Arthur: O Administrador (24/04

Arthur: O Administrador (24/04



Capítulo 11 -Arthur: O Administrador

Arthut era empregado de uma repartição dependente do Ministério. Não ganhava muito, mas a mulher gastava pouco, e a vida era barata. A casa em que morava, era como a nossa, só que um pouco menor, propriedade dele. Comprou-a com a sorte grande que lhe saiu num meio bilhete de loteria, dez contos de réis. A primeira idéia de Arthur , quando lhe saiu o prêmio, foi comprar um cavalo, um adereço de brilhantes para a mulher, uma sepultura perpétua para a família, mandar vir da Europa alguns pássaros, etc.
Mas a mulher, D.Molly que ali está na porta dos fundos da casa, em pé, falando à filha, baixa, gorducha, os mesmos cabelos ruivos de Gina, foi quem lhe disse que o melhor era comprar a casa, e guardar o que sobrasse para uma emergência. Arthur hesitou muito, pediu conselhos para minha mãe, a quem D. Molly já havia pedido ajuda.
Nem foi só nessa ocasião que minha mãe lhes ajudou: um dia chegou a salvar a vida de Arthur.
Escuta essa, é rápida.
O administrador da repartição em que Arthur trabalhava teve de ir ao Norte, em uma convenção. Por ordem regulamentar, ou por especial designação, ele ficou substituindo o administrador com os respectivos honorários. Esta mudança de fortuna trouxe-lhe certa vertigem; era muito mais do que ele ganhava. Não se contentou em reformar suas roupas e a copa, começou a gastar sem controle, deu jóias à mulher, nos dias de festa matava um leitão, era visto em teatros, chegou até a comprar sapatos de verniz.
Viveu assim vinte e dois meses na suposição de que a mamata seria eterna. Uma tarde entrou em nossa casa, aflito e desvairado, ia perder o lugar, porque chegara o efetivo naquela manhã. Pediu à minha mãe que cuidasse de sua família: ia se matar. Minha mãe falou-lhe com bondade, mas ele não atendia a coisa alguma.
--Não minha senhora, não consentirei em tal vergonha! Fazer minha família voltar àquela vida... Já disse, me mato! E os outros? Que dirão os vizinhos? E os amigos? E o público?
--Que público, Sr.Arthur? Deixe-se disso, seja homem! Lembre se que sua mulher não tem outra pessoa... E que há de ser da pobre? E Gina? Seja homem, ande.
Arthur enxugou os olhos e foi para casa, onde viveu prostrado alguns dias, mudo, fechado em si mesmo,--ou então ao pé do poço, como se a idéia da morte teimasse nele.
D.Molly ralhava:
--Arthur, deixe de ser criança!
Mas de tanto ouvi-lo falar em morte acabou com medo, e um dia correu a pedir à minha mãe que lhe fizesse o favor de ver se salvava o marido que se queria matar. Minha mãe foi achá-lo à beira do poço e lhe chamou irritada. Que maluquice era aquela de parecer que ia ficar desgraçado? Por causa de uns vinténs a menos e perder um emprego interino? Não, senhor, devia ser homem, pai de família, imitar a mulher e a filha...
Arthur obedeceu. Prometeu que acharia forças para cumprir a vontade de minha mãe.
--Vontade minha?Obrigação sua!!
--Pois seja obrigação... Você está certa...
Nos dias seguintes, continuou a entrar e sair de casa, com a cara no chão. Não era o mesmo homem que estragava o chapéu em cortejar a vizinhança, risonho, olhos no ar, antes mesmo da administração interina.
Vieram às semanas, a ferida foi sarando e Arthur começou a interessar-se pelos negócios domésticos, a cuidar dos passarinhos, a dormir tranqüilo as noites e as tardes, a conversar e dar sorrisos na rua. Até que a ferida sarou de todo.
Com o tempo veio um fenômeno interessante. Ele começou a falar da administração interina, não somente das saudades dos honorários, nem o vexame da perda, mas com orgulho. A administração ficou sendo o auge de sua carreira, algo que ele lembrava sempre.
--No tempo em que eu era administrador...
Ou então:
--Ah! Sim, eu me lembro, foi antes da minha administração, uns dois meses antes... Ora espere! A minha administração começou... É isto, um mês e meio antes!Não! Foi mais...
Sirius Black dizia que era a vaidade sobrevivente. Mas o Padre Alastor, que levava tudo para a Igreja, dizia que com Arthur se dava a lição de Elifás a Jó:
"Não desprezes a correção do Senhor; Ele fere e cura".

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N/A: E mais uma vez fugimos da história! Mas o livro é exatamente dessa forma...Vamos e voltamos o tempo todo!
Confesso que apesar dos meus queridos e fiéis leitores estarem sempre aqui com seus comentários maravilhosos, ando desanimada novamente com a falta de leitores novos! Mas NÃO! Não irei desistir da fic!! Vamos até o fim!!rsrs...

Barney: O pai de Capitu é apaixonado por passarinhos na história original e eu ia cortar essa parte. Mas aí pensei exatamente no que vc disse! é sim um paralelo a paixão do nosso Arthur pelos trouxas! É a Gina é bem marota, exatamente como Capitu, e é daí que Bentinho tirou sua maiores dúvidas...Mas vamos ver como irão ocorrer as coisas aqui...
Eu tbm sou péssima em brincar de sério!rsrs! muitos beijos e obrigada por tudo!

Mica: Você realmente gosta de Dom Casmurro né? Bom, eu ando pensando na história dia e noite!rsrs! Mas sim, esse é um capítulo importante para nossa história, mesmo assim penso em reescrevê-lo futuramente...
Eu tenho a mesma sensação que você! Ler clássicos com nossos amados personagens na nossa cabeça torna tudo mais interessante! Muito obrigada pelo apoio! E vamos para com essa história de greve!!rsrs..Muitos beijos!

Day Pereira: Muito obrigada pelo elogio e pelo comentário! Não demore a postar em "A Incrivel força do amor"! E continue acompanhando!! beijos

Rodrigo Salvador: Humm...vc terá que esperar um pouco mais!!rsrs!Obrigada por comentar! beijos

Sabine: Esse meu email não existe mais!! é que meu cadastro no feb é bem antigo! Mande para o meu email novo no cadastro please! beijos!


MUITO OBRIGADA A TODOS!

Beijos

Anna!


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