O primeiro pesadelo
Capítulo 12º
O primeiro pesadelo
Festas sempre trazem muitas surpresas e as de Harry se mostraram muito boas. Durante os próximos dois dias parecia que não havia acabado e juntamente com os amigos se divertia com todas as novidades. A alegria só foi interrompida quando Harry teve o primeiro pesadelo do verão. Quando os amigos notaram, se instaurou um desconforto que demorou para ser esquecido.
- E aí cara tá tudo bem?
- Rony, esta já é a terceira vez que me pergunta isso só hoje. Será que não cansa de ouvir a mesma resposta?
O sonho do rapaz foi meio estranho, nele Voldemort procurava por um portal. Em algumas cenas ouviu conversas confusas sobre a família Potter e a localização dos herdeiros. Em outras via luzes que ofuscavam seus olhos e tentava lembrar onde tinha presenciado aquilo. Mas o que mais o intrigava era a dor que sentia quando o Lord das Trevas mencionou que sua volta estava para acontecer e só precisava achar e eliminar o guardião de alguma coisa. Pra ele sentir toda aquela dor que o fez gritar durante horas, só podia significar uma coisa: ele era o tal guardião. Mas de quê? Seria esta a razão do presente dado por Dumbledore? Teria aquele amuleto uma importância a mais que o professor não quis mencionar? Para não alarmar ainda mais os colegas, fingiu não ter idéia do que o sonho poderia representar e não falava dele, a menos que algum deles o lembrasse.
Foi o que aconteceu naquela tarde de segunda-feira quando receberam na Toca, a visita de Luna Lovegood. Como sempre ela chegou sorridente e bastante colorida e assim que ouviu bochichos sobre o pesadelo do amigo perguntou sem fazer cerimônias como tinha sido. Cansado, Harry relatou por alto sem se ater a detalhes e se espantou quando a jovem loura mencionou ter escutado uma conversa de seu pai com o atual segurança do Setor de Mistérios do Ministério da Magia. Segundo a jovem, tinha sido questionada a possibilidade de existir outro herdeiro dos Potter e sua busca ser encarregada pelos funcionários deste setor.
- Desde então o clima no Ministério ficou menos descontraído. Os funcionários vivem fazendo comentários as escondidas de seus superiores com medo de que suas suspeitas sejam verdadeiras. Quanto ao guardião que você mencionou pode ser alguém do próprio setor que tenha informações o bastante para responder a está questão.
- Que questão?
- Ora. O guardião pode ser na verdade a pessoa que conhece a história e a confirmou. - Luna disse com voz firme. - Se de fato existem outros parentes seus Harry, eles podem ser úteis para muitas coisas. Certa vez ouvi meu pai dizer...
- Nossa, mas você gosta de ouvir as conversas do seu pai hein... - interrompeu Rony.
- Minha casa é pequena. O que eu posso fazer? - Justificou-se. - Bem, como eu ia dizendo, certa vez ouvi o meu pai dizer que muitos feitiços podem ser quebrados por familiares ou ter o seu poder reduzido...
- Nisto você tem razão. - Desta vez quem interrompeu foi Hermione. - E você Harry é a prova disso. Lembre-se que foi pelo amor de sua mãe que nada aconteceu a você quando você-sabe-quem lançou o avada kedrava! Pensando por este lado, a Luna tem razão. Se de fato existir outro descendente ele pode ter condições de te defender ou fazer encantamentos que o proteja de vários males.
- Exato. E quem conhecer essa pessoa pode ser o guardião do segredo. - Luna emendou.
- Por isso Voldemort está tão curioso pra descobrir o guardião... - Rony desembestou a falar. - ... se ele o localizar pode obriga-lo a revelar o paradeiro dos Potter e assim aumentar suas chances de detruir o Harry.
- Obrigado pelas palavras de consolo Rony. - Harry disse incrédulo.
- Infelizmente ele tem razão. Isso é uma hipótese, mas tem fundamento. - Pela primeira vez Gina se intrometeu no diálogo.
- Só para concluir Harry, se de fato existir este familiar ele poderá fazer feitiços ou encantamentos que protegerão sua vida. - Luna disse serena.
- É, eu já li a respeito. São feitiços poderosos e complicados, mas se ele for bem instruído poderá obter sucesso e assim impedir ouro ataque de você-sabe-quem.
- Espera um pouco. Como isso é possível? Dumbledore me disse que eu era o último Potter vivo?
