Força masculina X Graciosidade

Força masculina X Graciosidade



Capítulo XI
Força masculina X Graciosidade feminina


Os convidados que restaram (na sua maioria membros da ordem, amigos ou familiares Weasley) se aglomeraram na pequena sala da Toca. Harry ficou próximo ao monte de embrulhos postos ao lado de um velho sofá e abria os presentes aleatoriamente. O primeiro estava envolto a um papel laranja com bolinhas amarelas e roxas, um laço vermelho sobre a caixa movia-se como se tivesse vida própria. Achou engraçado e ao abrir se deparou com um objeto bastante esquisito. Parecia um emaranhado de arame farpado rodeando alguma coisa. Pelo que Harry conseguiu notar, no interior daquele monte de ferro retorcido havia um outro objeto comprido parecendo uma lança de madeira.

- É um chifre de unicórnio embalsamado. Muito encontrado nas tumbas do Egito! – Luna principiou a explicar.

- Ah! – Harry tentou mostrar credulidade.

- Fala sério!? Desde quando existe unicórnio no Egito? – Sussurrou Hermione.

- Existiu. Por isso é uma relíquia muito poderosa. Tanto é que você só consegue tocá-lo se estiver em uma situação de extremo perigo.

- E o quê isso faz Luna? – Neville parecia muito curioso.

- Não sei ao certo! Meu pai só me disse que a proteção ao redor só é eliminada quando a pessoa precisar realmente dela.

- Tá e de que adianta ter algo se não se sabe pra que serve? – Rony quis saber.

- Gente não importa, eu... adorei. Vou abrir outro. – Harry interrompeu tentando evitar uma possível discussão sobre a utilização do chifre de unicórnio embalsamado. – Rony me passa aquele embrulho ali.

Nesse instante o garoto sentiu uma pontada irritante na cicatriz e se contorceu para não tocá-la e assim demonstrar que estava incomodando. Olhou ao redor e notou que Lucy o observava com certa curiosidade. Sentiu sua vista ofuscar com o brilho que um dos colares da jovem desprendia e só voltou a si quando outra prenda se aproximava. Rony pegou uma caixinha azul cujo laço estava extremamente torto e com uma careta entregou a Harry. Ela tinha a altura e o cumprimento ideal para um livro, mas ao abri-la teve uma dupla surpresa. Primeiro por que assim que retirou a tampa, um cartão se ergueu no ar imponente como se tentasse reconhecer quem era o aniversariante e ao encontrá-lo, lábios surgiram rabiscando um sorriso e em seguida estourou repentinamente levando aos ouvidos de todos uma música suave revelando quem o presenteava. Segundo por que o que estava no seu interior decididamente não era um livro. Era uma espécie de amuleto formado por um longo cordão preto e com uma pedra verde sem forma definida.

- Desculpe Harry o mau jeito. Estava no bolso do casaco. – Hagrid surgia entre os convidados empurrando meia dúzia deles para o lado. - Dumbledore pediu para que eu entregasse, sabe! Ele me disse que faria o possível para vir, mas por via das dúvidas pediu pra entregar a você.

- Tá explicado! – Rony compreendeu a causa da má condição em que o embrulho se encontrava.

Harry olhava curioso para o presente e não sabia exatamente para que servia. Se tinha algum poder mágico ou se era apenas para enfeitar, ele não fazia idéia e tampouco Hermione já que não tinha se prontificado a explicar a todos do que se tratava. Isso só poderia ser dito pelo próprio Dumbledore caso aparecesse ou então quando se encontrassem novamente. Agradeceu a Hagrid por tê-lo trazido e imediatamente abriu o outro que o meio gigante lhe entregava.

- Este é o meu, abra.

- Nossa. É... grande. – Harry começava a se desesperar com o quê poderia ser. Considerando a devoção que o amigo tinha por animais esquisitos e pelo tamanho do embrulho, o jovem bruxo se questionou mentalmente se era prudente abrir o pacote ali, na sala, perto de tantas pessoas. Sentindo que a pressão aumentava à medida que Hagrid gesticulava para que ele visse logo o que era, canalizou positivamente o pensamento, respirou fundo e rasgou o papel que o revestia. – Er... é uma gaiola... nova... pra Edwiges... – na base da gaiola Hagrid colocou uma plaquinha com o nome da coruja, aliviado Harry continuou - ... bem que ela estava precisando. A antiga já começou a enferrujar.

- Achei que precisaria de outra. Afinal já faz seis anos não é...

- É verdade. Eu... quero dizer, nós somos muito gratos a você Hagrid. Obrigado mesmo. – Harry se levantou e abraçou o grandalhão.

Muitos outros presentes foram abertos: Neville deu uma muda de Asfódelo (planta usada na poção do morto-vivo) fazendo par com a Valeriana que ganhou de Fleur; a Sra. Weasley renovou o estoque de roupas tricotadas com o comum “H” estampado; Gui e Carlinhos compraram um agasalho do seu time preferido de quadribol; o Sr. Weasley deu um relógio seminovo de ouro; o embrulho comprido de Tonks revelou ser um porta vassouras (muito necessária já que a dele vivia escorada atrás da porta do quarto); os demais deram livros, peças de roupas, porta-retratos, álbuns, jogos mas nada superou o que tinha sido deixado por último estrategicamente por Rony.

De todos os pacotes este era o maior. Estava com um bonito papel de presente e um cartão preso a um canto. A curiosidade era imensa, mas preferiu descobrir primeiro quem havia dado. Surpreendeu-se com o monte de letras conhecidas rabiscadas ao fim do papel e voltou o seu olhar para a mensagem escrita.

Harry

A amizade é como um tesouro que demora muito para ser encontrado: recebemos algumas pistas, fazemos buscas, transpomos barreiras para localizá-lo e quando finalmente o encontramos desejamos guardá-lo protegido de tudo.

Assim é conosco, desejamos que seja eterno este laço que nos une hoje.

