Um mergulho Caribenho
Nos capítulos anteriores:
Harry rastejou até os pés de um menino, dezesseis ou dezessete anos, loiro, olhos cintilantes, um uniforme da Sonserina, distintivo de monitor-chefe brilhando no peito, Harry subiu no colo do menino, que o acariciava e sorria.
- Continua tendo as visões com os Malfoy então? – Comentou Rony.
- Será que esse tal Caribe vai ser legal, quero dizer, sem magia, como vamos nos virar?
- Acho que vai ser bem exótico. – Disse Harry ajeitando o capuz. – Pelo menos o clima lá vai ser melhor.
- Que tal uma brincadeira? – Harry dizia pomposo. – Já que é uma viagem trouxa, que tal brincarmos de verdade ou desafio?
- Como é isso Harry? – Perguntou um menino corado, com um cachecol da Lufa-lufa.
- Bem, é um jogo, exemplo, eu sorteio alguém, ai eu pergunto ‘Verdade ou Desafio’ ou a pessoa diz a verdade, ou vai enfrentar um desafio.
- Que tipo de desafio?
- Ah, imitar bichos, dizer um segredo, beijar alguém... Qualquer coisa...
Neville girou a garrafa, que apontava agora para mim,e o outro lado, para Malfoy.
‘Não pergunte nada que a Mione que eles conhecem perguntaria. Por favor.’ – Draco dizia em pensamento.
‘E o que pergunto?’
‘Eu escolherei Desafio, duele comigo também, posso acabar com você?’
‘Vamos estuporar um ao outro ao mesmo tempo’.
‘Ok’.
- ESTUPEFAÇA! – Dissemos ao mesmo tempo, gritinhos da Sonserina, berros das outras casas, eu ainda estava de olhos fechados, mas Malfoy não parecia bem.
‘Me desculpe por isso Mione’. – Pensou ele.
‘Não foi nada. Vamos continuar?’
‘Mas é claro.’
- Reducto! – Disse eu.
- Sec-Sec-Sectumsempra!
‘Draco, você foi criado assim, vai demorar, mas você vai conseguir mudar, eu sei...’ Eu disse por pensamento, porém, algo no fundo do meu coração me dizia, que Draco havia usado aquela situação para mostrar quem ele realmente era, e o que ele realmente queria comigo.
Harry Potter rastejava fracamente pelo chão frio daquela mansão que já conhecia, sua pele fria e pegajosa grudava nos pequenos fios do tapete, a fraqueza tomava conta de si, até que parou, Harry desmaiou, ali no chão mesmo.
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Quando o avião pousou, todos deram um gritinho fino, afinal, poucos além de mim haviam viajado como trouxa alguma vez na vida. Minha cabeça não doía mais, e Draco andava perfeitamente bem, me deu uma piscada quando saímos do avião, aquilo confirmava que ele havia me perdoado pelo duelo duro de ontem.
- Então, ta melhor Mione? – Disse Rony, indo junto a mim na direção do ônibus que nos levaria até o acampamento.
- É, estou melhor sim Ronald, valeu por se preocupar.
- Não foi nada, viu o Harry?
- Que ele tem?
- Tomou a maior bronca do Snape ontem à noite, todos estavam dormindo, mas ele me acordou e disse... Não vai poder passear com o resto do grupo durante a excursão.
- E a McGonagall?
- Bem, ela deve estar sabendo agora... Se ela não nos expulsou no segundo ano, por causa do carro voador do meu pai, não é por causa de uma garrafa que ela vai estragar a viagem do Harry.
- É, o coitadinho só vai de Hogwarts para aquela coisa que deveria ser um ‘lar’, com aquelas pessoas chatas... Ele merece um passeio, ele é bom menino.
- Sou mesmo! – Harry surgiu atrás de mim e Rony.
- Harry! – Abracei-o com força. – Então, você vai poder sair conosco? Vai né? O Snape não apita nada em alunos da Grifinória...
- Sabe galera... – Harry agora nos acompanhava entrando no ônibus, sentamos no ultimo banco, o qual tinha três lugares. – Infelizmente...
- Ah não... – Ah não mesmo! Como assim? O Snape mandando em Grifinórios?
- Infelizmente... Vão me aturar pelo Caribe a fora!
- CARA! – Rony gritou, todos olharam para ele. – Ups... Cara... é demais! – Ronald corou bastante, logo se sentou ao meu lado.
