Fim?

Capítulo 33 – Fim?



“... Precisava fazer alguma coisa, só não sabia o quê!” Caminhei com passos nervosos pela cozinha, tentava organizar meus pensamentos. Tinha que tomar uma atitude, mas qual?

- Harry... – Gina tinha a voz tremula. – Harry, o que faremos?

- Eu... Gina, eu... Eu não sei! – Meus olhos caíram no corpo daquele infeliz no chão, fui até ele e o levantei, ele ainda estava desacordado. – ACORDA! QUEM LEVOU MEUS FILHOS? PARA ONDE? FALA INFELIZ... EU NÃO VOU TER NENHUMA CONSIDERAÇAO COM VOCÊ... – Ele não reagia, o larguei e ele caiu novamente no chão, parecia sem vida, mas ele estava vivo.

- Harry, não vai adiantar você perder o controle! – Gina ainda estava com Hermione. – Precisamos ficar calmos! Levar a Mione para o St Mungus...

Hermione abriu os olhos com dificuldade, pelo menos estava consciente. Não parecia que ela havia sido somente estuporada, ela estava muito machucada, tinha sido um feitiço mais poderoso!

- Rony tava na lareira comigo... E ele mal se despediu e... Eles estavam aqui... – Hermione gemeu e Gina fez um gesto para ela ficar quieta. – Foi muito rápido... Bessy, Goyle e esse... – Ela apontou para o homem jogado no chão.

- Como eles descobriram o Chalé? Como eles sabiam que a Mione estava sozinha com as crianças? Como eles furaram os feitiços de segurança do Chalé? – Perguntei, mais para mim do que para elas, até porque sabia que não tinha uma resposta. – Vamos levá-la para o St Mungus... Depois eu entro em contato com o Hans e irei pessoalmente interrogar esse cretino. Também vou acionar a Ordem...

Nesse momento, ouvimos um barulho que vinha do armário de vassoura. Gina teve um sobressalto e já estava com a varinha em mãos. Fiz um gesto para ela ficar atenta e proteger Hermione e com a varinha em punho fui até o armário e cuidadosamente o abri.

- Oh! - Respirei aliviando quando vi Rose e Monstro. Peguei a menina no colo e Monstro saiu do armário. – Você está bem?

Rose tinha a varinha de Hermione, estava assustada e com seu rostinho demonstrava que havia chorado. Examinei-a para ver se estava bem mesmo, e graças a Merlin, ela não tinha um arranhão.

- Hei, está tudo bem agora! Monstro... – Pelo menos Rose estava a salvo. – Você está bem?

- Meus senhores, Monstro tentou proteger... Mas eles nos pegaram de surpresa e atingiram a Senhora Hermione... – Monstro tremia de forma incontrolável.

- Calma Monstro... Conte-me o que aconteceu...

- Monstro, está tudo bem! - Gina sorriu para tranquilizá-lo e Hermione parecia muito aliviada em ver Rose no meu colo.

- Mamãe... Eu quero a mamãe... – Rose chorava pedia a mãe e tentava sair do meu colo.

- Depois... Mamãe não pode ficar com você agora! Monstro o que aconteceu?

- Nikki conseguiu levar Lily e Hugo para a Toca... – Monstro começou a falar e eu me sentei novamente, era como se um peso de toneladas tivesse saindo das minhas costas, eles estavam bem na Toca. – Mas, Monstro não conseguiu levar a menina Rose e meu jovem senhor Alvo... Daí a Senhora Hermione foi atingida... – Monstro caiu no chão, chorando desesperadamente. – Culpa de Monstro, culpa de Monstro...

- Monstro! Cadê Alvo! – Gina falou. – 'Tá na Toca?

- Não minha senhora, eu não sei do menino Alvo... Monstro conseguiu pegar a menina Rose e a escondê-la no armário, quando Monstro voltou para pegar o meu senhor Alvo, não o achei mais...

Não era possível! Por um lado estava aliviado, Rose estava bem e Hugo e Lily estavam na Toca. Mas Alvo?

- Conte tudo, desde o começo Monstro... – Achei melhor deixar Rose descer do meu colo e foi ficar do lado da mãe, Hermione estava ansiosa em ver se a filha estava realmente bem.

- A Senhora Hermione estava na lareira falando com o Senhor Rony, eu e Nikki estávamos aqui, dando a janta aos jovens senhores... De repente, eu ouvi um estouro e a Senhora Hermione gritou... – Monstro falava rapidamente. – Monstro falou para Nikki levar meus senhores Lily e Hugo para a Toca, pela chave do portal, depois eu iria... – Lembrei que tínhamos uma chave de emergência, direto para a Toca, escondida na cozinha, era um pinguim de geladeira, não era como as chaves normais que em certa hora eram acionadas. Essa tinha um dispositivo especial, que no momento que era acionado nos levava a um local já determinado.

- Eu consegui chegar até a cozinha, mas Goyle pegou Alvo e eu lancei um cruciatus nesse daí... Mas a Bessy me atingiu com um cruciatus também... – Hermione gemeu de dor. – Ela ia tentar uma maldição de morte, daí eu não sei mais o que aconteceu... Harry, Righi estava com eles, vi logo que ele estava dominado!

Juro que se Hermione não estivesse machucada, se Gina não me olhasse pedindo calma, tinha saído dali imediatamente. Agido por impulso... Em um ato de raiva, soquei a mesa com força, raios vermelhos saíram da minha varinha, deixando a parede da cozinha chamuscada.

- HARRY! – Gina me chamou a atenção com um olhar suplicante. – Isso não vai resolver nossos problemas... Por favor... – Me recompus e fiz um gesto para Monstro continuar falando.

- Minha jovem senhora Rose pegou a varinha da senhora Hermione que estava no chão e conseguiu proteger a mãe do feitiço... A mulher má ficou confusa e Monstro pegou a menina e a colocou no armário, quando voltei para pegar meu Senhor Alvo, não tinha mais ninguém aqui... A senhora Hermione estava no chão e Monstro voltou para ficar com a menina que chorava.

Rose manifestou magia, protegendo a mãe. Só podia ser a filha de Hermione mesmo! Bessy deve ter ficado confusa, não associou a magia à Rose e imaginou que havíamos voltado; como Goyle já estava com Alvo, achou melhor partir levando meu filho.

- Foi culpa de Monstro! – Monstro se batia.

- MONSTRO, PÁRA! – Gina foi enfática. – 'Tá tudo bem, você agiu muito bem...

- Mas eles levaram meu jovem senhor Alvo, Monstro devia protegê-lo!

- Mas você protegeu Rose e conseguiu que Nikki tirasse Lily e Hugo daqui a tempo... Vamos trazer Alvo de volta logo! – Falei conformando Monstro. – Mas agora, precisamos que Hermione seja atendida...

******
Parecia que tinha toneladas em minhas costas. Nem parecia que havia dormindo. Se bem que não podia dizer que havia dormido. Os minutos que consegui fechar os olhos e descansar tinha tido um sono conturbado, a imagem de Alvo chorando invadia meus pensamentos constantemente e eu tinha a nítida sensação, viva e real, que não chegava a tempo de salvá-lo.