Admiramos sua bravura, lealdade e amizade. Por ela somos encorajados a sermos melhores. Muito obrigado.

De seus velhos e novos amigos


- Rony, Hermione, Jorge, Fred, Gina e Lucy. – Disse em voz alta. – Bom, já gostei do cartão. Vamos ver o que é isso agora.

Decidido a não perder mais tempo, rasgou o papel que envolvia o presente e tentou entender exatamente o que era. Na caixa havia algumas informações, mas não eram suficientes para que compreendesse.

- É um simulador prático de quadribol. – Jorge falou alto do outro lado da sala verificando a cara de Harry.

- É como um jogo. Você escolhe o uniforme, os jogadores e se diverte como numa partida de verdade. – Rony completou.

- Uau. E como funciona?

- Ah, quem sabe explicar melhor é a Lucy. Ela também tem um. – Hermione indicou a jovem que acompanhava a Sra. Weasley até a cozinha.

- Ei Lucy! – Fred a chamou. – Que tal uma explicação prática do funcionamento do simulador?

- Mais tarde, talvez. Agora preciso resolver uma coisinha. – Disse rapidamente antes de sumir pela porta.

- Bom meninos, deixem isso aí por enquanto. Vamos agora brindar ao aniversariante... – o Sr. Weasley fez um aceno com a varinha e instantaneamente taças cheias de vinho planaram próximo a cada convidado restante - ... à Harry Potter.

- Ao Harry. – Todos disseram em uníssono levantando a taça.

O garoto consentiu com a cabeça e esboçou um sorriso tentando afastar a lembrança do último Natal que passou com o padrinho. Naquele momento também brindaram e a sensação de ainda ter um parente bruxo era tão boa que não queria se ater à lembrança e deixar que a tristeza tomasse conta do seu ser. Os amigos tinham feito aquela festa pra ele. Não podia e não iria se entristecer. Engoliu as lágrimas que repentinamente começavam a invadir seus olhos e virou a taça de vinho querendo afogá-las.

***

No jardim Rony observava os casais pela extensão do lugar e martelava o quanto tinha sido grosseiro. Não por vontade, mas por falta de tato. Sabia que a garota era uma manteiga derretida por trás da imagem de durona e se remoia por tê-la decepcionado. Brincava com uma taça vazia que estava apoiada sobre o banco quando ouviu passadas muito próximas anunciando que alguém se aproximava. Levantou a cabeça bem devagar e se alegrou quando Hermione se sentou ao seu lado empurrando a taça para o lado. Ninguém sabia e nem queria dizer nada. Valia o que sentiam um pelo outro independentemente do quanto eram cabeça-dura para compreender. Um toque foi o suficiente para reavivar o sentimento, mas a coragem para as desculpas não surgiu e ambos ficaram ali, parados, experimentando no silêncio a sensação prazerosa que era acariciar os dedos um do outro.

Lábios secos, olho no olho, suspiros, mais toques, batimentos cardíacos mais acelerados. Para que perder mais tempo? Sorrisos, aproximação no banco, mais olhares. Pra quê ficar separados quando o quê se quer é ficar junto como se fossem uma só pessoa? Lábios umidificados pela língua, desejo, paixão. A taça foi jogada longe e ambos envolvidos no abraço e no beijo desesperado apagaram de suas mentes que em algum momento antes tinham brigado.

***

Na cozinha Molly Weasley conversava aos sussurros com Lucy quando alvo Dumbledore chegou. Para a surpresa das duas, ele conseguira completar seus afazeres e comparecer a festa para parabenizar o jovem Harry Potter. Como sempre estava sorridente e com um abraço saudou a dona da casa. Em seguida fitou a jovem que estava ao lado durante algum tempo e com ar paternal a abraçou. A Sra. Weasley achou a cena um tanto quanto estranha já que este comportamento do professor não era muito comum.

- Lucy que alegria te ver AQUI. Mesmo desejando que você se envolvesse mais com os membros da Ordem, não imaginava que pudesse te encontrar nesta festa. Devo confessar que fico muito feliz em saber que está considerando o meu pedido. Tem feito algum progresso?

A jovem franziu a testa, encarou os olhos azuis do professor, negou com a cabeça e sorriu. Dumbledore arregalou os olhos como se não acreditasse no que ouvia e com batidinhas nas costas da Srta. Müller continuou.

- Lucy. Você precisa... – reparou o semblante da jovem e prosseguiu - ...e não adianta fazer essa cara mocinha, já conversamos sobre isso. Você precisa conquistá-lo pra que seja revelado o quanto antes.

Contrariando o que o seu rosto dizia a garota emendou um “OK” e desanimou visivelmente. Sem compreender patavinas daquela conversa Molly avisou o professor de que Harry estava na sala terminando de abrir os presentes. Sem querer desperdiçar mais tempo, ele piscou para Lucy e foi ao encontro do aniversariante.

***

O encontro com o professor foi de certo revelador. Harry ficou feliz em vê-lo ali, tão bem disposto, e mais feliz ainda em descobrir do que se tratava o presente recebido.

- Isto é um DIP, muito útil e necessário diante das circunstâncias atuais. – Fez uma pausa. -Existem pouquíssimos no mundo e sem querer me gabar, ajudei a criá-los.

- Mas o que é exatamente?

- Ah! Ele é um Detector instantâneo de perigo. Está vendo isto aqui? – Retirou de dentro das vestes um colar parecido com o que dera a Harry. O que diferenciava era que este possuía mais três pedras de cores diferentes. – Serve como uma espécie de central. Todas as vezes que estiver em alguma situação que denote perigo e se estiver com ele basta me chamar mentalmente. A pedra igual ao do seu colar me avisara e eu poderei chegar até você onde quer que esteja.

- Nossa. Isso é... fantástico.

- Mas não se esqueça Harry, você precisa estar sempre com ele. Não o perca.

- Claro, claro professor. Não esquecerei.

