Despertar
As pernas de Rose bambearam no momento em que as portas do Salão Principal se abriram diante de si, como que dando-lhe boas vindas. Os olhos azuis brilharam perceptivelmente quando percebeu que a grandiosidade do Salão era ainda maior do que a que seus pais haviam lhe dito, há anos atrás. Era um sentimento que dificilmente, algum dia, conseguiria explicar - se conseguisse.
Ao seu lado, os lábios de Albus se entreabriram, em claro sinal de surpresa. Scorpius, porém, deu seu já típico sorriso torto e avançou seu primeiro passo para adentrar o Salão. Foram recebidos com aplausos,assovios e muitos olhares curiosos procuravam exclusivamente por Rose e Albus, os filhos do Trio de Ouro de Hogwarts. Pararam diante de um palco improvisado e a diretora, Minerva McGonagal, aproximou-se, trazendo um chapéu de bruxo negro e empoeirado. Sorriu gentilmente para os alunos, antes de, por fim, iniciar a seleção.
- Amiles, Mark.
Um garoto gordinho de cabelos negros e olhos azuis subiu a escada e se aproximou timidamente da diretora. Esta, lançou-lhe um sorriso encourajador e apoiou o chapéu em sua cabeça. Rose prendeu a respiração, contendo um gritinho de excitação quando uma das fendas do chapéu se abriu e falou.
- CORVINAL!
Mark, um pouco atordoado, correu para a mesa que o aplaudia. Rose e Albus trocaram olhares ansiosos enquanto a seleção prossiguia. Scorpius apenas os olhava e, de vez em quando, revirava os olhos, entediado com a demora. Felizmente, não teve que esperar muito.
- Malfoy, Scorpius.
Um silêncio mórbido apoderou-se do Salão. Depois, o alvoroço. Alunos cochichavam, lançando olhares nada discretos para Scorpius. Novamente, revirou os olhos - era muita atenção para uma pessoa só. Minerva encarou os alunos, decepcionada com a atitude deles, antes de colocar o chapéu na cabeça de Scorpius. E mais uma vez, o silêncio veio.
- SONSERINA!
A mesa o aplaudiu, ainda que hesitante. Quando passou por Rose e Albus, lançou aos dois seu sorriso convencido e correu para a mesa, sendo cumprimentado por alguns alunos mais velhor. Os primos se entreolharam e Rose revirou os olhos, impaciente - aquele garoto Malfoy estava começando a irritar. Mais alguns minutos tensos entre os primeiroanistas ocorreram e Albus procurou desesperadamente a mão da prima quando seu nome começou a se aproximar. Rose lançou-lhe um sorriso confiante e deu-lhe um leve empurrão quando Minerva anunciou por Potter Severus, Albus.
Novamente, silêncio. Desta vez, porém, sepulcrau. Albus sentiu todos os olhares do Salão voltarem-se para ele e um arrepio perpassou suas costas. Estava nervoso. Fechou os olhos verdes com força, tentando imaginar estar sozinho naquele grande cômodo. No entanto, por algum motivo, haviam aqueles olhos que ele sentia serem mais fortes - Rose, James, Victoire e até Scorpius o encaravam com expectativa. Suspirou no exato momento em que o chapéu tocou seus cabelos rebeldes. Seria forte, independentemente da Casa em que caísse.
Tensão.
- SONSERINA!
Ninguém ousou falar nada. Todos olhavam chocados para Albus, que permanecia sem reação, colado ao banco de madeira. Com certeza, a partir daquele dia, ele seria o Patinho Feio dos sonserinos - sendo feito de gato-e-sapato dia após dia. Pálido, procurou pelo olhos verdes do irmão mais velho, entre tantos outros no meio da mesa da Grifinória, querendo encontrar conforto. Mas só encontrou choque. Sentiu os orbes lacrimejarem - estava fraquejando.
O silêncio foi cortado repentinamente. Palmas solitárias. Albus virou a cabeça naquela direção, buscando a pessoa que queria o acolher naquela Casa. E encontrou o rosto sorridente - sempre com seu sorriso convencido - de Scorpius Malfoy. Mais alguém juntou-se à Scorpius e, então, viu Rose com o mesmo sorriso confiante na face. Albus sorriu-lhe agradecido e, antes de se juntar à Scorpius, deu um rápido abraço na prima.
- Agora só falta a Weasley vir para Sonserina também. - Murmurou Scorpius enquanto alguns alunos cumprimentavam Albus, mais por educação do que por querer.