Gina se moveu do meu lado, seu sono, se é que ela havia conseguido dormir, também não foi tranquilo. Molly praticamente nos obrigou a tomar um poção calmante para dormirmos um pouco, depois de tomarmos algumas providencias, mas acho que a poção não fez nenhum efeito.

Assim que Monstro contou o que havia acontecido, o Sr. Weasley apareceu na lareira, ficou preocupado com a chegada de Nikki, que não falava coisa com coisa. Em seguida, chegou George e Gui, a Sra. Weasley avisou que devia ter acontecido algo. Esclarecemos as coisas, George levou Hermione para o St Mungus e Rose foi para Toca com o avô, mas somente depois de Hermione se certificar que a menina não tinha nenhum arranhão. Eu entrei em contato com Hans e com o pessoal da Ordem da Fênix.

Procurei usar a razão, mas em saber que Alvo, tão sensível, estava correndo perigo, fazia meu sangue ferver. Gina me olhava pedindo calma, ela se manteve a maior parte do tempo em silêncio, mantinha uma serenidade que era angustiante para mim, mas sabia que ela estava fervendo por dentro. Ela ficou o tempo todo do meu lado, segurando minha mão...

Hans comandou o interrogatório daquele infeliz que foi atingindo. Descobrimos que o ataque não havia sido planejado, contaram com a sorte. Sorte mesmo. Bessy nos viu chegando com Tiago no St Mungus, ela havia ido visitar Alan. Deduziu que as crianças estavam somente com os elfos domésticos. Não sei se passou pela cabeça dela que Hermione e Rony estavam passando as férias conosco, ou achou que eles seriam mais fáceis de derrotar em um duelo. Só sei que ela não desperdiçou a oportunidade que teve. Ela sabia que não estávamos no Largo Grimmauld, com a ajuda de Righi, usando a maldição “imperius”, chegou ao Chalé da Praia.

Lembrei que Righi sabia a localização de onde passávamos o verão, da época que ele era meu superior no Ministério. Mesmo com os feitiços de segurança que havia colocado na casa e no perímetro de um quilometro, Righi podia ultrapassar a barreira, pois ainda era um auror, mesmo estando suspenso ele não havia perdido suas credenciais.

Droga! Como nos esquecemos desse detalhe! Sabíamos que Bessy estava usando ele, tínhamos que ter tirado ele de circulação. Mas Righi era um auror graduado, burocracias do Ministério, para tirar suas credenciais e afastar ele definitivamente do Departamento de Auror, era necessário uma investigação rigorosa e que fosse provado sua culpa. Righi era um cafajeste, mulherengo, mas era um profissional competente, tínhamos nossas diferenças, mas estava claro que ele havia agido sobre efeitos da maldição “imperius”. Por vontade própria, ele tinha se isolado em algum local desconhecido. Mas Bessy deve tê-lo o encontrado. Ela era muito persistente quando desejava algo.

Gina voltou a se mexer, sabia que ela havia chorado baixinho.

- Gi... Eu prometo que nada vai acontecer com ele! – Sussurrei em seu ouvido e a puxei para mais perto de mim. – Você não confia em mim?

Gina deu um sorriso triste e fez um gesto afirmativo com a cabeça, as lágrimas rolavam silenciosa em seu rosto.

- Posso entrar? – Rony abriu devagar a porta. Não havia falado com ele ainda. Mas ele demonstrava tranquilidade.

Era incrível, mas Rony havia desenvolvido uma certa frieza diante dos problemas, talvez tenha sido todas as aventuras que nos envolvemos, mas ele sempre conseguia usar a razão em situações que me faziam perder o controle. Não era o filho dele que estava em perigo, mas sei que mesmo que fosse, Rony também estaria sendo mais racional do que eu.

- Sim... – Falei sentando na cama e colocado meus óculos. Gina também se sentou na cama encostando a cabeça no meu ombro e limpando o rosto que demonstrava o quanto ela havia chorado. Rony evitou olhar a irmã e eu acariciava seus cabelos. – Alguma novidade? Hermione está bem?

- Hermione está bem, mas vai ficar mais alguns dias no St Mungus... Fleur está com ela. Não se preocupem. Tiago já está com a mamãe. – Rony sentou na poltrona em nossa frente, parecia cansado. – Achamos melhor que a mamãe fosse com eles para a casa da Sra. Tonks. Medida de segurança, aurores estão fazendo a segurança. – Rony fez uma pausa. – Bom, já está tudo certo para pegarmos o Malfoy e o fazer falar onde a Bessy levou o Alvo de qualquer jeito...

- Ok! É a única pista que temos! – Dei um longo suspiro, tinha consciência do que significava esse “qualquer jeito”. Ficamos em silêncio.

- Eu tenho outra idéia! – Gina falou calmamente. – Não consegui dormir... Só fiquei pensando...

- Gi... Eu sei que você está preocupada com o Al, eu também... Mas não temos outra saída... – Rony falou, tentando argumentar com a irmã. Mas eu sabia que o silêncio e a aparente calma de Gina tinham uma razão.

- Fale Gi...

- Bessy pegou o Alvo com o único objetivo de chamar minha atenção... Então, estou pronto para enfrentá-la. – Gina falou determinada.

- NEM PENSAR! - Falei me levantando, mas vi em seus olhos que não havia meios de fazê-la mudar de ideia.

- Eu já sei o que faremos... Não se preocupem, vai dar certo! Tem que dar! – Gina falou segura. – Eu vou explicar! – Gina se acomodou na cama e começou a falar. – O que vocês acham?

– VOCÊ NÃO VAI FAZER ISSO DE FORMA ALGUMA... Eu não vou permitir...

- Isso é loucura! Harry?! Devolva a razão a sua mulher! – Rony falou levantando-se e caminhando pelo quarto. Mas Gina não se alterou.

- Gina... Vamos tentar com o Malfoy primeiro... – Comecei a falar com mais calma, mas sabia que ela não mudaria de ideia. – Sei que Alvo exposto a essa gente pode ser perigoso... Mas não podemos nos precipitar também!

- Gina... Ouça o Harry, é o mais seguro! – Rony tentou argumentar.

- Gina, ouça... Eu não sei... Você vai estar exposta, o Alvo também! E depois estamos trabalhando só com suposições... – Falei olhando com Rony e vendo que ele concordava comigo.

- Eu não vou mudar de idéia... E se vocês não me ajudarem eu irei sozinha! – Era melhor concordar, ela era bem capaz de ir atrás da Bessy sozinha mesmo.

Conhecia bem o ciclo de Gina... Primeiro, ela demonstrava uma fragilidade incompatível com a força que ela tinha... Mas parecia que o “chorar até gastar” fazia parte do processo. Após, ela transmutava o sofrimento, a dor, em obstinação. Pelo visto, a fase da obstinação chegara...

- Bom... É arriscado! Mas também não temos outras opções. – Rony comentou vendo que era melhor concordar com Gina.