- Será mesmo? Papai questionou o vigia e ele disse que tinha escutado sem querer quando dois inomináveis discutiam a probabilidade. Ele não deu muitos detalhes por que foi descoberto e fingiu estar limpando sua varinha.
- Ah, qual é gente? Vocês acham mesmo que se houvesse outro herdeiro ele já não teria aparecido reclamando da herança? - Rony levantou a questão.
- Será que você só pensa no dinheiro... - Hermione esbravejou - ... a questão não é essa. Se de fato houver a possibilidade disto acontecer Dumbledore cedo ou tarde contará. Espera um pouco... seu pai não era filho único? - Observando a confirmação com a cabeça do amigo emendou. - Precisamos fazer sua árvore genealógica. Luna?
- Oi!
- Tem como você confirmar estas informações agora?
- Agora? Não sei. - Luna respondeu meio na ofensiva. - Mas posso tentar. Quem sabe retorno ainda hoje com a resposta?
Indeciso se deveria levar aquela besteira adiante, Harry concordou e mudou de assunto. A tarde estava refrescante demais para perde-la com assuntos que o incomodava e somente assim poderia se livrar por algumas horas da discussão daqueles devaneios.
***
A semana transcorreu sem grandes novidades. O namoro de Ron e Hermione seguia de vento em poupa, nem pareciam os mesmos já que não perdiam tanto tempo com brigas. Gina e Harry também estavam firmes (apesar da cena de ciúmes que a ruiva havia feito no dia anterior por conta de uma garota que sorriu quando Harry lhe deu uma informação enquanto estavam passeando por Hogsmeade). Jorge precisou viajar para buscar novas mercadorias e aproveitaria para aprender novos truques que auxiliasse no desenvolvimento de seus projetos com o irmão. Como demoraria um pouco para retornar contratou um novo funcionário chamado Oliver para ajudar na loja e Angelina o acompanhou na viagem afim de ficar de olhos abertos sobre o namorado (a pedido de Molly) e quem sabe conhecer treinadores de quadribol e assim arrumar outro emprego. O único que andava meio isolado e menos brincalhão era Fred que sentia-se abandonado já que Lucy também precisou viajar e há dias se comunicavam apenas por corujas. Era visível que isso não era suficiente para suprir a saudade. Por isso enfiou a cara no trabalho e quase não era mais visto em casa.
Interrompendo o café que era tomado silenciosamente, Olho tonto atravessou a porta da cozinha de forma tão barulhenta que todos os presentes se assustaram com sua aparição. Trazia em baixo do braço uma caixa de madeira repleta de figuras cravadas e após um curto cumprimento pediu para que todos se sentassem em silêncio. Em conversa de última hora com Alvo Dumbledore, decidiram que uma nova vigilância deveria ser feita naquele dia e por isso precisava encaminhar cada um para o seu destino sem demora. Desta vez, Harry, Hermione e Lupin seguiriam para Budleigh Babberton, Rony, Gina e Hagrid para Hogsmeade, Tonks, Fred e Olho Tonto para Godric's Hollow e a Travessa do Tranco não foi mencionada.
Os senhores Weasley ficaram um pouco receosos e se entreolharam enquanto os mais jovens buscavam em seus dormitórios os acessórios necessários para a empreitada. Retornando ouviram brevemente uma discussão acerca dos motivos que levaram àquela missão repentina. Tinham combinado que seria deixada mais para frente e agora recebiam a notícia de que foi adiantada. Coisas deveriam estar acontecendo e por alguma razão eles estavam sendo poupados e queriam saber ali, naquele instante o real motivo. A escuta clandestina teria dado certo se não fosse o dom nato que Tonks tem de esbarrar em algo nas circunstâncias mais inoportunas. Graças a ela, a conversa foi interrompida e o motivo não divulgado.
Diferentemente da primeira vigilância, nesta nada aconteceu de interessante que merecesse ser divido aos membros da Ordem e os amigos perceberam como isso acalmava os ânimos dos presentes, principalmente dos pais de Rony. A expressão de terror que tomou conta de suas faces pela manhã foi trocada pela de alívio por todos terem voltado sãos e salvos. Como fazer nada também cansava, todos em comum acordo se encaminharam para os seus aposentos sem querer questionar os motivos da repentina solicitação de vigilância.
***
- Xeque mate.
- De novo Gina, presta atenção. - Hermione reclamou quando o namorado venceu outra partida se aproveitando da distração da ruiva.
