O Jantar com Remus



Capítulo 23 – O jantar com Remus

Remus chegou tenso ao Largo Grimmauld naquele dia. Ia jantar com Naj e não tinha idéia do que fazer. Caminhava de um lado para o outro. Sua esperança era encontrar com Jacke e pedir uns conselhos. Teddy havia saído cedo de casa. Resolveu fazer um piquenique com Victoire. E ele estava absurdamente tenso. Como ele falaria com ela? Será que deveria contar que estava apaixonado? Ou deveria esperar mais um pouco?
Não parava de andar de um lado para o outro, procurando uma resposta, uma saída... Mas não conseguia pensar em nada.
- Continue nesse ritmo e daqui há uns 20 anos você consegue atravessar o planeta através do buraco que vai se abrir aos poucos sob seus pés... Mas eu prefiro que a mui nobre casa de minha mui nobre família fique sem buracos no chão... Então vê se senta e se acalma. –falou Bella aparecendo do nada ao lado dele.
Remus perdeu a cor por completo com o susto.
Acabou sentando-se. Mas era visível o seu nervosismo.
- O que houve? Por que esse nervosismo todo? –perguntou Bella
- Bem... Se eu falar, você vai me achar um idiota. –falou Remus
- Pode ter certeza que não mais do que já acho. –falou Bella
Remus olhou sério para ela.
- Me acha um idiota? –perguntou Remus
- Andar de um lado para o outro vai resolver seu problema? Só se estiver pensando em perder uns quilos extras que você não tem. –falou Bella
- Eu chamei a Naj para jantar hoje. –falou Remus
Os olhos de Bella brilharam de alegria. Há muito tempo Bella era apaixonada por Voldemort. Ela sabia que não o amava como antes. Não depois de 15 anos e Azkaban... Aliás, se timnha um capítulo na vida dela que faria questão de apagar seria esse. Quinze longos anos que haviam acabado com sua beleza e saúde. E não apenas com a saúde física, mas também com a mental. Quinze longos anos convivendo com os dementadores. Esse era o seu maior medo. Tinha mais medo dos dementadores do que da morte. Preferia a morte a ter que conviver novamente com eles. E Hades havia deixado bem claro que Vlad pretendia libertá-los. Bella sabia o que isso significava.
Que se Vlad ganhasse a nova guerra que se iniciava, era bom ela torcer para morrer antes do fim ou no fim. Porque não queria passar a eternidade no tormento.
Mas Hades tinha sido bonzinho com ela. Fez com que voltasse com a idade que tinha antes de ser presa. Com toda a saúde e sanidade. E ela podia fingir que nunca conviveu com nenhum dementador, que os quinze anos presa eram apenas um pesadelo.
Bella sabia que Voldemort estava gostando de outra e se sentia trocada. E ficou pior depois que soube que se tratava de uma nascida trouxa.
- Bem, Remus... Eu acho que eu posso te ajudar. Você disse que tem um encontro com ela hoje e tudo vai depender de como vai ser esse encontro. Logo... Ela sabe que você gosta dela? –perguntou Bella
- Bem, tecnicamente é nosso segundo encontro. Ela foi à casa da Andy para discutirmos os feitiços usados. E dividimos as tarefas. Ela ficará com os isolantes. Eu vou ficar com os defensivos. –falou Remus
- Bem... E acha que ela teve uma boa impressão? –perguntou Bella
Remus corou.
- Acho que sim. –falou Remus
- Tudo bem, então... Acho que a primeira coisa que temos que saber é... Um jantar? –perguntou Bella
- Isso! –falou Remus
- Que romântico! Você pode tentar conversar com o dono ou dona do restaurante e pedir uma mesa mais afastada. E num lugar um pouquinho mais escurinho para ser iluminado com velas.E a mesa precisa estar enfeitada com flores. Nesse caso use as clássicas rosas. Um bom vinho. Eu sei que é uma bebida trouxa, mas ela é nascida trouxa, não? E tente descobrir o prato favorito dela para pedi-lo. –falou Bella
- Tudo bem... Eu escrevo uma coruja perguntando. –falou Remus
- Não!!!! Não dá para ser tão direto! Tem que dar um ar de casualidade! Caramba, você é griffinório demais! Tem que parecer que é coincidência! Como se os dois “coincidentemente” gostassem das mesmas coisas. –falou Bella
- Mas e se depois ela descobrir que não é verdade? –perguntou Remus
- E quem disse que não vai ser? –perguntou Bella
- E se ela for chegada a salada alcachofra com rúcula, jiló e beterraba? –perguntou Remus
Bella fez uma cara de desagrado.