Gina abriu a gaveta da mesa de cabeceira e tirou a pedra do amor. Uma forte luz vermelha invadiu todo o quarto e Gina apertou fortemente a pedra entre as mãos.

- Mas... Por Merlin! Pode dar certo! – Falei invadido por uma sensação forte de que tudo ia dar certo.

– Gina, você tem certeza que quer enfrentá-la? – Rony perguntou.

- Sim. É o que tenho que fazer! – Toda a tensão das últimas horas havia sumido e dado lugar a expectativa. Gina tinha tanta certeza do que devia fazer que não havia como duvidar. – Você faria o mesmo por Rose e Hugo...

Rony concordou com um gesto.

- É melhor entrarmos em contato logo com o Neville e o George, acho que eles são os mais apropriados, eles vão fazer sem questionar muito... – Caminhei até a janela do quarto e fiquei olhando as ondas do mar. – Precisamos preparar tudo... Gi...

- É a nossa chance Harry, vai dar certo! – Gina veio até mim e me abraçou. – Vamos ter o nosso filho de volta sem nenhum arranhão, eu garanto, ou eu mesmo mato com as minhas mãos aquela desgraçada.

******
O plano de Gina era arriscado. Precisávamos contar com a sorte, ou melhor, que Bessy fizesse o que havíamos imaginado. Ainda precisávamos contar que Alvo estivesse bem e Gina conseguisse se conectar com ele. Pois como Sétima Filha, Gina tinha a habilidade de entrar nos pensamentos dos outros, mas nunca havia tentado isso a distância e muito menos com uma criança de três anos; também não sabíamos se Alvo iria conseguir dar o recado para Bessy. Essa era a primeira parte do plano.

A segunda parte era o encontro com o Malfoy. Tínhamos certeza que Malfoy não iria sozinho, ele aceitou as condições de Draco muito rápido. Mas Draco também não estaria sozinho. Haveria um confronto essa noite; novamente, um confronto entre o bem e o mal, trevas e luz. Tanto a Ordem da Fênix com os aurores estavam apostos para o duelo.

Era o momento ideal para terminarmos com essa história. Os aliados de Bessy estariam no duelo. Gina achava que era o momento para se encontrar pessoalmente com Bessy. Mas antes precisamos nos certificar da segurança de Alvo.

- Harry! - Ouvi a voz de Gina atrás de mim. Ainda estávamos no Chalé da praia. – Vocês já falaram com Neville e George?

- Sim. Rony já foi se encontrar com eles para eles usarem a poção polissuco. – Neville e George não fizeram muitas perguntas, dissemos que precisamos deles mas não poderíamos explicar o porquê nesse momento; só queríamos que eles fossem à armadilha do Malfoy como se fossem eu e Rony e que todos os vissem, quer dizer nos vissem e concluíssem, principalmente, a Bessy, que Gina estaria sozinha. – Como você conseguiu preparar a poção tão rápido?

- Bem, a base já estava pronta e depois eu acelerei um pouquinho o processo... - Gina sorriu e logo voltou a ficar séria. – Preciso me concentrar para tentar contato com o Alvo... Mas não to conseguido! Me ajuda?

- Como? - Gina sentou-se nos degraus da escada da frente da casa e eu a imitei.

- Se concentra nele... Me dá a sua mão... Esquece tudo! – Fiz o que ela pediu.

O tempo passava e nada acontecia. Por mais que tentasse pensar em Alvo, somente um sentimento de raiva e revolta invadia meu coração. Porque só comigo acontecia tantas coisa ruins? Primeiro, aquela maldita profecia e por causa dela meus pais morreram; depois minha infância infeliz ao lado do Dursley’s, e quando achei que poderia ser feliz, descubro que sou alvo de um bruxo psicopata das trevas. E agora, quando penso que não terei mais problemas, resolvem ameaçar novamente a minha família...

- Harry... Por favor, assim, você não está ajudando! – Gina falou. Ela devia saber o que estava passando pela minha cabeça.

Fechei os olhos novamente e tentei pensar em coisas boas... De repente, ouvi ao longe a voz calma e serena de Dumbledore “O amor Harry... O amor”... É isso, o amor!! Tentei focar meus pensamentos no amor que sinto por meus filhos, por Gina... Nos momentos felizes que passamos juntos.

Uma grande emoção invade meu corpo... Lembro vivamente o dia que peguei Alvo no colo quando ele nasceu. Os primeiros passos, as primeiras palavras... Ele sorrindo quando voamos juntos. Olhava para o mar e entre uma onda e outra essas imagens se formavam e se confundiam com o rostinho de Alvo. A imagem do menino feliz, brincando ficou distorcida. Alvo aparecia chorando, com medo, angustiado... Via-o em um lugar escuro. Mas não era desconhecido, já tinha visto aquele lugar antes. O choro de Alvo começou a ficar nítido aos meus ouvidos, como se ele estivesse ali, só que não conseguia fazer nada para acalmá-lo. Então ouvi a voz de Gina...

- Alvo... Mamãe 'tá aqui, não precisa chorar! Mamãe precisa que você pare de chorar... – Alvo continuava chorando e Gina repetiu aquelas palavras inúmeras vezes até que ele começou a se acalmar. Será que ele estava ouvindo? Gina havia conseguido manter contato com ele.

- Mamãe! – Alvo falou alto chamando a atenção de uma mulher que se aproximou dele, Bessy olhou espantada para ele.

- Alvo, você 'tá ouvindo a mamãe? – Alvo limpou os olhos e fez um gesto afirmativo. Gina continuou. – Que bom filho! Mamãe e papai já vão buscar você, mas você tem que se comportar bem, não chorar e obedecer tudo que a mamãe vai falar... – Alvo concordou. – Chama a moça que 'tá com você... Bessy!

- Bessy! – Alvo falou baixo, mas ela entendeu. Percebi manchas arroxeadas no braço dele. Tive o impulso de fazer algo, mas Gina segurou com mais força minha mão. – Minha mamãe 'tá aqui!

Bessy não esboçou nenhuma reação. Era como se ela soubesse que Gina ia tentar esse meio de comunicação.

- Repete para ela o que a mamãe falar. – Gina esperou um pouco para ver se Alvo entendeu. - Venha me ver hoje! - Alvo repetiu exatamente as palavras da mãe. - Á noite no Chalé da Praia. Estarei sozinha... Tenho um acordo! – Alvo repetiu tudo perfeitamente, como se tivesse hipnotizado.

- Você não está em posição de tentar acordo! – Bessy rebateu. – Eu tenho o menino, não esqueça!

- Estarei esperando você hoje à noite! É do seu interesse! Use essa caneca como Chave do portal direto para minha casa... Basta Alvo tocá-la e dizer, exatamente às 7h, “Chalé da Praia dos Potter’s”! – Gina falou friamente, Alvo repetiu também usando o mesmo tom da mãe. E completou - Harry não sabe de nada. E é melhor que continue assim. Após Alvo repetir a última mensagem, Gina suavizou a voz. – Alvo, seja corajoso, logo você estará com a mamãe e o papai... Amo você filho!