- Assim espero. – Disse olhando sob os oclinhos de meia lua.

- Harry, está todo mundo te esperando lá fora. Traz o jogo... – Gina surgiu ofegante pela porta. – ...ops, desculpe. Não sabia que o professor Dumbledore estava aqui.

- Olá Gina. Tudo bem?

- Ahã. – A garota consentiu com a cabeça.

- Bem, acho que já está na minha hora. Reitero meu pedido... esteja sempre com isso. – Disse segurando seu próprio colar.

- Obrigado por ter vindo. Foi um prazer tê-lo aqui.

- Eu é que agradeço o convite. Até logo senhorita... – disse dirigindo-se a Gina que ainda estava próxima a porta - ...tchau Harry. Despeça-se da Sra. Weasley por mim. – Após a confirmação pelo jovem ele dirigiu-se até a lareira e desapareceu atrás das chamas verdes faiscantes.

- Anda Harry. Vamos logo, queremos jogar.

- Tá!

Ajudado pela namorada o garoto pegou a caixa e se dirigiu para o quintal. Chegando lá encontrou uma turma alvoroçada e ansiosa para iniciar. Rony tirava algumas dúvidas com Lucy enquanto Patrick a esperava para continuarem uma conversa e Fred lançava sobre ele um olhar fulminante. Gina convencia Hermione a entrar na brincadeira. E os demais aguardavam a divisão dos times. Tudo ia muito bem, exceto pelo fato de que quase ninguém sabia como funcionava.

- Não é difícil. – Rony seguia explicando. – Primeiro selecionamos os times. Uma vez escolhido deveremos dar nomes para que a pontuação possa aparecer no painel. Depois marcamos nesta tabela os jogadores, as posições, escolhemos o uniforme e as vassouras a serem usadas. – O ruivo pausou para mostrar o lugar do tabuleiro onde deveriam ser inseridas estas informações. – Tudo definido, os jogadores devem tocar o transportador.

- E o quê é o transportador? – Hermione quis saber.

- É este botão aqui. – Angelina indicou um botão preto que tinha a capacidade de transportar os jogadores para dentro do jogo.

O novo brinquedo de Harry consistia em um jogo onde se podia treinar quadribol de forma real. Uma vez aberta, a caixa automaticamente se erguia sobre um tabuleiro marrom e um mini estádio com o mesmo formato do campo, das balizas, dos aros, das arquibancadas e o até mesmo do painel eram idênticos a um verdadeiro. Na parte de cima deste tabuleiro haviam três botões que sinalizavam: introdução, times e transportador. Atiçado pela curiosidade apertou o primeiro e uma voz estridente ressoou.


Quadribol é o mais popular e nobre esporte dos bruxos, consiste em um jogo jogado por sete jogadores de cada time divididos em quatro posições e com quatro bolas diferentes. A Goles, que é uma bola vermelha do tamanho de uma de futebol, é jogada pelos três Artilheiros de cada time. A intenção dos Artilheiros é fazê-las atravessar os arcos de gol do time adversário, que são três balizadas douradas com cerca de 15 metros de altura e grandes aros no topo. Caso não sejam impedidos pelo goleiro do outro time, cada Goles atravessada por um dos aros concede 10 pontos ao time que o marcou. Nas outras posições ficam os Batedores, que são dois jogadores que carregam consigo tacos para rebater os Balaços, duas pequenas e pesadas bolas que tentam atingir os jogadores para derrubá-los de suas vassouras. A intenção dos batedores é proteger os integrantes de seu time e enviar os balaços em direção aos jogadores adversários. Longe de tudo isso está o Apanhador, geralmente o menor e mais veloz jogador do time. A intenção do apanhador é capturar a quarta e mais importante bola do jogo: o pomo de ouro. Pequena e veloz, a bola concede ao time que capturá-la 150 pontos, além de encerrar a partida.

O campo onde ocorre o jogo é oval, de 152 metros de comprimento por 55 de largura, com uma pequena área circular de aproximadamente 60 centímetros de diâmetro ao centro, de onde as bolas são lançadas. O campo ainda possui de cada lado, duas "pequenas áreas" onde se encontram três balizas, cada uma com 15 metros de altura, onde o goleiro fica para defender quando a goles é lançada pelos artilheiros do outro time.
O Quadribol possui três diferentes tipos de bolas: uma goles, dois balaços e um pomo de ouro. A goles mede 30,5 centímetros de diâmetro e não tem costuras, sua cor é vermelha. Os balaços são feitos de ferro e têm 25 centímetros de diâmetro, são enfeitiçados para perseguir os jogadores sem discriminá-los, de forma que ataquem o jogador mais próximo. O pomo de ouro tem o tamanho de uma noz e é enfeitiçado para fugir à captura o maior tempo possível. Todas elas são enfeitiçadas para que fiquem sempre dentro dos limites do campo.

Os sete jogadores do time ocupam quatro posições dentro do jogo: três artilheiros, dois batedores, um apanhador e um goleiro. A função do goleiro é a de defender as três balizas da própria equipe. Os batedores têm por função defender todos os jogadores de seu time das investidas dos balaços, utilizam para isso o auxílio de bastões. Os artilheiros são os encarregados de marcar gols, eles atiram a goles um para o outro e marcam dez pontos todas as vezes que conseguem passá-la por dentro dos aros do gol. A função do apanhador é a de capturar o pomo de ouro e conseguir assim 150 pontos para o time e encerrar o jogo."



Antes de apertar o segundo botão, Harry quis saber quem iria jogar e como seria a divisão das equipes. Rony querendo tomar a frente sugeriu que se formasse um time masculino contra um feminino, mas a maioria discordou por achar que era uma covardia.

- Isso não é justo Rony. Praticamente todos vocês já jogaram no time de quadribol da escola. – Hermione retrucou.

- É verdade, e, além disso, acho que não tem um número suficiente de damas que queiram se arriscar nisso. – Luna complementou.

