O sonho com Anabel



Capítulo XV


 


 


O sonho com Anabel


 


 


            Hidrash fechou os olhos, girando o corpo diversas vezes no sentido horário, ás vezes cantava mantras hindus silenciando e voltando a cantarolar em seguida. Parou, de súbito, permanecendo os olhos fechados.


-Tenho uma boa e uma má notícia para contar-lhes. –disse Hidrash.


-Nos conte o que for mais conveniente primeiro revelar. –aconselhou Obi-wan.


-A boa notícia é que sei o país onde a Arca está escondida, a má notícia é que vocês terão de esperar a revelação, infelizmente a custa de muitas vidas inocentes.


-Como assim a custa de muitas vidas inocentes?-perguntou Arken.


-Agora tudo faz sentido. Há uma conexão entre esses ataques, são em lugares específicos não percebem? Ainda não consigo identificar que tipo de conexão, mas no fim revelará a localização da Arca. Ela está escondida na África. Eu não vi nitidamente, primeira vez que isto acontece, se não me engano pude visualizar um povo simples, o ambiente extremamente quente, as dunas de areia. Sim, não posso estar errado, é na África.


-Está querendo dizer que temos de esperar milhares de vidas inocente serem atacadas apenas para anotar tais malditas coordenadas? O procuramos de tão longe para ouvir isso?-enfureceu-se Arken.


O chão estremeceu repentinamente. Arken levantara-se com violência e encarava furiosa e ao mesmo tempo atônita Hidrash.


-Vi um homem com feições de cobra segurando um pergaminho velho. É um desenho que aponta para o esconderijo da Arca, contudo, a última parte do desenho que revela o lugar somente aparecerá no pergaminho quando todas as conexões forem ligadas.


-É um absurdo escutar tamanha crueldade!


-Fique calma, Arken!


-Não, mestre!Eu não quero ficar calma!As pessoas que estão morrendo não merecem isso!É um absurdo!


Um relâmpago atingiu o rio Indo, nuvens escuras obscureciam o céu.


-Are baba!Nunca vi o tempo mudar bruscamente tão de repente. Por acaso é esta menina quem faz isso?-perguntou Hidrash assustado.


-Arken, buscaremos outro jeito de desvendar o lugar sem prejudicar mais ninguém. Paciência minha jovem padawan!


-Desculpe, não deveria ter me enfurecido tão depressa. Desculpe, Sr.Hidrash.


-Não tem problema, minha querida. Também odeio revelar essa informação, contudo existe outro jeito.


-Qual?-perguntou Obi-wan um tanto aflito.


-Eu vejo uma menina poderosa, agora sua alma encontra-se perdida. Essa menina tem a habilidade de ver o passado porque está ligada ao homem que escondeu a Arca. Se essa menina ler a página do passado onde o seu ancestral esconde a Arca, poderão encontrá-la. Mas não creio ser uma opção válida.


-Por quê?-perguntou Arken.


-Essa menina está tão perdida, tão aflita em seus medos que nem sei se ela está em total sintonia com o cosmo para conseguir tal possibilidade. Meus amigos, nós, seres humanos somos capazes de realizar grandes proezas, proezas dignas de verdadeiros deuses, contudo, como obter tal êxito se nos prendemos as aflições, a escuridão?


-A vida não é fácil para ninguém, Hidrash. Algumas escolhas são difíceis de serem tomadas. –comentou Arken tristemente.


-Concordo, minha querida. Só que sempre há uma janela aberta para aqueles que fazem o bem, que seguem a luz. Portanto, não há o que temer. Passem a noite aqui e amanhã podem partir, creio estarem cansados da viagem. Tentarei saber de mais coisas esta noite em minhas meditações.


A noite fora um tanto perturbada para Obi-wan e Arken. Se ao menos Brighid conseguisse ler as páginas do diário, ler o que Samuel escreveu séculos atrás, tinham uma chance de descobrir o esconderijo da Arca sem esperar por novos ataques. Sabiam, no entanto, o motivo dos ataques de Voldemort. No dia seguinte, Obi-wan encontrou Arken sentada perto do rio. Ela levitava pequenos gravetos, os envolvia dentro de uma bolha de água que recolhia, com a força do pensamento, sem nenhum esforço.


