Voltando para Hogwarts
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Muitos quilômetros dali, um loiro se contorcia no chão de um banheiro de mármore preto, apoiando as mãos da pia, com os olhos vermelhos de lágrimas, cabelos desarrumados e manchas no rosto, ele fechava os olhos com força, e falava, consigo mesmo, algumas palavras, na esperança de conseguir falar com ela.
“Hermione?” Ele repetia para si mesmo, dentro de sua mente, algo nunca sentido aconteceu, um frio enorme tomou conta de sua cabeça, que começou a dor insuportavelmente.
“Draco... Pode me ouvir?” Dizia a menina, chorando, jogada no chão.
“Posso...” Lágrimas pesadas e grossas saíram dos olhos do menino de sangue-puro, e ele sentiu como se aquele momento fosse o único.
“Acredito em você. Mansão dos Black, sede da Ordem da Fênix, Londres.”
Ali, iluminado pela pouca luz do luar que entrava pela janela estava Draco Malfoy.
Draco estava de camiseta, coisa rara, pois ele sempre usava longas capas ou blusas grossas para esconder a marca negra. Seu braço esquerdo estava branco por completo, a não ser por gotas se suor, não havia nenhuma marca, nenhuma cicatriz, nada, a marca negra de Draco havia sido retirada.
“Duvido, deve ser mais outro plano, outra mentira.” Pensou Gina.
- Outra mentira? – Draco se levantou, batendo a mão na mesa, fazendo os copos e pratos balançarem.
- Draco... – Hermione o puxou pelo braço de volta à cadeira. – Controle-se.
- Controlar-me? Ela acha que eu estou mentindo, eu NUNCA menti pra ninguém aqui, Hermione sabe muito bem do que eu digo.
Hermione assentiu, Draco continuou falando.
- Eu podia ser uma pessoa má até o final do ano passado, mas... quando vi uma certa pessoa antes do começo do ano letivo, eu... Eu me apaixonei, eu amei, e este amor me fez perceber que me pai tratava minha mãe feito uma rata de lixo, e que ela deveria ser livre, percebi que Dumbledore estava disposto a me ajudar se eu estivesse realmente disposto a mudar, eu nunca ia imaginar que nos últimos dois meses meu pai controlou minha mãe com a maldição Império e fez ela entrar na minha mente e ler cada vírgula dos meus pensamentos, ele ficou sabendo de todo o plano, e mais uma vez, o Potter foi o que atraiu os planos do meio pai, anteriormente, vocês-sabem-quem entregou à mim e ao meu pai a missão de capturar Harry Potter, não... Eu não podia capturá-lo, muito menos matar seus amigos, e foi seguindo cada passo de Harry Potter que eu vi o quão linda era a menina que ele chamava de amiga, Hermione Granger. – Draco parou por um instante, olhou Hermione nos olhos, e sorriu para a menina, depois, continuou a falar. – A mentira nessa história é que lá, em Châteu Villet, meu pai estava me controlando, Imperius, ele ama essa maldição, tanto quanto Tia Bela ama Cruciatus.
- Tia Bela? – Harry levantou-se com raiva, deu um murro na mesa, e atravessou-a, pegou Malfoy pelos colarinhos. – Como ousa dizer o nome dela? Aquela vaca matou meu padrinho, e você diz isto como se fosse a coisa mais normal do mundo?
- Como eu ia dizendo, a única mentira foi em Châteu Villet, ele me controlou, eu tentei dizer para Hermione...
- É, mas seu pai chegou... – Confirmou a menina.
- Ele chegou. – Assentiu Draco.
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Assim que amanheceu, o sexteto de amigos voaram para a escola de Hogwarts, onde a festa de fim de ano os esperava. Invisíveis aos trouxas, a viagem de Londres à Hogwarts já era familiar para Harry e Rony, que a fizeram de carro voador no segundo ano. Harry estava na vassoura da frente, guiado o grupo.
As luzes de Londres eram muito pequenas quando vistas lá de cima, os seis imaginavam o quão animada estaria Hogwarts pela festa de fim de ano, ou quão preocupada pelo desaparecimento de tantos alunos de uma só vez, ainda mais com a volta de Lord Voldemort.
Enquanto os seis jovens voavam em direção à escola, uma loira de olhos claros estavam sentada na varanda de um quarto de hotel, olhando para o céu, e como não era trouxa, viu, seis pessoas, seis vassouras, uma direção.
