Os sons dos clarins



O dia seguinte amanheceu com velocidade. Assim sentiu Ted, pelo menos. Os pássaros já cantavam em seus ritmos melancólicos e o cheiro das orquídeas que foram plantadas logo abaixo da janela do dormitório acordou o rapaz de cabelos castanhos. Se fosse um sonho, ele não estaria lembrando-se daquelas palavras tão doces que havia lido no dia anterior. “Eu sou a bailarina que se apaixonou pelo poeta”. Era o que ele precisava ouvir. Hoje tomaria uma atitude e falaria com ela.

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Enquanto alguns andares abaixo, Ted acordava, no dormitório feminino da Sonserina Andrômeda observava desatenta o lago negro do castelo. Seus pensamentos estavam difusos em sua mente. Um garoto de cabelos castanhos teimava em continuar ali, embora ela estivesse gostando daquela sensação. “Tão doces foram as suas palavras. Com tanta timidez ele entregou-me aquele bilhete” ela sibilou entrando em um devaneio.

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Ted observou sua imagem no espelho. Havia vestido seu melhor conjunto de vestes e agora penteava os cabelos claros. A caderneta, como de costume, estava bem guardada em seu bolso direito, enquanto uma pequena caixa repousava em seu bolso esquerdo. “Hoje minha bailarina terá uma surpresa” ele comentou sorridente para si mesmo.

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Os olhos negros de Andrômeda agora tentavam localizar alguém na mesa da Grifinória. Existem coisas que as pessoas não sabem que vão acontecer. É como acordar um dia pela manhã, olhar pela janela e não ver graça no sol, sem saber que você não vai chegar a ver a luz da lua no fim daquele dia. Ou como prever que, por mais minúscula e insignificante seja uma semente, se for arremessada em um solo que esteja disposto a abraçá-la e amá-la, uma bela rosa nascerá, assim como o amor. É como tentar adivinhar que alguém vai chegar pra você e dizer: “Eu te amo”, segurando um anel de diamante.

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As portas de carvalho do salão principal se abriram, revelando um rapaz de certa forma baixo e trajando vestes incrivelmente lustradas. Confiança. Uma palavra estranha, assim como seu significado. Existe mesmo alguma força superior a você que te impulsiona a fazer coisas sem pensar? Talvez. Ou será que, no fundo, nós desejamos fazer aquilo e somente precisamos de um ponto de apoio? Não sei. O fato é que Ted caminhou até a mesa da Sonserina. Não ligava se, em menos de cinco segundos, centenas de olhos curiosos o observarião ali, ajoelhados diante de Andrômeda Black, segurando um brilhante anel em sua mão direita. Ahh... Mas não era uma comparação. E se fosse, o brilho daquele objeto nada seria na frente dos olhos da moça quando o viu. Brilhavam, talvez de surpresa, talvez de alegria ou ainda dos dois.

“Bailarina, aceita namorar comigo?” Ele estava sorrindo. Então isso era um reflexo da tal confiança?

“É o que eu mais quero, meu poeta” os braços da moça laçaram-se ao redor do pescoço do rapaz, e seus lábios se encontraram. Conhecem aquela sensação que tudo a sua volta sumiu? Que a única coisa que você consegue escutar é a alegre melodia de clarins distantes? Foi exatamente assim que ambos se sentiram. Passaram meses ali? Anos, segundos? Ou era um sonho? Ted acordaria de um devaneio a frente de Andrômeda, que estaria rindo de sua situação embaraçosa? Não, nada disso. Tudo aconteceu de verdade, na magia de cada detalhe.

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