Memória
A manhã que começava na Toca não poderia ser diferente. A casa estava uma bagunça com os três jovens preocupados em não esquecer nada e uma mãe correndo de um lado ao outro levando meias e vestes limpas para os filhos.
Rony, Mione e Gina terminaram de arrumar os malões e já iam para a sala quando tiveram seus destinos desviados por um chamado:
- Vocês três - disse o Sr. Weasley – Venham aqui na biblioteca um instante.
Os três, um tanto curiosos, seguiram para o antigo quarto dos gêmeos. Depois da morte de Fred na guerra, Jorge mudou-se definitivamente para o beco diagonal para o desespero da matriarca Weasley e o Sr. Weasley achou por bem dar uma utilidade ao aposento. Virara uma biblioteca, um lugar perfeito e discreto ideal para certas conversas.
-Sentem-se – disse o Sr. Weasley ao vê-los entrando no aposento.
Os três se sentaram sem questionar, ele começou:
-Sei que voltar para Hogwarts não deve estar sendo fácil para vocês, sei que a escola traz lembranças que serão tristes, mas quero que vocês aproveitem a oportunidade. A educação de vocês está em jogo. Admito que estou preocupado e a sua mãe também – disse ele olhando furtivamente para Gina – Como vocês estão se sentindo?
Ninguém falou por um momento, até que Gina se manifestou:
-Estamos bem papai, acho que o pior já passou. Só espero que os outros alunos não fiquem nos incomodando com perguntas. Não to a fim de ficar relembrando.
-Eu entendo filha – disse o Sr. Weasley já mais aliviado – que bom que você pensa assim – Mas ao olhar ´para o filho, a preocupação que a pouco direcionara a caçula da família pareceu ascender novamente em sua mente, ele perguntou:
-E você Rony? Como está...
Mas ele ora brutalmente interrompido por um Rony que ele quase não reconheceu e que ficava mais nervoso e vermelho a cada segundo.
- Não quero falar sobre isso pai – exclamou seco
-Mas filho, acho que seria bom...
-Não seria não! Não quero falar sobre isso e não vou, por mais que insista, não queria nem voltar a escola, estou indo por você e pela mamãe, então não me cobre mais do que já estou oferecendo, por favor. – disse Rony já levantando-se para sair do cômodo.
-Não ouse sair desta maneira Ronald, chamei vocês aqui para que pudéssemos conversar e não autorizo sua saída até que esta conversa acabe – falou o Sr. Weasley exasperado e deixando o já conhecido temperamento Weasley aflorar.
Ao sentir o clima na sala começar a sair do controle, Hermione, que até então não opinara, resolveu intervir:
-Rony, acalme-se, escute seu pai, por favor.
Rony pareceu acalmar-se ao ouvir Hermione o chamando, deu meia-volta e apoiou-se nos ombros da namorada ainda sem olhar o pai nos olhos. O Sr. Weasley continuou.
-Vocês tem que entender que tem o direito de ficar tristes pelo Harry, afinal ele era mais do que um amigo pra vocês, mas existem também outras pessoas que se importavam com ele, é natural que elas queiram conversar com vocês sobre o assunto, que elas também sintam a falta dele, que até mesmo chorem por ele, é um direito...
Mais uma vez as palavras do Sr. Weasley foram interrompidas por Rony que agora gritava a plenos pulmões:
-Tem o direito uma ova, essas pessoas de quem o Sr tanto fala não estavam com o Harry quando ele precisou, estavam apenas preocupados com suas próprias vidas, em como ganhar alguma coisa com a guerra, viam o Harry como o garoto-que-sobreviveu, e não com um ser humano. ELE MORREU POR ELES PAI, E ELES NÃO TIVERAM A DECÊNCIA DE LEMBRAR DO ANIVERSÁRIO DE 18 ANOS DELE Que se dane a comunidade bruxa, espero que eles, que eles...
Rony apoiou-se pesadamente na cadeira de Hermione em busca de forças, sentia-se tonto, de repente tudo escureceu e ele já não achava que conseguiria se sustentar de pé por muito tempo. Doía respirar, ele ia desmaiar quando sentiu os braços do pai o sustentando, o ouviu murmurar:
-Calma filho, você esta hiperventilando, sente-se, vai passar logo, acalme-se.
-Estou aqui amor, com você – Dizia Hermione com a voz chorosa.