Percebi que lágrimas escorriam pelo seu rostinho, meu menino parecia tão assustado...

- Mamãe... Eu quero minha mamãe! – Alvo choramingava. Ainda conseguia vê-lo, mas Gina não conseguia mais falar. Então percebi que Bessy gritava com ele, provavelmente, sem paciência com seu choro, ela o puxou sem o menor cuidado, praticamente o arrastando, depois pegou a caneca que estava próxima a eles... Foi a última coisa que vi, pois a imagem se dissolveu entre as ondas do mar.

Raiva, ódio, uma vontade louca de matar aquela mulher tomou conta de mim. Ela estava maltratando meu filho. Olhei para Gina.. Ela parecia exausta! Havia colocado todas suas forças nesse contato e ver o Alvo naquela situação também não ajudava muito.

- Pronto! Agora é esperar que ela venha! - Gina se deixou cair em meu colo. – Precisamos agir logo Harry, Alvo não está bem!

- Gi... Aquelas manchas no braço dele, ela bateu nele?

- Não sei... Pode ser uma reação a magia. – Gina deu um longo suspiro. – Ele nunca ficou diretamente exposto às trevas...

- Gina, será que ela vem? Será que ela vai acreditar nisso? - Gina tinha os olhos fechados e eu acariciava seus cabelos.

- Quero acreditar que sim... Ela acha que estarei sozinha e que estou disposta a fazer qualquer coisa para o bem do Alvo. – Gina abriu os olhos novamente e se levantou do meu colo. – Harry... Ela irá conferir se você e o Rony estão na armadilha do Malfoy... Quando ela vir-los lá, virá atrás de mim... Não tenho dúvidas! Eu a chamei e ela sabe que é a grande oportunidade dela!

- Vamos ver Lily e Tiago?- Falei depois de alguns minutos de silêncio.

Gina sorriu e entramos na casa. O sol já estava se pondo. A noite iria ser longa...

******
Gina estava sentada em uma poltrona em frente à lareira. Mexia nervosamente em uma mecha do cabelo; de tempos em tempos olhava para a porta e depois para onde eu e Rony estávamos. A qualquer momento, Bessy devia aparecer.

Eu e Rony estávamos escondidos debaixo da capa de invisibilidade perto de um móvel e outra poltrona. Estávamos em uma posição incômoda há mais de meia hora. A capa, de repente, tinha ficado pequena para os dois. Bom, havíamos crescido muito nesses últimos anos, na escola ela já estava pequena, imagine agora!

Um barulho lá fora chamou nossa atenção. Gina continuou sentada. O barulho dos passos parou, ouvimos batidas fortes na porta. Bessy era educada.

- Entre! – Gina falou sem se mover da poltrona, com uma voz tão fria que me assustou. Bessy entrou.

Era a primeira vez que a via de perto. Mas logo que vi, lembrei-me vagamente dela na época da escola. Bessy era uma mulher bonita, os cabelos eram de um castanho claro e longos, chegando à cintura, quase loiros, os olhos eram pretos, estava muito bem maquiada. Usava calça e jaqueta preta. Ficou parada observando tudo ao seu redor e parou seu olhar em Gina.

- Ela é bem bonitinha... - Rony me cutucou.

- Xii... Fica quieto! – Chamei a sua atenção. Ela não podia desconfiar que estávamos ali. Ela era bonita por fora, porque por dentro era feia, invejosa e vingativa.

- Eu estou aqui... O que tem para mim?

- Que bom que você veio! – Gina usou um tom formal e apontou o sofá para ela se sentar.

- Eu estou bem de pé! – Bessy tinha a varinha apontada para Gina. Gina mantinha a dela no braço da poltrona. – Vamos logo com isso, não precisa ser educada comigo!

- Ok! Devolva meu filho... – Gina foi direta. – Eu tenho o que você quer, é uma troca justa!

- Assim? Tão fácil? Você acha que eu vou cair nessa Wes... Potter! – Bessy sorriu irônica. – Que garantias você me dá?

- Nenhuma! Você tem a vida do meu filho em suas mãos... E, eu não brinco com a vida dos meus filhos! – Gina levantou-se e pegou a varinha. – Mas você não sabe o que é isso! Não tem filhos, não ama ninguém... Não se sacrificaria por ninguém, não é mesmo?!

Bessy parecia incomodada, não só com as palavras de Gina, mas em estar em minha casa. Olhava toda hora para a porta, e uma duas vezes fixou o olhar por alguns minutos onde eu e Rony estávamos. Gina percebendo os olhares dela comentou.

- Eu não sou burra Bessy! Se a chamei aqui e porque iria estar sozinha... Você viu que Harry e os outros estavam no encontro do Malfoy... – Gina fez uma pausa quando ela concordou. – Hermione está no hospital! E depois Harry jamais iria permitir que eu me encontrasse com você. Ele não sabe! NINGUÉM SABE!

- Ok! – Bessy sibilou. Gina falava com tanta segurança que até eu acreditaria nela. – Mas, eu estou no comando aqui! Se você quer o seu filho vivo, vai fazer o que eu mandar!

- Não vou criar problemas... Só preciso vê-lo! Ter certeza que está em segurança... Alvo é muito sensível... – Bessy fez um gesto impaciente e Gina completou. – É só isso que peço!

- Você vem comigo... Vamos ter que aparatar! – Gina precisa fazê-la dizer para onde iriam, para que eu e Rony pudéssemos ir também.

- Ah... Para onde vamos? – Gina perguntou inocentemente. – Temos que ir pela lareira. Harry fez alguns feitiços que não permitem aparatar daqui e nem do pátio, depois da sua visita inesperada... Você usou a chave...

- Logo você vai saber! – Precisávamos saber para onde ela ia. Gina me lançou um olhar angustiado.

– Você não precisa se preocupar, eu JÁ DISSE que estamos sozinhas... - Gina tentava ganhar tempo e fazer com que ela falasse mais, desse alguma pista.

- Potter... Nunca vou me acostumar com isso! – Bessy deu uma risada sarcástica. – Você conseguiu o que todas as garotas de Hogwarts sonhavam, casou com Harry Potter... Você sempre foi esperta, não é Weasley?! Só nunca entendi porque você não usou os seus poderes a seu favor... O Potter teria ficado com você há muito mais tempo... E quando ele a deixou, você podia ter usado os seus poderes para ir junto, em vez de ficar se lamentando, choramingando para Lovegood e o Longbotton pelos corredores de Hogwarts... O Potter também é um tapado, não sabia que podia lhe usar para derrotar o Lorde!

- Harry ficou comigo quando percebeu que me amava... Maccffyn... Ele sempre quis me proteger. – Gina já estava perdendo a paciência. – Amor não se compra e nem se usa magia para conquistá-lo, porque daí ele não é de verdade! É ilusão! E o que eu e Harry temos é um amor absoluto e verdadeiro! Por ele e pelos meus filhos é que eu estou indo com você...

