No largo Grimmauld




Nos capítulos anteriores:

O jardim estava escuro e não havia nenhuma estrela no céu quando os quatro amigos chegaram em Châteu Villet com a ajuda de Dobby, um gato totalmente preto esbarrou nas pernas de Harry, gemendo.
- Eca! – O menino chutou o bicho.
Harry entrou na grande casa ainda muito apreensivo, Gina estava abraçada ao menino quando entraram, Rony e Hermione vieram atrás, Narcisa Malfoy estava sentada na sala, olhando para o relógio até perceber que haviam chegado.
- Oh! Pensei que não viessem...
- É, eu também pensei que não viria. – Murmurou Harry para si mesmo, evitando o abraço de Narcisa, Gina fez o mesmo.
- E Draco? – Hermione apressou-se em perguntar-lhe.
- Virá daqui uma semana.
- Harry... – Disse Rony numa voz mole. – Não olhe para trás, é sério. – Então o ruivo soltou as malas no chão.
Então, o mesmo gato que Harry chutara entrou na sala, logo tomando a forma do mestre de Poções.
- Olá. – Disse ele, tirando a varinha do bolso e indo para o lado de Harry.
- Severo... – Narcisa estava estupefata.
- Surpresa? Por depois quase um ano letivo a menina finalmente dizer algo normal? Algo que não foi você e seu marido quem colocaram na mente dela?
- Prof. Dumbledore? – Harry se aproximou, aquilo parecia mais uma miragem.
- Harry... Enganaram à sua amiga, enganaram à vocês, mas não à mim. – Dumbledore fitava Narcisa. – Diga... Diga na cara dela o que fez!
- Não fiz nada... – Narcisa sacudia o rosto negativamente.
- Fez... Um plano maravilhoso não é mesmo? Se não fosse pela ajuda de Severo...
- Prof. Snape, será que podia me explicar do que se trata? – Disse Hermione.
- Se trata de você Srta. Granger. – Disse ele seco. – Maldição Imperius, acho que como uma aluna exemplar deve saber do que se trata.
- ME CHAMARAM? – Um homem albino entrou pela porta, sua capa molhada pela chuva, um vento frio entrou com ele, atrás do homem um outro, louro e alto, ao lado do segundo, um terceiro, um menino, Draco Malfoy.
Voldemort virou a varinha na direção de Draco.
- VOCÊ! Fez o que errado? Este era o plano perfeito.
- Para Dumbledore não há planos perfeitos! – Gritou Hermione.
- Duelar? Creio que Dumbledore lhe ensinou como. – Fitou-o. – Crucio. – Com a varinha, Voldemort empurrou a coluna de Harry para que esse curvasse.
Seria a morte aquela dor horrível na cicatriz, jamais sentida antes? Seria a morte os gritos agudos de Gina ao fundo?
- FOI TUDO UM PLANO MINHA QUERIDA! UM PLANO PARA VOCE TRAZER O POTTER PRA CÁ, E OLHA, DEU CERTO NÃO? AGORA CALE A BOCA ANTES QUE EU TE MATE.
- NÃO GRITA COMIGO...
- VOCÊ NÃO ESTA REALMENTE ME AMANDO ESTÁ? AH... POR QUE SE ESTIVER, É MELHOR ME ESQUEÇER... OU PREFERE QUE EU LIMPE SUA MEMÓRIA NOVAMENTE?
- ATÉ DUMBLEDORE ESTAVA NOS AJUDANDO!
- DUMBLEDORE CAIU FEITO UM PATINHO ATÉ SNAPE ABRIR SEUS OLHOS!