- Ah, mas que exagero! Angelina. Lucy, Gina e Tonks também já jogaram. Claro que não tão bem quanto nós, mas jogaram. - Jorge disse com sarcasmo.

- Há há há. – A expressão alegre de Gina se reverteu em uma de provocação. – Quer saber de uma coisa, acho que está na hora de nós mostrarmos pra esses... convencidos do que somos capazes.

- Concordo com você. Eles estão se sentindo demais. Realmente precisamos dar a eles uma lição.

- Obrigada pelo apoio Angelina. E vocês o que acham? – Gina tentou invocar as amigas.

- Acho que elas vão amarelar! – Rony se intrometeu.

- Cala a boca Ronald. – Hermione se inquietou com a piadinha. – Gina, eu dou o maior apoio a vocês, mas fico de fora. Tudo bem? – Esboçou um meio sorriso.

- Claro que não. Quem não está a nosso favor na luta, está contra nós.
- Credo, que radical. Olha acho que eu também não topo não. – Pela primeira vez Luna se posicionou na discussão.

- Gente, mas se todo mundo der pra trás não vamos completar o time. – Angelina tentou anima-las. – É só um jogo. Um velho e bom quadribol.

- Bom enquanto vocês imploram aí por jogadoras, o nosso time já está formado. – Harry resolveu apimentar mais a situação. – Agora, se não conseguirem formar o de vocês e forem desistir... podemos... nivelar os times tornando-os mistos. E aí? O que acham? Vão ou não vão?

- Nivelar? Mas não vamos desistir. – Gina disse com firmeza. - Espera aí! Você disse que o seu time está completo?!

- Ahã!

- Engraçado, pelos meus cálculos vocês são cinco e o time precisa de SETE. Onde estão os outros dois? – A ruiva tentou mudar um pouco o rumo da conversa.

- Bom, o Harry é o apanhador, Jorge e Fred os batedores, o Neville, Gui e Carlinhos são os artilheiros e eu o goleiro. – Rony passou, mais uma vez, à frente do amigo para responder.

- Gui e Carlinhos vão jogar? – Hermione o interpelou.

- Mais é claro, eles não perderiam isso por nada.

- Engraçado, não estou vendo o Carlinhos por aqui... – olhou ao redor e encarou o namorado - ...ouvi já algum tempo seu irmão dizendo a sua mãe que estava muito cansado e iria dormir. Já o Gui... duvido que deixe a Fleur de lado para jogar. Será que o time desfalcou? – A ironia era visível naquele rosto.

Hermione conseguiu o que queria e deixou o namorado encabulado o bastante para não mais pressioná-las. Carlinhos realmente tinha se deitado há algum tempo e nem mesmo o jato de água que jogaram sobre ele foi suficiente para que mudasse de idéia. Jorge e Fred não estavam nada contentes com o fato de terem Neville no time. Eles nunca o tinham visto atuando antes e temiam que afundasse o time. A boa noticia é que Gui concordou em fazer parte da equipe desde que sua amada também jogasse (no time oposto é claro). Só faltava um. Tentaram convencer Lupin, mas ele disse que estava velho e não sabia mais como fazer. O Sr. Weasley se animou, mas nenhum dos filhos encarou a situação com boa vontade e desencorajado ele desistiu. Só tinha uma solução... chamar o Patrick. O problema é que Rony desconfiava que o rapaz estava crescendo o olho para cima de sua namorada e Fred tinha certeza de que ele estava querendo era “ficar” com Lucy ainda naquela noite e caso não agisse logo o rapaz conseguiria, pois desde que começaram a discutir sobre a divisão das equipes os dois iniciaram outra conversa em um dos bancos do quintal. O gêmeo teve certeza de ter visto ele pousar a mão sobre o ombro de Lucy e vagarosamente subir até o rosto. Não sabia sobre o que tanto falavam e teve um desejo enorme de vê-lo sendo derrubado da vassoura por um balaço (claro que lançado por ele). Seria a oportunidade perfeita para dar uma lição naquele mauricinho-metido-a-besta. Pensou seriamente na cena e convenceu os demais a inclui-lo jurando mentalmente se vingar.

O poder de persuasão que Gina tinha foi o suficiente para convencer Luna e Hermione. Enquanto uma se posicionaria como goleira a outra (juntamente com Fleur) seria batedora. Lucy hesitou um pouco, mas foi convencida pelo amigo a jogar e juntamente com Tonks e Angelina atuaria como artilheira (sua posição habitual). Gina é claro tomou o posto de apanhadora.

- Vamos começar então. – Jorge se adiantou. – Qual é o nome do nosso time?

- Força masculina. – Rony mostrou o muque e olhou de esguelha para a namorada.

- Ridículo. – A menina comentou baixinho. – Que nome idiota!!

- Legal. – Harry se divertia com a implicância da amiga. Dirigindo-se aos companheiros emendou. - Todos concordam?

- Sim. – A resposta foi única.

- E o de vocês madames? – Fred quis saber. – Tão delicanas, pena que serão... massacradas...

- O nosso?! Meninas que tal graciosidade feminina? – Hermione opinou dirigindo-se as amigas.

- Perfeito. – Gina aprovou.

- Ideal. – Angelina olhava com fúria para Jorge que abafava um risinho.

- Oportuno. – Lucy colocou os polegares nos bolsos da calça e encarou os rapazes.

- Então está decidido. O nome é este! – Luna e Tonks agradeciam o final de mais uma questão tão amplamente discutida.


***

- Acho que cor-de-rosa é legal...

- Ah não Luna! Muito menininha. – Hermione reclamou da cor do uniforme.

- Mas combina com o nome! – A loira se emburrou.

- Vocês querem andar logo? Queremos jogar. – Harry se impacientou por mais uma vez a equipe feminina demorar a decidir.

- Tudo bem. Vamos então... de lilás. Que tal? – Hermione olhou para a primeira cor que lhe pareceu menos chamativa para um uniforme.

