Ciúmes e Desculpa



Nervosa como uma gata em teto de zinco quente, ela arrumou o pequeno escritório cedido para suas funções. Finalmente, o telefone tocou e ela foi convocada à sala de reuniões, onde Harry presidia uma reunião de diretoria.

Quando Gina entrou, ele logo se pôs de pé. Seu gesto provocou um barulhento arrastar de cadeiras, na medida em que os diretores, todos homens, imitaram suas boas maneiras.

– Não apenas a srta. Weasley tem um diploma de alta qualidade em Marketing, como também é fluente em francês e espanhol – disse Harry. Essa apresentação deixou Gina um bocado encabulada. – O que ela estava fazendo na recepção?

Parecendo aterrorizado, o gerente do Departamento Pessoal congelou.

– Uma empresa que falha ao deixar de colocar funcionários promissores em posições-chave está desperdiçando talentos – declarou Harry. E continuou: – Também reparei que não existem mulheres no corpo de diretores, uma façanha extraordinária para firmas desse tamanho.

Com essas considerações Harry encerrou a reunião. De repente, Gina entendeu que não havia nada de pessoal em sua decisão de promovê-la. Ele simplesmente a usara para destacar sua posição sobre oportunidades iguais no trabalho! Foi então assaltada por uma confusa mistura de admiração relutante, dor e ressentimento.

Harry conduziu Gina até sua sala. Vestindo um elegante terno cinza, era a sofisticação masculina em pessoa.

– No mês passado, a Devlin Systems sofreu duas ações na Justiça por discriminação sexual. Não haverá uma terceira ação.

– Achei que você não aprovava o modo de trabalhar das mulheres.

Harry levantou a sobrancelha.

– Você foi à primeira funcionária que eu levei para a cama… o que procuro para me satisfazer na minha vida particular não tem qualquer relação com as minhas opiniões como empregador.

Ruborizada diante daquele brusco esclarecimento, Gina desviou o olhar e deplorou o próprio comentário excessivamente íntimo. Na verdade, ela trabalhara para Harry durante apenas três dias, antes de começarem a ter um caso de amor apaixonado. Imediatamente depois, ela trocara de emprego.

– Tenho uma boa lista de tarefas para você – continuou Harry, mantendo o mesmo passo. Parecia não estar dando a mínima para o pesado silêncio de Gina. Mas dessa vez ela já sabia que ele não tinha um único músculo sensível em seu corpo, não sabia?

Absolutamente tudo o que Harry fazia apenas enfatizava que ela nunca fora mais do que uma eventual parceira de cama – no modo dele falar. Desgostosa, viu-se à beira das lágrimas.

Ele estendeu uma fita cassete.

– Está tudo aí. Primeiro, você envia os convites para o jantar comemorativo, e depois pode dar um pulo na Bond Street e escolher uma pulseira para Hermione. Vou lhe dar as informações sobre meu cartão de crédito.

Possuída por um senso quase agonizante de humilhação e dor, Gina levantou a cabeça, os olhos mel faiscando com aquela afronta.

– Você está me pedindo para escolher uma jóia para sua atual amante? – exclamou, atirando a fita aos pés dele. – E ainda chama isso de trabalho? Eu digo que isso é tortura e vingança. Vá para o inferno, Harry!

Ele a examinava com seus incrédulos olhos verdes.

– Eu o odeio! Eu o odeio muito! Você foi o maior dos enganos durante toda a minha vida!

E com essa declaração amargurada, Gina deixou a sala com passos decididos.

Uma hora mais tarde, as tumultuadas emoções de Gina já tinham se acalmado o suficiente para que ela, aos poucos, se enchesse de horror ante o próprio comportamento.

Havia passado dez minutos soluçando em silêncio no lavabo, vinte minutos tentando se recompor e mais trinta minutos abraçando Thiago na creche.

Thiago, cujo conforto e segurança dependiam do seu sucesso naquele emprego. Thiago, cuja mãe havia perdido a cabeça e gritado como uma bruxa diante de um homem monstruosamente insensível. Thiago, cuja mãe, agora, teria de se desculpar, pelo bem dele.

Voltando ao último andar, Gina bateu à porta da sala de Harry, ainda sentindo as mãos trêmulas. Furiosa consigo mesma, recostou-se na parede e respirou fundo antes de entrar.

Recostando-se na cadeira, Harry a examinou, o rosto vigoroso e enigmático.

– Devo desculpas a você. Não sei o que aconteceu comigo. – Gina esforçava-se para olhar para ele, mas só olhava através dele.

– Eu faço uma idéia do que aconteceu com você. – Seu tom de voz era suave.

– Em geral, sempre executo com boa vontade as tarefas que me são solicitadas – explicou Gina precipitadamente, querendo evitar que ele mencionasse o que tinha provocado sua ira.

– Incluindo fazer compras para a mulher da minha vida? – inquiriu Harry, ainda mais amável.

Gina sentiu um calafrio e cerrou as mãos. Ela não queria brigar, mas não conseguia arrancar de dentro de si uma palavra sequer de entendimento.

– E pensar que enquanto estivemos juntos eu jamais presenciei tal temperamento. – Seus olhos verdes estavam pregados nos dela. – Você estava histérica agora há pouco.

– E agressiva. Sinto muito – disse com firmeza. – Não acontecerá novamente.

– Hermione é a esposa do meu irmão. O jantar é para comemorar o aniversário dela… – Harry percebeu um leve rubor nas faces de Gina.

O alívio de Gina com essas notícias era visível em seu rosto. Involuntariamente, seus olhos encontraram os dele. Um sorriso apaixonado brotou da boca de Harry e ela sentiu suas forças caindo em queda livre.

Recordações íntimas perturbadoras vieram à tona:

Harry a beijando com forte desejo, incitando-a a ficar fora de controle. Um calor consumiu a superfície de sua pele. Ela estremeceu, o coração bateu rápido, a pulsação disparou. Sentia seu corpo traiçoeiro corresponder, como sempre fizera, à potente sexualidade de Harry.

E então, lembrou-se da morena seminua e furiosa que encontrara no apartamento dele quatorze meses antes.

Tinha sido culpa dela mesma, ao correr para lá sem convite, finalmente fazendo uso da chave que ele lhe dera, querendo surpreendê-lo e, misericordiosamente, falhando nisso. Felizmente, Harry já tinha saído. Mas sua atordoante morena ainda não tinha conseguido colocar as roupas de volta. Aquela lembrança humilhante mergulhou seu calor sensual em uma eficiente tina de água gelada.

– Gina… – chamou Harry, quase ríspido.

Ela desviou o olhar envergonhado.

– Ainda trabalho para você?

– A fita cassete está em seu escritório junto com um livro de endereços. Tem também uma pilha de correspondência para você cuidar. Vou estar fora do escritório até segunda-feira.

Natália: Obrigada por comentar, essa fic está precisando de coments, espero que goste desse capítulo, eu gosto muito, principalmente o descontrole da Gina.
Prika: O Harry está meio frio mesmo, mas no final da fic, você terá uma grande surpresa, beijo. Eu mudei de e-mail, o meu agora é [email protected], se quiser me add fique a vontade. E isso vale para qualquer um que queira comentar sobre minhas fics, me conhecer ou falar sobre Harry Potter, beijo a todos.

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