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Harry, Hermione, Gina, Rony e Luna saíram correndo de Châteu Villet, com um feitiço convocatório eles chamaram as vassouras que estavam guardadas na casa e voaram até Londres, onde os cinco encontraram conforto e segurança na sede da Ordem da Fênix. (Dobby havia sido fortemente ferido por Lucius Malfoy),
Hermione não disse uma só palavra, foi direto para o banheiro, onde lavou o rosto e jogou-se no chão, onde lágrimas grossas e pesadas tomaram conta de seu rosto. Ela soluçava desesperadamente, Rony apenas ouvia tudo do outro lado da porta trancada, seu coração estava tão despedaçado quando o da menina.
“cheguei à Hogwarts, vim na cabine da Granger e do Weasley, pelo menos por um minuto eu pude ser quem eu sempre quis ser, se meu pai não tivesse feito aquele feitiço no chapéu seletor no primeiro ano, eu poderia estar na Lufa-Lufa, na Corvinal, até na Grifinória, em qualquer lugar que não fosse a Sonserina, e que eu tivesse que honrar a linhagem sangue-puro dos Malfoy, até ano passado, eu adorava ser um sangue-puro de família nobre, mais este ano, uma castanha sangue-ruim me fez mudar de idéia, é obvio que nunca ela vai querer nada comigo, afinal, sou um semi-comensal da morte, se é que isto existe, mais eu sou, papai e mamãe já disseram que vou me casar com Juliet Delacour, a veela que está comprada para mim desde o dia em que nasci, é horrível.”
Ao lembrar as palavras de Draco, seus olhos lagrimejavam ainda mais e suas mãos tremiam ainda mais, e suas pernas gelavam ainda mais.
- Adorei aquela música que ele cantou. – Eu comentei subindo as grandes escadas, e rindo.
- Qual, a do fio de cabelo?
- É, esta mesma...
- Um fio de cabelo tão comprido
Um fio de cabelo no meu paletó ó ó ó !! – Nós estávamos rindo muito alto, por algumas horas nos esquecemos que éramos fugitivos.
Entramos no quarto, que era pequeno e apertado, e ali, ao me sentar na cama, percebi que fomos idiotas, tínhamos muitos problemas, e nos preocupávamos apenas com diversão.
Hermione mexeu na sua bolsinha e encontrou seu diário, pegou uma pena também dentro na bolsa e começou a escrever, nada mais fazia tão bem. Escrevendo a letra de uma música, ela escrevia, e cantava, e lembrava dos momentos Draconianos de seu ano.
“Não vou mais falar de amor,
de dor, de coração, de ilusão,
Não vou mais falar de sol,
Do mar, da lua, da rua ou da solidão.
Meu vicio agora é a madrugada,
Um anjo, um tigre e um gavião,
Que desenho acordada, contra o fundo azul da televisão.
Meu vicio agora, é o passar do tempo,
Meu vicio agora, movimento, é o vento, é voar, é voar...”
Mais lembranças tomaram conta da mente da menina, tão fria, tão vazia, tão desiludida.
“Se o Lucius descobrir... Não quero nem ver o que vai acontecer com o Draco.”
- Draco? Se referiu a mim como Draco?
- Pare de ler minha mente Malfoy! Pare!
- Então aceite namorar comigo que eu prometo nunca mais ler seus pensamentos, mais só se namorar comigo. – Ele sorriu.
- Sim, eu aceito. – Então eu fui correndo para o banheiro da enfermaria, onde tomei um banho quente, coloquei meu uniforme que me esperava em cima da cama, as cortinas verdes não deixaram que Malfoy me visse trocando de roupa, o que foi uma grande sorte.
“...Não vou mais verter,
lágrimas baratas sem nenhum por que,
Não vou mais vender,
Melôs manjadas de karaokê,
E mesmo assim fica interessante, não ser o avesso do que eu era antes,
De agora em diante, ficarei assim, desedificante...”
- Mione, eu nunca tinha vindo na praia.
- Porque não?
- Papai disse que de dia queima a pele.
- É esta a graça da praia, queimar a pele, olha, eu sou cheia de marquinhas. – Eu abaixei a gola da minha blusa. – São de biquíni, que tal nadar? Já que você não curte muito o sol, nadar de noite seria uma ótima.