- Acho que me enganei, você é burra, não é nada esperta! – Bessy começou a rir. – Com os seus poderes, poderia ter os homens que quisesse a seus pés, lhe cobrindo de ouro, tratando-a como uma rainha, uma deusa... Não, mas você se contenta em ser a esposa de Harry Potter, o Eleito, O-Menino-Que-Sobreviveu, viver a sombra dele... Ser a mãe dos filhos dele, cuidar daquelas crianças impertinentes... Você quase morreu para que ele tivesse uma filha... Ainda deu o nome da mãe dele para ela... Morrer por eles não é sacrifício nenhum, é burrice! A não ser que você ache que esse gesto irá transformá-la em uma grande heroína...

- Eu amo o Harry... – Gina falou exaltada. – Você nunca entenderia mesmo! Ter os poderes da Sétima nunca representou nada, NADA para mim... Se não os tivesse, não faria nenhuma diferença... Sabe por quê? – Gina riu irônica. – Você não sabe, nem tem como saber... Afinal você não sabe o que é ser amada! Veja o que você fez com o amor do coitado do Alan! Eu, ao contrário, sou amada, muito amada por sinal, pela minha família, pelo meu marido, pelos meus filhos! Eu amo e me orgulho muito de ser a mulher a sombra de Harry Potter, ser a mãe dos filhos dele... Mas você não entende isso... Você não sabe e nem entende o que é amor! Nem os seus pais lhe amavam...

- “Crucius!” - Bessy apontou a varinha para Gina, mas agilmente ela se desviou caindo no chão. – Weasley... Eu não entendo mesmo... Você é o Potter se merecem! Você é uma Sétima Filha, já nasceu poderosa e ficou mais no momento que ficou com o Harry. Porque não usarem isso a favor de vocês? Vocês dominariam o mundo bruxo e trouxa! – Apontou novamente a varinha para Gina. Quis me levantar, já estava com medo de perdêssemos o controle das coisas, mas Rony me segurou com força. - Por que viver uma vida tão sem graça? Sempre a sombra dele?

- Isso nunca importou para nós! Nunca desejamos o poder, nem nada parecido! – Gina falou.

- Amor, de novo o amor! Isso já está me irritando! - Bessy foi até Gina que se levantava e a pegou pelo braço indo em direção da lareira, antes jogou a varinha de Gina longe. Pegou um pouco de pó de flú. Gina nos olhou angustiada. Bessy não falou o local para onde ia levá-la, onde Alvo estava. - Shop für alle Hexen Trevon! – Bessy exclamou quando ela e Gina entraram na lareira e sumiram entre as chamas verdes.

******
Assim que elas desapareceram, eu e Rony saímos no nosso esconderijo.

- Droga! O que foi que ela disse?! - Rony exclamou, vermelho de raiva.

- Algo assim... Shop for alem Hexen Trevor... – Fui até onde a varinha de Gina estava e a guardei comigo. – Trevor me parece um nome...

- Shop für alem Hexen Trevor...É alemão! - Rony me olhou sorrindo. – Shop für alle Hexen Trevor... Hermione sabe alemão... Vamos! St Mungus! – Rony gritou jogando pó de flú.

- Hermione... Mas... St Mungus!

Quase cai quando sai da lareira no St Mungus. Rony já estava indo rapidamente para o quarto de Hermione. Corri para poder alcançá-lo. O tempo corria rápido.

- Mione... – Hermione se assustou deixando o livro que lia cair. – Meu amor... Bessy levou Gina para um lugar alemão!

- Aham... – Hermione arregalou os olhos.

- Não é um lugar alemão... Ela falou o nome do lugar em alemão! Eu acho! – Expliquei. – Mione, você está bem?

- Ainda sinto um pouco de dor... Mas me expliquem com calma o que aconteceu! –Contamos tudo para Hermione, desde o plano de Gina ao encontro com Bessy. – Gina jogou todas as cartas que tinha... Espero que ela tenha levado a Pedra do amor com ela. – Hermione falou mais para ela do que para nós.

- A pedra, Gina não falou nada... Mas o que significa o que ela disse Mione? – Perguntei ansioso, depois pensaria na pedra.

- Shop für alle Hexen Trevor... Trevor é um nome… Algo como a loja de bruxos do Trevon… - Hermione exclamou. - Ou Loja para todos os bruxos do Trevor!

- Todos os bruxos! - Rony falou dando voltas no quarto.

- Bruxos das trevas, simpatizantes e grandes feiticeiros... – Falei pensativo. – Qualquer bruxo!

- Não é o local... – Hermione falou. – É um feitiço de localização... Uma frase em outra língua para despistar... Por exemplo, em vez de falar o Chalé da Praia dos Potter’s usando o pó de Flú, ou uma chave de portal ou até mesmo apartando... Podíamos fazer um feitiço usando uma frase, sei lá... Onde os Potter’s passam o verão! Mas tem que ser feito pelo dono... É como uma pista, não diz claramente o local, mas sugere onde você deve ir...

- Loja... Uma loja para todos os bruxos! – De repente me dei conta de que lugar falávamos. – A loja onde Alan trabalhava!

- Trevor O’Maily é o dono... A loja se chama O’Maily Feitiços! – Nem bem Rony terminou de falar e eu já estava saindo do quarto.

- Valeu Mione... – Gritei do meio do corredor, Rony já estava atrás de mim. – Vamos aparatar em frente à loja... Ela fica próxima a Gemialidades Weasley, não?

- Fica sim. Vamos usar a lareira do escritório da Gemialidades... Assim, podemos ver se tem alguém suspeito por perto da loja do Trevor... Não podemos ser tão impulsivos Harry! Eu sei que você quer resolver isso logo... Mas não adianta agir sem pensar!

- Ok! Mas vamos logo! - Rony tinha razão. Não podia deixar me levar por meus impulsos. As vidas de Alvo e Gina estavam em risco.

******
Admirei-me ao saber que a loja do Beco Diagonal da Gemialidades Weasley era muito bem segurada por feitiços de proteção. E fiquei mais surpreso ao saber que havia sido Rony o responsável por esses feitiços. Não que eu subestimasse a capacidade de Rony, ele havia se tornado um grande bruxo, mas ele não havia comentado nada comigo. Como se adivinhasse o que eu pensava, ele comentou.

- George e Percy pediram para fazer esses feitiços já faz algum tempo. Havia uma onda de assaltos em algumas lojas daqui... – Rony esclareceu e continuou. – Harry, quando você assumiu o treinamento de aurores, se afastou de muita coisa... Muita coisa eu me esqueci de comentar com você ou achei que era sem importância,

- Não tem problema Rony... – E não tinha mesmo, não era mais um auror de campo, foi uma opção minha assumir o treinamento, sair das ruas. E gostava dessa função. Depois que essa crise passasse, voltaria a me dedicar exclusivamente ao treinamento. – Ok! Qual é a loja?

- É aquela, a terceira à direita! – Nos aproximamos da janela. A loja estava escura, não havia sinal de que tivesse alguém ali. Talvez tivéssemos nos enganado. – A rua 'tá deserta, espera... Tem alguém ali!