-Esqueci o quanto você adorava fazer isso no Templo, quando aprendeu a usar a Força.-comentou Obi-wan sentando-se ao lado dela.


-Tantas coisas aconteceram conosco, também tinha me esquecido disso. Mas hoje, quando vi aqui bem cedo, acabei por me lembrar.-respondeu a padawan.-Eu entendi tudo, mestre.Agora sei o motivo de tudo.


-Imaginei que um dia descobriria, e que faria isso sozinha.


-O senhor se afastou de todos, de mim, para se preparar para o sacrifício que terá de fazer. Por isso tem comido ervas, por isso procurou o isolamento, para se preparar espiritualmente.


-Não é uma decisão fácil de lidar, de mantê-la erguida todas as manhãs. Recebi a visita de Samuel, em sonhos, meses após retornamos para o Templo Jedi. Relutei, no princípio, mas no fim aceitei minha missão. Então fui embora, tinha que partir sem me despedir de você, ou não conseguiria. Você tem sido uma filha para mim, Arken, por isso tem sido difícil. Não posso ir, sabendo que a deixo só.


Arken o abraçou e chorou, chorou até soluçar. Mestre Obi-wan nada disse, não havia nada o que dizer, ou que fazer. Apenas abraçou de volta sua aprendiz, afagando as mechas de seu cabelo.


-Mas percebi que não está sozinha. Harry Potter está ao seu lado, sei que será feliz ao lado dele, minha filha.


-Mestre, eu sou uma Cavaleira Jedi!Eu não...


-Pode amar sim, Arken Éowyn. É uma humana, como todos os outros humanos, e pode, e tem o direito de amar. Não somos mais os Jedi fomos antes, no passado. Só quero que saiba que tem a minha benção, se quiser ser feliz ao lado dele.


Passaram um tempo em silencio. Só voltaram a realidade depois que ouviram barulhos vindos da cabana. Ou o que um dia fora uma cabana, agora só havia restos de palha e um velho bem vestido, uma mochila e sua varinha na mão.


-Tantos anos aqui, vai ser difícil partir.-comentou Hidrash infeliz.-Mas é preciso, sei que é preciso.


-É impressão minha ou vai conosco, Hidrash? -perguntou Obi-wan


-Vou com vocês, mestre Obi-wan. Ser um eremita não ajudará o mundo nestes tempos, posso ajudar vendo mais coisas. Não vislumbrei mais nada a noite, primeira vez que isto acontece. Além do mais, estou ficando velho e talvez não consiga me defender dos comensais da morte a vida toda sozinho e sinto saudades de Lyra.


-Tomou uma excelente decisão, Hidrash.-disse Arken sorrindo.


-Para onde vamos? Hogwarts? Sempre tive vontade de conhecer Hogwarts?-perguntou Hidrash


-Ainda não, Hidrash. Espere um momento.-disse Obi-wan


O Mestre Jedi retirou do bolso um pequeno pedaço de papel, um origami em formato de um touro. O fechou entre seu punho, e começou a sussurrar palavras em língua estranha. Abriu a mão e origami sumira. Em segundos, outro origami caíra do céu, seu formato era um pássaro. Mestre Obi-wan o desembrulhou e leu as palavras contidas no papel.


-Vamos para o Brasil. Dumbledore está lá.


-O que foi isso mestre? Que o senhor fez com o papel?


-Invenção de Dumbledore. Uma forma mais rápida de nos comunicarmos. Bem, temos de nos apressar em chegar ao Brasil o quanto antes.


-Are Baba!Acaso esqueceram que sou um bruxo!Ainda me lembro de como aparatar!Venham, os conduzo para o local onde está Dumbledore.Tem as coordenadas mestre Jedi?


-Sim, as tenho aqui no papel.


Mestre Obi-wan deu o papel para Hidrash ler. Os dois cavaleiros Jedi seguraram-se no peregrino, que girou os calcanhares e sumira.


 


 


Harry? O que faz sozinho aqui?-perguntou Brighid.