- Ninguém tem tanto mau gosto, Remus. Mesmo entre os sangue ruins. –falou Bella
- É nascido trouxa, não sangue ruim. –falou Remus
- Ah, eu esqueci... Amante de sangue ruins. Tudo bom, eu paro de chamar os sangue-ruins de sangue-ruins e chamo eles de trouxas, ta bom? Mas vão continuar sendo sangue-ruins. –falou Bella
- Melhora um pouco se chamá-los de trouxas. –falou Remus
- Tudo bem... Trouxas, ta bom? –perguntou Bella
- Bem melhor. –falou Remus
- Bem... Além das flores, das velas... Leve um presente para ela. –falou Bella
- Um presente? –perguntou Remus
- Isso... Algo único. Como um cordão... –falou Bella
- Bella, eu não sei se é meio óbvio. Mas eu ainda estou desempregado. –falou Remus
- Eu to falando daqueles de artesanato. Pede para a Anastácia fazer um para você dar de presente para a Naj. Ela fez vários para o James dar para a Lily. –falou Bella
- Aqueles cordões e brincos era ela que fazia? –perguntou Remus
- Era. Por causa de insônia. Aí ela fazia cordõezinhos até dar sono. –falou Bella
- Mas quando ela e o Sirius forma morr juntos, o James disse que perdeu o fornecedor. –falou Remus
- Parece que ela apagava de cansaço nessa época. Prefiro não comentar o motivo, mas te garanto que a culpa era do Sirius. –falou Bella
Remus não entendeu.
- Bem, a Naj é da Griffinória... Tente algo com vermelho e dourado. –falou Bella
- Obrigado, Bella. –falou Remus
- E se declara logo. Não logo no início. Mas deixe bem claro que ta apaixonado. –falou Bella
- Eu vou tentar. –falou Remus
- Vou estar torcendo por você! –falou Bella
Remus passou o resto do dia pensando e treinando o que falar para Naj. Como falar que estava apaixonado? O dia passou mais rápido do que ele imaginou.
Ele havia voltado para a casa de Andy. O quarto dele era no segundo andar. E era onde Remus estava agora. Era um quarto bonitinho, arrumado. Uma cama de casal no meio, um guará roupa e uma escrivaninha. Era tudo o que ele precisava. Ele tinha discutido quase tudo com Bella, menos uma coisa. Como iria se vestir?
Ficou andando de um lado para o outro. E cada vez suas voltas eram mais rápidas.
Foi quando ouviu a campainha.
E se lembrou que não tinha falado com Anastácia...
Que não tinha o que vestir...
Que não falou com o dono do restaurante...
Que não tinha feito nada que Bella tinha sugerido...
- Você?! –exclamou Andy da porta
A exclamação dela foi tão alta que Remus ouviu do quarto. Desceu preocupado, chegando no andar de baixo em menos de um minuto.
Foi um susto ver Bellatrix parada na porta com um smoking na mão.
- Você matou minha filha! –falou Andy
- Não diga... Andy, querida... Eu e a sua filhinha éramos inimigas. Hoje, não somos mais. Estamos todos do mesmo lado. –falou Bella
- Então aquela história de Vlad... –falou Andy
- É verdade... Ele ta rumando para cá. –falou Bella
- Por que Hades não a trouxe de volta? –perguntou Andy
- Eu perguntei a mesma coisa, mas ele me deu as costas. E não respondeu. Talvez ela volte mais para a frente. –falou Bella
- Acha? –perguntou Andy
- Hades disse que terá que trazer alguns como fantasma, mas que isso será mais demorado. –falou Bella
- Como fantasma? Eu quero a minha filhinha viva! –falou Andy
- Pode parecer estranho, mas eu sei como se sente. –falou Bella
- Não sabe, não. Nunca teve filhos. –falou Andy
- Na verdade, ela tem duas. –falou Remus
- Duas filhas? E por que nunca contou nada para ninguém? –perguntou Andy
- E eu ia contar para quem? A Perse foi criada pelos Malfoy, depois da guerra. Já a Penny ta sumida no mundo. Está no meio dos Draculs, escondida. –falou Bella
Andy olhou para a irmã. Não era a Bella fria e sem sentimentos de sempre. Ela estava prestes a chorar.
- Bella, eu sinto muito pela Penny. Mas ela é esperta. Deve estar segura. –falou Andy
- Andy, eu preciso falar com Remus. –falou Bella chorando
- Claro... Eu sei como se sente quanto a Penny. É horrível mesmo. Remus, dê um apoio a ela. Eu vou voltar para o meu quarto. –falou Andy subindo
Remus olhou preocupado para Bella.
- Vamos tratar do jantar? –perguntou Bella enxugando as lágrimas
- Tem certeza que ta bem? –perguntou Remus
- To... –falou Bella
- Então venha por aqui. –falou Remus fechando a porta
Subiram pela escada e caminharam por um corredor claro até o quarto dele. Bella olhou ao redor e achou o cômodo a cara de Remus. As paredes e os móveis claros, combinavam muito com o jeito meio tímido e sentimental de Lupin.