- Até que enfim. – Alguém disse do outro lado. Não dava pra distinguir a voz por que ela foi abafada pelas mãos por um dos rapazes, mas podiam imaginar quem teria sido.

- Ok! Sem mais discussão é hora de jogarmos. – Agora era Angelina que começava a se irritar.

- Quem vai primeiro? – Gina demonstrou ansiedade.

- Eu vou. – Pela primeira vez em muito tempo ouviram a voz de Lucy. A jovem se habilitou primeiro para demonstrar aos outros como fazia e também por medo de que mais alguma questão fosse novamente debatida. Se aproximou da caixa, apertou o transportador e continuou. – Lucy Müller, Graciosidade Feminina, artilheira e firebolt.

Em segundos o corpo da jovem desmaterializou-se e apareceu no mini estádio de quadribol. De fora do jogo a imagem que tinham dela era a de uma miniatura (como a do bolo do aniversariante) que acenava para os demais. A diferença é que sabiam que era real e que, principalmente, era seguro deixar-se levar através do transportador. Um a um foram surgindo e se encantando com a beleza do lugar, até mesmo Hermione que não praticava o esporte ficou fascinada. Os holofotes estavam virados para o centro do estádio fazendo com que se sentisse uma estrela do esporte e se lembrou de alguns anos atrás quando foi a uma copa mundial.

Todos os garotos, sem exceção alguma, estavam se sentindo realizados. Quantas vezes não tinham sonhado em estar em um lugar daquele executando as maiores manobras e fazendo a torcida vibrar com cada gol e depois com a conquista da vitória com o pomo de ouro na mão? A sensação era fantástica e fez com que todos se esquecessem do que iriam fazer ali. Lucy se largou no chão e esperou impacientemente pela boa vontade geral para começarem logo. O semblante bem humorado da garota estava se evairindo, fechou os olhos, murmurou algo e começou a roer as unhas. Harry sentiu uma nova pontada e desta vez não teve como disfarçar. Era tão intensa que pressionou a mão sobre ela a fim de conter um pouco a dor. Rony percebeu e quando iria chamar alguém o amigo o segurou pelo braço dizendo “que estava passando”. Temendo que algo pudesse acontecer, o ruivo o encarou descrente, mas não disse nada a ninguém. Esperou que ele se restabelecesse e se alegrou quando o viu montar em sua vassoura, seguido pelos demais que voavam para suas posições.

Goleiros, batedores, artilheiros e apanhadores devidamente posicionados o jogo começou. Para um inicio de partida o tumulto causado impressionou os mais experientes. Fleur rebateu um balaço em direção a Jorge, mas acertou a Ninfadora. Fred aproveitou a cena para manda-lo para cima de Patrick e quando ele se desviou acertou o braço de Lucy. Ansiosa por pegar a goles Tonks não percebeu que Angelina já estava muito próxima e trombaram levando a morena ao chão. Luna gritou do outro lado “Falta” na esperança de fazerem um gol e se esqueceu que elas eram jogadoras da mesma equipe e por isso não seria concedido. Todos os rapazes riram da garota e neste momento de desatenção Lucy marcou o primeiro gol. Rony que até pouco tempo preocupava-se em caçoar da amiga, agora tinha que engolir a cara de desdém que ela fazia observando o placar marcar 10 a 0 para Graciosidade feminina.

- Droga.

- Pow Rony, se liga né! - Jorge reclamou.

- Foi mal.

A gana de ganhar do FM (força masculina) aumentou depois de que o placar foi aberto por Lucy. Agora eles não mediriam esforços para inverter o placar e pegar o pomo. Fred rebateu um balaço que se aproximava de Gui e o novo rumo tomado por ele dirigia-se a Hermione. Confusa sobre como usar o bastão se atrapalhou e foi atingida no rosto pela bola. No mesmo instante um hematoma surgiu em seu rosto e a garota uivou de dor. Apreensivo com a situação, Rony deixou sua posição e voou ao encontro da garota antes que ela caísse no chão. Para seu azar, Patrick estava mais perto a segurou antes. Se o clima durante a partida não era nada amistoso, agora então as coisas tendiam a piorar. De forma rápida e eficaz o rapaz lançou alguns feitiços que desapareceram com a dor e com o hematoma, fazendo com que Hermione rapidamente voltasse ao jogo, um pouco mais receosa e furiosa também.

- Ah então eles vão pegar pesado né? – Dizia a si mesmo. – Tudo bem... se é um jogo de verdade que eles querem, é o que terão. – A garota retirou a varinha de dentro das vestes, fez um movimento curto e um raio translúcido direcionou para a sua fronte.

Hermione observou que Lucy voava muito perto e balançava a cabeça negativamente enquanto o resto do feitiço era completado. A garota estava decidida a dar o troco no time oponente, por isso, aproveitou da distração geral para transmitir todas as informações necessárias de “Como Evitar Balaços - Um Estudo de Estratégias Defensivas em Quadribol” para dentro de sua mente. Achou que a jovem a interpretaria como uma impostora, mas sentiu-se confusa quando a viu encostar as palmas das mãos por baixo da vassoura (fingindo que descansava) e em seguida todos os demais jogadores moverem-se em câmera lenta. Para Hermione era óbvio: além de ser capaz de executar um feitiço sem proferi-lo, podia faze-lo sem uma varinha e principalmente controlar o tempo. Mesmo sentindo suas entranhas se revirarem de medo, a curiosidade de saber como ela fazia aquilo era maior. Só uma vez tinha conseguido algo parecido, mas na ocasião usou um vira-tempo. Lucy não utilizava esse recurso. Era muito mais avançada, de certo, aprendeu este e outros truques em uma de suas viagens. Terminado o feitiço ela sorriu para a companheira de equipe e fez um “ok” com a cabeça. No mesmo instante a jovem bruxa desuniu as mãos e voou para perto de Patrick. Tentando disfarçar o que havia feito a pouco, Lucy sorriu para o rapaz que a observava encantado.

