Gira-tempo
Nos capítulos anteriores:
Dumbledore segurava um pergaminho na mão, apertava-o com força.
- Me desculpe a pergunta... Mas... o que é isto Profº?
- Isto é a prova de que as pessoas podem mudar, basta lhes dar uma ajudinha.
diga para Hermione que dez voltas vão bastar, avise-a para não sair de Hogwarts, e não falar com Draco Malfoy em hipótese alguma.
- O gira-tempo?
- Sim, o gira-tempo. – Dumbledore sorriu.
- Hermione... Hermione... Hermione acorde!
- Lucius... Draco fugiu por sua culpa, você tirou ele de Hogwarts, ele gostava de lá... – Ela arriscou uma palavra, pela primeira vez naquela noite.
- Cale-se Narcisa! Não lembro de ter pedido a sua opinião até o momento. Draco fugiu por que é mal criado, ingrato, dei-lhe tudo do bom e do melhor a vida toda, tratei-o como um verdadeiro rei por todos esses dezesseis anos, e agora ele me foge, no meio da noite, de pijama sem deixar vestígios? Na última vez que o vimos, no dia 1 de Setembro, ele disse que não queria ir mais para Durmstrang, e lembra aquele dia no Beco Diagonal? Por que ele ficou tonto depois da Floreiros e Borrões... Ah... Há algo muito estranho nesta história... Ah se tem.
- Será que não seria uma Poção do Amor Sr. Malfoy? – Sugeriu Rabicho, com medo.
- CALE A BOCA RABICHO! Quem vai querer fugir com meu filho? Mesmo assim, ele está enfeitiçado, eu e Narcisa fizemos isto assim que nasceu, nada atinge aquele menino, o protegemos contra doenças, maldições, feitiços bobos, acidentes, tudo, ele é quase como um super-herói. Draco nunca seria atingido por uma Poção do Amor ridícula.
- Você tem a marca negra Narcisa, tem, e tem que honrá-la, assim como neste momento, a de Draco deve estar cintilando em seu braço esquerdo.
Ela tremeu os lábios. – Ele não tem a marca negra.
- Tem, e vai ser como o pai, ruim, matador. – Lucius gargalhou alto.
- Cale-se! – Narcisa soltou-se dele e correu até o seu quarto.
. Draco até a última ida até o Beco Diagonal estava como sempre foi, pomposo, de nariz empinado, coluna ereta, peito estufado e com seu enorme distintivo de ‘monitor’ que acabara de receber no peito. Chegando em casa, Draco se trancou no quarto com a desculpa de que iria estudar Poções.
- Filho, venha jantar! – Chamava Narcisa no pé da escada.
- Quero ver os novos feitiços mamãe! Amanhã eu tomo um café da manhã reforçado! – Ele berrou no alto da escada. – Preciso estudar Poções! – E subiu correndo para o quarto.
- Olá Carmem! – Ele sorriu para uma coruja negra. – Afim de uma viagem? Leve isto até... – Ele abaixou perto do ouvido da corujinha e murmurou algo inaudível. – Leve rápido Carmem!
"Prof. Dumbledore,
Por favor, não deixe que Snape fique me vigiando, e não tenha má impressão de mim, eu realmente quero mudar, aconteceu algo horrível esta noite.
Me ajude a ser bom e generoso. Não quero uma vida cheia de mortes e torturas, quero uma vida digna..."
Draco levantou a manga de sua roupa, que ele não levantara á seis horas exatas, e ali estava, algo que lembrava uma tatuagem, negra, em seu braço muito branco, uma caveira com língua de cobra, ele gritou e disparou em direção ao quarto dos pais.
- MÃE! MÃE! MÃE! MÃE! – Ele gritava, e parecia demasiado desesperado.
- NÃO! – Narcisa se jogou na frente do menino. – Não é nada querido, vá dormir.
- É a marca negra Draco, é a marca que diz quem você realmente é. – Lucius sorriu.
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Enquanto muito longe dali, Narcisa Malfoy se lembrava da noite em que Draco se tornou um comensal da morte, ela lembrava isto com muita tristeza, muito, muito longe, uma menina de cabelos cheios e de vestes negras com o brasão da Grifinória acabara de girar dez vezes o seu gira-tempo, conforme o Prof. Dumbledore a avisara pelo Harry, ela já tinha passado por aquela situação antes.
Ao seu redor, Hermione viu gente dormindo, Gina gritando, Harry chamando todos para saírem, e então, como se fosse um filme, as imagens se materializaram ao seu lado, era uma bela manhã de sol, Hermione se escondeu atrás de algumas vassouras e olhou a si mesma levantando da cama, era assustador, mais ela já havia vivido aquela cena antes.
