As Curiosidades de Gina (29/05
Capítulo 19- As Curiosidades de Gina
Gina preferia tudo ao seminário. Em vez de ficar abatida com a ameaça da dolorosa separação, ela mostrou que estaria satisfeita com a idéia da América. E quando eu não resisti e lhe contei meu “sonho imperial”:
-- Não Harry, vamos deixar o Imperador sossegado!- disse em meio a risos - Fiquemos por ora com a promessa de Sirius Black. Quando é que ele disse que falaria a sua mãe?
--Não marcou dia. Prometeu que ia ver, que falaria logo que pudesse e que me pegasse com Deus.
Gina quis que lhe repetisse todas as respostas do agregado, as alterações do gesto e até a pirueta. Pedia o som das palavras. Era minuciosa e atenta: a narração e o diálogo, tudo parecia ter valor para ela.
Gina era Gina, isto é, só havia uma como ela, mais mulher do que eu era homem. E não tenho vergonha em lhes afirmar isso.
Era também curiosa. As curiosidades de Gina dão um Capítulo inteiro. Eram de várias espécies: explicáveis e inexplicáveis, assim úteis como inúteis, umas graves, outras superficiais. Gostava de saber tudo. No colégio onde estuda desde os sete anos aprendera a ler, escrever, contar, falar francês... Mas não aprendeu, por exemplo, a fazer renda. Por isso mesmo, quis que prima Dora lhe ensinasse. Só não estudou latim com o Padre Alastor porque ele lhe disse que latim não era língua de meninas. Em compensação, quis aprender espanhol com um velho professor amigo do pai. Tio Remo ensinou-lhe gamão.
-- Essa garota é mais esperta que muito menino por aí!
Gina corava satisfeita com o comentário. Um dia a encontrei desenhando a lápis um retrato. Estava terminando os últimos detalhes e me pediu que esperasse para ver se estava parecido. Era o de meu pai, copiado da tela que minha mãe tinha na sala e que ainda agora está comigo. Não ficou muito bom,ao contrário, os olhos saíram esbugalhados, e os cabelos eram pequenos círculos uns sobre outros. Mas, como ela nunca havia estudado artes e tinha feito aquilo de memória em poucos minutos, achei que era uma obra de muito merecimento. Aprendeu facilmente pintura, como aprendeu música mais tarde. Vivia namorando o piano da nossa casa, velho traste inútil, apenas de estimação. Lia os nossos romances, folheava os nossos livros de gravuras, querendo saber das ruínas, das pessoas, das campanhas, o nome, a história, o lugar. Sirius sempre se enchia quando ela vinha lhe perguntar algo.
Não havia limites para as curiosidades de Gina.
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N/A: Capítulo curtinho, mas tem outro!
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