Rony não distinguiu a direção do olhar de Patrick e imaginou que admirava a sua namorada. Enlouquecido de ciúmes, sacou a varinha do bolso e tudo o que todos viram no momento seguinte foi um clarão seguido de uma espessa neblina. Aproveitando que nada podia ser visto voou ao encontro do moreno e sem pensar o esmurrou. Patrick se desequilibrou e manteve-se preso a vassoura apenas por uma perna. Confuso chamou pela amiga e sentiu um vento forte que dissipava a neblina. Voltando a posição normal tentava descobrir de onde o ataque partiu enquanto uns o olhavam cismados e outros riam.

De imediato Lucy pareceu desconfiar do gêmeo por que o fitava como se tentasse ler seus pensamentos. Notando que ele percebeu dirigiu-lhe um olhar indiferente e encarou o outro ruivo. Este se condenou já que mantinha um ar triunfante e não disfarçava o contentamento. Inconformada com o acesso de brutalidade pelo qual o amigo passou, moveu os lábios rapidamente como se conversasse sozinha e voou para a outra direção.

No decorrer da partida Rony parecia ter se fortalecido com o ocorrido e fez três magníficas defesas. Harry voava ao lado de Gina, mas a garota não gostou muito, já que achava que na verdade ele só estava fazendo isso por medo de que ela encontrasse o pomo primeiro. Gui e Fleur sumiram das vistas de todos e freqüentemente Jorge se impacientava com a interrupção da partida para localizarem os dois. Hermione tentava uma aproximação maior com Lucy, mas sempre que percebia a jovem se esquivava e fingia discutir algo importantíssimo com Patrick.

O restante do jogo transcorreu como poucos imaginavam. Depois de muitas provocações recebidas o GF mostrou do que era capaz. A equipe marcou mais três gols excepcionais. No primeiro da série Tonks recuperou uma bola que tinha sido arremessada contra o seu time e com duas desviadas bruscas de balaços conseguiu manda-la para Angelina que aproveitou a distração do goleiro e jogou a bola por entre suas pernas. No segundo, Hermione rebateu um balaço e este acertou em cheio o ombro esquerdo de Gui, Angelina novamente capturou a goles que estava com ele e arremessou para Lucy que, mesmo sendo perseguida de perto por Jorge e Patrick, conseguiu fazer um rodopio no ar e aceleradamente se aproximar do gol. O ruivo se atrapalhou com as manobras da artilheira e não viu quando ela jogou a bola para Ninfadora que vinha logo atrás. Absorto em seus pensamentos de não deixar Lucy golea-lo novamente não prestou atenção enquanto seus companheiros avisavam que a bola estava com Tonks. Atordoado voou a toda velocidade contra a jovem bruxa enquanto a outra fazia o gol. O terceiro, e talvez o mais impressionante, aconteceu segundos depois no momento em que Jorge e Fred discutiam uma tática para liquidar as artilheiras. Harry percebeu a desatenção do time e deixou de procurar pelo pomo para tentar por um pouco de ordem na casa. Percebendo a intenção do rapaz Gina também largou o seu posto, desabotoou dois botões de seu uniforme e fingiu ter sido atingida por engano por uma bola errante. Preocupado Harry desviou sua atenção para a namorada que escorregava delicada pelo lado direito da vassoura. Estendeu seus braços viris e aconchegou Gina entre eles. Fingindo um desmaio a bela ruiva inclinou a cabeça para trás deixando que o decote mostrasse ainda mais o seu colo branco. Estratégia perfeita. Nada mais poderia deixar Harry mais atordoado. Enquanto ela continuava com o seu ensaio dramático e sensual, o trio de artilheiras driblava com perfeição a equipe masculina agora desestruturada. Como uma velocidade impressionante Lucy roubou a goles de Neville que até o momento não tinha feito nada de interessante e jogou para Tonks. A metamorfomaga fez uma cambalhota no ar e lançou a bola para Angelina que estava frente a frente ao goleiro. Eles se olharam tentando descobrir qual o próximo passo do outro e num movimento rápido e delicado lançou de volta a bola para Lucy marcar outro gol.

- Tempoooooooooo. – Harry gritou ao aterrissar. – Gina você está bem?

- Ãhn? – A ruiva tentava conter o grito de gol entalado na garganta. – Estou bem melhor Harry. Obrigada. – Levantou-se de súbito e correu ao encontro das companheiras do outro lado do gramado.

- Gina você está bem? O que aconteceu? - Hermione preocupou-se.

- Nada. É que eu percebi que tínhamos a oportunidade para fazer mais um gol e o Harry ia estragar. Então fingi passar mal pra ele me socorrer...

- Cara de pau! – Luna estava de boca aberta diante da atitude da amiga. – Não tem vergonha de fazer o seu namorado passar por uma situação dessas não? Eu vi a cara de preocupado que ele fez quando te colocou no chão...

- Ah bobagem! Eu só usei um pouco de charme pra conseguir mais dez pontos.... – a ruiva jogou os cabelos para trás - ... e sejamos sinceras... a jogada das artilheiras foi linda, não? Se eu não tivesse encenado podia ser que nada disso tivesse acontecido.

- É talvez você tenha razão, mas... acho que isso não vai colar de novo. O Jorge está me fuzilando com o olhar. Acho que ele desconfiou e vai orientar o time. Devemos jogar com seriedade agora por que eles vão vir com a corda toda. – Angelina se preocupou.

- Concordo. – Pensativa Hermione ponderou. - Não podemos esquecer quem joga do outro lado. Sabe como é... sorte no jogo...

-...azar no amor. – Luna completou.

- Então façamos o seguinte... – Com sua experiência de capitã Angelina explicou para o GF qual seria a tática enquanto do outro lado os garotos discutiam.

- Você é muito ruim cara.