A Hermione que acabara de acordar esfregou os olhos e desceu para o salão comunal, onde Harry, Rony e Gina a esperavam.
- A Mione tá descendo Harry, depois eu te falo... – Falar sobre o quê? Hermione olhou ao seu redor, havia voltado dois dias no tempo.
- Olá meninos... Poções né? – Uma Hermione sonolenta consultava o horário das aulas, enquanto a outra espiava de cima.
Gina fez uma cara feia atrás de Hermione, como se dissesse:‘CDF’s ridículos’, a Hermione espiã ignorou, o fato agora é que ela não poderia deixar a si mesma encontrar Draco Malfoy. Enquanto viu os quatro saírem pelo buraco do retrato, Hermione lembrou-se que fora naquela manhã que ela havia corrido atrás de Draco Malfoy no café-da-manhã. “Não posso correr até ele, não posso mesmo... Como eu faço isso... Pense Mione, Pense!”.
A cabeça de Hermione girava sem parar, como não encontrar Draco Malfoy? Ela não podia simplesmente chegar para si mesma e dizer ‘Ei, eu sou a Hermione do futuro e quero que você não encontre o Malfoy’, como ela mesma já sabia, coisas terríveis aconteceram com bruxos que mexeram no tempo, havia sido muito perigoso salvar Sirius e Bicuço no terceiro ano, realmente perigoso, Hermione nunca voltara no tempo para fazer coisas que não fossem relacionadas á estudos, somente na vez em que Dumbledore a deixou voltar no tempo juntamente com Harry, para salvarem Sirius e Bicuço, e nesta vez, é claro, com a ajuda do Prof. Dumbledore.
Hermione se espremeu embaixo da mesa de Grifinória antes de qualquer um chegar até o salão principal, então começou a pensar em algo para fazer, algo para não deixar que si própria fosse correr atrás de Draco.
“Dobby e Winky” – Uma voz pareceu soar em sua mente, então, tudo ficou claro, os elfos domésticos.
Hermione desceu correndo até a cozinha, onde fez cócegas na fruta que deu espaço para ela entrar onde muitos elfos posicionavam a comida, todos correram até ela, inclusive Dobby.
- Dobby! Que bom te ver... Preciso de um favorzinho seu, seu e de todos os elfos.
- Como vai Potter? Dobby anda preocupado, meu senhor não aparece aqui fazem dias, Dobby querer ver Harry Potter.
- Depois você vai ver, agora faça o que eu mandar ok? É para o bem da honra de Hogwarts.
Dobby fez um gesto para que os outros elfos se aproximarem. Logo eles estavam ao redor de Hermione, com cestinhas nos braços, segurando pães e xícaras de chá.
- Todos vocês vão subir junto com as comidas na hora do café da manhã, depois irão até o Prof. Dumbledore e falaram que não tem mais suco de abóbora, e vão ficar gritando lá em cima até lhe fornecerem suco para o café da manhã ser completamente servido ok?
- Mais... Temos suco Hermione.
- Dobby, apenas faça isto, e por favor, não diga que fui eu, isto vai ajudar como vocês nem imaginam, por favor, façam o maior escândalo possível.
Hermione ficou na cozinha, era o lugar mais seguro ali, ninguém ia desconfiar que ela voltara no tempo.
Ficou ali, logo as comidas flutuaram pelo ar, e deviam estar nas mesas, Hermione ouviu vozes alteradas lá em cima, inclusive a sua, onde afinal estava o suco?
- Prof. Dumbledore... – Ela subiu em cima de uma cadeira para aproximar a cabeça do teto e ouvir melhor o que os elfos estavam fazendo lá. – Não temos suco de abóbora para servir o café da manhã.
- Lucius Malfoy vai vir para Hogwarts... – Simas falava na mesa da Grifinória.
- DRACO! – Logo Lucius surgiu gritando.
Os gritos de Lucius não eram tão altos quando os elfos, que choramingavam, pegavam tigelas e batiam em suas próprias cabeças, se jogavam no chão.
- SILÊNCIO! – Dumbledore gritou. – Lucius... – Dumbledore foi com passos leves na direção do homem, que estava ao lado da mesa de Sonserina, puxando o filho pela orelha.
- Professor...
- Esta escola e estes alunos estão sob minha responsabilidade, e não admito que pegue Draco Malfoy, nosso monitor chefe e leve-o deste lugar, não vê que estamos enfrentando um momento de crise? – Dumbledore acenou com a cabeça para os elfos que se torturavam em cima das quatro mesas, enquanto alunos do primeiro ano choravam e gritavam ‘mãnhê!’
Estava dando tudo certo, tudo certo, estava dando tudo certo.
- Professor Dumbledore! Eu sou o pai do menino.