- Acho melhor não...
- Draco Black Malfoy está com medo? – Eu o desafiei.
- Quem chegar por último é a mulher do rabo-córneo! – Ele saiu correndo em direção a água, onde antes de entrar, despiu-se de sua capa negra, era a primeira vez que Malfoy estava agindo como trouxa, e ele estava adorando, eu como já sabia como era o mar, entrei mais calma do que ele, ele estava radiante, pulava feito uma criança de três anos.
- Vem, pula as ondas comigo. – Ele me puxou, quase me derrubando.
- Draco... você ta parecendo uma criança de um ano de idade, eu pensei que parecia uma de três, mais até uma de três anos pula menos que você.
- Bobinha! – Ele me abraçou.
“...Meu vicio agora, é o passar do tempo,
Meu vicio agora, movimento, é o vento, é voar, é voar...”
Por um momento, Hermione se sentiu fora de si, apenas olhava as palavras no diário, como se fosse uma espécie de hipnose lembrar todos os momentos bons com Draco, os socos de Rony na porta não abalavam o que estava sentido.
-HERMIONE! ABRE A PORTA! ESTAMOS PREOCUPADOS! – Gritava Rony do lado de fora.
-É... MIONE, TÁ TUDO OKAY? – Harry batia na porta junto.
Hermione ainda podia ver, como se fosse minutos atrás, o dia de sua detenção com Draco.
- Passa o balde Malfoy.
- Por...?
- Por favor Malfoy, passa o balde.
- Senhor?
- Por favor, Sr. Malfoy, passa a porcaria do balde cheio da porcaria da água.
- O Prof. Lupin disse pra gente não falar ‘porcaria’.
- Ok... – Respirei fundo, atrás de mim, ouvi Rony tossindo forte. – Por favor, Sr. Malfoy, pode passar o balde para mim?
- Claro Srta. Granger.
- Muito obrigado Sr. Malfoy. – Eu disse numa educação extremamente forçada.
E o dia em que Draco havia lido sua mente, decifrado seus sonhos, o dia do primeiro beijo de Draco e Hermione.
- Sonhou com as palavras do diário, eu sei que deve estar pensando que são todas bobas, e mentirosas, elas poderiam ser, até o ano passado, mas Hermione, eu mudei, no trem, Snape não estava por perto, nem nenhum espião do meu pai, nem quando eu escrevo. – Ele meu puxou para mais perto dele, estávamos tão perto, que eu podia sentir a sua respiração fria em minha pele. – É verdade Hermione.
- Não me chame de Hermione, não somos amigos. – E então nos beijamos, as varinhas caíram, e eu senti como se fosse levitar até o mais alto céu. Seu beijo era maravilhoso, ele escorregou as mãos até minha nuca, me puxando para o seu colo, em cima da maca.
Hermione lembrava-se, de quão doce e suave fora aquela paixão.
EI! – Ele me gritou.
- Fala... – Eu disse sem sair do lugar.
- Não vai dar um beijinho de despedida no seu namorado?
Como eu havia esquecido? Ele é meu namorado! – Okay... Namorado. – Dei-lhe um beijo.
- Fique bem... – Eu respirei fundo. – Draco.
- Obrigado Mione. – Ele sorriu para mim, depois me levou até a porta da enfermaria, de onde ficou me olhando até eu desaparecer no corredor.
Lembrava-se das piadas de Draco, e de quão feliz ela fora do lado dele.
– Sabia que eu sei uma piada do Canadá... quero dizer é de dois Portugueses...
- Fala... – Eu disse, deitada no colo dele.
- Dois Portugueses estavam na beira de uma piscina, o que um disse para o outro?
- O quê?
- ‘Manoel, Cá Nadá!”
E rimos juntos daquela piada, o que eu senti que foram horas.