- Como é que é? Eu sou ruim? E o que vocês tem feito? Até agora Fred eu só ouvi você reclamar e nada fazer. Uma das suas funções é impedir que as artilheiras cheguem até mim e sete vezes isso aconteceu. Ou você perdeu a prática ou o seu interesse é outro.

- O QUÊ? – Fred corou e quando ia dar um sopapo no irmão Harry entrou no meio.

- Gente dá um tempo. Precisamos nos concentrar no plano de ação. Realmente os batedores não estão fazendo suas funções. Parece que estão com medo.

- A questão não é esta Harry. Concordo que precisamos agir mais, mas não dá pra ser muito agressivo. Afinal quem está do lado de lá são nossas namoradas e por mais que eu esteja enfurecido por elas estarem ganhando, não consigo me imaginar machucando a Angelina. – Jorge se defendeu. - Pensa bem estamos jogando contra a Hermione... – olhou para Rony - ... a Angelina, a Fleur, a Gina, a Tonks que é nossa amiga, a Luna que é doida mas também é nossa amiga e a Lucy.

- Realmente precisamos tomar cuidado, são as nossas namoradas. – Pela primeira vez a voz grave de Gui foi ouvida. – Claro que nem todos nós temos a mesma sorte, né... – olhou de esguelha para Fred – mas enfim...

- Enfim o quê palhaço, cuida da sua vida que eu cuido da minha. – Fred corou.

- Ta ta ta. Chega. Façamos o seguinte: não seremos agressivos, só cautelosos. Não rebatam balaços para machucar e sim para atrapalhar. Os artilheiros tentem se entrosar mais e eu vou capturar o pomo o quanto antes. Ok?

- Ok! – Responderam em uníssono voltando para o jogo.

A partida reiniciou e a estratégia adotada pelas jovens pareceu ser exatamente o oposto da deles. As batedoras rebatiam os balaços com tanta intensidade que quebrou a vassoura de Neville, desorientou Patrick com um acerto na cabeça, machucou a perna de Gui e a mão de Fred e fez com que Jorge batesse com força em um dos aros tentando se desvencilhar da bola. Mais seis gols feitos, e o FM resolveu parar de poupar o GF. Partiram pra cima com tanta gana que o placar começou a mudar: 100 a 10; 100 a 20... 100 a 60. A boa forma física das meninas também, metade do time estava com algum membro enfaixado e com uma notável expressão de mau humor para completar. Tudo fazia lembrar um cenário de guerra.

Rony se recusava a falar com Hermione desde que ela enfeitiçou propositadamente um balaço para atormenta-lo depois dele ter feito piadinhas a respeito de sua atuação com o bastão. Patrick voava com dificuldade por conta da colisão que teve com Fred logo após ele acertar propositalmente o braço de Lucy partindo-o ao meio. Se o clima entre eles já não era dos melhores, agora então a coisa tinha ficado preta. Enquanto Hermione lançava um feitiço para restaurar o braço da jovem esta lançava um olhar furioso ao rapaz. Fred chegou a achar que os olhos cor de mel da garota tinham tomado outra cor, mais viva e perigosa, mas se convenceu de que estava apenas impressionado e se sentindo culpado.

No alto Harry e Gina percorriam todo o espaço a procura do pomo e nada. Até que inexplicavelmente Gina pensou ter ouvido uma voz dizendo para ela olhar ao seu lado. Ali estava o pomo, tão próximo, procurou pelo Harry e constatando que ele não estava próximo voou ao encontro da pequena bola dourada. Quando percebeu o que acontecia o rapaz seguiu para a mesma direção, mas já era tarde, a garota estava muito próximo e era só uma questão de segundos. Tomou um gole de coragem e resolveu arriscar. Ele era o apanhador da Grifinória e tantas vezes tinha conseguido pegar o pomo quando ninguém mais acreditava. Inclinou a vassoura e se lançou com a mão estendida. Não adiantou, Gina estava mais perto e agarrou a bola com toda a desenvoltura que possuía.

***

Todos estavam inconformados. Como podiam ter sido vencidos pelas garotas? De volta ao quintal da Toca tentavam esquecer a vergonha de perder por 250 a 60 fazendo as pazes com seus pares. Jorge jogava charme dizendo que no último arremesso tinha posto tanta força que achava que tinha deslocado o pulso, Angelina sabia que podia ser armação, mas entrou na onda fingindo acreditar na história. Já sentada em um dos bancos Gina engolia o riso de felicidade pela conquista e para ganhar um beijo do namorado encenou novamente uma queda súbita de pressão obrigando o rapaz a acolhe-la em seu colo. A garota era tão boa atriz que o jovem bruxo sequer desconfiou ser um truque, ou melhor, uma continuação do truque iniciado em campo, e tocou com seus lábios o de Gina agora delirante de prazer. Neville, Luna e Tonks se divertiam observando outro casal que entre resmungos tentavam se entender.

- Até que... quadribol não é tão ruim. Me diverti bastante mesmo tendo que ficar tanto tempo sobre uma vassoura.

- Fale por você Hermione.

- Qual é Rony? Vai ficar com esta cara de emburrado só por que ganhamos?

- Claro que não. – Disse encabulado. – Vocês tiveram sorte, só isso. Numa próxima vez isso não acontecerá, nós só tivemos uns probleminhas de comunicação e sabe como é né?! – Tentou encerrar a questão.

- Sei, claro. – À vontade que Hermione tinha era de argumentar sem parar sobre a superioridade feminina e da excelente demonstração de controle e astúcia durante a partida, mas do que serviria isso? Preferia cessar a discussão ali mesmo, estava física e mentalmente cansada e o dia já tinha sido muito desgastante com tantas brigas. Resolveu silenciar.

- Mione? - Rony segurou-a pela cintura.

- Áhn! – Respondeu virando para trás e se deparando com o rapaz muito próximo.