- Bem, eu trouxe esse smoking que foi do Rodolphus. Vocês têm um tipo físico igual, vai cair bem em você. –falou Bella
- Acha? –perguntou Remus ainda preocupado
- Claro. Já falei com o restaurante, a floricultura e os músicos. –falou Bella
- Músicos? –perguntou Remus
- Claro... Imagina que lindo: um jantar a luz de velas, com lindos buquês de rosas vermelhas, ao som de violinos... E... O prato favorito dela é trouxa. Risoto de camarão. Vai ficar perfeito com um vinho branco seco. Ou um tinto suave. –falou Bella
- Bem... Obrigado. –falou Remus sem graça
- Ah, a Anastácia pediu para entregar isso. –falou Bella tirando do bolso uma caixinha preta
Bella entregou a caixinha a Remus que a abriu e ficou pasmo com o cordão. Um fio de ouro com varias pedrinhas pequenas de opala de fogo ao longo dele. No meio, onde ficaria a parte da frente do cordão, havia uma pedra maior e completamente polida.
- Isso é lindo! Como ela faz isso? –perguntou Remus
- Não sei direito. Só sei que é pelo método trouxa. –falou Bella
- Isso deve ter sido uma fortuna! –falou Remus
- Acho que não... Ela mesma que faz o cordão e poli as pedras. Essa parte eu sei que é pelo método bruxo. Seu cordão custou uma moeda de ouro no máximo. –falou Bella
- Ela é muito boa nisso. –falou Remus
- Eu sei. –falou Bella apontando para o cordão que tinha uma cabeça de pássaro em prata no seu pescoço.
Remus ainda olhou preocupado para ela.
- Você ta mesmo bem? –perguntou Remus
- Relaxa! De quem você acha que a Perséfone puxou aquele choro falso? –perguntou Bella rindo
- Tava fingindo? –perguntou Remus
- Claro que tava! Era a única forma da Andy me deixar entrar. –falou Bella
- Mas ela ficou preocupada! –falou Remus
- Hei... Relaxa! A preocupação dela vai passar. E não tem que pensar nisso agora. –falou Bella
Remus se arrumou e desceu.
- Você não vai via floo, né? Aparata que é mais negócio. –falou Bella
Os dois desaparataram do local.
Remus aparatou em um restaurante muito bonito. Logo no início, reconheceu a mesa que estava reservada para os dois. Mas Naj ainda não tinha chegado. Caminhou rapidamente até esta mesa e se sentou.
O tempo parecia custar a passar. E ela não aparecia.
Remus não conseguia mais encarar a porta. Foi quando sentiu um toque suave no ombro.
Era Naj. Ela havia prendido o cabelo em um coque alto. Usava um vestido vermelho de alça com sandálias também vermelhas de salto alto fino. Tinha às mãos uma bolsinha vermelha de couro, o mesmo tipo da sandália, com uma alça pequena de ouro.
- Olá. –falou Naj sorridente.
Lupin estava boquiaberto. Ele usava um smoking preto, com o corte reto que lhe caiu perfeitamente. Uma gravata de seda verde escura listrada de preto. Só dava para ver que era verde de perto.
Os violinos chegaram nessa hora junto com a comida.
Naj ainda estava parada em pé ao lado de Lupin, que estava embasbacado diante de tanta beleza.
- Meu prato favorito, lobinho! Como sabia? –perguntou Naj
- É o meu também. –falou Lupin
Remus levantou-se.
Naj estava esperando que ele puxasse a cadeira para ela. Os músicos começaram a tocar uma música romântica. Remus tirou uma caixinha do bolso e entregou para ela.
- Para mim? –perguntou Naj sorridente
Remus fez que sim com a cabeça. Estava agora da cor de um tomate extra maduro.
- Que lindo, lobinho! Amei! –falou Naj abrindo a caixinha e colocando o cordão na mesma hora.
- Fico feliz que tenha gostado. –falou Remus
- Você é muito gentil. –falou Naj
Remus puxou-a para si e a beijou. Um beijo delicado, suave. Diferente do apaixonado beijo de Voldemort. O de Lupin era mais meigo.
Naj não acreditava que ele finalmente teve coragem de se declarar...
Tudo com Lupin parecia um sonho. Um romântico sonho que poderia nunca acabar.
Remus a abraçou protetoramente e encostou a cabeça de Naj em seu peito.
Ficaram abraçados por alguns minutos. Até que se sentaram e começaram a conversar. Queriam se conhecer melhor. Conversavam sobre a época do colégio, quadribol, feitiços... Sobre tudo.
E a cada minuto, mais a Naj ficava em dúvida entre o fogoso Vodemort e o romântico Lupin.
Mais seu coração ficava angustiado em ter que decidir entre um deles. Ao mesmo tempo que ficava completamente feliz em estar com Lupin, sentir a mão dele acariciando a dela. E sentindo o modo carinhoso como ele a olhava.
Será que ela estava se apaixonando pelos dois?

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