- Não é o máximo? O melhor trio de Hogwarts agora no Caribe... Hum... Arrasamos não é mesmo?
- Ron... Menos. – Harry soltou uma risada. – Vocês vêem como este ano esta sendo perfeito? Quero dizer... – Harry levou a mão à cicatriz, e senti minha barriga virar, será que estava doendo outra vez? – Sabe... Ele... Ele não me quer mais... Esta fraco novamente... Entendem?
Rony lançou um olhar forte para Harry, como se ele estivesse blasfemando.
- Harry, você... Você acha mesmo que está ‘tudo bem’ mesmo vendo absolutamente tudo que você-sabe-quem faz?
Meu coração parecia gritar. O quê? Visões?
- Harry...
- E você não contou para a Hermione? – Rony cruzou os braços, e agora parecia muito com a própria mãe.
- Olha... Mione... É bobeira sabe... Depois daquele dia do Malfoy...
- Harry, ele pode estar tentando manipular sua mente, você sabe como isso é grave.
- Hermione, eu sei me virar, não precisa dar uma de mamãe preocupada pra cima de mim, acreditem em mim, ele está perdendo as forças.
- Já sei como sabe, teve uma visão!
Harry corou. – É tive... – Levou a mão até a cicatriz. – Mas... Ele estava se sentindo fraco e... Bem, vamos aproveitar o passeio, não é sempre que nós três estamos sem comensais da morte correndo atrás de nós, não é sempre que o Rony não está jogando um xadrez bruxo vivo, ou que a Hermione volta no tempo, ou que eu não estou num labirinto maluco.
Todos rimos baixinho.
- Harry... Acho melhor não comemorar... – Disse eu, apreensiva.
- MIONE! Que horror... O Harry fala sério... Sabe, este ano, não esta acontecendo nada de errado conosco.
- É, realmente.
Realmente? Como eu pude responder ‘Realmente’, eu ia fugir com o Malfoy, o Malfoy, digo novamente: VOU FUGIR COM O MALFOY. Isto é meio anormal não é?
O ônibus demorou para chegar no hotel, balançava muito, o que nos fazia dar graças por podermos aparatar.
A turma toda chegou no hotel por volta das seis da tarde, o que já era escuro em Belize, eu fui para o dormitório feminino, onde fiquei deitada enquanto as meninas liam revistas e falavam besteiras, como os dormitórios eram vizinhos, eu tentei falar com Draco.
‘Draco... Draco? Me ouve?’
‘Mione?’
‘É... Quem mais seria?’
‘Vai saber... Então, que houve?’
‘O Harry e o Rony estão aí?’
‘Ahãm, por que?’
‘Deixa de ser banana! Vá lá falar com eles! Pelo menos com o Rony, mas deixa eu ficar ouvindo... Eu te digo o que falar... Olha, com o Rony, tente falar de quadribol, fale do time da Bulgária, ele ama o Krum.’
‘Ok... Bulgária... Krum...’
‘Ah! Fale de vassouras... Ele as ama!’
Ouvi os passos de Draco se afastando, e logo voltaram, quatro pezinhos deviam estar sentados do outro lado da parede, ouvi a voz grave de Rony, é, Draco havia conseguido, o barulho no dormitório masculino era de deixar qualquer um surdo, ouviam-se gritos, música, piadas, risos, era uma loucura.
- Que tal essa Dino? – Dizia Simas. – ‘Eu quero ser um bruxo do seu coração, fazer magia e te levar as estrelas, oh! Meu amorzão!’ – Recitava o menino.
- Harry! O que vai fazer no show de fim de ano? – Perguntava Neville.
- Cantar... Com o time de quadribol... – Dizia um Harry tímido.
Mas não era isso que eu queria ouvir, com muita concentração, consegui voltar a Malfoy e Rony.
- Então... Weasley... Eu tenho esta revista do time de quadribol da Bulgária... É... Queria saber se você quer...
- Ta me dando? Quero dizer, isto é uma raridade...
- Eu queria saber um jeito de... Bem... Desculpar-me pelas coisas que eu já fiz...
- Essa coisa de ser bonzinho, você ta levando muito a sério... Logo sua marca negra vai arder, e não adianta vir me dar revistas.
Rony se levantou, ah, como ele era cabeça dura, assim como Harry... dois cabeças-duras!