Havia um homem de capa preta, próximo a loja. Concluímos que ele esta vigiando a entrada do local. Era o único. Não haveria problema para tirar ele de circulação, mas com certeza não seria com um “alomorra” que abriríamos aquela porta.

- Vamos usá-lo para abrir a porta! Ele deve saber...

- Harry... Ainda não sabemos nada de como estão às coisas na armadilha do Malfoy, será que não devíamos esperar para entrar na loja? Avisar Hans onde estamos? Não temos idéia quantos tem dentro da loja! – Rony ponderou. Talvez ele tivesse razão. Mas era Gina e Alvo que estavam lá dentro. Por mais que quisesse ser cauteloso não conseguia.

- Não temos escolha, Rony! Vamos mandar um patrono para o George avisando onde estamos. – Rony concordou e fez o feitiço.

Usando a capa de invisibilidade para saímos da loja.

- Usamos um “imperius” nele? – Rony questionou.

- Em último caso! Vamos imobilizá-lo e ameaçá-lo com um “cruciatus”... Acho que é o suficiente para fazer-lo falar! – Falei.

Aproximamo-nos devagar. Com um feitiço silencioso o imobilizei “Imobulus”, logo cordas invisíveis estavam em volta de seu corpo e eu e Rony nos revelamos.

- Quieto ou será pior! – Rony apertou com força sua varinha no pescoço do homem. Não sabíamos quem era. – Só responda! Bessy Maccffyn está dentro da loja? Quem está com ela?

- Eu, eu... Não sei! – Ele falou.

- “Radium”... – Falei encostando minha varinha na sua barriga. O homem começou a se contorcer como se fosse atingindo por choques em todo o seu corpo, a dor era suportável por alguns minutos, mas podia ficar insuportável se repetido várias vezes. – “Radium”...

- Companheiro, é do meu sobrinho que estamos falando... Você sabe que Aurores podem usar as maldições imperdoáveis, certo? – Rony falou, com a voz gélida - Talvez ele prefira um “cruciatus”... – Rony comentou. – Cru...

- Não... Olha, eu só fui mandado ficar aqui vigiando! A Maccffyn saiu e não sei se ela já voltou... – Era um covarde, entregou rápido. Pude ver melhor o seu rosto, era um menino, nem bem tinha saído da escola. – Eu não sei de nada, só precisava de ouro e aceitei o trabalho!

- Quem mais frequenta o local? – Rony questionou.

- Eu não conheço... Maccffyn, tem um homem e o Sr. O’Maley que me contratou, mas ele desapareceu já faz alguns dias... Outro dia.. É, outro dia, vi sem querer uma senhora mais velha e outro homem... Mas eu não sei quem é... – Ele chorava. – Eu juro que não sei... Ah, eu ouvi o choro de criança... Por favor, eu não sei de nada...

- Rony, ele 'tá limpo! – Se assustou com as ameaças e entregou tudo rapidamente, com certeza estava falando a verdade. – Abra a porta para nós!

- Eu... Eu... Deixe-me entrar! – A porta nem se mexeu. – DEIXE-ME ENTRAR AGORA! – A porta abriu ao segundo comando.

- Você fique aqui... “Petrificus totalus” – Ele caiu como uma pedra na calçada, ficaria imobilizado por um bom tempo, mas do jeito que tinha medo, não me surpreenderia que estivesse feliz em não ser mais ameaçado.

******
A loja parecia abandonada, muito pó e desordem; tive a impressão que alguém havia brigado ali. O rapaz havia falado que o dono havia sumido. Talvez não por vontade própria! Lembrei das lembranças que Gina nos mostrou e que mostrou a loja, tinha uma espécie de sala secreta, escondida, mas por onde entraríamos?

- Lembra das memórias do Alan? – Rony fez um gesto afirmativo e foi para trás do balcão enquanto e examinava o local.

- Acho que o que estamos procurando está por aqui! – Rony comentou. – “Specialis Revelio”! – Nada, mas não custava tentar.

- Hei... Aqui tem uma porta! – Falei baixo para Rony. – É um armário de vassouras! – Observei bem o local, tinha duas vassouras ali. Eu peguei uma e quando Rony pegou a outra, percebemos que estava fixa, Rony forçou mais e a parede do lado começou a se mover. – “Lumus”...

Seguimos por um corredor estreito e cumprido. Um pouco antes de chegarmos ao final, ouvi vozes, sussurros... Tirei minha capa do bolso e nos cobrimos.

Bessy estava em um canto com Umbridge, falava baixo e folheava freneticamente um livro. Em outro canto, reconheci imediatamente Theodore, ele parecia desmaiado, pois estava em uma posição estranha no chão.

Finalmente, meus olhos viram Gina e Alvo. Ela estava sentada no chão com Alvo no colo, falava algo no ouvido dele e acariciava seus cabelos. Precisava avisar que estávamos aqui sem nos revelar.

- Vamos até ela... Preciso lhe entregar a varinha! Assim podemos atacar! – Cochichei para Rony. Ele concordou. Aproximamo-nos.

- Harry... – Gina falou antes de chegarmos perto, ela havia sentido minha presença. Joguei a varinha para ela que tratou logo de esconder. Se bem que a varinha não fazia muita falta para ela.

- Gina... Preciso que você haja logo, assim que eu der um sinal você sai correndo com o Alvo.

- Não... – Gina sussurrou. – Eu não posso sair... Bessy me prendeu... – Então percebi que ela estava presa por correntes. – Não adianta, eu já tentei todos os feitiços possíveis... Só ela pode me libertar!

- Droga! – Rony exclamou.

- Ela tem que me libertar... Para fazer o feitiço de trans... – Gina parou de falar, pois Bessy vinha em sua direção.

- Você está falando com alguém? – Bessy olhou demoradamente para onde eu e Rony estávamos e foi em nossa direção.

- Eu... Só estou acalmando o meu filho... Ele está com medo! Com dor... – Gina falou rapidamente, impedindo que ela chegasse mais perto de nós.

- Não tente me enganar, Weasley! – Bessy voltou para Umbridge. – Tia, acho que agora não terá falhas! Ela já está bem fraca!

O que ela quis dizer com isso? Bom, agora não era hora de perguntar, mas percebi que as roupas de Gina estavam rasgadas e sujas, havia um machucado em sua perna. Alvo estava machucado e pálido, respirava com dificuldade. Estava claro que tinha acontecido algo antes de chegarmos, eu tinha certeza. Theodore estava jogado em um canto, como se tivesse sido atingindo por algum feitiço. Houve uma luta com certeza.

- O que faremos? – Rony me questionou, não podíamos ficar escondidos para sempre. – Acho que devemos tentar algum feitiço, daí atacamos!

- Harry... Alvo não está bem... Ela está queimando de febre! Precisamos tirá-lo daqui! – Gina falou baixo.

- Weasley... Acho que chegou a nossa hora... – Gina me olhou angustiada. Era a nossa hora também. Bessy apontou a varinha e as correntes que prendiam Gina sumiram – Não tente nada! – Umbridge foi até Gina e arrancou Alvo dos braços dela, que começou a chorar.