- Ah tô entediada. Não vejo a hora de voltarmos para Hogwarts. Pelo menos lá alguma coisa sempre está acontecendo. - Reclamou colocando mais uma almofada sobre o banco em que sentara.
- Eu também tô. Cansei de vencer todo mundo no xadrez bruxo. Vocês não são parius pra mim. - Rony esboçou um sorrizinho irônico.
- Há há há. - Todos em uníssono emendaram.
- Tive uma idéia. Como precisávamos vir com urgência aqui pra Toca, por conta da festa do Harry, acabei deixando algumas coisas no Largo Grimmald. Que tal irmos até lá buscar? - Hermione sugeriu.
- Esta é uma boa idéia. Eu também deixei várias coisas pensando que a casa estava sendo INVADIDA por comensais da morte. Inclusive a minha bola de cristal, que não vivo sem. Aproveito e a trago para exercitar o meu dom de clarividência. - Harry disse isso com tanta convicção que se os amigos não o conhecessem o suficiente até acreditariam na história. Por isso quando encerrou a fala com cara de aluno número um de adivinhação todos riram com prazer da piada.
- Tá bom!!! - Rony continuava se divertindo.
- Ok! Agora só precisamos comunicar os seus pais Ron. Acho que eles não vão se opor né?
- Creio que não Hermione. Papai disse outro dia que estão fazendo visitas freqüentes lá e até o momento nada de anormal foi detectado.
- Ótimo. Vou falar então com a sua mãe e já volto. - Sem nem mesmo esperar pela resposta Hermione saiu em disparada para localizar a Sra. Weasley, enquanto deixava para traz Harry, Gina e Rony boquiabertos com a ansiedade que ela irradiava.
Pela primeira vez não precisou justificar muito à Molly, disse apenas que deixara parte de seu material de estudo na casa e que precisa dele para revisar alguns conteúdos antes do início das aulas. Para certificar-se de que não haveria recusa mencionou que boa parte das coisas de Harry também estavam lá. Uma vez autorizada, voltou imediatamente para o quarto para contar a novidade aos amigos e assegurar que teriam algo a fazer, divertido e excitante, já que iriam sem a supervisão de nenhum adulto por considerarem seguro suas idas. Diga-se de passagem a ocasião também era muito oportuna para os quatro poderem namorar escondido.
Já na casa cada um procurava pelas suas coisas e os lançava em sacos pretos individuais. Aos poucos tinteiros, penas, meias, livros, e tudo mais que achavam iam preenchendo os espaços vazios. Inconformado com a falta de sorte, Rony encontrou um dos seus bonecos preferidos pisoteado no corredor. Na certa devia ter sido atropelado pelo amigo enquanto ele “fugia”. Quanto a Hermione se alegrava com o reencontro do material do ano anterior, enfim poderia relê-los enquanto não comprassem os novos.
Para sua surpresa, notou que alguns livros estavam a mais no quarto e ao virar a capa se um deles deparou-se com as iniciais L. P. M. Folheando mais atentamente encontrou um bilhete de Alvo Dumbledore para Lucy e não teve dúvidas de quem seria o dono do material. Achou o título interessante “Desenvolva seus poderes ocultos” e lembrou-se do que tinha acontecido naquele jogo de quadribol. Na certa Lucy estava aprendendo como lidar com seus poderes e devia estar precisando do exemplar, por isso, Hermione colocou-o no saco com o propósito de devolve-lo assim que encontrasse a moça. Achou engraçado o número de livros que tinha empilhado próximo a cama da Srta Müller e lembrou-se da mania que ela também tinha de sempre ter algo para ler por perto. Sentiu um pouco de receio de mexer em coisas que não lhe pertenciam, mas acreditou que a jovem sentiria-se aliviada quando fossem devolvidos. Sentou-se em sua cama habitual e distraidamente notou mais dois livros caídos no chão. Ambos estavam virados para baixo e um deles estava com um bilhete direcionado para Hermione. Achou estranho e não reconheceu a caligrafia. Quem teria lhe enviado? Pela forma como foi encontrado, tudo levava a crer que fora trazido pelo correio bruxo já que ainda estava bem embrulhado e com uma fita delicada cujas marcas de patas de coruja entregava como tinha chego até ali, enquanto o outro dirigia-se a Lucy e o aspecto não era tão agradável. Não havia embrulho e parte do nome do livro tinha sido apagado pelo tempo. Ele nitidamente era antigo, tinha desenhos parecidos com hieroglifos e a palavra SEGREDO aparecia no final da capa de forma tão apagada, mas ainda emitindo um certo brilho.