- Preciso dizer uma coisa que está entalada a algum tempo... não fala nada. – Encostou os dedos nos lábios da garota que se entreabriram para falar. – Sei que muitas coisas boas e ruins aconteceram hoje e quero que saiba que em nenhum momento tive a intenção de te magoar. Tô frustrado pela derrota, mas não quero ir dormir sem antes dizer o que estou sentindo... eu ... – silêncio - ...descobri que não posso e não quero mais viver sem você. Eu... te amo.

Surpresa e com os olhos cheios de lágrimas Hermione se jogou no pescoço do ruivo. Horas atrás tinha chorado no quarto da amiga achando que isso não era possível e agora estava ali, com Rony dizendo do nada e de forma surpreendente que a amava. Não importava mais os desencontros, a angústia, a tristeza, a decepção... pela primeira vez ele disse as palavras mágicas. Encostou o rapaz em um salgueiro que estava atrás de suas costas, deixou de lado o ar comportado de Hermione Granger e o beijou desesperadamente.

***

Fim de festa, todos já tinham ido se deitar e Gina ouvia atentamente o que a amiga relatava. Solicitou todos os detalhes e com o término contou também suas armações para que o namorado não descobrisse sobre o jogo. Estavam muito felizes e não conseguiam dormir. A noite maravilhosa tinha como cúmplices uma lua prateada, altiva e imponente e um céu repleto das mais belas estrelas. Ao longe se ouviam o barulho de corujas voando e de sapos pulando no velho lago e Gina não conteve a vontade de voltar ao quintal. Hermione a acompanhou até a cozinha onde se serviu de um pouco de ponche e logo retornou para o quarto enquanto Gina realizava o seu desejo. Logo que abriu a porta da cozinha ouviu vozes que ora sussurrava, ora se exaltava. Fred e Lucy discutiam sobre algo que a ruiva não conseguia entender. Saiu na ponta dos pés e se esgueirou até um trecho da parede onde eles não podiam vê-la, ali ouviu com clareza o que diziam.

- Pára, não adianta. Você não sai daqui sem me explicar.

- Vê se te enxerga. Já disse que não te devo explicações.

- Qual é a sua com esse Patrick?

- De novo esse assunto? Caramba, ele já foi embora. Esquece tá legal.

- NÃO!!! Afinal você tá com ele? – Fred encarou a morena e reparando que ela virava os olhos irritada com a mesma pergunta de sempre e emendou. – E a gente? Como fica?

- Não tem “a gente” Fred que droga. Quantas vezes preciso repetir pra você entender?

- Muitas. Você não me convence. Desde aquele dia da vigilância você me enrola. Por que fugiu depois que nos beijamos lá na sorveteria?

Gina se surpreendeu com a declaração e tapou a boca com as mãos com medo de que pudesse ser ouvida.

- Você me beijou contra a minha vontade. O que esperava?

- Ah, conversa!! Você retribuiu. Não vem dar uma de ofendida não por que você gostou. Tanto que não se desprendeu logo que a surpreendi. – Fred encostou a garota na parede com força e sussurrou ao seu ouvido. - Confessa vai, eu te deixo louquinha.

- Idiota convencido. - A jovem bruxa se enfureceu e tentou se desvencilhar do gêmeo que com uma mão segura as dois pulsos dela. – Me larga ou eu grito.

- Ah é. Então grita. Quero ver. Aí todos vão saber o que rola entre a gente.

- Não rola nada. – Retrucou ofegante.

- Sério? Então me convença.– À medida que ia falando, Fred tocava com a mão livre a parte do corpo de Lucy que mencionava. – Me diga que não fica feliz quando me vê... que não sente nada quando te toco... que não se arrepia quando seguro em sua cintura... ou que essa respiração ofegante não é por que estou falando perto da sua orelha. Diga que não há reciprocidade entre os nossos sentimentos e que não está tão apaixonada por mim quanto eu estou por você.

Gina queria olhar a cena, mas temia que isso interrompesse o desfecho da discussão. Encostou a cabeça com ferocidade na parede e imaginava o que estava acontecendo do outro lado. Enquanto isso, Lucy tentava controlar os batimentos cardíacos que aceleravam à medida que o rapaz se aproximava, O calor do corpo dele a derretia por dentro e já não sabia se conseguiria resistir por mais tempo. Engoliu em seco e empurrou o rapaz novamente na esperança de que ele desistisse e a soltasse. Tudo em vão, ele se fortalecia com o seu silêncio e continuava falando.

- Olha nos meus olhos e me diz... – os rostos estavam muito próximos e um podia sentir a respiração do outro - ...que estou enganado... que eu imaginei tudo isso... que nunca me quis como eu acho que quer... que não espera desesperadamente que eu a beije logo e eu te solto pra você ir embora.

Lucy não conseguia dizer nada. Ora ou outra fingia tentar se desvencilhar, mas desistia. Olhou de um lado para o outro tentando não encarar o belo rapaz a sua frente. Quando enfim conseguiu fita-lo, seus lábios se entreabriram sem nenhuma palavra ser dita. Não precisava. Fred soltou seus braços e antes que a jovem pensasse envolveu um braço em sua cintura enquanto o outro acariciava seus cabelos e a beijou com tanta intensidade que Lucy se rendeu ao desejo. Descansou uma mão sobre o peito de Fred e lançou o outro em seu pescoço.

Empolgada com o som de lábios sendo sugados, Gina não se conteve e saindo de trás da parede viu seu irmão e sua mais nova cunhada envolvidos numa cena típica de namorados apaixonados. Agora Fred tinha os dois braços ao redor da cintura da moça e Lucy acariciava a perna do gêmeo com a sua. Já era o bastante, esse excesso de intimidade não competia a bela ruiva observar. Sorridente, encostou a porta da cozinha com cautela e devagar retornou para o quarto.


***




Dois meses depois... estou de volta. Ainda sem internet, mas decidi não parar de escrever e na medida que der vou postando.

Lari obrigada pelas mensagens, em breve atualizarei a leitura da sua. Um grande beijo.

Graziela

21/08/08


P.S: As informações sobre quadribol eu retirei do site do potterish


















































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