- Que criança insolente! Cala a boca! - Umbridge rosnou. – Merece um castigo...

A cicatriz que a Sapa Velha um dia provocou, começou a formigar. Foi à gota de água para que todo meu controle fosse para o espaço. Aquela infeliz não ia tocar no meu filho. Nunca!

- LARGA ELE AGORA! – Falei revoltado e apontando a varinha. – “ESTUPEFAÇA”!

Um grande clarão vermelho tomou conta do local, acertando um velho armário cheio de objetos estranhos e empoeirados. Pegando todas de surpresa, mas Umbridge continuava segurando Alvo.

- PROTEGO! – Bessy falou rápido.

- ESTUPEFAÇA! – Rony lançou o feitiço, acertando em cheio Umbridge, que soltou Alvo, de qualquer jeito, no chão.

- CRUCIUS... – Bessy gritou apontando para Gina, que se desviou.

Uma sucessão de feitiços foi lançada, não sei por quanto tempo ficamos duelando. Bessy não estava disposta a sucumbir sem lutar. Gina havia se juntando a nós. Éramos três contra duas, mas Bessy era muito boa. E também elas tinham Alvo com elas, tínhamos que tomar cuidado para nenhuma maldição o atingisse.

- RONY! Cuidado! – Gina gritou a tempo de Rony se desviar de um raio vermelho em sua direção.

- TRANSMOGRIFIAN TORTURE* – Rony berrou apontando para Umbridge que tombou no chão, desacordada. Não conseguia ver se o feitiço havia a atingindo, pois o grito de Gina ecoou.

- PARA! –Gina gritou. – ALVO! ELE NÃO! - Bessy tinha varinha apontada para ele...

Em segundos, Gina havia se transformado. Seus olhos ganharam uma tonalidade escura, vi em seu rosto algo que eu nunca tinha visto. Percebi que Bessy também se chocou e caminhava para trás enquanto Gina se aproximava como se estivesse envolta em uma energia azulada.

- CRUCIUS... – Bessy berrou sem vacilar. Só vi o corpo de Alvo ser jogado para longe. Alguém tinha se posto entre o feitiço e Alvo. – CRUCIUS... CRUCIUS... – Bessy repetiu o feitiço friamente atingindo Theodore.

O corpo de Theodore convulsionava no chão. Ele urrava de dor. Ainda não sei como ele se interpôs para salvar Alvo, só sei que no meio de toda a confusão, ele conseguiu se levantar e salvou a vida de Alvo. Pois do jeito que ele estava debilitado, sabíamos que uma maldição imperdoável como “cruciatus” seria fatal.

Rony correu até Alvo e projetou uma espécie de escudo, para evitar que qualquer feitiço o atingisse. Eu fui até Theodore conferir se ele estava vivo. Nesse momento vi que Bessy apontou a varinha para Gina...

-Desgraçada! AVADA KEDRAVA! – A maldição atingiu Gina, mas foi como se tivesse atingindo um escudo invisível, pois o raio verde estilhaçou como cacos de vidro.

- PROTEGO... – Rony gritou.

- ESTUPEFAÇA... – Gritei, mas Bessy se desviou.

- Você não tem noção do que fez Maccffyn... Você não queria tanto o poder da sétima? Então... Prove-o! - Gina respirava compassadamente e se aproximava mais de Bessy. Bolas de fogo se formaram em suas mãos e foram em direção a Bessy. - Eu disse, PARA NÃO MEXER COM MEU FILHO... “Vigili del fuoco e del dolore”... – A bolas de fogo circularam o corpo de Bessy e ela começou a se contorcer de dor, seus gritos eram horríveis. – “Ho sofferto tutto il dolore che ha causato”...

Bessy se contorcia, gritava... Seu corpo parecia o de uma boneca, pois por várias vezes foi jogado contra a parede e caia pesadamente no chão. Era uma cena angustiante que durou minutos intermináveis. Gina parecia totalmente fora de controle, ela iria matar Bessy!

- “Di poteri del settimo figlio, da parte delle forze dei quattro elementi”... – Gina respirava compassadamente. – “Dolore che invade il tuo corpo, è il fuoco che bruciano l'anima... La sofferenza che cosa ho sofferto”. ..

- Gina! GINA... – Gina não me ouvia, era como se ela não estivesse ali. – Gina deu! Para! – Tentei intervir, mas ela me jogou longe!

Rony também olhava alarmado, nunca tinha visto a Gina tão transtornada. Alvo chorava alto no colo de Rony, assustado com a mãe. Mas aquela não era sua mãe.

- Mamãe... Eu quero a minha mãe! – A voz infantil e assustada de Alvo fez Gina parar. – Mamãe...

Finalmente, Gina voltou. Bessy caiu no chão, transfigurada. Gina se aproximou dela e a olhou com uma frieza que não era característica de minha mulher.

- Eu disse para não mexer com meu filho, nem com ninguém que eu ame... – Gina voltou-se para Alvo e o pegou no colo. – Vem, meu amor!

Gina começou a acariciar o rosto de Alvo e aos poucos sua expressão foi suavizando.

- Acho que ela morreu! – Rony comentou depois de ver o corpo de Bessy quando ela parou de gritar.

- Depois vemos isso! – Me ajoelhei ao lado de Gina e toquei Alvo que estava gelado. – Gina?!

Gina me devolveu um olhar preocupado. Ele não chorava, sua pulsação estava fraca, parecia sem vida no colo de Gina. O pânico tomou conta de mim, senti minha visão ficar embaçada e uma sensação de impotência surgiu em meu peito. Não sabia o que fazer. Não sabia!

- Alvo... Fala com o papai! Olha, você não quer ir voar na vassoura do papai... Você gosta tanto! – Grossas lágrimas molhavam o agasalho que ele usava. – Alvo, fica com a gente... – Sussurrei no seu ouvido.

- Alvo... Mamãe está aqui... Alvo! – Gina tinha os olhos cheios de lágrimas e se agarrou mais ao filho, que não demonstrava nenhuma reação. – Não, não faz isso comigo... Al!

- Vamos com ele para o St Mungus! – Rony se aproximou, visivelmente preocupado.

- Alvo... – Merlin não ia fazer isso comigo. Não podia. De repente a imagem de minha mãe apareceu nitidamente atrás de Gina. Ela sorria e segurava a pedra do amor. Pisquei e olhei novamente para o local, mas ela não estava mais ali. Então me lembrei das palavras de Hermione. – Gina, a pedra! Você trouxe a pedra?

Gina tirou a pedra no bolso do jeans que usava. Colocou a pedra sobre Alvo. Nada.

- Alvo... – Gina chorava e beijava a testa do filho. – Eu não sei... – Ela falou olhando a pedra, nenhuma luz saia dela como aconteceu nas outras vezes.

- Tenta de novo Gina! – Rony falou se aproximando mais de nós. Gina repetiu o gesto, passou a pedra pelo corpo quase sem vida do filho várias vezes, mas nada. – Ele, ele... – Rony começou a gaguejar e lançou alguns feitiços ao esmo contra a parede dizendo alguns palavrões.

