Pagamentos (29/04/2008)
Capítulo 13- Pagamentos
Quando voltei para casa era noite. Vim depressa, mas pensando no que falaria ao agregado. Formulei o pedido de cabeça, escolhendo as palavras que diria e o tom delas, entre seco e suplicante. Antes de entrar em casa, repeti-as comigo, depois em voz alta, para ver se eram adequadas e se obedeciam às recomendações de Gina:
"Preciso falar-lhe, sem falta. Amanhã. Escolha o lugar e diga-me".
Repeti lentamente, e mais lentamente ainda as palavras sem falta, como para sublinhá-las. Repeti-as ainda, e então achei secas demais, quase ríspidas, e, francamente, impróprias de um menino para um homem maduro. Tentei escolher outras mas mudei de idéia.Afinal ,disse comigo,as palavras podiam servir, tudo era dizê-las em tom que não ofendesse. E a prova é que, repetindo-as novamente, me pareceram quase súplicas. Bastava não carregar tanto, nem adoçar muito, um meio-termo.
--E Gina tem razão, a casa é minha, ele é um simples agregado... Mas esperto é, pode muito bem trabalhar por mim, e desfazer o plano de mamãe.
Levantei os olhos ao céu e disse de mim para mim: "Prometo rezar mil padre-nossos e mil ave-marias, se Sirius Black ajudar que eu não vá para o seminário".
A soma era enorme. A razão é que eu andava carregado de promessas não cumpridas. A última foi de duzentos padre-nossos e duzentas ave-marias, se não chovesse em certa tarde de passeio a Godric’s Hollow. Não choveu, mas eu não rezei as orações. Desde pequenino estava acostumado a pedir ao céu os seus favores, mediante orações que diria, se eles viessem. Cumpri as primeiras, as outras foram adiadas, e à medida que se amontoavam iam sendo esquecidas. Assim cheguei aos números vinte, trinta, cinqüenta. Entrei nas centenas e agora no milhar. Era um modo de tentar a vontade divina pela quantia das orações! Além disso, cada promessa nova era feita e jurada no sentido de pagar a dívida antiga.
Mas vão lá matar a preguiça de um alguém que já nasceu com ela e já não a diferenciava em sua vida! O céu fazia-me o favor, eu adiava o pagamento. Afinal perdi as contas!
--Mil mil! Repeti comigo.
Realmente, a soma era assustadora, mas valia pelo favor da minha vida. Mil, mil, mil. Era preciso uma soma que pagasse todos os atrasados. Deus podia muito bem, irritado com os esquecimentos, negar-se a me ouvir sem a oferta fosse baixa...
Pode ser que cada vez mais ache minhas atitudes de menino ridículas. Sublimes não eram. Mas não encontrei outra maneira. Mandar dizer cem missas para ouvir uma, subi escadarias de joelhos, ir à Terra Santa, tudo o que as velhas escravas me contavam de promessas célebres não me agradava. Era muito duro subir uma ladeira de joelhos: devia feri-los por força. A Terra Santa ficava muito longe. As missas eram numerosas, com certeza me cansariam e teria que pagar novamente a Ele...
----------------------
N/A: Capítulo curtinho...cara, o Harry é bem endividado hein!!
Farei o possível para postar o máximo possível, já que no feriadão porlongado (UHUUUUUUU!), eu estarei fora de São Paulo!
MICA E BARNEY: É pra vcs que escrevo todos os dias!! Muito obrigada pela atenção, carinho e pelo apoio! MUITO BEIJOS!
Anna!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!