Ela o achara sozinho, sentado diante do lago numa das tardes de inverno de Hogwarts, com uma fogueira conjurada que flutuava no ar, aquecendo-o.Nevava naquele dia, e o lago estava completamente congelado. Harry olhara lentamente para Brighid.


-As carruagens logo vão sair para Hogsmeade.-disse Brighid.


-Já estou indo Brighid, obrigado.


-Bom, enquanto você não vai, posso sentar ao seu lado?


-Hum...sim, claro.-respondeu Harry sem graça.


Nas últimas semanas, Brighid estava quase o tempo todo ao seu lado, exceto nas aulas. Ele tinha que admitir que ela era uma boa amiga, pelo menos tinha conversas interessantes além do que, compartilhavam o mesmo passado triste envolvendo seus pais. Ás vezes sentia certas vertigens e sua mente, repentinamente, o pedia para tentar um relacionamento com Brigrid. O Coração de Kandrakar queimava sem seu peito e a vontade passava, algo lhe dizia ser Brighid a responsável. Contudo, costumeiramente depois da partida de Arken, perguntara a si mesmo senão era o certo a fazer.


-Sente falta dela não é? Dá para ver nos seus olhos.-disse Brighid.


Harry nada respondeu, apenas contemplou o lago congelado. Há um ano atrás beijaram-se pela primeira vez diante dele. Parecia ter sido séculos atrás, no entanto, era apenas um ano.Arken, bastava somente pensar neste nome para suas suposições tornarem-se tolas.


-Eu não devia me intrometer, mas, Harry, você sabia que este dia chegaria.Quero dizer, pelo pouco que sei, ela é uma Cavaleira Jedi e não pode ter relacionamentos. Você precisa de alguém do seu mundo.


-Não é tão fácil assim.-respondeu Harry.


-Talvez seja.


Brighid o olhou intensamente, querendo e ao mesmo tempo sem querer, mas seus olhos tornaram-se claros.


-Harry!


Hermione gritara chamando pelo amigo. Andava o mais rápido que suas pernas permitiam em meio à neve com Rony a seu encalço, meio carrancudo pela pressa de Hermione em chegar até Harry .


-O procurei por todo o castelo.Vamos, as carruagens vão sair em dez minutos!-disse a garota lançando um olhar desconfiado a Brighid.


Nas últimas semanas, após a partida de Arken, Hermione mantivera afastada de Brighid. A tratava bem sempre que a garota falava com ela, contudo, percebera Brighid, a observava nos momentos em que estava com Harry. Teria ela percebido? As intenções de Brighid tornaram-se evidentes para a melhor amiga de seu amado? Com certeza, pela sua atitude, era a favor do relacionamento de Arken e Harry. Esta conclusão despertava certa raiva interior em Brighid a caminho do castelo. Até mesmo Gina mudara.


Os sonhos com sua mãe continuam intensos e fortes. Agora, quase todas as noites ela via sua mãe e as duas conversavam sobre os sentimentos que Brighid nutria por Harry. Sua mãe a aconselhava usar os poderes para conquistar Harry. No íntimo, a menina sabia que, se esforçasse realmente, conseguiria. No entanto, uma voz longínqua em seu coração pedia para ela não fazer, para deixá-lo em paz. Então ela não conseguia, e esta mesma voz alertava para duvidar do comportamento do espírito de sua mãe.


Mas não pode ser, é minha mãe.Durante toda a minha, busquei a aprovação dela.E agora,que a tenho, porque duvidar?, dizia Brighid a si mesma.


-Porque tanta pressa em falar com o Harry?-perguntou Rony.


-Ora Rony!Ele ia perder a carruagem que nos leva Hogsmeade.-respondeu Hermione.


Os dois seguiam atrás enquanto Harry caminhava na frente, com Brighid ao seu lado.


-Mas não é só isso, tem um tempo que você não o deixa sozinho nem um minuto.Está sempre por perto.-comentou Rony vermelho.-E também não gosta quando Brighid se aproxima dele.


-Harry está deprimido desde que terminou com Arken.O que quer dizer com isso, Rony?


-Nada, Hermione Granger. Não quero dizer nada.


Rony passou depressa, com o rosto amargurado, por Harry e Brighid sem dizer uma palavra.


-O que houve com Rony?-perguntou Harry.