Narcisa sorriu olhando os meninos voarem sobre o hotel que estava, após o acontecimento de Châteu Villet, Lucius havia fugido para a Irlanda, Lord Voldemort retirou a marca negra de Narcisa, assim como fez com seu filho, Draco Malfoy, a face da loira fora queimada da árvore genealógica dos Black, assim como a do falecido Sirius fora.
Narcisa como tinha o mesmo dom de seu filho, fixou os olhos nos meninos sobre as vassouras:
“Meu amor, estou aqui em baixo, te olhando, boa viagem, dê lembranças à Hermione!”
“Ok mamãe!”
Draco sorriu para si mesmo, acelerou a vassoura e foi para o lado de Hermione.
“Minha mãe esta nos vendo lá de baixo, mandou lembranças à você! Vai tomar um chá com ela qualquer dia...”
“Conhecer a sogrinha né?” Hermione riu.
Saíram então dos limites de Londres e continuaram voando.
Lucius, então na Irlanda, naquela noite, tacou todos os objetos que viu na parede, rasgou e queimou fotos de Draco e Narcisa, que sinceramente não estavam nem ligando para a falta do comensal da morte. Lord Voldemort fora o mais revoltado, matou metade das pessoas que encontrou no caminho de volta à Albânia na noite em que Draco fora até a sede da Ordem da Fênix, só se acalmou quando a sua maior puxa-saco, Belatriz Lestrange chegou e deu-lhe uns beijinhos.
O sol nasceu e os seis amigos se aproximaram dos campos verdes e límpidos da escola de Hogwarts, quando chegaram, haviam barraquinhas por todo o jardim, uma grande pista de dança e um palco enorme, provavelmente para a festa que aconteceria naquela noite. Draco respirou o ar puro do lugar que ele mais gostava no mundo, o lugar em que realmente havia achado o seu lugar, e descoberto para que viera ao mundo, assim como Luna, Gina, Rony, Harry e Hermione fizeram o mesmo.
Ainda olhavam para o céu azul quando Dumbledore correu até eles e abraçou todos de uma só vez. E fez uma pergunta histérica para cada um.
- Srta. Granger, está tudo bem? A Srta. Esta pálida...
- Harry! PENSEI QUE ESTIVESSE MORTO! QUE VOCÊ FEZ? QUER MATAR O VELHO AQUI É?
- Sr. Malfoy, deu tudo certo com a Srta. Granger?
- Sr. e Srta. Weasley! Venho recebendo corujas de seus pais todos os dias, eles amam vocês demais! Nunca mais façam isso...
Atrás de Dumbledore, mais pessoas vinham.
- HARRY! – Um coral composto por Cho Chang, Padma e Parvati Patil correu até o menino.
- Rony...! – A histérica Lilá Brown veio correndo na direção do ruivo, pegando ele pelos colarinhos e lhe dando um belo beijo.
- GINA! – Umas cinco meninas de Grifinória derrubaram a ruivinha no chão e lhe encheram de cócegas.
- LUNA! – Toda a Corvinal, que antes a achava estranha, agora estavam vindo correndo na direção da doce Luna Lovegood, todos correndo, ainda com livros e uniformes, correram até derrubarem a menina no chão, todos gritavam seu nome desesperadamente felizes.
- MIONE! – A turma de meninas da Grifinória que abraçara Gina, agora vira para cima de Hermione.
Draco sentiu-se um pouco fora do comum, pois absolutamente ninguém, veio ao seu encontro, ninguém correu, ninguém gritou seu nome, ninguém havia sentido a falta de Draco Malfoy, apenas Dumbledore, e Snape? Nem Snape correu para dizer ‘oi’. Pansy? Crabble? Goyle? Diziam-se amigos de Draco, e naquele momento, onde ele mais precisou de amigos, ele não teve nenhum.
Harry demorou para perceber que Draco não tinha ninguém o qual sentiu falta do loiro, logo Hermione e Gina deram um ‘chega pra lá’ nas meninas da Grifinória, Luna e Rony fizeram o mesmo, quase duas horas depois, os seis estavam sozinhos no jardim novamente, Dumbledore havia insistido para que entrassem.
- Vocês têm que dormir, o show de fim de ano será de noite, Malfoy, Granger, vocês são monitores, Potter e Weasley são do time de quadribol, vocês irão se apresentar, têm que se preparar, os membros de suas casas escolheram o que vão cantar, sinto muito Malfoy, ninguém da Sonserina quis escolher algo por você, disseram que não lhe conheciam direito... Agora, entrem!
Mas eles não entraram, e ficaram andando pelos campos da escola. Os seis foram em silêncio até a beira do lago negro, onde observaram o céu limpo e o horizonte mais uma vez. Todos começaram, aos poucos, comentar sobre a festa, que roupa usar, que música cantar, mas Draco não disse nada, ficou quieto, com os olhos fixos nos próprios pés.