- E eu sou o diretor da escola onde o menino estuda!
Draco estava ofegante, suave frio.
- Eu vou embora, mas vou voltar.
- Pois que volte! Não tenho medo de você Lucius.
Lucius saiu tão rápido que por um instante ele pareceu voar, muito bravo, e resmungando consigo mesmo.
- Vamos, o que estão esperando? – Disse Dumbledore. – Parem de cuidar da vida do menino Malfoy.
- Alvo, o suco. – McGonagall disse em um tom de riso.
Logo Dumbledore conjurou sucos de abóboras para todos, e os elfos voltaram á cozinha, onde Hermione não se encontrava mais.
Agora que Draco não tinha ido embora, o que ela deveria fazer? Voltar para o tempo correto? Esperar dois dias? Ir para algum lugar onde ninguém pudesse vê-la e ficar lá? Bem, a última alternativa era a mais aceitável.
Hermione desceu até a orla do lago negro, onde ninguém ia com freqüência, ela podia esperar os dois dias ali, de nada faria diferença, o que importava é que Draco estava bem. Hermione observou por alguns instantes a lula gigante brincar consigo mesma na superfície, e o silencio era tão profundo que deu para ouvir o canto dos sereianos vindo das profundezas escuras, mas logo houve outro barulho, que não se parecia nada com um canto.
O barulho que se ouvia eram os passos de Draco que amassavam as folhas secas pelo chão, a orla da floresta estava muito fria, mesmo num dia de sol.
- Oi. – Hermione reconheceu a voz de Draco. ‘O que ele esta fazendo aqui? O certo seria eu não me aproximar dele, e se tudo der errado novamente?’
- Oi. – Hermione respondeu seca.
- Tudo bom? – Ele sentou ao lado da menina, jogando o braço sobre os ombros dela.
- Tudo sim. – Ela sorriu.
- Por que veio aqui? Está em horário de aula...
- Você também... – Ele sorriu. – A propósito, você estava na sala do Snape, nas masmorras, como veio parar aqui tão rápido?
- Bem... Magia. – Ela sentiu-se realmente nervosa naquele momento.
Houve um dolorido silêncio. Mione tinha medo de dizer qualquer palavra que fosse, esta mesma poderia colocar em risco a reputação de Hogwarts.
- Mione. – Finalmente houve uma palavra. -tudo aquilo do jornal, de meu pai querer que eu me case, eu só tenho 16 anos, esta tal de Juliet Delacour, é uma Irlandesa sangue-puro, meu pai e o pai dela já fizeram um acordo à anos, desde pequeno ela foi comprada para mim, eu não tenho escolha. Você viu ele hoje cedo? Tentei falar com você a manhã toda, mais o Potter não desgrudava de você, e sabe, estamos em segredo, o que é para o nosso próprio bem, me desculpe por Juliet...
- Sempre temos escolhas Draco. – Ela não estava agüentando nem mais um segundo daquela conversa.
- Eu já fiz minha escolha. – Disse Draco numa voz firme, porém, continuava com os olhos fixos nas folhas secas no chão.
- Então por que me veio aqui? – Então virou-se de costas e se afastou de Draco com passos largos e magoados, ‘Como ele pode vir aqui só pra me falar que não quer nada comigo? Ah, ele é um falso mesmo, nunca deveria ter acreditado nas palavras dele, nunca mesmo.’
Draco a seguiu, e pegou seu braço com força, e olhou no fundo de seus olhos, como ela odiava quando ele fazia aquilo, a fitava com aqueles olhos cinzas, a sua mão estava apertando seu braço muito mais forte do que naquela noite perto da enfermaria, ele parecia a apertar com ódio, mais tinha algo bom no olhar, e também demonstrava tristeza. – Minha escolha é você Hermione Granger. – E então ela sentiu os lábios de Draco lhe arrancando todo o fôlego que ela tinha dentro de si.
Foi realmente uma boa idéia voltar no tempo, aquele beijo valeria a pena, mas ela não deveria se encontrar com ele, não deveria, aquilo era errado.
- E Juliet?
- Me caso com ela, e depois fujo você.
- Como disse?
- Fujo. Com. Você. – Ele disse pausadamente.
Um sorriso surgiu no rosto da menina, é, realmente tinha valido a pena voltar no tempo.
Então, uma Hermione muito radiante entrou castelo a dentro, e não encontrou mais Draco Malfoy nos próximos dias, ou pelo menos foi o que a Hermione que veio do futuro fez com a Hermione do passado, fez tudo o que podia para ela não encontrar Draco. E numa noite em que Hermione observou a outra Hermione sentada na cama, seus pés soltaram-se do chão e agora, ela era a menina sentada na cama.
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