Sem ligar para os gritos de Harry do outro lado da porta, Hermione levantou-se do chão, guardou a pena e o diário dentro da bolsa, olhou no espelho e viu o quão vermelhos os seus olhos estavam, seu rosto estava pálido e seus olhos sem brilho algum. Uma última lágrima escorreu antes da menina abrir a porta e dar de cara com Harry e Rony desesperados.
- Pensamos que tivesse morrido... – Disse Rony, por incrível que fosse, lágrimas caiam de seu rosto.
- Pensamos que tivesse se matado. – Harry abaixou a cabeça. – Bem, vou deixar vocês dois sozinhos...
O menino de olhos verdes subiu uma escada em frente ao banheiro, uma escada que dava acesso aos quartos no piso superior. Rony e Hermione ofegaram por alguns instantes até se entregarem para um forte abraço.
- Eu... Eu quis tanto te dizer... Eu e Harry queríamos tanto te avisar. – Rony ofegava no ombro da menina.
- Eu sei... Sou uma burra, uma burra.
Enquanto abraçava Rony, e as lágrimas do menino caíam sobre seus ombros e seus cabelos, Hermione sentiu algo estranhamente familiar, uma sensação de prazer e medo, um paradoxo emocional, e logo lembrou-se de onde conhecia aquela sensação, gritos tomaram conta de sua mente, uma tontura infernal, sua cabeça parecia estar sendo prensada entre dois metais pesados e frios, parecia um beijo de dementador ou talvez algo pior, Hermione soltou Rony, e voltou a se trancar no banheiro, pensando consigo mesma, falando sozinha dentro de sua própria mente, com a esperança de alguém ouvi-la.
“Draco?” Ela repetia o mesmo nome para si mesma, como uma prece, uma prece para ouvir a voz de seu amor em sua mente outra vez, só mais uma vez.
Muitos quilômetros dali, um loiro se contorcia no chão de um banheiro de mármore preto, apoiando as mãos da pia, com os olhos vermelhos de lágrimas, cabelos desarrumados e manchas no rosto, ele fechava os olhos com força, e falava, consigo mesmo, algumas palavras, na esperança de conseguir falar com ela.
“Hermione?” Ele repetia para si mesmo, dentro de sua mente, algo nunca sentido aconteceu, um frio enorme tomou conta de sua cabeça, que começou a dor insuportavelmente.
“Draco... Pode me ouvir?” Dizia a menina, chorando, jogada no chão.
“Posso...” Lágrimas pesadas e grossas saíram dos olhos do menino de sangue-puro, e ele sentiu como se aquele momento fosse o único.
“Imperius?” Perguntou a menina, se a resposta fosse ‘sim’, existia grande chance de Draco ser realmente bom, e Lucius ter descoberto o plano, e usado o próprio filho... se a resposta fosse ‘não’, então Hermione tinha um grande problema.
“Sim... Eu tentei lhe dizer, eu desmaiei antes, eu fugi, estou em Paris, num bar de esquina, é madrugada, preciso te ver!”
“Draco, vá ao encontro de Juliet, nossa história já deu o que tinha que dar.”
“Não mesmo! Como assim? Você desistiu de mim? Não me ama mais? Uma armadilha do meu pai é o suficiente para nos separar? Pensei que Grifinória fosse a casa dos ousados e corajosos, não dos fracos.”
Hermione sentiu raiva naquele instante. Ouviu então, que agora quatro pessoas batiam e gritavam o seu nome do lado de fora do banheiro, o barulho atrapalhava a concentração e ela estava prestes a perder o contato mental com Draco.
“Acredito em você. Mansão dos Black, sede da Ordem da Fênix, Londres.”
E então, a porta do banheiro em que Hermione estava foi ao chão, Luna e Gina ficaram tontas e desmaiaram ao olharem para algo atrás de Hermione, Harry pegou a varinha e esticou-a, Rony colocou as mãos na boca, e ficou muito pálido. Hermione virou-se então para ver o que era.
Ali, iluminado pela pouca luz do luar que entrava pela janela estava Draco Malfoy.

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