A vigilância - Parte II



Capítulo VIII
A vigilância - Parte II


As três bruxas aparataram em uma viela de Godric´s Hollow logo após serem sugadas pela escuridão. Devido à sensação de um puxão de dentro do umbigo e a claridade que incidia sobre o lugar, Hermione e Gina levaram um tempo para abrir os olhos e balançavam sobre os próprios pés buscando a estabilidade do corpo. Tonks achou graça da aparência das garotas e conferiu ao redor para saber se não tinham sido vistas por nenhum vizinho trouxa que por ventura pudesse estar passando pelo lugar. Sentindo-se melhor Hermione tentava convencer a amiga que o pior já tinha passado.

- Pra você é fácil falar... sinceramente eu não gostei desse negócio de aparatar não...

- Você se acostuma. Vamos sente-se aqui um pouquinho até a tontura passar. – Ninfadora indicou uma lata velha que estava emborcada próxima a parede de tijolos vermelhos.

- É?! – Gina se sentou enquanto suas entranhas reviravam e o estômago decidia se o que tinha comido de manhã deveria ou não sair. As mãos estavam envoltas a barriga e com apenas um olho aberto, fez uma careta engraçada típica dos Weasley. Quando melhorou levantou de um salto e segurou nos braços das duas companheiras tentando reverter a situação. - Vamos garotas, deixem de frescuras. Temos uma missão para cumprir...

- Essa Gina não existe. – Hermione colocou a mão sobre a face e balançou a cabeça.

A cem metros do beco de onde surgiram, havia uma pequena praça ladeada por bancos de concreto e árvores frondosas. Algumas mães começavam a levar os filhos para brincar no parque instalado ao centro da praça e a imagem fez Hermione se recordar de quando era criança e a Sra. Granger fazia o mesmo.

Gina ficou estupefata ao ver como era uma aldeia semibruxa. Era difícil distinguir bruxos de trouxas e esse novo ambiente fazia evoluir uma curiosidade sem igual. Encantou-se com uma pequena ponte que passava sobre um laguinho, mas questionou a ausência de peixes. Quando Tonks sugeriu que permanecessem ali por algum tempo ela foi a primeira a concordar com a idéia. Ainda segurando os braços das outras duas, dirigiu-se a um dos bancos e juntas observaram um bando de pássaros que pousavam em um bebedouro próximo.

- Nossa... é bonitinha esta aldeia hein!

- Eu também gostei Gina.... – Hermione observava as pessoas quando uma de suas muitas dúvidas surgiu - Tonks o quê esse lugar tem de especial para a Ordem nos enviar para cá?

- Bem... bruxos importantes residiram aqui, inclusive os Potter. Foi aqui que a história do Harry começou... com o ataque de Você-sabe-quem e a sua derrota... por um garotinho de apenas um ano de idade...

- Mas este não é o único motivo. Há algo a mais e não é por acaso que não fomos informados. – Hermione adotou um semblante mais sério e com o objetivo de descobrir os mistérios que pairavam sobre a sede, pressionou a metamorfomaga. – O quê de fato tem intrigado a todos?

Antes de iniciar a explicação acerca do assunto tão ansiado pela garota, Tonks observou ao redor, pegou discretamente sua varinha e com um movimento curto lançou um feitiço para que a conversa fosse preservada.

- Há uma desconfiança de Você-sabe-quem esteja tentando novamente localizar armas, pessoas e até mesmo feitiços importantíssimos para conseguir a tão sonhada eternidade. Por isso nós ficamos sempre de vigia em lugares diferentes para tentarmos achar qualquer indício de que os Comensais da Morte estiveram naquele local e principalmente para descobrirmos do que estavam atrás.

- Tá, mas... pra mim ainda está um tanto confuso. O quê Godric´s Hollow poderia fornecer a Você-sabe-quem? – Quis saber a ruiva.

- Devido todo o estudo e aprofundamento que ele fez acerca das Artes da Trevas, conseguiu obter um conhecimento acima do normal e com certeza está utilizando estas informações para desenvolver feitiços que o levem a alcançar o seu propósito. Então Olho-Tonto quer que vigiemos com constância para podermos contra-atacar.

