrimas nos olhos – eu matei esse Voldemort?

-Matou sim – respondeu Claire apreensiva – mas se me permite uma opinião, você não tem que se sentir culpado, ele era um monstro, matou seus pais, seu padrinho, era você ou ele, não teve escolha.

Mas Harry já não ouvia o que ela dizia, a única coisa que conseguia fazer era pensar:

-Sou um assassino! –disse em voz alta, não podia lidar com aquilo, tinha matado um homem. O ar começou a faltar, ele não conseguia respirar, estava tudo ficando escuto, ele podia ouvir Matt falando com ele, mas não conseguia entender, não podia acreditar, aquilo tinha que ser um pesadelo, tinha que acordar, tinha que ser mentira. Não conseguia mais se manter acordado, acabou desmaiando.


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Matt entrava na sua sala no hospital Metropolitan seguido pela irmã que parecia absorta em pensamentos. Assim que ela passou por ele a porta, ela perguntou.

-Ele vai ficar bem Matt?

-Vai sim mana, foi só um desmaio, acho que por causa das coisas que você contou, mas ele foi sedado, dormirá por um tempo, vai ficar bem.

-Ainda não acredito Matt – disse ela – Harry Potter está vivo, isso é...

-Inacreditável – completou Matt – é, também acho.

Eles permaneceram calados por um tempo até que Matt quebrou o silêncio:

-Claire, quero te pedir uma coisa, você poderia...bom...me ajudar nisso? Na verdade não sei exatamente o que fazer agora.

-Claro Matt, posso pedir para a Fleur continuar...Ai Mérlin – disse exasperada – o Ronald e a Hermione, eles eram os melhores amigos do Harry, será que eu deveria avisá-los?

-Acho melhor deixar o Harry decidir isso, não sabemos como ele vai estar quando acordar, se vai estar pronto para isso.

-Tem razão. Só espero que tudo dê certo.

-É – concluiu Matt - eu também.

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