Rony ergueu a cabeça e viu, direcionado a ele, olhares preocupados de todos os presentes na biblioteca, apressou-se em dizer:
-Estou bem, não se preocupem comigo, vamos para a sala, já estamos atrasados.
O Sr. Weasley olhou tristemente para o filho e concordou com a cabeça. Não tinha idéia de como a morte de Harry o afetara tão profundamente, sua maior preocupação sempre fora Gina, por causa do namoro dos dois, contudo Rony parecia querer se isolar do mundo. Mas a escola faria bem para ele, interagir e conversar com outras pessoas, ou pelo menos era isso que ele esperava.
Ao chegarem a sala da Toca, Rony sendo amparado por Hermione que não desgrudava os olhos dele, encontraram uma Sra. Weasley em pânico a espera deles.
-Achei que vocês tinham desistido de... Rony? Porque você está tão pálido? Arthur, o que aconteceu?
-Nada querida, está tudo bem agora, conversamos quando voltarmos da estação. E os meninos? Onde estão? Vão nos encontrar na plataforma?
-Vão sim amor- respondeu ela – Jorge, Carlinhos e Gui já estão lá, estão nos esperando.
-Então vamos indo
-Como vamos papai? – perguntou Gina
-Tem um carro do Ministério a nossa espera aí fora filha, por algum motivo nossa amada ministra resolveu ser “gentil” com os funcionários que tem filhos em Hogwarts, todos nós ganhamos o direito de usar carros ministeriais hoje.
-Por favor Arthur, não fale desta mulher aqui em casa, ainda não acredito que aquela megera, sapa velha da Umbridge é Ministra da Magia agora, definitivamente este mundo está perdido – disse a Sra. Weasley raivosa.
-É querida, nem eu sei como ela conseguiu, mas vamos logo, senão não chegaremos a tempo.
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O dia ainda estava raiando quando Mark levantou sonolento. Era seu primeiro dia de trabalho e ele não tinha nenhuma intenção de se atrasar. Tomou um rápido banho, colocou uma roupa mais formal e caminhou até a cozinha para tomar o desjejum. 15 minutos depois já estava a porta do apartamento a espera de um táxi para ir a redação. “Espero não chegar atrasado” pensou ele olhando o relógio, faltavam 20 minutos para as 7, horário marcado por Vincent. Pegou o táxi e chegou a redação bem a tempo de encontrar Vincent já a porta entrando no furgão de reportagem.
-Há, já estava preocupado – disse ele – pensei que fosse se atrasar.
-Desculpa por isso – respondeu Mark – o trânsito estava terrível, que horas é a inauguração?
-Às 9. Temos que chegar lá mais cedo para pegar um bom lugar, afinal até o prefeito estará lá, temos que garantir uma entrevista exclusiva.
-Eu estou pronto quando você estiver cara – disse Mark – Podemos ir agora mesmo.
-Ótimo – respondeu Vincent – vamos indo então.
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Matt entrava na sala do pai, no prédio do jornal Week o surpreendendo. Jeff virou-se para o filho com um sorriso no rosto antes de falar:
-Oi filho, que bom ter você aqui, posso perguntar a que devo a honra?
-Vim falar sobre o Mark pai, e aí? Ele conseguiu o emprego?
-Ué? Pensei que ele mesmo fosse te contar a grande novidade, o contratei sim filho, por algum motivo este rapaz me parece confiável – Jeff parou um instante antes de fazer a pergunta que o atormentara a noite inteira – Mas filho, me responda uma coisa, por que ajudar este garoto? Você vê casos como o dele no hospital até com uma certa freqüência, porque ele?
Matt hesitou antes de responder:
-Pai, não tenho nenhuma prova do que estou dizendo, mas... acho que ele é bruxo.
A reação a tal desconfiança não passou despercebida por Matt, o pai parecia em choque antes de perguntar:
-Tem certeza?
-Ainda não, por isso preciso da ajuda da Claire, acho que ela pode nos ajudar neste mistério.
-Mas sua irmã está voltando para a escola esta semana, com você espera que ela possa ajudar?
-Não sei, mas ela é bruxa também, deve haver um meio dela descobrir isso pra nós.
-Mas, porque a desconfiança? Que te fez pensar que o Mark é bruxo?
-Os ferimentos dele, o modo como ele chegou ao hospital, quase não conseguimos salvá-lo, não existe nada trouxa que faça tanto estrago, nenhuma arma, aquilo era bruxo, tenho certeza, por isso preciso da ajuda da Claire. Ela saberá o que fazer – concluiu.