- Draco? – Hermione se aproximou.
- Que é?
- Ficou triste... Bem, por que ninguém veio falar com você?
- Não é a melhor sensação do mundo Hermione.
- Não seja grosso comigo, to querendo te ajudar...
- Devia ter ficado em Paris.
- E me deixar sozinha? E me deixar? Quem está sendo o fraco agora?
Houve um silêncio, e os olhos de Draco se encheram de água.
- Ninguém nessa escola liga pra mim. – Resmungou o loirinho.
- Eu ligo pra você. – Harry se levantou e foi até Draco. – Você é muito corajoso Malfoy, você é um bom garoto.
- Eu ligo pra você! – Luna se levantou e se aproximou do menino.
- Eu também... Nós! – Rony e Gina fizeram o mesmo
Draco olhou para os cinco, todos estavam olhando para ele, esperando uma resposta, alguma, coisa, qualquer barulho. Qualquer que fosse.
- Amigos? – Arriscou ele, ficando de pé, e se aproximando dos outros.
- Pra sempre. – Harry deu um toque de mão em Draco no maior estilo gueto trouxa, Draco soltou uma gostosa gargalhada e foi acompanhado pelos outros.
Agora eles andaram pelos campos correndo, brincando, rindo, cantarolando trechos de músicas trouxas, tacando bolinhas de lama uns nos outros, até que quando eram nove da manhã, os seis caíram no chão, cansados, com as costas doendo, as mãos e rostos sujos de lama e um sorriso abobado no rosto.
- Gente... – Luna começou a falar. – Vocês não acham que estamos saindo de um sonho, ou sei lá? É... É maluco demais tudo isso.
- Bem... – Opinou Rony. – Eu estava comentando com Harry que este ano não aconteceu nada de estranho com a gente, e eu mal sabia o que estava por vir.
- Pelo menos ninguém tentou matar o Harry. – Brincou Gina, rindo.
- Sei lá, eu to namorando com o Malfoy, é muuuito estranho. – Disse Hermione, mergulhando numa crise de risos.
- Hermione Malfoy! – Brincou Harry. – Quem diria?
- Vocês tiveram um final feliz, feito aqueles de conto de fadas. – Sorriu Luna, observando o céu. – Parabéns.
- É... Parabéns.
- Valeu Ronald.
Draco não esperou nem mais um segundo para beijar Hermione, Gina olhou para Harry como se implorasse pelo mesmo, o moreno avançou para cima da namorada, a beijando com fervor, Rony olhou para Luna, Luna olhou para Rony e os dois começaram a rir, não... Não era o que Luna queria, muito menos o que Rony queria.
- Cahãm! – Pigarreou Rony. – Alguém quer ouvir a minha piada do Hipogrifo Amarelo-banana?
- Ah... Essa eu ouço todos os verões lá em casa Ronald... – Resmungou Gina, nos braços de Harry.
- É aquela que tem um jegue?
- Essa mesma Harry!
- Eu ouvi no largo Grimmauld, você contou umas vinte vezes...
- Eu também ouvi... – Disseram Hermione e Luna Juntas.
- Eu não ouvi... – Resmungou Malfoy, mas Hermione deu-lhe uma cotovelada nas costelas. – Ah... Lembrei... Agora lembrei qual é, eu já ouvi sim.
- E aquela do rato que come uma vassoura?
- JÁ OUVIMOS RONALD! – Disseram todo em coro.
- E aquela...
- Rony, sem piadas, pelo menos hoje. – Disse Gina, fingindo autoridade. Todos riram.
Depois da sessão dos beijos e risadas, os meninos entraram no castelo, e perceberam que muita gente ali havia ficado feliz com a presença deles, as aulas haviam sido canceladas e a festa começaria as duas da tarde, todo o salão estava enfeitado com bandeiras da Corvinal, o que era sinal de que a casa azul havia ganhado o campeonato das casas daquele ano.
Luna tomou o caminho da torre da Corvinal, para comemorar a vitória com seus companheiros de casa e se arrumar para a festa.
Harry, Gina, Rony e Hermione subiram para a torre de Grifinória.
Draco desceu para as masmorras, lá, ninguém se mexeu quando ele entrou, nem quando foi até o dormitório masculino, ninguém ligou, apenas o olharam com cara de nojo.
No hall que levava aos dormitórios, vários folhetos ‘Vote em Draco Malfoy’ estava rasgados no chão, o cartaz ‘Sonserina é Poder’ com o rosto sorridente de Malfoy, com seu distintivo de monitor-chefe e sua vassoura estava amassado em um canto.