- Tonks quando eu cheguei no Largo Grimmald, o Ron me disse que algumas reuniões ocorreram sem a presença dos membros mais jovens... – pensando na confidência que faria a seguir continuou - ...e que eles ouviram alguns trechos... mas não entenderam boa parte.

- Ah! – Tonks fez um gesto com se o que ela tivesse dito fosse uma bobagem qualquer. – Nós já sabíamos. Qual parte que querem compreender?

- Quem chegou na reunião com Dumbledore naquela noite?

- Vocês a conhecem... era a Lucy. Há vários meses ela tem efetuado alguns “favores” para Dumbledore.

- FAVORES?

- É. Pelo o quê eu fiquei sabendo antes de se formar, o professor já havia sondado as habilidades da garota e quando saiu de Hogwarts para fazer a viagem tão esperada por todos... A FAMOSA VOLTA AO MUNDO, ele se aproveitou e pediu para que ela pesquisasse sobre algumas coisas... Agora a maior parte das informações que conseguiu estão sendo estudadas pelos dois.

- Como assim... pelos dois? – Gina estava roendo a unha tamanha era a sua curiosidade.

- É que o resto da Ordem está canalizando a energia para outras coisas. Enquanto isso, eles analisam tudo o quê é descoberto de novo. – Tonks parou um pouco para respirar e prosseguiu. – Não sei de muita coisa, mas ouvi algo que se relaciona a aulas particulares. Parece que Dumbledore esta tentando ensiná-la alguma coisa. – Desviando do assunto continuou. – Que tal irmos andar um pouco?

Durante o tempo em que permaneceram ali, bisbilhotaram cada ponto que puderam. As casas, incluindo as ruínas do chalé dos Potter. As pessoas que passavam pelas ruas e suas formas de agir. O cemitério. E como não poderia deixar de ser, a livraria local com uma organização tipicamente trouxa encantou Hermione, assim como as lanchonetes e os seus sanduíches de vários andares encantaram Gina. Muitas voltas, conversas e risadas depois voltaram para a sede sem ter presenciado nada de extraordinário, mas com a bagagem cheia de novos conhecimentos.

***

Desde o momento em que se instalaram em um Café de Budleigh Babberton, Rony não abriu a boca para nada. A todo instante Alastor fazia o olho de vidro girar nas órbitas a procura de algo que considerasse inadequado. Para o ruivo a única coisa que estava errada era a presença de três bruxos sendo um deles nada discreto para o ambiente. Os moradores locais lançavam olhares de surpresa e Rony sentia que precisava informar Moody sobre aquela sua aparência grotesca.
Para seu alívio ele não foi o único a perceber e antes que criasse coragem, Lupin informou ao companheiro sobre a situação. Minutos depois, ele voltou do banheiro com um aspecto muito melhor. Graças a Merlin existia a transfiguração. Como não possuíam dinheiro trouxa assaz para gastarem no Café, saíram do local deixando Rony desejoso de um certo pão que possuía várias camadas finas e ao que parecia tinha recheios diferentes. O cheio era espetacular e promovia o roncar de seu estômago.
Seguiram pela rua iluminada pelo sol e conversavam sobre assuntos relacionados às notícias veiculadas pelo Profeta Diário. Aliás, era só disso que falavam e para o garoto a ocasião não poderia ficar pior. Quando resolvia proferir algumas palavras, Moody o encarava de forma reprovadora e fazia com que o ruivo sentisse ainda mais saudade do enclausuramento da sede. Em comum acordo, Lupin e Olho-Tonto resolveram se separar e para a felicidade de Rony, iria com o lobisomem. As coisas estavam começando a melhorar.
- Caramba! Por quê tenho a impressão de que esse homem não vai com a minha cara?
- Mais que bobagem Ronald... esse é o jeito do Alastor e não representa de forma alguma, uma aversão a você. Ele fica preocupado e quer que tudo transcorra de forma correta e acaba sendo um pouco... grosseiro. Não é à toa que ele encabeça a Ordem.