-Vou falar com ela via coruja ainda hoje, peço pra ela entrar em contato com você, e se precisar, pra ela vir a Londres por alguns dias. Não se preocupe Matt, se pudermos fazer alguma cosia por esse garoto, faremos.
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Já eram 9:30 e a inauguração fora um sucesso, Mark e Vincent conseguiram a entrevista com o prefeito e estavam agora absortos em uma conversa sobre um dos esportes mais populares da Inglaterra:
-Não acredito que não sabe o que é futebol – falava Vincent – você é de outro planeta ou o que?
-Desculpa cara – respondeu Mark enquanto guardava as anotações da entrevista – não me lembro de muitas coisas e, pelo que eu sei, posso até ser ET mesmo.
-ahhahahahahha, como você é engraçado – disse Vincent sarcástico – acho melhor levarmos as coisas para o carro, ainda temos que voltar a redação para fechar a matéria, anda...
Ao virar-se para seguir Vincent até a entrada da estação, uma movimentação lhe chamou a atenção, entrando na estação vinha o que, aparentemente, era uma simples família. A maioria era de um ruivo berrante e rostos familiares...familiares?, “será que eu conheço essas pessoas” – pensou Mark.
Parou de andar imediatamente, olhava fixamente para a cena a sua frente agora, a família carregava grandes baús, com iniciais escritas e quilo lhe parecia ainda mais familiar se é que isso era possível, quase parecia uma lembrança.
Mark começou a caminhar em direção a eles. “Tenho que falar com eles, será que me conhecem?”, se perguntou. Mas antes de dar mais de três passou, sentiu uma dor que ultrapassava qualquer limite de controle, sua cabeça parecia prestes a explodir, a dor era tão intensa que ficara impossível mesmo permanecer de pé, ele caiu de joelhos na estação com a cabeça entre as mãos usando toda a força de vontade para não gritar. Então aconteceu: Como lampejos de luz em sua mente ele viu um garotinho andando com um malão parecido com os que acabara de ver, parecia assustado, tudo ao seu redor era novo, e lá estava aquela mesma família, conversavam, eram amigos, só podiam ser, o garoto era ele, o que estava acontecendo? Então a cena se dissolveu e outra se formou, ele estava com uma espécie de pedaço de madeira na mão no que parecia uma batalha, era tão intensa, dois dos ruivos que vira antes gritava por ele, mas estava distante, não conseguia entendê-los, uma outra pessoa também estava com eles, com cabelos castanhos rebeldes, chorava, chamava por ele, mas ele não queria ir, não queria alcançá-los, tinha um trabalho a fazer. Estava sofrendo, doía, muito. Na podia mais agüentar, acabou caindo na escuridão que o engolfou sem piedade.
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Vincent ia a frente de Mark quando parou de ouvir seus passos, virou-se para ver o que acontecia e chocou-se ao contemplar seu novo assistente ajoelhado agonizando. Correu até ele deixando todo o seu material para trás.
-Mark! MARK! Você está bem? O que...
Como que respondendo a pergunta de Vincent, sangue começou a jorrar pelo nariz de Mark, o que o fez entrar em pânico e chamar a atenção de quase toda a estação a essa altura, mas a situação ainda ficaria pior, Mark finalmente sucumbira ao que estava acontecendo e parecia não reagir a mais nada que acontecia o seu redor, desesperado, Vincent só conseguiu pensar em uma coisa para fazer.
Pegou o telefone e ligou para a redação, precisava falar com Jeff.
-Alô? - atendeu Jeff depois de dois toques.
-Chefe, é o Vincent, o Mark está passando mal, não sei o que fazer, ele está sangrando chefe, o que eu faço?
-Calma Vincent, fala devagar, o que está acontecendo?
-Não se chefe, ele estava bem e então desmaiou, o que eu faço?
Jeff olhou para o filho, com quem, momentos antes, mantinha uma conversa tranqüila e disse:
-Leve-o para o Hospital Metropolitan, Matt estará lá, esperando vocês.
-Ok chefe. – disse Vincent desligando o telefone.
-O que houve pai? – perguntava Matt já se levantando.
-É o Mark filho, passou mal, Vincent está levando-o para o hospital.
-Estou indo pra lá então, fale com a Claire, peça a ela para vir o mais rápido possível, essa história ainda não acabou. Mando noticias.
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