- NÃO! Meu filho não... – Gina aproximou Alvo de seu corpo, poderia até quebrar suas costelas.

- Gina... Tem que ser a pedra! – Passei as mãos pelo cabelo de Alvo, seu rosto, ele estava cada vez mais pálido, frio e não sentia sua respiração. Meu coração parecia que ia sair pela boca, tamanho meu desespero. – Droga! – Intuitivamente, peguei a pedra de Gina e senti-a queimar em minhas mãos, como na primeira vez que a segurei.

Era um calor insuportável, minhas mãos estavam queimando. Por reflexo já ia solta-la, mas algo fez com que a aperta-se com mais força, senti minha pele queimar... Então uma luz alaranjada saiu da pedra, iluminando todo o ambiente.

Gina colocou suas mãos sobre a minha, a luz ganhou um tonalidade de um vermelho intenso e envolveu o corpo de Alvo, em seguida a luz se foi.

- Mãe... – Alvo falou com a voz rouca, em um soluço. Foi como se um sopro de vida invadisse seu corpo.

Suspirei aliviado quando percebi a cor voltando a sua face. Ele ainda estava respirando com dificuldade, mas estava com olhos bem espertos, nos encarando. Gina sorriu e voltou a beijar o rosto. Ela chorava e ria ao mesmo tempo. Eu me aproximei mais dos dois, os abracei como se quisesse prendê-los em meus braços, e nunca mais deixar-los escaparem.

Precisamos de alguns minutos para compreender o que havia acontecido. Rony conjurou um lenço e limpou as lágrimas que escorriam de seu rosto sem nenhuma vergonha.

- Pai... 'tá apertando! – Alvo resmungou com uma careta infantil, nos despertando daquele estado de torpor e fazendo todos sorrirem aliviados.

- Ei... Acho melhor vocês irem para o St Mungus... Eu tomo as providências por aqui! – Rony comentou e eu assenti com a cabeça. –Harry vem aqui!

- Aham... Ah tá! – Falei me levantando ainda meio tonto. – O que foi?

- Olha isso! – Rony estava parado olhando para o chão, demorei a entender que era ali que devia estar o corpo de Bessy.

Rony se abaixou e pegou um punhado de cinzas, deixando-as escorregarem entre seus dedos. Senti meu corpo tremer por frações de segundo. Olhei para Gina que continuava beijando e abraçando o filho. Fui até eles e peguei Alvo, enquanto Rony ajudava Gina a levantar.

- Vamos sair logo daqui! – Falei com Alvo seguro em meus braços.



--------------------------------------------------
* Feitiço que, segundo Gilderoy Lockhart, mata gatos (feitiço e definição extraída do “site” Potterish).
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
N/B: Ufa! Nem acredito que voltei a respirar! Que capítulo foi esse, mulher?! Voltou anfetaminadíssima das férias, hein?! Ahhhhhhhh, foi MARAVILHOSO! Lavei meu hipógrifo com a morte da sapa velha e da filhote de rã. Cretinas! Vagabun.. bom, deixa prá lá.. AMEI, DAY! Perfeito, como só sua sensibilidade saberia descrever! Beijos a todos, Alessandra.
---------------

N/A: Bom, meus queridos leitores capítulo 33 completinho para vocês... Espero que tenha ficado a contento de todos. Confesso que foi um dos capítulos que deu trabalho, mas ao mesmo tempo foi um dos mais prazerosos em escrever... Adorei a Gina (JK tinha uma grande personagem em mãos, não me conformo dela não ter explorado a Gina no livro), mas ainda teremos muita coisa sobre esse confronto Gina e Bessy. Talvez o capítulo deixe algumas perguntas no ar, mas no próximo prometo que respondo, saberemos o que aconteceu no encontro dos Malfoy’s, o que aconteceu antes do Harry e Rony chegarem, o que aconteceu com o Herdeiro, se a Umbridge morreu... Bom, se tiver alguma coisa, que vocês acham que não foi esclarecido, por favor não deixem de fazer, vai me ajudar a amarrar todas as pontas. O nome do capítulo já sugere o fim, mas ainda temos algumas surpresas ( a fic vai até o capítulo 40). Estou reelendo HP e as Reliquias Mortais, então estou tendo novas ideias, projetos novos... Quanto ao próximo capítulo, sem previsão, mas minha meta é para daqui um mês, vou fazer o possível! Enquanto isso não deixam de ler a short Eu te amo – Lupin e Tonks e Doces Momentos! Finalizando, beijos para a Carol e Anny, como sempre foram importantíssimas para desenvolver o capítulo e ficam me agüentando no MSN. E para a Alessandra que mesmo doentinha arranjou um tempo para betar a fic. Beijos para todos.

Daiana

PS: Mês que vem, março a fic faz um ano e quem ganha o presente são os leitores... SURPRESA!!!!

Tatii Potter – Capitulo completinho para você! Espero que tenha gostado! Continua lendo, beijos!

Tonks e Lupin – Na verdade só o Alvo foi levado, e que susto ele deu na Gina e no Harry... Mas ta tudo bem agora! Beijos!

Lua Potter – O susto foi só com o Alvo, e foi um grande susto!!! Mas vai tudo ficar bem! Beijos!

Deh – Respire querida! Gosto do capítulo? Não fique preocupada, no final, tudo ficou bem. Alvo deu um susto, mas ta ok! Não roa as unhas... Acabou! Pelo menos por enquanto, ops, não devia ter dito isso! Obrigada! Beijos!

Laurenita – Espero que tenha gostado desse capítulo. A Gina foi maravilhosa... confesso que fiquei com pena da Bessy, mas ela mereceu! Obrigada! Beijos!

Ayla Teresa – Gostou da maneira como a Bessy foi torturada, morta? Continua lendo, beijos!

Fêh – Gostou do capitulo? Gostou do que aconteceu com a Bessy?Continua lendo, beijos!

Daniela – Fico feliz em saber que você gostou da fic a ponto de comentar sem estar concluída. Obrigada mesmo! Procuro atualizar o mais rápido que posso, pois como leitora detesto ficar esperando atualizações, e sempre que acho que não vai dar, dou uma satisfação para os leitores... Capítulo 33 para não ficar órfã por muito tempo... até março quando teremos o 34 ok! Continua lendo e beijos!

Pedro Henrique Freitas – Então o que achou desse capítulo, se o anterior foi tenso, esse acho que ganha... Beijos!

JOSY CHOCOLATE - Continua lendo... Beijos!

Joana Weasley – Seja bem vinda... Obrigada! Continua lendo, bjs!

Nath Tsubasa Evans – Ok, eles não pegaram todas as crianças... so o Alvo... Mas a Bessy teve o que mereceu... Continua lendo, bjs!

Yumi Morticia voldemort – Espero que tenha gostado do capítulo! Bjs!

*LeLe* - Não morra de curiosidade... capítulo inteirinho para você!!! Bjs!

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.