- Weasley... É pelo bem da Hermione, fique meu amigo, é sério.
- Hermione? Que tem ela?
- Olha, se eu pudesse falar...
- Se não pode falar, por que toca no assunto?
- Olha aqui... Eu to querendo ajudar você...
- E eu quero distância de você!
- Weasley, ouça, você ama sua amiga?
- Amo.
- Então vire meu amigo.
- NÃO!
- Será que é preciso usar a Imperius?
‘Draco... NÃO’
‘Brincadeira Mione, só ameaça.’
- Olha... É uma maldição ilegal...
- Não tenho medo, sabe por que?
- Por...?
- Por que você não tem varinha!
‘É Draco, você não tem varinha’
‘Quem disse?’
- Quem disse? – Draco girou a varinha recém tirada do bolso nos dedos.
- Olha... Eu vou chamar os professores.
- O Snape deixou comigo, pra eu me defender da Granger...
- Hermione não mata uma mosca!
‘Draco, bate nele!’
- Você quer apanhar?
‘Tava brincando...’
- Ta ok Hermione...
- Hermione? Me chamou de Hermione? – Rony ria. – Eu hein, bem esquisito você...
‘Você o chamou de Hermione’
‘Eu ia falar com você, ai... Dá um tempo... Você fica falando aí.’
‘Isto é o começo de uma briga?’
‘Ai... Ok... Ta... Boa noite Hermione...’
- Weasley, leva a revista!
Draco jogou-a para Rony.
- Valeu... Mas... To de olho em você...
Então Rony se afastou.
O dormitório das meninas tinha praticamente o mesmo assunto dos meninos. ‘O Show de fim de ano’.
Lilá, Padma e Parvati conversavam animadas, dois metros para a minha direita.
- Vai cantar Lilá?
- Não... Vou dançar balé... E vocês duas?
- Vamos ensinar como se maquiar com feitiços rápidos e práticos.
- Como?
- Bem... Vai ter que esperar o show.
Dois metros para a minha direita, Susana Bonnes e Pansy Parkinson liam revistas sobre bruxos famosos e riam baixinho.
- Olha só... É o Malfoy.
- Lucius fez bem em chamar a alta sociedade, é uma pena que não sou eu quem vai casar com ele. – Pansy suspirou. – Mas adoraria ir, e como sou sangue-puro e rica, é claro que poderei.
Ao ouvir alguém pronunciar ‘Malfoy’ naquele dormitório meus ouvidos se abriram como um pavão ao nascer do sol, as duas falavam do casamento de Draco, e eu nem sabia que Pansy era amiga de pessoas quem não era da Sonserina.
O barulho foi acabando, as luzes se apagaram, e eu sabia, que naquele momento, só restava eu acordada.
Logo que todos os meninos dormiram, eu grudei a cabeça na parede, ficaria mais fácil a comunicação assim...
‘Hermione? Foi mal àquela hora... É que eu fiquei bravo...’
‘Eu sei.’
‘Que foi?’
Não por uma coruja, mas sim por um barulho estranho, o meu Profeta Diário saiu pulando de um lustre acima da minha cabeça, nele tinha uma anotação ‘Pagar esta edição quando voltar à Hogwarts’
‘Acabei de receber meu Profeta Diário noturno’
‘E você ta depressiva por isto?’
‘Não... É que... Bem, seu pai acabou de convidar todos os bruxos para o seu casamento. Ser sangue-puro e rico são as únicas condições para a entrada.’
Eu rodava os olhos para os lados, procurando por mais outra notícia que me fosse interessante.
‘Que horror! Como ele...’
‘Eu já falei... Não vai dar certo sabe... Eu... Você...’
‘Seja menos negativa e tudo dará certo... Agora se você ficar ai... Achando que tudo sempre dá errado, ai é que tudo vai dar errado mesmo...’
‘É, você tem razão...’
Me deitei na cama, querendo passar o resto da noite grudada na parede ouvindo Draco dizer mais coisas, mas fora em vão, afinal, querer não é poder.
Na manhã seguinte fomos passear de lancha e mergulhar com os peixes num mar azul de uma praia com areia muito branca, coloquei um boné e uma camisa larga, consegui enfim entrar no meio da turma dos meninos.
- Draco. – Eu cheguei atrás dele, devagarinho. – Sou eu, Mione.
- Você conseguiu ficar feia.