Novamente a curiosidade por decifrar aquele enigma tomou conta da jovem bruxa e quando menos percebeu já tinha tirado o barbante que o revestia e decididamente o abriu. Nem mesmo ela entendia o por que de tanta curiosidade, só sabia que o livro exercia um poder sobre ela inexplicável. Para sua surpresa todas as folhas estavam em branco e relembrando o que tinha acontecido há alguns anos atrás quando o diário de Tom Ridlle caiu nas mãos de Gina ficou receosa se deveria continuar bisbilhotando. Analisou bastante e por fim decidiu continuar. Pousou o livro sobre as pernas e a cada página que virara lançava um feitiço diferente a fim de faze-lo se revelar, mas para sua infelicidade nada acontecia. Internamente parecia um amontoado de pergaminhos velhos que foram encadernados juntos. As folhas estavam bem amareladas e as bordas ruidas por traças provavelmente, mas todas estas características só serviam para lhe instigar. Quando estava convencida a desistir notou que a última página tinha alguns dizeres, se ajeitou na cama e se pôs lê-los.
“O homem é um ser inquieto que busca sempre revelar o desconhecido.
Para chegar ao limiar da sabedoria bruxa não é preciso apenas dominar feitiços, conhecer magias ou ser audacioso. É necessário muito mais.
Maior discernimento, despreendimento, prudência, sagacidade, erudição para no momento oportuno fazer a escolha certa.
Deve-se ter consciência da ilação de suas ações e ter franqueza para trilhar o seu caminho.
Desvendar e guardar segredos é a chave para a aquisição do conhecimento, mas só conseguirá quem não for presunçoso.
Portanto caro leitor não ache que lançando encantamentos conseguirá as respostas. Elas estão no interior do seu coração e só sairão quando de fato, precisares delas.”
- Agora eu fiquei ainda mais confusa. As respostas estão no interior do seu coração e só sairão quando de fato precisares delas. - Repetiu em voz alta. - Quanto mistério. Tudo isso era para que eu não lesse? Será que a Lucy lançou algum feitiço nele? Droga, por que eu estou tão interessada? Não é da minha conta, não é meu... aliás onde está o meu... ah aqui.
O livro que fora direcionado para Hermione parecia ter sido enviado diretamente da livraria. Para ser mais precisa da Floreios e Borrões. Havia um selo com o slogan da loja na capa abaixo do título “ Qüinquagésimo sexto encontro dos 10 maiores bruxos da atualidade, a procura de respostas”. Até parecia que a pessoa que o enviou sabia que primeiro ela folhearia o livro da colega para depois abrir o seu. A curiosidade deu espaço para o receio e a jovem pensou bastante se o momento era próprio para mais emoções. Quando abriu ouviu o canto de pássaros vindos do exemplar e instantaneamente as páginas correram até a introdução onde o autor saudava os leitores e agradecia a Alvo Dumbledore pela colaboração. Logo abaixo tinha uma foto dos dois apertando as mãos, na legenda o nome Louis Parker Mulroney pareceu familiar. Mais uma vez as páginas se moveram até o primeiro capítulo que dizia “O que procuras?”. Não conseguia acreditar naquilo, parecia que o livro falava com ela. Começou a crer que só conseguiria ler o outro livro se antes lesse aquele. Respirou fundo, encostou na cabeceira da cama e iniciou a leitura se esquecendo que havia combinado se se encontrar com os amigos em 20 minutos na sala de estar. Só parou depois de muito tempo quando de súbito Gina invadiu o quarto ofegante a chamando para irem embora.
***
Oi amigos
Este cap demorou bastante, mas está aqui. Postado!!!!
A todos que sentiram falta e me mandaram mensagens... MUITO OBRIGADA. Foram elas que me motivaram.
O cap foi curto e talvez não supere as espectativas, mas precisava lançar algumas informações essenciais para o futuro. Será que muitos nós estão surgindo?
Será que Harry não é mesmo o último Potter? Seria ele o guardião? Os devaneios de Luna teriam um fundo de verdade? De qualquer forma terão que esperar pelos próxs episódios.
Sei que não costumam comentar e eu decidi não pressioná-los. Agora se fizerem né... eu... ficaria mto feliz.
Muitos beijos e até mais
Graziela
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