-Não faço a menor idéia.Você é o melhor amigo dele!-disse Hermione aborrecida.-Vamos logo ou então perdemos a viagem!


 


 


-Porque me chamou até aqui, Draco?-perguntou Gina


-Queria te ver, é óbvio.-respondeu Draco secamente.-Mas parece que sou o único a sentir saudades.


Os dois estavam na Sala Precisa. O cenário, feito por Draco, era uma sala simples com cadeiras de madeira e um centro de vidro. Não havia janelas, talvez o tema do lugar refletisse o estado de humor do loiro, pensou Gina, extrema raiva ou desapontamento pela frase seca que saiu de sua boca. A ruiva ainda segurava o bilhete escrito por ele nas mãos que dizia: Mesma hora, mesmo lugar.Preciso te ver.


-Não foi isso que quis dizer.-comentou Gina sem graça-Só tenho medo que alguém tenha visto este bilhete, que tenha me seguido.


-Ninguém seguiu você, a não ser, quem sabe, aquele cara de porco do Thomas.


-Do que está falando?


-Ah, Gina!Acha que sou cego?Eu vejo o jeito como ele olhar para você, como está perto no Salão Principal e intervalos.Tenho que me segurar todas às vezes para não meter um soco naquele...


-Não termine essa frase Draco Malfoy!Não há nada entre mim e Dino.Somos amigos!Acaso não posso ter amigos?


-Não amigos homens!


-Ora faça-me o favor!Além do mais até onde eu sei, nós terminamos.


-Você terminou comigo, eu apenas acatei sua decisão!Eu te pedi, Gina Wesley, eu te pedi para não ficar com ninguém!Me magoaria, mas você nem se esforçou para isso não é?


Paff!


Gina dera-lhe uma tapa no rosto deixando uma grande mancha vermelha na face de Draco. Ela o olhava com fúria, ele com indignação.


-Não ouse nunca mais falar nesse tom comigo, Malfoy!


-Eu vejo o jeito como ele te olha...isso me dá raiva, Gina.


-Se olha ou não eu não sei Draco.A única coisa que sei é que não te esqueci. Que não tenho nenhum relacionamento porque não esqueço o que sinto, o que vivemos.


Draco sentou-se numa das cadeiras de madeira, Gina fizera o mesmo.Ambos ficaram sem silêncio.


            -Me desculpe pelo que disse.-pediu Draco


            -Me desculpe pela tapa, acho que me excedi.


            -É que tem sido difícil pra mim, agora mais ainda sem você.


            -Pra nós dois, Draco. Pra nós dois.


            Ele aproximou-se dela devagar, receoso ou talvez desacostumado por tanto tempo separados.Mas a ruiva o recebeu, abriu seus braços onde Draco aninhou-se calorosamente. Gina afagava as mechas loiras do amado, outras vezes seu rosto branco.


            -Como está Goyle?


            -Recuperado. Partiu há três dias para casa, volta daqui a duas semanas.


            -E como anda o relacionamento de vocês?


            -Mal...nem ele, nem Crabble falam comigo. Eles suspeitavam que tínhamos um caso, mas depois que terminamos e passo a maior parte do tempo na biblioteca acabaram por desistir da idéia. Onde vai passar o Natal?


            -No Largo Grimmauld com minha família e a Ordem.


            -Tome cuidado Gina. Fique atenta.


            -Por quê?


            -Algo de ruim está para acontecer. Meu pai anda muito...feliz. Coisa que não acontecia há tempos.


            -O que acha que pode ser? Um novo ataque?


            -Pode ser qualquer coisa, mas não tenho nenhum palpite. Nas últimas cartas, minha mãe dá a entender que chegará alguém. Nossa mansão tem passado por uma limpeza minuciosa.


            -Mas porque acha que tem algo a ver com o Largo Grimmauld? Ou a Ordem?


            -Porque meu pai nunca recebe visitantes sem uma segunda intenção.Só tome cuidado, não saia sozinha.


            -Tomarei cuidado, não se preocupe.