-É, mais... eu me sinto ainda mais burro perto dele... é pior do que ouvir as correções da Hermione.

- Bom...- desconversou o antigo professor - ... por que não aproveitamos a sua ausência para andarmos pelo lugar?

- Boa idéia.

O povoado era calmo e Rony não pode deixar de perceber que na sua maioria era composto por pessoas de meia-idade que se espalhavam pelas ruas. Ora ou outra passava uns grupos mais jovens de moças e rapazes que se dirigiam provavelmente para a escola. Ainda com fome seus olhos saltaram quando se depararam com uma sorveteria. Notando a feição do jovem, Lupin o convidou para entrarem. Já no balcão Rony quase se arrependeu de ter aceitado o convite quando o professor entregou todas as moedas que tirou do bolso do seu velho casaco. Como não podia devolver o sorvete lambido à balconista, o engoliu vagarosamente tentando livrar-se do remorso e iniciou uma conversa tola.

- Para onde será que o Olho-Tonto foi?

- Na certa... foi visitar algum amigo.

- E ele tem amigos aqui?

- Por incrível que pareça... tem sim. É comum algum bruxo abandonar sua comunidade e se alojar em povoados como este. Se não fosse a minha condição... – Lupin disse pesaroso. – ... talvez eu fizesse o mesmo.

Sentindo ter pisado mais uma vez na bola, o garoto tentou mudar novamente de assunto.

- Ah... – avistando uma construção que possuía algumas torres e poucas pessoas entravam, Rony convidou Lupin para entrarem. – ... acho que nunca estive em um lugar desse... vamos entrar?

- Claro.

Saciando sua curiosidade adentraram àquela estrutura. Em seu interior havia vários bancos de madeira perfeitamente alinhados em duas fileiras. Nas paredes laterais, gravuras e mosaicos davam ao ambiente um ar mais artístico. À frente dos bancos um pequeno altar estava repleto de diversas flores coloridas adornadas em belos vasos. Prestando um pouco mais de atenção, Rony notou uma grande cruz suspensa. Uma música suave tocava ao fundo e instintivamente ele se sentou contemplando a beleza daquela igreja. Sem entender lembrou de Hermione e do sentimento que nutria por ela. Não sabia o quê estava acontecendo, mas por instantes experimentou uma paz que tomou todo o seu ser.

Um outro local ainda foi visitado pelos dois. Agora estavam defrontes a um Memorial de Guerra. A esta altura Lupin estava mais alegre e como bom mestre que era, explicava várias coisas do mundo trouxa para Rony. Ele descobriu coisas interessantes sobre como as pessoas guerreavam. A forma era diferente da que ouvia desde que era criança sobre as batalhas bruxas, mas com certeza os resultados e os objetivos eram os mesmos. Perseguição, hostilidade, maus tratos, e aniquilação. Defesa, esperança, igualdade e liberdade. Poder.

***

O reencontro foi na única sala aconchegante da casa. Os amigos se posicionavam em suas poltronas habituais à medida que iam chegando. Rony já tinha reencontrado Hermione e Harry aguardava ansioso enquanto Gina terminava o seu banho. Quando Fred chegou, a irmã descia as escadas correndo para poder se reunir aos outros e ouvir os comentários que seriam ditos acerca dos acontecimentos do dia.

Um burburinho tomou o ambiente quando Harry falou sobre sua desconfiança. Hermione para variar, questionou a opinião do amigo. Ela achava que não passava de uma suspeita tola, mas ficou pensativa quanto aos animais.

A esta altura, os pares já estavam devidamente formados e Fred sentiu um breve desconforto com a cena. Quando questionado, informou que Jorge não passaria a noite no Largo Grimmald Place e descreveu o quê o irmão lhe tinha dito e o quê tinha visto com Lucy.

Uma vez relatados os fatos, era hora de jantarem.

***

Conforme prometido postei a 2ª parte do capítulo. Se eu conseguir um tempinho livre pretendo lançar outro no domingão.

Ah! O meu apelo continua...... comentem....

Tenham um ótimo final de semana.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.