- Engraçadinho. Onde ta o Harry e o Rony?
- Bem ali!
Ele apontou para a entrada da lancha, Rony estava branco de tanto protetor solar, usava boné, três bóias em cada pé e mais duas na barriga, Harry apenas segurava a sua camisa na mão.
- Ron, não exagera... É só uma lancha.
- E se eu cair?
- Aí eu pulo pra te salvar!
- E se você morrer?
- Deixa de ser dramático Ronald.
- Você parece a Hermione falando assim.
- Ela falaria o mesmo, afinal, onde está ela? Olha ali... É a lancha das meninas, ela ta lá?
- Nem sinal... Será que ta morrendo de chorar que nem no baile de inverno?
- Ela não estava morrendo de chorar, estava esperando o Krum, se precisa que eu te lembre.
- Não... EI! Ela ta com o Malfoy. – Rony contorceu os lábios e seus olhos ficaram molhados, eu quis correr até lá, abraçá-lo o mais forte possível.
- Não, eu estou aqui!
‘Draco, volta aqui! Que você ta fazendo hein?’
Ele me lançou um olhar do tipo ‘para de falar comigo ok?’
- Ei Potter, Ei Weasley. ‘dia.
- ‘Dia Malfoy.
- E aí Weasley? Gostou da revista?
- Amei... Fala daquele time trouxa... Manchester United, AMEI!
- Que revista? – Se Harry tivesse uma varinha naquele momento, com certeza estaria no peito do Rony.
- Presente do Malfoy. – Disse Rony alegre, eu disse, ele é bobinho, com o perdão da palavra, mas é sim! Ah... Seria fácil de convencer ele.
- Presente do Malfoy? – Agora os olhos de Harry ficaram tão miúdos que viraram fendas, de onde eu estava, podia ver ele espremendo as mãos de tanto ódio.
- É Potter, pelo jeito, o Weasley ta fazendo novas amizades.
- Rony, ele roubou a Hermione de você!
- Não roubei nada Potter, ela quis vir pra mim!
‘Isto é verdade! Boa Draco... Boa...’ Ele piscou para o lado que eu estava.
- Como ia dizendo... Ele denunciou a AD!
- A Srta. Chang denunciou, aquela japinha safada... Nunca gostei dela. – Rony cruzou os braços feito uma criança.
- Não foi a Cho! – Harry encheu o peito para defendê-la. – Foi aquela amiguinha ridícula dela.
- A menina não teve culpa, obrigaram ela a falar a verdade... A Umbridge...
- Olha, esquece a Umbridge? – Disse o Ronald cheio de bóias.
- Weasley...
- Para de me chamar de Weasley, me chama só de Rony!
- Rony... O mergulho é em dupla, vamos?
- Claro!
‘Parabéns Draco! Você é demais... demais! Demais que demais! PARABÉNS! Agora eu falo com o Harry!’
‘Acho melhor você falar mesmo... Porque a Gina vem com o Rony né?’
‘É...’
Sorri para mim mesma, agora só faltava o Harry para tudo dar certo.
Cinco metros abaixo d’água, Draco mergulhava com Rony, o que era completamente anormal e ridículo para qualquer um que visse, e eu, mergulhava com um Harry resmungão.
E assim fomos por toda a tarde.
Passadas uma semana, Narcisa Malfoy ainda tentava dobrar Lucius para ajudar na fuga minha e de Draco, sem saber das ‘novas amizades’ do filho, Lucius Malfoy, mandava Patronos diários para Draco, o avisando sobre o casamento, e perguntando como estava andando ‘A Missão’.
Qual era ‘A Missão’? Bem, ele não quis me dizer, o que me fez desconfiar de suas intenções pela segunda vez naquela viagem, a primeira fora, no avião, quando ele me atacou com tanta força e bravura.
No final da semana no Caribe, antes de irmos embora, McGonagall entregou as notas de como foi nosso desempenho durante a viagem.
- E aí Harry, o que diz na nossa ficha?
- Fomos a melhor dupla Mione! A MELHOR! – Harry me abraçou, me jogando para cima do ombro dele.
E ali, de cavalinho, eu fui até o ônibus que nos levaria até o aeroporto, onde entraríamos no avião que nos levaria até Londres.
- Como fomos Weasley?
Perguntou Draco baixinho para Ronald, dentro do ônibus.
- Trasgo.
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