Draco, cansado de ficar vendo toda aquela gente o olhando daquela forma, saiu para dar uma volta pelo castelo, vestia uma cacharrel preta, um jeans preto e um sapato social preto, carregava um terno negro de veludo nos braços, já era uma da tarde, e muitos alunos já estavam descendo para a grande festa que poderia começar as duas para quem quisesse, mas o verdadeiro musical começaria apenas às sete da noite, pelos corredores, Draco leu o aviso ‘Votações para o Grêmio, a partir das duas da tarde, ao lado do grande palco’. Draco então, rumou para o palco, onde votaria, eu si mesmo, em Hermione? Em Luna que o ajudara? Tempo para pensar ele tinha de sobra, até que à caminho do jardim, Draco encontrou Dumbledore.
- Sr. Malfoy, pronto para o musical?
Draco assentiu.
- Não fica assim, alunos de Sonserina são cruéis, não esqueça que foi como eles um dia.
- Nem me lembre. – Resmungou o menino.
- Vá para a torre de Grifinória, lá é divertido. – Dumbledore piscou para o menino. – Pudim de amendoim.
Draco entendeu então que aquela era a senha do salão comunal da casa do orgulho e bravura, antes de ir até a torre, Draco correu para o lado do palco, ali, o pequeno Flitwick estava ao lado de uma cabine.
- Olá Sr. Malfoy, entre, diga para a urna em quem vota. – O professor piscou para o menino de olhar vago. – E não fique triste, você é muito nobre Sr. Malfoy.
Não prestando muita atenção no elogio, Draco entrou na cabine. Nas paredes da cabine, estavam bordados dezenas de brasões de Hogwarts, a urna negra diante dele, tinha as palavras ‘Diga claramente o nome da casa para a qual dará o seu voto’ gravadas em ouro.
Draco respirou fundo.
- Corvinal.
- Seu voto foi recebido com sucesso, tenha uma boa festa! – Disse a voz de Dumbledore, que saia magicamente da urna.
Draco rumou então para onde era o salão comunal da Grifinória, ou pelo menos, onde ele pensava ser. Ficara feliz por votar em Luna, não votara em si mesmo, pois seria voto jogado fora, ninguém votaria nele depois do acontecido na França, e votar em Hermione não seria uma aposta das melhores, pois as propostas da menina não eram das mais sedutoras.
Parado em frente ao quadro da mulher gorda, Draco tentou falar com Hermione, e conseguiu.
“Mione, ta muito cheio aí?”
“Ta tendo uma festa danada! Ah, você é o assunto, parece que toda a Grifinória quer ver meu novo namorado agora...”
“Não sabia que tinha tantos amigos assim...”
“Tirando Sonserina, digamos que sou bem popular... À propósito, por que a pergunta?”
- Pudim de amendoim. – Disse Draco à mulher gorda, que sorridente, abriu o quadro para o menino.
- Porque eu vim aqui te ver. – Ele respondeu olhando para a menina, que estava no meio do salão comunal.
- Draco! – Ela correu para abraçá-lo. – Fique aqui até a festa da noite começar, estávamos falando justamente de você, e de como você conseguiu deixar de ser um comensal só para salvar sua mãe e...
- E pra ficar com você, bobinha!
Em Grifinória, Draco sentiu-se estranhamente em casa, todos eram simpáticos e estavam muito felizes, por todo o salão haviam cartazes com a foto de Harry, com certeza, os mesmos usados no torneio tribruxo. Cartolinas brilhavam e nelas estavam as palavras : “Gina, Rony, Hermione, Harry, nosso heróis!”, “Salve Malfoy!”, “Grifinória para sempre”, “Boa sorte Malfoy!”. Draco olhou maravilhado para tudo aquilo, para aquele maravilhoso cenário que estava ali, bem diante de seus olhos, então, foi bombardeado com perguntas de todos os alunos.
- É verdade que sua marca negra sumiu?
- Sua mãe também?
- Cadê seu pai? Morreu?
- Você vai se separar da Juliet?
- Você ama mesmo a Hermione?
- Quais suas intenções com a Mione? Sérias?
- Qual vai ser o nome do bebê?
- Você vai mudar de casa?
Das mais sensatas até as mais insanas, todas foram respondidas, e Malfoy havia achado seu lugar dentro de seu próprio mundo, visto que dentro de Hogwarts podem existir pessoas completamente diferentes, e dentro de Hogwarts, seu lugar era em Grifinória.
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