Enquanto esperavam Rose ser chamada, Albus ficou observando a expressão tensa, ansiosa e decidida da prima. De fato, estava preocupado com ela. Normalmente, Rose dava ótimos conselhos para Albus, mas quando era sua hora de enfrentar uma situação semelhante, ela sempre ficava nervosa e acabava fazendo alguma besteira.
- Não se preocupe, Potter. - A voz de Scorpius o fez desviar a atenção da prima para o loiro. - Ela vai se dar bem nessa.
Só então foi que Albus percebeu o interesse do loiro em Rose. Socorpius estava tenso no banco, olhando firmemente para Rose, enquanto mexia ansiosamente com o garfo em uma das mãos. Ele estava tão ou mais preocupado com Rose do que Albus.
- Weasley, Rose.
Albus voltou a atenção para frente, olhando curiosamente para a expressão assustada de Rose. Ela estava em pânico. Pior, apavorada. Olhava para os lados nervosamente e mexia na barra de sua saia, além de arrumar constantemente se cabelo castanho perfeito. Rose não sabia para onde olhar. Sentiu tontura e falta de ar quando Minerva a chamou... Estava, de um minuto para outro, confusa. Levantou os olhos da bainha da saia e encontrou os olhos cinzentos a encarando, sérios. Ao longe, conseguia distinguir pequenos burburinhos e quase não percebeu quando a diretora colocou o Chapéu Seletor em sua cabeça. Ouviu ele falar alguma coisa sobre 'mais uma Weasley' em tom de cansaço, mas não desviou os olhos.
De repente, ouviu aplausos e olhou para a mesa de onde vinham. Estava tão concentrada nos olhos cinzentos de Scorpius Malfoy que deixara passar sua própria Seleção. Sorriu e tirou o chapéu da cabeça, correndo para a mesa da Corvinal.
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- Rose.
Suas pálpebras se moveram lentamente. Abriu uma pequena parte dos olhos, mas a claridade a fez fechá-los novamente. Continuaria assim, não importasse de quem a voz fosse... Seus olhos azuis eram demasiados sensíveis à luz. E não seria por um simples motivo que os abriria. Virou-se, sentindo dores nas costas e desejando poder adormecer novamente.
- Rose.
Ela murmurou algom que nem mesmo ela entendeu. Remexeu-se na grama dos jardins de Hogwarts e levantou-se, mesmo que a contra gosto. Os orbes esmeraldinos de Albus a encaravam, com um quê de diversão. Ele estivera rindo esse tempo todo às suas custas. Rose puxou sua bolsa para si, procurando seu espelhinho de mão, o qual sempre levava consigo, em casos de emergência - como este, claro. E não gostou nada do que viu - seu cabelo castanho estava armado e com vários vestígios de grama e gravetos entre as madeixas; sua cara estava pálida, como deveria estar, após dormir em um lugar tão desconfortável e ter um sonho tão incomum.
- Ótimo. - disse, colocando o espelho de volta na bolsa. Passou a mão pelos cabelos e retiru alguns gravetos, aproveitando para colocá-los no devido lugar. Levantou-se, pegou seus livros e sua bolsa e saiu dali, deixando Albus com seu sorriso maroto nos lábios.
Mas o que a mais perturbava era o sonho que tivera. Fazia-se muito tempo desde a última vez em que o teve. O sonho de seu primeiro dia na escola - o dia da Seleção, o dia em que encontrara Scorpius Malfoy pela primeira vez. Corou ao pensar no nome - mais por raiva do que por qualquer coisa. Rose simplesmente odiava pensar no louro - sempre sentia um leve rancor no peito. Desde então, havia-se passado cinco anos. Agora, Rose Weasley, Albus Potter e Scorpius Malfoy eram quintanistas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. E Rose sentia-se mais solitária do que nunca.
Não que não tivesse amigos. Não, desses ela já tinha muitos. Mas sentia falta das brincadeiras que ela o primo e - não ia pensar no nome dele - faziam em seus dois primeiros anos de escola. Depois disso, os três acabaram se afastando com o tempo, chegando ao ponto de nem se cumprimentarem direito nos corredores. Rose tinha uma hipótese para tudo: as diferenças entre as Casas eram grandes demais e isso acabara segregando-os.
Ao menos, esperava que fosse por isso.
Continua...
E obrigada pelos comentário, meninas! :D
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