 


 


            O caminho para a estação King Cross a bordo do Expresso de Hogwarts fora silencioso e tenso, por assim dizer. Harry, Hermione, Rony, Gina e Brighid conseguiram instalar-se na mesma cabine no fundo do corredor. Hermione lançava olhares furtivos a Brighid, que sentara-se ao lado de Harry, em seguida a Rony que continuava aborrecido, mal olhava para a amiga ou Harry; Harry dormia, a cabeça encostada na janela e Gina lia um livro.


            Em seu sonho, Harry caminhava por uma vasta plantação de trigo. Ele podia sentir o cheiro da terra, e um vento agradável percorria todo o lugar. Ao longe, viu um imenso oceano azul escuro ladeado por imensas rochas separadas umas das outras. Algumas gaivotas negras voaram no céu alaranjado cercado de nuvens com formatos engraçados.


            -Belo lugar não concorda?


            Harry se assustou com a voz repentina atrás dele; a voz pertencia a uma mulher, era forte, mas ao mesmo tempo, doce e gentil. Ela era negra, os lábios carnudos e os cabelos crespos soltos balançando com o vento.


            -Deve estar se perguntando quem sou eu. Desculpe ainda não te-lo dito. Eu sou Anabel, e este é um dos meus lugares favoritos de conversar quando preciso com alguém.


            -Eu me chamo Harry Potter. O que faço aqui?


            -Me pediram para trazê-lo até aqui, pois tenho algo a lhe falar. Algo muito importante Harry Potter. Venha comigo.


            Anabel o guiou até a praia. Parecia mais flutuar do que andar, percebeu Harry, exalando um ar de paz e tranqüilidade. Queria perguntar que lugar era este, porém, não fora preciso, pois ela pareceu perceber sua curiosidade.


            -Este belo lugar, Harry Potter, é uma das muitas portas para o céu. Não se preocupe, você não morreu.


            A moça riu com a expressão perplexa de Harry e voltou a caminhar até alcançarem dois troncos pesados enterrados na areia. Anabel e Harry sentaram-se cada um e um tronco, ela respirou fundo e fechou os olhos por um momento deixando o vento balançar ainda mais os seus cabelos.


            -Eu ainda não entendo, Anabel.


            -Algumas pessoas, pessoas especiais são trazidas aqui. Pode ser num sonho, como foi seu caso, ou diante um acidente ou cirurgia, elas podem voltar ou podem partir dependendo do caso. Pediram para que eu o falasse sobre o que terá que fazer nos próximos dias.


            -Quem pediu isso?


            -Isso eu não posso revelar. Há muitas coisas acontecendo em seu mundo, coisas estas que são capazes de influenciar outros mundos alterando todo o equilíbrio do Universo. Neste momento, um mortal procura poder para governar não somente o seu mundo, mas também outros.


            -Voldemort.


            -Exato.


            -Desculpe, mas você disse outros...quer dizer que existem outros mundos como este?


            -Não exatamente como o seu, mas o Universo é grande demais para existir somente um planeta com vida. Enfim, a Arca Precisa ser destruída. A Humanidade ainda não está pronta para guardar um objeto de poder imenso, antes precisa aprender a dominar seus próprios poderes.


            -Samuel não lembra onde a escondeu.


            -Ele precisa da ajuda da Escolhida, porém, ela não está pronta. Continua a carregar defeitos que impedem de visualizar a localização da Arca.


            -Você não pode ver onde ela está escondida?


            -Sim, e não. Posso, mas não devo porque não é meu dever. Cada um de nós, mortais ou não, nasce com uma missão a cumprir. Esta tarefa foi dada a Samuel e Brighid.


            -Como posso ajudar?


            -Terá que prepará-la Harry. Sabe que é ela que tenta dominá-lo usando seus poderes, tenta modificar seus sentimentos sem seu consentimento. Diga a ela o que sente, o que aprendeu. Brighid durante toda sua vida buscou aprovação das pessoas, principalmente das que ela mais amava como sua mãe falecida, após a sua morte, ela se viu vulnerável e aflita por ter alguém que a conforte, que ela sinta-se protegida. E isso acontece apenas quando você está ao lado dela. No devido momento, ela se lembrará de suas palavras Harry Potter e isso ajudará a Brighid decidir que caminho escolher.


            -Mas o que devo dizer?


            -Conte sua história, conte da morte de seus pais, dos seus melhores amigos, do que Voldemort fez em sua vida, do amor que sente pela aprendiz padawan.


            -Eu prometi a Sirius que cuidaria dela, que seria amigo dela. Se você diz que isso ajudará, então eu direi.


            -Eu sei, Sirius Black é um homem bom. Sua viagem, quando acontecer, será rápida e tranqüila. Em breve Harry, novos ataques ocorrerão e o inimigo imaginará ter ganhado a batalha, essa será sua grande perdição. Pois nenhuma luta sem amor é ganha pois não conta com o poder do Universo, com o poder do Criador.


            Um grupo de golfinhos cruzou o mar, davam saltos incríveis mergulhando nas ondas que se formavam. A beira mar recheada por conchas de cores e tamanhos diferentes. Harry contemplou a paisagem por um tempo, sentido a brisa do mar inundar suas narinas, o gosto do sal em sua boca. Queria perguntar, mas não tinha idéia se poderia, se era permitido.


            -Eu queria perguntar uma coisa, Anabel. Na verdade, pedir uma coisa.


            -Sei o que irá perguntar, Harry. Seus pais estão bem, num lugar maravilhoso, mas, infelizmente, ainda não é chegada a hora de vê-los. Um dia, os verá, eu prometo.Bem, é hora de voltar. Boa Sorte, Harry Potter...


            Anabel soprou suavemente em direção a Harry. Sua vista começou a embaçar, tudo ficou branco e sem foco.


            -Harry? Harry, nós chegamos à estação.


            -Hum?


            Quando abrira os olhos, estava no trem e o barulho informara já terem chegado à Estação King Cross. Brighid o esperava na saída, estavam sozinhos e a maioria dos alunos já descera.


            -Oh, certo. Vamos.


            -Você estava bem longe. Rony quando o deixa surdo quando gritou para acordá-lo, foi hilário. Depois, eles desistiram e então eu disse que esperaria acordá-lo. Com o que sonhou?


            -Ah, sabe que não lembro.Verdade, mas acho que era bom.-mentiu Harry sorrindo para Brighid que alegrou-se com tal gesto.


            Na estação, Tonks, Lupin, Sr. e a Sra. Wesley os esperavam. Gina olhara rapidamente para Draco que dera um sorriso discreto desaparecendo em seguida, um gesto afirmou que mandaria uma coruja trazendo notícias. Após os cumprimentos, partiram para o Largo Grimmauld em carros alugados pelo Ministério. Assim que chegaram a mansão, Sirius os recebeu abraçando um por um, onde deu um abraço mais demorado em Brighid que retribuiu da mesma forma. A aparência de Sirius era só sorrisos e alegria, ele estivera ocupando o tempo decorando a mansão com enfeites de Natal e flocos de neve que caiam no chão e voltavam para o teto repetindo a mesma cena.


            A noite, Brighid guardava suas roupas e outros pertences no armário do seu novo quarto; enquanto realiza tal tarefa simples, ela pensava em todos os acontecimentos de sua vida. O que ela diria caso lhe contasse ano passado que sua vida mudaria repentinamente? Que seu próximo Natal seria numa casa cercada por bruxos, com sua mãe morta e um homem de rosto ofídico atrás de um poder que ela sequer sabia carregar? Com certeza, debocharia de tal pessoa. Samuel, nunca mais sonhara com ele; nunca mais decifrara nenhuma pagina do diário; nunca mais ajudara a descobrir onde se encontrava a Arca Perdida. “Talvez eu esteja errada, talvez minha mãe não seja minha mãe.Samuel nunca mais apareceu para mim desde que sonho com ela, desde que tento conquistar Harry com meus poderes .Lyra, tenta falar comigo no intervalo das aulas, mas eu sempre fujo dela. Por quê?Sinto que ela quer o meu bem, mas será que eu quero?O melhor para mim é o que desejo? Meu coração diz que não, e minha razão também. Acho que já é hora de acordar, de voltar para a realidade. Minha mãe morreu, jamais terei sua aprovação. O quer que seja que conversa comigo não é minha mãe...”


            Bateram na porta e a figura de Sirius adentrou no quarto.


 

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